UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” PROJETO VEZ DO MESTRE
Cristina Chain Costa
DROGAS NA ADOLESCÊNCIA COMO ABORDAR NAS ESCOLAS, O USO DE DROGAS PELOS ADOLESCENTES.
Orientador: Profº. Maria Poppe
Rio de Janeiro, RJ, Julho de 2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE
DROGAS NA ADOLESCÊNCIA COMO ABORDAR NA ESCOLA, O USO DE DROGAS PELOS ADOLESCENTES
OBJETIVO: Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Orientação Educacional.
Rio de Janeiro, RJ, Julho de 2004
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus Aos meus filhos Henrique, Amina e Amanda
E a todos que contribuíram direta e indiretamente para que eu alcançasse esse meu objetivo.
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DEDICATÓRIA
Dedico In memoriam à Henrique de Souza Costa – meu marido
À todos os adolescentes que tenho o prazer de conviver, principalmente aos alunos da Sociedade Educacional Itaúna (SEI).
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RESUMO
Costuma-se pensar que prevenir o uso indevido de drogas é tarefa que diz respeito unicamente às autoridades policiais, judiciais ou outras. Mas na verdade, toda a comunidade deve contribuir, pois este apoio é essencial para o êxito das propostas legais e dos programas oficiais.
Cada vez mais cedo alguns jovens começam a fazer uso de drogas, são inúmeras as nuanças mas o interesse do usuário é sempre o mesmo: a busca do prazer. A droga dá prazer, não há como negar.
O conhecimento humano ainda não permite saber, de antemão, quem vai virar dependente de uma substância, mas os estudos indicam que os dependentes de drogas têm dificuldades em sentir prazer e encontram nas drogas um alívio para o sofrimento que os atormenta emocionalmente.
O uso precoce é um dos fatores de risco mais importantes, pois a personalidade do jovem ainda não está desenvolvida, ele ainda está tentando achar sua forma de se relacionar com o mundo. Oferecer a ele uma fonte instantânea de prazer pode ofuscar sua visão para outros mecanismos saudáveis que, tanto quanto as drogas, têm o poder de alterar sua consciência e seus sentimentos, como os esportes, os estudos e as atividades artísticas.
Famílias pouco afetivas também povoam o histórico de muitos usuários regulares. É como se o sujeito possuísse um déficit afetivo, uma sede do prazer negado pela família. A pressão social também favorece o uso de drogas, além dos amigos, algumas das mensagens transmitidas à sociedade. Entre outros recados, ensina-se a criança que a felicidade está ligada ao consumo e que a tristeza e a solidão tem que ser eliminadas.
O modelo atual de combate às drogas busca nada mais nada menos que a abstinência completa das substâncias ilegais. Essa guerra tem três frentes de batalha.
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A primeira é tentar acabar com a oferta, ou seja, combater os fornecedores, os narcotraficantes. A polícia Federal brasileira, que apreende toneladas de entorpecentes todo ano trabalha nessa frente.
A Segunda frente de combate é a redução da demanda. Há duas maneiras de convencer o sujeito a não usar drogas, ou seja, de prevenir o seu uso. Além de ameaçar prendê-lo, processa- lo e condena- lo, ou seja, reprimi- lo, pode-se tentar educa- lo ensinar-lhe os riscos que determinada substância traz a sua saúde e coloca- lo em contato com pessoas que já foram dependentes.
A terceira frente de batalha é o tratamento. Chegar a eliminação das drogas não pelo ataque à oferta ou ao consumo, mas tratando aqueles que já estão dependentes da droga como vítimas que precisam de ajuda médica em vez de algozes que merecem repressão policial.
Das três estratégias, a que tem recebido mais atenção e recursos é, disparado o combate ao tráfico, mas parece que esta abordagem não é a mais eficiente, pois o inimigo está cada vez mais viçoso.
Necessário se faz evidenciar o trabalho que a Escola pode fazer, uma vez que ela não está somente como transmissora de conteúdos programáticos e sim, como transformadora e construtora de uma sociedade autônoma, reflexiva e autocrítica.
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METODOLOGIA
O objetivo deste estudo tem o enfoque principal a Escola, como agente preventivo ao uso de drogas. Tem como base a Constituição Federal no seu artigo 205, onde diz que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício de cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
O que é mais detalhado nos PCNs., quando se propõe os Temas Transversais, distinguindo-os das áreas de conhecimento: “O compromisso com a construção da cidadania pede necessariamente uma prática educacional voltada para a compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação a vida pessoal, coletiva e ambiental...”
Fundamentados na própria Constituição, são destacados quatro princípios básicos para a orientação escolar: -
Dignidade da pessoa humana;
-
Igualdade de direitos;
-
Participação;
-
Co-responsabilidade pela vida social.
Ainda no texto de apresentação dos Temas Transversais, à título de embasamento destaca-se:
“A contribuição da escola, portanto, é de desenvolver um projeto de educação comprometida com o desenvolvimento de capacidades que permitam intervir na realidade para transformá-la. Um projeto pedagógico com esse objetivo poderá ser orientado por três grandes diretrizes:
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- posicionar-se em relação às questões sociais e interpretar a tarefa educativa como uma intervenção na realidade no momento presente; - não tratar os valores apenas como conceitos ideais; - incluir essa perspectiva no ensino dos conteúdos das áreas de conhecimento escolar”.
Diversos autores foram consultados, através de livros, textos e artigos, cujo conteúdo vinha de encontro a problemática em discussão, trazendo embasamento para a uma possível solução da situação atual.
