FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA
AFETIVIDADE NA SALA DE AULA: o olhar Walloniano sobre a relação professor-aluno na educação infantil Grazyelle Iaccino Faria
APARECIDA DE GOIÂNIA 2010
GRAZYELLE IACCINO FARIA
AFETIVIDADE NA SALA DE AULA: o olhar Walloniano sobre a relação professor-aluno na educação infantil Artigo Científico apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser como requisito para conclusão do Curso de Pedagogia, sob orientação da Profº Ms. José Calixto de Souza Pires.
APARECIDA DE GOIÂNIA 2010
FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO
AFETIVIDADE NA SALA DE AULA: o olhar Walloniano sobre a relação professor-aluno na educação infantil
Aparecida de Goiânia, ____ de Dezembro de 2010
EXAMINADORES
Orientador: Profª Ms. José Calixto de Souza Pires – Nota: ____/70
Primeiro examinador – Prof.(a) Ms. ----- - Nota: ____/70
Segundo Examinador – Prof.(a) ----- - Nota: ____/70 ___________________________________________________________________________ Média parcial – Avaliação da Produção do Trabalho: ____/70
AFETIVIDADE NA SALA DE AULA: o olhar Walloniano sobre a relação professoraluno na educação infantil
Grazyelle Iaccino Faria* José Calixto de Souza Pires**
Resumo: Este artigo procura expor a afetividade na concepção de Henry Wallon. Para isso, também é exposto algumas considerações de Piaget, Vigotsky para contrapor as ideias deste teórico, referência para o trabalho. O estudo parte do relacionamento que existe entre professor e aluno, em especial, nas primeiras séries iniciais, que a criança ao chegar à escola, deixa o laço familiar, para entrar em um meio diferente do que vive. Então, é um momento de alterações na sua vida social, portanto, a afetividade na relação professor e aluno é muito significativa. Diante disso, o estudo tem por objetivo geral analisar a consequência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil. De forma específica: 1. Discutir os principais aspectos da afetividade na teoria de Wallon; 2. Examinar a afetividade no desenvolvimento da criança; 3. Investigar a afetividade no espaço da escola; 4. Analisar a consequência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil. Para buscar dados, o trabalho usou do levantamento bibliográfico sobre o tema. Concluiu que ao existir a afetividade nessa relação escolar, possibilita melhores disposições para superar as dificuldades que possam acontecer, a determinação de não aceitar as derrotas, atenuar os conflitos com as diversidades, uma maneira de tornar amena uma situação difícil, que favorece a busca de um objetivo em sala de aula. Palavras-chave: Afetividade; Desenvolvimento; Criança; Educação Infantil.
INTRODUÇÃO A boa relação entre professor e aluno é fundamental para o processo ensino aprendizagem, pois quando a criança da educação infantil chega à escola, está deixando a segurança do lar para descobrir outras formas de relacionamento. Por isso, é importante que a criança se sinta segura e incentivada para que possa desenvolver-se de forma saudável e sem traumas. A afetividade desenvolve-se de acordo com os estágios que Wallon propõe para entender o desenvolvimento humano, que são: estágio impulso-emocial que abrange o primeiro ano de vida; estágio sensório-motor e projetivo que vai até o terceiro ano;
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Acadêmica do 8º período do Curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser. Orientador do artigo.
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estágio do personalismo que cobre a faixa dos três aos seis anos; estágio categorial começa por volta dos seis anos; estágio da adolescência que começa com a crise pubertária rompe a “tranqüilidade” afetiva que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade. A afetividade com professor-aluno pode ocorrer com toques, os olhares, as modulações da voz que vão ganhando mais complexidade, e dependendo do estado emocional a que é dita pode ter marcas para sempre. As aulas devem ser lúdicas e expositivas para que os alunos possam gostar e interessar das aulas. Essa trajetória contribui para formar pessoas que saiba conviver com o social, pois se a criança mantém bom relacionamento desde pequeno, ele irá continuar depois de adulto mantendo bom relacionamento com a sociedade; relacionamento esses que são: respeito pelo direito dos outros, respeito à diversidade, respeito pela liberdade do outro, respeito pela lei, equilíbrio emocional para lidar com situações problemáticas e responsabilidade financeira. Com isso a criança estabelece o que está sentindo e o que conhece do seu cotidiano propiciando-lhe condições de ver e respeitar o outro. A pesquisa sobre esse tema é relevante porque é uma forma de apresentar que se a criança tem uma boa relação afetiva com o professor, podem desenvolver as suas habilidades, seus sentimentos, suas emoções, afeto e valores necessários para uma vida que favoreça seu crescimento como ser humano. A iniciativa da pesquisa fundamenta nas questões: Qual a consequência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil? Para isso, o objetivo geral é analisar a consequência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil. De forma específica: 1. Discutir os principais aspectos da afetividade na teoria de Wallon; 2. Examinar a afetividade no desenvolvimento da criança ; 3. Investigar a afetividade no espaço da escola; 4. Analisar a consequência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil. Assim dimensionar as perspectivas de Wallon em consonância com a aprendizagem da criança em fase de desenvolvimento escolar.