Foram pesquisadas também, as condições necessárias para que a comunidade escolar esteja apta para abortar um tema tão difícil como as drogas, inclusive com características permissivas, como é o caso das drogas lícitas.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................10
CAPÍTULO 1 DROGAS................................................................................12
CAPÍTULO 2 DROGAS NA ADOLESCÊNCIA........................................21
CAPÍTULO 3 A ESCOLA COMO AGENTE PREVENTIVO.................27 CONCLUSÃO.......................................................................31
BIBLIOGRAFIA...................................................................36
ÍNDICE...................................................................................38
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INTRODUÇÃO
“VENDER, FORNECER, AINDA QUE GRATUITAMENTE, MINISTRAR OU ENTREGAR, DE QUALQUER FORMA, À CRIANÇA OU ADOLESCENTE, SEM JUSTA CAUSA, PRODUTOS CUJOS COMPONENTES POSSAM CAUSAR DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA, AINDA QUE POR UTILIZAÇÃO INDEVIDA.” Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90, artigo 243º
É quase impossível determinar, atualmente, quantos indivíduos fazem uso de drogas. Mas é certo, milhares de jovens deixaram–se induzir à sedução dos tóxicos. É verdade, que só existem estimativas diante da carência de dados concretos, mas se pode observar que os grandes centros são os mais atingidos pelo uso e tráfico de drogas. No Brasil, sabe-se que o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília são as cidades de maior incidência. Fato esse que pode ser comprovado pelo grande número de prisões, e pela quantidade de tóxicos apreendidos.
O século XXI desperta grande expectativa quanto às providências a serem objetivamente tomadas pelas autoridades constituídas que tem a responsabilidade, não só quanto as medidas concernentes ao controle do comércio, mas também em relação à recuperação dos dependentes, e principalmente, a prevenção do uso de drogas. Sabe–se que elas destroem o caráter, comprometem o sentido realístico e subvertem o senso de responsabilidade, fragilizando a família, os laços comunitários e a própria força de trabalho.
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Daí, uma efetiva prevenção, que a própria legislação brasileira enfatiza, deve operar –se também, através da educação escolar, pois em última análise, o uso de drogas é uma agressão à saúde pública no presente, e um crime contra o futuro dos jovens.
Este trabalho é o resultado de pesquisa sobre drogas, com o objetivo de se encontrar respostas objetivas, sérias, científicas, para as perguntas e dúvidas mais frequentes surgidas nos últimos tempos. Informação sobre drogas, é o que compõe os capítulos que se seguem: o que são, como evoluíram, que efeitos podem causar, o que leva as pessoas a se drogarem, principalmente os adolescentes, e finalmente como a escola pode e deve atuar como parceira importante no combate ao uso das drogas, pois melhor que reprimir, é informar, orientar, instruir, educar.
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1 DROGAS
Bálsamo ou veneno? Comida dos deuses ou maldição do diabo? Hábito natural ou desvio da sociedade moderna? Não há resposta fácil ou certa quando o assunto é complexo por abranger aspectos médicos, econômicos, históricos tão sinuosos e se transformou no grande mal do século, que envolve e contamina o que de mais precioso tem uma nação, seus jovens.
1.1- HISTORIANDO A QUESTÃO DO USO DE DROGAS O uso de substâncias psicoativas tem acompanhado o homem no decorrer da história, adquirindo diferentes significados ao longo dos anos, com marcantes transformações das funções dessas substâncias na vida de seus usuários.
O uso pelos povos antigos estava intimamente relacionado à integração social e/ou à transcendência espiritual, principalmente em ocasiões festivas e ritualísticas. Não há indícios de que as drogas tenham representado risco social e à saúde nessa época (Paulino, 1997).
No entanto, com a industrialização, o surgimento da farmacologia, o isolamento de princípios ativos de plantas, como a morfina e a cocaína, as formas de uso de substâncias psicoativas foram sendo ampliadas. Foi iniciada uma forte busca por medicamentos capazes de diminuir os vários tipos de sofrimento físicos e psíquicos, bem como para aumentar a inspiração de alguns artistas para o desenvolvimento de suas criações.
Nesse contexto histórico, o consumo de drogas passou a ocupar novas funções, como por exemplo, a busca do prazer individual e o alívio imediato de desconforto físico ou psíquico.
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Foi marcadamente a partir dos anos 60 que a expansão da utilização de drogas pela humanidade nos levou a situações de uso abusivo. Ao parecer assinalar, prioritariamente por jovens, um grito de protesto e rebeldia contra a sociedade que se estabelecia naquele período, o consumo de drogas pela juventude buscava mostrar ao mundo a possibilidade de surgimento de uma nova sociedade de amor e paz, livre da violência.
Usadas desta maneira, entretanto, a suposta sociedade só estava à vista dos efeitos e alterações provocados pela droga nos organismos, nas percepções e nos sentidos dos jovens usuários, talvez os únicos que vislumbrassem a fantasia de uma realidade alucinadamente colorida e pacífica. Embora algumas mudanças possam ter sido registradas nos rumos de organização da sociedade, talvez os grandes perdedores tenham sido alguns daqueles jovens que, por inúmeros e variáveis motivos, a despeito do protesto, não conseguiram mais retornar daquilo que chamavam de “viagem “ou do “sonho da paz universal”, e os que retornaram, ficaram decepcionados com o “status quo” estabelecido.
As respostas da sociedade foram rígidas e punitivas, sobretudo porque não se analisava, nas formas de combate àquele protesto, a questão através do contexto histórico e social, priorizando-se excessivamente mecanismos de censura e repressão que não contribuíram para o estabelecimento de políticas sociais que garantissem mudanças para uma vida de melhor qualidade para a humanidade. Deste modo, ao longo de décadas, as drogas passaram a desempenhar um importante papel econômico na economia mundial, perdendo apenas para o de armas e o do petróleo.
1.2- DEFININDO DROGAS Segundo a Organização Mundial de Saúde, DROGA é “qualquer entidade química ou mistura de entidades que alteram a função biológica e possivelmente sua estrutura”. Outra definição comumente encontrada é “qualquer substância capaz de modificar a função do organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento”, e, ainda
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dependendo do ponto de vista médico, “são substâncias usadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional”. Esta definição inclui maconha, cocaína e heroina, mas também café, chocolate e Prosac, sem falar no álcool e no cigarro.
Do ponto de vista legal e jurídico, existem as drogas livres, que na prática qualquer um pode comprar sem controle, apesar de haver um contrato formal (álcool e cigarro); as de uso controlado (que podem ser compradas com receitas médicas); e as ilegais. Não há nenhum critério técnico que justifique a inclusão das substâncias em uma ou outra categoria. A heroina e a cocaína por exemplo, são drogas ilícitas, ou seja, ilegais e causam dependência, mas a nicotina presente no cigarro, que é considerado droga lícita, é a droga que tem o maior grau de dependência. Outro exemplo fica por conta do imenso número de pessoas que sofrem de alcoolismo, contra um número bem inferior de dependentes de drogas ilegais. Além disso , algumas drogas ilegais, como o LSD, não causam dependência.
1.3- CONHECENDO AS DROGAS MAIS COMUNS.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, drogas psicoativas “são aquelas que alteram o comportamento, humor e cognição”. Isto significa que agem preferencialmente sobre os neurônios, afetando o sistema nervoso central. Essas drogas são introduzidas no organismo de várias maneiras, podendo ser aspiradas ou inaladas, comidas ou bebidas, fumadas e injetadas. Fumar certos produtos, como o crack, ou injeta- lo (‘pico”) provoca efeitos quase imediatos, pois a corrente sanguínea os leva diretamente ao cérebro.
Observa-se três tipos principais de efeito, que classificam as drogas em três categorias distintas: depressoras, estimulantes e perturbadoras.
1- O usuário fica mais relaxado e calmo, até sentir-se sonolento ou mole. Tem-se aí o efeito depressor, pois tais substâncias diminuem, retardam ou reduzem (“deprimem”) o funcionamento mental.
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2-
O usuário fica alerta, atento, às vezes agitado. Sente-se animado, bem disposto e capaz de quase tudo. Eis o efeito estimulante, o produto estimula ou acelera o funcionamento mental.
3-
O usuário passa a perceber as coisas deformadas, coloridas, bizarras. Pensamentos, percepções, recordações ficam como imagens de sonho, esquisitos e sem nexo. Esse é o efeito perturbador no Sistema Nervoso Central, distorce seu funcionamento.
CATEGORIA DAS DROGAS
DEPRESSORAS
ESTIMULANTES
PERTUBADORAS
bebidas alcoólicas
anfetaminas
maconha
calmantes, ansiolíticos
cocaína
ácido lisérgico(LSD)
opiáceos(codeína)
cafeína
ayahuasca
barbitúricos
nicotina
cogumelo
inalantes(solventes)
anorexígenos
datura
Fonte: Adaptação Medicina Preventiva-Drogas (Stryjer, 2002)
Todas alteram o funcionamento do Sistema Nervoso Central e do cérebro, retardando, acelerando ou desgovernando, desta forma, dificultam a coordenação motora, mental e emocional. Algumas das substâncias citadas têm também uma utilidade medicinal, porém havendo abuso ou uso indevido, podem provocar dependência.
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AS DROGAS DEPRESSORAS MAIS COMUNS NO BRASIL E SEUS EFEITOS
Nome
Drogas
Comercial
Via
Uso Terapêutico Efeito Tóxico
Popular
Física Psíquica
Birita, Mé Mél, Pinga
Álcool
Desinibe Oral
Nenhum
Benzodiazepínicos Lexoton (tranquilizantes)
Valium
Dependência
Tremores Delirium T. Alucinações
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sedação Calmantes
Diazepan
Oral ou Ingetado
Dienpax
Ansiolítico
Sonolência
Relaxante Musc. Diminui Anticonvulsivo
Reflexo Psicomotores
Hipnóticos
Inalantes Solventes
Gardenal
Soníferos
Comital
Bola
Éter
Loló
Gasolina Verniz Clorofórmio
Cheirinho
Oral
Eritós
Desorientação
Anticonvulsivo
Embriaguez Tontura
Nazal
Nenhum
Lança
Euforia Desorientação Alucinações
Pambenyl Opiáceos
Sedativo
Antitussígeno Bol
Oral
Antiespasmó-
Alucinações
tico
Hipotensão
Fonte: Adaptação Medicina Preventiva-Drogas (Stryjer,2002)
O abuso de álcool, cria graves problemas e sofrimentos, com um altíssimo custo social. O uso crônico leva a uma degradação física e moral, provocando, na falta do produto, uma síndrome de abstinência violenta. Ele pode levar à morte (por coma alcoólico ou por complicações orgânicas, como a cirrose). Instiga com frequência a violência e acidentes, bem como absenteísmo no trabalho.
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Os tranquilizantes (calmantes, ansiolíticos, sedativos) são atualmente muito usados, a base da substância ativa é diazepam (por isso são chamados benzodiazepínicos). Quando usados sem justificativa médica, procura-se uma anestesia de emoções” e o uso abusivo destes medicamentos pode provocar dependência.
Os opiáceos ilegais, como ópio e heroína, objeto do narcotráfico oriundo da Ásia, são pouco presentes no Brasil. A morfina, potente analgésico, pode criar dependência. Ela é usada normalmente em doenças terminais. Os remédios à base de codeína, são mais consumidos no Brasil, seja sob forma de xaropes contra tosse, seja como analgésicos. O abuso, além de dependência e síndrome de abstinência, pode causar parada respiratória.