AFETIVIDADE A afetividade é definida pelo Dicionário Aurélio (1994), da seguinte forma: um conjunto de fenômenos do psíquico humano, que se manifestam através das emoções, sentimentos e paixões acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de
satisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. Ao ser exteriorizado no indivíduo serve como o elemento unificador no propósito sublime de aprender com qualidade. Almeida (1999) ressalta que a emoção é constituída em reações de pouca duração, que compreende a alegria, tristeza, surpresa, repugnância e medo. Ou seja, essas reações estão relacionadas ao componente biológico do comportamento do homem. Já o afeto possui duas dimensões: uma subjetiva e outra expressiva que indicam uma reação afetiva as situações do dia-a-dia. A subjetiva entende-se como o amor, a raiva, a depressão, o desejo, o prazer e a paixão. Já as dimensões expressivas são as vivências dos indivíduos, ou seja, as expressões como: sorriso, grito e lágrimas. Portanto, essas expressões são essencialmente humanas e possuem uma relação íntima com as manifestações corporais. Galvão (2007) salienta que as emoções, bem como os sentimentos e os desejos, são manifestações da vida afetiva, e que na linguagem comum costuma-se substituir emoção por afetividade, tratando os termos como sinônimos, mas não são. Diferem-se porque a afetividade abrange as manifestações de estados afetivos, como por exemplo, no bebê, que apresenta como sensações corporais. Conforme Galvão (2007), a afetividade adquire independência dos fatores corporais ao longo do desenvolvimento humano. O recurso da e a representação mental faz com que variações nas disposições afetivas possam ser provocadas para situações abstratas e idéias, e possam ser expressas por palavras. Para a autora, as emoções possuem características diferenciadas que a distingue de outras manifestações da afetividade. As emoções são sempre acompanhadas de alterações do organismo humano, como: aceleração dos batimentos cardíacos, alterações no ritmo da respiração, dificuldades na digestão e secura da boca. Ou seja, altera a postura e a execução dos gestos, que são explícitos na face humana. As diferenças entre emoção e afeto, são conceitos bastante distinguidos pelos teóricos: Piaget, Vigotsky e Wallon, quando estes estudam a afetividade com a finalidade de explicá-la. Segundo Piaget (1976, p.16), o afeto é papel fundamental no funcionamento da inteligência do homem, pois a “Vida afetiva e cognitiva são inseparáveis, embora distintas. E são inseparáveis porque todo intercâmbio com o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e valorização”. Entretanto, sem o afeto, não há interesse, necessidade e motivação pela aprendizagem, não há também questionamento, e sem eles, não há desenvolvimento
mental. Pois a afetividade e cognição se complementam e uma dá suporte ao desenvolvimento da outra. Para Piaget (1976), a criança, no início de sua vida não tem consciência do próprio eu, e vive num processo de indiferenciação. Assim, a afetividade está basicamente centrada em seu próprio corpo e em suas próprias ações. Quando ela toma consciência de si suas relações tornam-se objetais, e o outro se torna objeto de afeto, aí se inicia a decifração afetiva. Vygotsky expõe que a origem do pensamento passa pela esfera da motivação na qual se insere influencias, necessidades, interesses, impulsos, afetos e emoções. Ele refere-se à consciência como a própria essência da psique-humana constituída por uma inter-relação dinâmica que se transforma com o desenvolvimento entre o intelecto, o afetivo e a interação social. A teoria vygotskyana acentua que a inteligência não só é influenciada pelo meio, mas também é construída pelo sujeito, a partir do potencial e da forma como utiliza as possibilidades que o meio oferece. Wallon atribui à emoção uma análise mais detalhada. Para ele, a emoção é uma forma de manifestações sob o impacto das condições sociais do sujeito. Na teoria walloniana. Verifica-se que para esses autores o desenvolvimento psíquico da criança é marcado pelo meio social, ou seja, pelas relações que se estabelecem entre os indivíduos, á vida psíquica é resultado das influências do meio humano. Apesar da diversidade de teorias, pode-se perceber o quanto a afetividade é importante na vida do sujeito, principalmente quando se refere ao processo de ensino-aprendizagem.