Os inalantes ou solventes representam hoje, na juventude brasileira, a “droga da iniciação”(como antigamente a maconha), em particular o “cheirinho da loló”. Eles têm a fama de produzir efeitos mirabolantes (“barato”), mas podem causar danos graves no aparelho respiratório e no cérebro. Entre os meninos e meninas de rua, é bem conhecido o uso da cola de sapateiro e esmalte, funcionando como uma espécie de “tapa fome”, ajudando-os a aguentar ou esquecer a miséria e a violência.
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AS DROGAS ESTIMULANTES MAIS COMUNS NO BRASIL E SEUS EFEITOS
Drogas
Nome
Via
Uso
Efeito Tóxico
Terapêutico
Dependência Física Psíquica
Chá Mate, Chá Cafeína
Preto,
Café,
Oral
Nenhum
Noz de Cola,
Taquicardia
Sim
Sim
Sim
Sim
Nervosismo
Guaraná Nenhum Nicotina
Doenças Car-
Fumo, Tabaco,
Oral
diovasculares,
Cigarro
Nasal
Câncer no Pulmão
Pó, Neve, BriCocaína
sola,
Bright,
Irritação, InsóOral
Anestésico
nia, Inapetên-
Pico, Crack e
Nasal
Local
cia, Convulsão
Branquinha
Injetado
Sim
Idéias de Perseguição Insônia, Delí-
Anfetaminas Bolinha, Bola, Rebite, Ice
Oral
Moderador de rio,
Injetado
Apetite
Irritação,
Sim
Sim
Agressividade, Convulsão
Fonte: Adaptação Medicina Preventiva-Drogas (Stryjer, 2002)
A cafeína é o componente de inúmeros produtos, como por exemplo, café e refrigerantes, sendo por isso amplamente consumida. Dosagens excessivas, dessa substância, pode causar danos.
A nicotina, aspirada pelo fumo do tabaco, causa inúmeros malefícios cardiovasculares e respiratórios. Seu consumo é hoje mais questionado, tendo a lei 9294 de 15/07/96, feito restrições ao seu uso e propaganda.
A cocaína e seus sub-produtos, como o crack, são extraídos da coca, planta nativa dos Andes. Objeto do narcotráfico oriundo dos países andinos, ela é a “droga da moda”, muito usada nas classes média e alta . O uso intenso cria forte dependência psíquica, usada
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injetada (“pico”), havendo o compartilhamento de seringa, pode transmitir infecções graves, como a hepatite ou o vírus da AIDS.
O crack, pedras cristalizadas a partir da pasta base de cocaína, é fumado em cachimbos. Seu efeito é devastador, provocando forte dependência física e alta mortalidade.
As anfetaminas são medicamentos ainda muito consumidos, em particular para manter-se acordado, substâncias anfetamínicas contidas nos moderadores de apetite (anorexígenos) além de emagrecimento, criam dependência.
Todo uso de substâncias estimulantes pode provocar insônia, nervosismo, irritabilidade, instabilidade emocional e idéias de perseguição (paranóia), chegando a formações delirantes.
AS DROGAS PERTURBADORAS MAIS COMUNS NO BRASIL.
Drogas
Nome
Via
Uso Terapêutico
Efeito Tóxico
Dependência Física Psíquica
LSD
(Ácido Ácido
Lisérgico)
Hilaridade,
Viagem
Öral
Nenhum
“Trip
Má Viagem, Alucinações,
Sim
Delírios. Maconha(Marijua Erva, na,Canabis)
Chá de Cogumelo
Fumo,
Diamba, Bagulho
Má Viagem, Taquicardia, Desorientação, Desmotivação
Chá
Desorientação,
Fininho, Baseado,
Cogu Datura
Fumando
Oral
Não Reconhecido
Não reconhecido
Zabumba, Trombeta, Sala Branca, Lírio
Sim
Não
Sim
Não
Alucinação Desorientação, Alucinação,
Oral
Não reconhecido
Convulsão,
Não
Não
Não
Não
Delírio Daime
Ayahuasca, Chá
Oral
Fonte: Adaptação Medicina Preventiva-Drogas (Stryjer)
Não reconhecido
Ilusão
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Estas drogas, mais conhecidas como produtos “psicodélicos” foram popularizados na década de 60, com o movimento hippie.
O LSD é o produto de origem sintética mais conhecido. Ele pode provocar alucinações e confusão mental de demorada remissão, “viagens ruíns” podem levar ao suicídio. . A maconha é uma das substâncias mais antigas. Ela favorece a introspecção e o desligamento do mundo. Uso intensivo e prolongado provoca a chamada “síndrome amotivacional”, prejudicando o engajamento ativo.
Os alucinóginos vegetais, de origem sobretudo indígena, “fazem viajar”, com riscos imprevisíveis, pois a intensidade da tal viagem, a duração e a volta ao ponto de partida são muito variáveis.
Finalizando, deve-se chamar a atenção que existem drogas que se encaixam em mais de uma categoria, a maconha é considerada como um alucinógeno leve. Há ainda outras que são estimulantes e alucinógenas como o MDA ou “droga do amor” e o MDMA ou “ecstasy”.
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DROGAS NA ADOLESCENCIA
A demarcação entre grupos etários como a que se conhece hoje, ou seja, a fronteira formal entre jovens e adultos no que se refere ao domínio de afetos, bem como o interesse em determinar a idade exata das pessoas são questões de formação recente, engendradas a partir do incremento da instituição escolar. Neste sentido, a própria noção de adolescência é uma construção discursiva, que não só caracteriza a modernidade, mas é essencial na formação da subjetividade moderna.
Desde o século passado tem havido um interesse crescente em relação ao mundo dos adolescentes. Muito já se disse e se escreveu sobre os aspectos clínicos, fenomenológicos e metapsicológicos da adolescência: uma passagem, uma catástrofe, um luto, um despertar etc...
Para Freud, a adolescência é a última etapa da vida infantil, o momento onde a pulsão sexual se coloca a serviço da função reprodutiva, notadamente sob a forma da possibilidade de um agir sexual. O impacto produzido no sujeito pelas mudanças corporais da puberdade, onde haverá fixação definitiva do real da anatomia sexual e a organização psíquica que aí irá ocorrer, terá segundo Freud, um papel importante no desencadeamento das neuroses.
Isso não faz da adolescência um período de vida patológico em si. Na verdade, cada sujeito vai lançar mão de recursos particulares para rearranjar psiquicamente, aquilo que diz respeito a um fenômeno físico, em consonância com a cultura, a época e a sociedade a qual ele está inserido, que por sua vez oferecerá suportes simbólicos para seu desenrolar.
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É difícil para o adolescente coordenar simbolicamente tudo que acontece na puberdade, lidar com essa nova realidade onde questões como: quem sou eu? de onde vim? para onde vou? qual o sentido da vida? o que quero? é esse cara que quero ou o outro? é essa garota ou ela é apenas uma entre outras? quem que, sou eu ou meus pais?, se precipitam de forma intensa, face os avatares do despertar real do sexo, que por definição é sempre traumático, posto que é impossível traduzi- lo em palavras, dar- lhe um sentido. É naquilo onde não se pode reclamar, por não se poder vir a dizer, que está o impossível de suportar para o sujeito.
O uso de drogas, serve como anteparo para amortecer este choque produzido pelo encontro do sujeito com o real, na insuficiência do aparelho psíquico traduzir simbolicamente as figuras do intolerável que se apresentam a ele.
2.1
ALGUNS FATORES DE RISCO
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Tolerância à frustração
A frustração existe todos os dias para todas as pessoas, mas a maioria “encaixa” a dor e segue em frente à conquista ou a espera de dias melhores. Porém, há sempre uma minoria que tem uma atitude intransigente não suportando viver as frustrações momentâneas, não lhe servindo de forma alguma a suposição de que o futuro será melhor se lutarem por ele. É uma atitude aprendida logo nos primeiros anos de vida e que continua na adolescência, os jovens aprendem a evitar a todo custo sofrimentos momentâneos, embora o enfrentar destes sofrimentos seja parte importante do seu processo de maturação. Para aqueles que não toleram a frustração, as gratificações imediatas são imprescindíveis, sem avaliar as possíveis consequências negativas das mesmas a prazo, o que funciona como poderosa motivação para a iniciação à drogas.
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Baixa auto-estima
Quem está convencido que tem pouco valor e é muito influenciável pelos outros, não tem força para recusar a iniciação à droga se o grupo pressionar. A incapacidade de assumir valores e de ter opiniões próprias com alguma autoconfiança é talvez o maior risco individual.
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Não aceitação sistemática das normas
Quase todos consideram que algumas normas sociais não devem ser aceitas. Esta capacidade de por em causa as normas sociais é saudável e muito comum na adolescência, no entanto, para alguns, a oposição a tais normas é sistemática e converte-se num “modus vivendi”. A coberto de argumentações explícitas como a luta contra as normas injustas e a procura da liberdade individual contra as “grilhetas sociais”, estão os valores e atitudes de caráter negativo como o cepticismo, hedonismo, egocentrismo e falta de responsabilidade e disciplina social. Nestes casos sucedem situações de “desvio social” propícias à iniciação da droga.
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A família
Os pais são os primeiros modelos dos filhos. Se os pais são consumidores de drogas, mesmo sendo as legais como é o caso do tabaco, álcool ou tranqüilizantes, fornecem um modelo de consumismo que os filhos tendem a seguir. Efetivamente, as crianças aprendem mais com o que vêm os pais fazer, do que com os conselhos que ouvem dos mesmos, por outro lado, a forma com que os pais interagem ou não com os filhos, ou seja, a forma com que educam os filhos é provavelmente a mais importante pois facilita a solidificação de valores e laços afetivos que manterão os jovens longe das drogas.
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Os amigos
A necessidade de integrar-se num grupo de amigos, faz com que jovens, que não tenham vínculos familiares alicersados, fiquem sem apoio e sem proteção necessários, ficando inseguros e vulneráveis às diferentes influências do grupo. Se o grupo faz uso de drogas, dificilmente o jovem que anseia a aprovação do grupo não usará também.
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A comunicação social
O fascínio cultural, representado na comunicação social, pela droga, atrai jovens com interesse em experimentar o risco por novas experiências. O exagero e dramatização, que é por vezes usados em campanhas moralistas contra a droga, tem efeitos perversos porque os jovens apercebem – se dos exageros e acabam por não dar crédito à mensagem, assumindo um em contrapartida uma atitude positiva face à droga .
-
As atividades sociais
A falta de centros recreativos de desportos ou culturais faz com que para muitos jovens, a única forma de se divertirem e se socializarem seja através das drogas.
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O nível sócio econômico
A falta de perspectiva de futuro para os jovens que moram em favelas ou bairros da periferia, que vivem no meio de violência brutal, sem saneamento, sem água potável, com alimentação miserável, é um poderoso incentivo à evasão através das drogas.
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A comunicação social
O fascínio cultural, representado na comunicação social, pela droga, atrai jovens com interesse em experimentar o risco de novas experiências. O exagero e dramatização que são por vezes usados em campanhas moralistas contra a droga tem efeitos perversos porque os jovens apercebem-se dos exageros e acabam não dando crédito à mensagem, assumindo uma postura positiva à droga. Por outro lado, no que diz respeito as drogas legais, como o álcool e o tabaco, a publicidade faz associação à saúde e beleza, através de imagens de juventude e vigor muito sugestivas.
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Cultura
Novamente o álcool é um exemplo paradigmático, porque não sendo na nossa cultura uma droga estigmatizada e ilegal, a iniciação de seu consumo é vista de forma benevolente, mesmo que sejam jovens. Devido a sabedoria acumulada de séculos nas sociedades ocidentais, sabe-se geralmente como evitar seus efeitos devastadores. No entanto, a sua introdução repentina noutras culturas que não consigam criar “travões” adequados, pode provocar o descalabro social.
SITUAÇÃO DO CONSUMO DE DROGAS NO BRASIL PELOS ADOLESCENTES
Faixa etária/ano
1987
1989
1993
1997
10 – 12 anos
14,2
17,7
14,5
12,4
13 – 15 anos
19,3
25,5
20,3
21,7
16 – 18 anos
27,4
30,7
26,7
31,2
>
30,1
32,3
31,7
34.4
22,0
26,6
23,3
25,0
18 anos
Total
Fonte: Adaptação Medicina Preventiva-Drogas (Stryjer,2002)
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Nenhum jovem usa drogas por uma causa única e sim por diversos fatores estruturais e desencadiantes. Isto é, o tipo de droga usada, o ambiente que ele está inserido e a personalidade do jovem caracterizam uma situação multifatorial que deve ser considerada. Na realidade, o “problema das drogas” não existe. O que existe são problemas humanos.
O vício tem início sob quatro aspectos principais: - problemas emocionais = 65%; curiosidade = 20%; - exibicionismo ou auto-afirmação = 10%; problemas mentais = 5% (Zaitter,1994).
Em contra partida, quatro elementos tem se mostrado protetores: - forte ligação com os pais; - compromisso escolar; - envolvimento regular em atividades religiosas; crença em normas e valores da sociedade (Hawkins, 1992).
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A ESCOLA COMO AGENTE PREVENTIVO
Trabalhar com a prevenção, para evitar que cada vez mais se propague o uso abusivo de drogas entre crianças e adolescentes, significa trabalhar rigorosamente nos padrões do Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA), mais especificamente cumprindo os artigos 3º , 7º e 53º.
_ Artigo 3º __ A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana , sem prejuízos da proteção integral de que trata esta Lei , assegurando –se – lhes , por lei ou por outros meios , todas as oportunidades e facilidades , afim de lhes facultar o desenvolvimento físico , mental , moral , espiritual e social , em condições de liberdade e de dignidade ;
_ Artigo 7º __ A criança e o adolescente tem direito a proteção à vida e à saúde , mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso em condições dignas de existência ;
_ Artigo 53º __ A criança e o adolescente tem direito à educação , visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa , preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho , assegurando–se– lhes : I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; IIIII-
Direito de ser respeitado por seus educadores ; Direito de contestar critérios avaliativos , podendo recorrer as instâncias escolares superiores;
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IV-
Direito de organização e participação de entidades estudantis ;
V-
Acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência .
Parágrafo único __ É direito dos pais ou responsáveis, ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Pode–se traduzir tal tarefa para garantir a execução da lei a partir do atendimento de suas necessidades básicas, toda criança/adolescente estivesse satisfeita com a qualidade de sua vida dentro do princípio do prazer que, desta forma , certamente não seria procurado pelo caminho das drogas. Não se quer cair num universo utópico de um mundo paradisíaco impossível de se obter , porém , pode–se equacionar alguns esforços para que os recursos sejam utilizados de modo mais adequado na implantação de políticas públicas.
No plano geral , uma grande forma de ajuda dá–se a partir do ato de eleger nossos representantes para o poder legislativo e executivo , com a opção por pessoas comprometidas com as política sociais e o uso democrático da verba pública. No esboço de programas ou de tratamentos e recuperação ou de prevenção e educação, é importante o exercício da relação custo/benefício de cada um deles. Os recursos gastos com a internação de poucos dependentes talvez fosse o suficiente para que, de maneira precoce, se evitasse que um grande número de jovens trilhassem um tortuoso e arriscado caminho de drogas.
Hoje, vê –se que a idade média de contato da criança com a droga está a cerca dos 6 anos de vida (NEPAD/UERJ) , não deve–se tentar prevenir ou intervir só no período da adolescência. Uma estratégia importante pode ser definir planos de ação através de propostas por política setorial e por faixa etária, identificando as melhores formas de como atuar junto a criança de 0 à 6 anos, de 6 à 12 anos e junto ao adolescentes de 12 à 18 anos.
Na área da política de educação, um investimento maior na educação infantil , voltada para a criança do pré- escolar ainda tão desassistida , e para aquelas do ensino fundamental e do ensino médio. Nesta situação, acumulam–se paulatinamente , elevados
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índices de repetência e de abandono escolar (evasão), que reforçam a baixa escolaridade de crianças e de adolescentes fazendo com que eles se desinteressem pela própria formação e que se direcionem para um mercado de trabalho equivocado, gradativamente desestimulando–os para uma vida saudável ou levando–os à vida na rua.
O incentivo de uma política de educação garantindo a escola de boa qualidade e promotora de saúde de vida poderá reverter o quadro. Permitirá, por exemplo, que a reestruturação curricular trabalhe, de fato, pedagogicamente a questão do uso e abuso de drogas , seus riscos , e feitos e/ou conseqüências com os alunos para uma opção de vida de boa qualidade, como é uma das propostas dos PCNs., mais especificamente, contida nos Temas Transversais, cujos conteúdos são: Ética, Saúde, Meio ambiente, Orientação sexual, Pluralidade cultural.
Os conteúdos dos Temas Transversais, não são novas áreas de ensino, constituem temas a serem trabalhados transversalmente nas disciplinas da base comum nacional, com o objetivo de proporcionar amplo debate sobre os mesmos, pois envolvem problemáticas sociais e atuais urgentes, consideradas de abrangência nacional e até mesmo de caráter universal.
Mizucami (1998), no V Congresso Paulista sobre Formação de Educadores, apresentou o resultado de sua pesquisa e esclarece que, de acordo com as determinações e as fundamentações teóricas presentes nos PCNs., identificou oito tipos de competências esperadas do professor para que haja possibilidade destes alcançarem seus objetivos:
1- Planejador central do currículo e do ensino. 2- Ser a figura central do processo ensino-aprendizagem. 3- Avaliador do progresso do aluno e observador dos eventos da sala de aula. 4- Educador do desenvolvimento pessoal de cada aluno. 5- Ser agente do seu processo de aprendizagem e desenvolvimento profissional. 6- Conhecer profundamente as áreas de conhecimentos e dos Temas Transversais.
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7- Educador de estudantes diversos. 8- Participar do projeto educativo da escola.
Dentre os quais destaca-se um, cuja referencia cabe dentro deste contexto: CONHECER PROFUNDAMENTE AS ÀREAS DE CONHECIMENTOS E OS TEMAS TRANSVERSAIS.
Percebe-se então, como o próprio documento reconhece, que quanto a formação de professores é necessária:
“... uma política educacional que contemple a formação inicial e continuada dos professores, uma decisiva revisão das condições salariais, além da organização de uma estrutura de apoio que fortaleça o desenvolvimento do trabalho (acervo de livros e obras de referências, equipe técnica para supervisão, materiais didáticos, instalações adequadas para a realização do trabalho de qualidade), aspectos que, sem dúvida, implicam a valorização da atividade do professor”, (Brasil, 1997 a, p.38).
Não se pode exigir de educadores que desconhecem o assunto, atitudes ou papeis de prevenção no campo do uso de drogas , ou cuja o tema nunca tenha sido abordado nos seus cursos de formação, de fato, o corpo docente declara-se, com grande frequencia, despreparado para a abordagem dos temas propostos. Logo, a sua capacitação é fundamental para que a transmissão de idéias preventivas detenha credibilidade, por meio de posturas seguras, autênticas e lúcidas, substituindo os preconceitos que alimentam medos e inseguranças por conceitos criteriosos. Estes serão comprovados cientificamente, e contextualizados, no que tange à realidade concreta, escolar e comunitária.
Para tal o Ministério da Saúde , junto ao Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas ( UNDCP) , tem procurado investir na capacitação
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técnica , sobretudo de professores no campo da prevenção de drogas, com resultados iniciais promissores .
Na faixa do adolescente , outra medida importante na prevenção ao uso e abuso de drogas pode ser a escolarização do adolescente associada ao ensino profissionalizante. Existem programas de educação juvenil que desenvolvem essa prática de forma bem sucedida , muitas vezes aliada ao setor de empresas privadas com aproveitamento posterior do adolescente no mercado de trabalho.
Estas atividades de valorização do indivíduo por meio da ampliação de suas perspectiva de vida certamente estarão contribuindo para afasta–lo da dependência de drogas. Vale também lembrar que tais atitudes devem estar ligadas a uma política de trabalho segura ,
que possa oferecer a esses cidadãos um emprego com remuneração
digna. Esta é uma arma utilizada pelo narcotráfico em níveis até desproporcionais tamanho o volume de dinheiro envolvido , mais que , infelizmente , seduz jovens que não encontram empregos salários dignos.
Na concepção em que se compreende o papel da escola como espaço fundamental à construção de conhecimentos e valores que estejam em sintonia com o tempo e o mundo em que se vive, é importante que questões como a do uso de drogas, possam estar incorporadas aos conteúdos curriculares no contexto histórico e social para garantir, através de uma reflexão crítica dos alunos , a opção por uma vida saudável .
“Propor uma educação com qualidade na multiciplicidade de situações de uma comunidade é fundamental na interação escola/vida para propiciar ao aluno a apropriação de meios para que ele se situe no mundo em que vive , nas relações que nele se estabelecem, criticando e participando de sua formação”. ( Assis, R./1996).
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Dentro dessa perspectiva, a inserção da prevenção ao uso de drogas na grade curricular de alunos da educação infantil ao ensino médio, discutindo a importância da preservação do meio ambiente e da própria vida, poderá se estabelecer como medida eficaz para se evitar o uso abusivo de drogas e/ou a dependência às drogas, se não agora minimamente em gerações futuras.
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CONCLUSÃO
O sonho, aquele doce sonho dos anos 60, acabou. John Lennon, os Beatles, o pé na estrada, a flor, a liberação sexual, o amor livre, os cabelos soltos aos ventos da rebelião jovem, a minissaia, a vida aberta. Tudo isso ficou lá, guardado na memória e no coração de quase todas as cidades do Ocidente. Entretanto, como aparece nas narrativas fantásticas, uma sombra se desgarrou do cenário de ilusões, rompeu o mundo dos sonhos, transpôs a barreira da realidade e se alastra, e contamina, e se multiplica, e adquire formas variadas, surpreendentes, assustadoras.
Esta sombra são as drogas. As transformações culturais de quarenta anos passados, ao mesmo tempo que forçaram a derrubada de tabus e preconceitos, tiveram também esse poder de produzir e prolongar a coexistência com as drogas. Nas escolas, nas casas, nos locais de trabalho, por toda parte passou a existir uma tolerância em relação às drogas. Apesar da repressão policial, apesar dos lamentos de mães e pais, apesar das advertências dos médicos, apesar das proibições da lei...
A verdade, indisfarçável, é que se tornaram mais e mais comuns os casos de gente drogada. Gente famosa ou gente anônima, cada um de nós tem pelo menos um amigo ou um parente que faz uso de drogas. A demanda por drogas aumentou extraordinariamente e a oferta cresceu na mesma proporção.
Não por acaso, tem crescido nos últimos anos a mortalidade entre jovens na faixa etária dos 15 aos 24 anos vítimas de acidentes, homicídios e suicídios, muitas vezes com evidente conexão com algum tipo de droga, desde a mais leve ou pesada, lícita ou ilícita.
Sim as pessoas começam a se viciar na adolescência e lamentavelmente, como grupo mais numeroso, vêm os que começam a se viciar na pré-adolescência e só depois colocam-se aqueles que se tornaram dependentes de drogas já adultos.
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Justamente na pré-adolescência e na adolescência, quando é chegado o momento de definir o rumo o papel nesse mundo, as drogas atacam. O corpo está se desenvolvendo, o sexo desperta, as dúvidas sobre a vocação profissional se agigantam e bem nesta curva crucial da vida, bem nesta hora da pincelada final no caráter vem brilhar o pó, vem dançar a fumaça, vem picar a agulha, vem se oferecer a droga como truque para escapar dos conflitos existenciais.
E aí nos perguntamos, de quem seria a culpa? Das autoridades, que não conseguem controlar as drogas proibidas? Das industrias, que fornecem quantidades espantosas de drogas permitidas, como o álcool e o fumo? Dos pais, que não educam direito em casa? Dos amigos, que convidam, que insistem? Da sociedade?
Relacionar culpados, não chega a ser construtivo. Apontar o dedo de nada resolve, até porque, há mais vítimas do que culpados nesta história.
Concluo com essa pesquisa que abordar a questão das drogas na Escola é medida preventiva que se impõe. Aliás, para a Escola, é mais fácil perceber que o aluno está envolvido com drogas do que para os pais, pois o envolvimento emocional existente na relação pais e filhos pode levar a “cegueira psíquica”, isto é, como os pais não querem ver seus filhos drogados, eles negam a si mesmos que isso esteja acontecendo. E como os filhos escondem dos pais seu vício, fica ainda mais difícil.
Tal envolvimento psicológico não existe na Escola. O que existe são referências e registros mais objetivos (desempenho, disciplina, notas) que, ao lado das observações de cada professor, podem permitir uma melhor avaliação do comportamento do aluno.
Desta forma, a comunidade escolar pode orientar seus alunos em relação às drogas, desmistificando-as, juntamente com seus usuários, através de conhecimentos básicos científicos (seus efeitos), psicológicos e sociais (como agem os adolescentes saudáveis, os usuários e os dependentes; como traficam etc.).
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Já está provado à exaustão que a repressão pura e simples dos delitos ligados ao tóxico não adianta. A solução, é diminuir a demanda e isso só será possível com a prevenção. Quanto antes os jovens forem informados, alertados e motivados a se manterem longe das drogas, mais chances haverão de resgate desse submundo, melhores serão as perspectivas de proporcionar- lhes o exercício pleno de cidadania.
A problemática das drogas atinge a todos indistintamente e seu enfrentamento demanda uma atuação conjunta e articulada de todos os segmentos da sociedade, movidos pelos princípios da co-responsabilidade e da não-adversidade. É importante para o jovem sentir e saber que seus educadores, numa comunhão com sua família e comunidade estão unidos no mesmo ideal: livra-los dos perigos e das devastadoras consequências resultantes do uso de drogas.
Necessário se faz verbalizar as expectativas positivas em relação ao jovem, estimulando a continuidade dos estudos, o exercício dos princípios de altruísmo, cooperação e solidariedade, promovendo-se ainda atividades criativas e extracurriculares para a criação de vínculo entre aluno, escola, pais e comunidade, sendo a escola o veículo de informação mais adequado.
É importante para o jovem compreender a vida como horizontes de possibilidades em que lutas, dificuldades, desilusões e tristezas podem se tornar desafios para a busca de soluções e a organização coletiva que vise à transformação social.
Um fato realmente não se pode negar: droga dá prazer. Resta saber se esse prazer momentâneo, falso, efêmero e muitas vezes buscado como fuga para suportar uma dura realidade compensa tudo mais que é subtraído pelo uso das drogas: auto-estima, planejamento e construção de um projeto de vida, família, trabalho, criatividade, lazer, capacidade de tomar decisões e solucionar problemas, assumir responsabilidades, enfim, ser um cidadão.
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Zaitter MB. In Drogatização. Drogas e consequências. São Paulo: Lovise, 1994.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO
10
CAPÍTULO 1
12
DROGAS
12
1.1-
Historiando a questão do uso de drogas
12
1.2-
Definindo drogas
13
1.3-
Conhecendo as drogas mais comuns
14
CAPÍTULO 2
21
DROGAS NA ADOLESCENCIA
21
2.1-
Alguns fatores de risco
22
CAPÍTULO 3
27
A ESCOLA COMO AGENTE PREVENTIVO
27
CONCLUSÃO
33
BIBLIOGRAFIA
36
ÍNDICE
38
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título: Drogas na adolescência. Como abordar na escola, o uso de drogas pelos adolescentes.
Por: Cristina Chain Costa
Orientador: Prof. Maria Poppe
Data de entrega: Julho de 2004.
Avaliador:
Conceito:
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ATIVIDADES CULTURAIS