AFETIVIDADE PARA WALLON Para Almeida (1995), Wallon acredita que os aspectos intelectuais não podem ser separados do afetivo. Wallon defende uma evolução progressiva da afetividade, que inicialmente é determinada pelo fator orgânico e com o passar do tempo é fortemente influenciada pela ação do meio social. Embora os fenômenos afetivos sejam de natureza subjetiva, isso não os torna independentes da ação do meio-cultural, pois se relacionam com a qualidade das interações entre os sujeitos, enquanto experiências vivenciadas. A vida afetiva da criança, iniciada por uma simbiose alimentar, é logo substituída por uma simbiose emocional com o meio social, a criança passa a ter suas relações interpessoais mais acentuadas, unindo-se a outras crianças e possibilitando a participação do outro e favorecendo a delimitação com o outro que convive no seu meio social ”Existe entre o ser e o meio uma relação recíproca, cuja influência sobre o
indivíduo não é do domínio biológico inteiramente, mas também social” (ALMEIDA, 1999, p. 21). Para Wallon, a emoção é uma forma de manifestação da afetividade que evolui como as demais manifestações sob o impacto das condições sociais. Na obra Walloniana, a afetividade constitui um domínio funcional tão importante quanto à inteligência, são interdependentes embora tenham funções bem definidas e diferenciadas entre si, ou seja, para que aja evolução do desenvolvimento da criança a afetividade e inteligência tem que andar juntas. Almeida, (1995, p.51) Afirma que: A afetividade e a inteligência constituem um par inseparável na evolução psíquica, pois ambas tem funções bem definidas, e quando integradas, permitem a criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados.
A afetividade para Wallon (1975) desenvolve-se de acordo com os estágios que ele propõe para entender o desenvolvimento humano. Que são:
1. Estágio impulso-emocional: Primeiro estágio de desenvolvimento escrito por Wallon, que vai do nascimento até um ano de idade e estão presentes dois momentos: o da impulsidade motora e o emocional. A criança nessa fase está voltada para construção do eu. É uma fase de preponderância afetiva, centrípeta de acúmulo de energia.
2. Estágio sensório-motor e projetivo: O estágio sensório-motor e projetivo inicia-se por volta de um ano e se estende até os três anos de idade, caracterizado pela investigação e exploração da realidade exterior, bem como pela aquisição da aptidão simbólica e pelo início da representação, ou seja, é o momento em que a inteligência humana se dedica à construção relativamente à realidade.
3. Estágio do personalismo: Como o próprio nome sugere, este estágio está voltado para a pessoa, para o enriquecimento do eu e a construção da personalidade, vai de três a seis anos de idade. A afetividade é marcante neste estágio, na verdade, é o fio condutor do desenvolvimento. A criança aprende a perceber o que é de si e o que é do outro.
4. Estágio categorial: Esse estágio inicia-se por volta dos seis anos de idade, ele traz importantes avanços no plano da inteligência. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo as suas relações com o meio, uma maneira preponderância do aspecto cognitivo do ser humano, nesta etapa da vida. 5. Estágio da adolescência: Nesse estágio a crise pubertária rompe a “tranqüilidade” afetiva que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de uma definição dos contornos da personalidade desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Para Wallon a afetividade constitui em cada estágio um tipo de manifestação afetiva em virtude das necessidades e possibilidades maturacionais. Pouco a pouco pode observar progressos nas interações da criança com o seu meio próximo. Conclui-se então que as expressões da afetividade vão se especializando, tornando cada vez mais fortes as interações sociais.
COGNIÇÃO EM WALLON A cognição assume um papel importante na psicogênese humana, assim como a afetividade, que consegue a pessoa mais sensível, que a faz tornar um ser mais completo, com facilidade de interação com o outro ser humano. O seu desenvolvimento está ligado com as bases biológicas e as interações diárias com o meio social. Por isso, o mais importante é considerar as constantes alterações que sofre para o surgimento da inteligência humana. Relativamente as origens da inteligência, Wallon (2008, p. 117) dimensiona que:
O que permite á inteligência esta transferência do plano motor para o plano especulativo não pode evidentemente ser explicado,no desenvolvimento do indivíduo, pelo simples fato de suas experiências motoras combinarem-se entre si para melhor adaptar-se exigências múltiplas e instáveis do real. O que está em jogo são as aptidões da espécie, particularmente as que fazem do homem um ser essencialmente social.
Wallon deixa evidente que a cognição, bem como a afetividade, nasce das questões orgânicas do homem, e adquire com o texto uma complexidade e diferenciação
nas interações com o meio em que vive em um sentido dialético. Para isso, ele aponta a aquisição da linguagem como um fator importante para que se desenvolva a cognição. E quanto às funções psicológicas superiores, estas se desenvolvem pelas dimensões motoras e afetivas; e estas se alteram quando se conflitam com a afetividade, em especial com a emoção. A cognição consegue estabelecer elos com afetividade porque o ser humano, quando adulto, alcança um equilíbrio dinâmico.
AFETIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA O recém-nascido estabelece uma relação afetiva com sua mãe desde os primeiros momentos de sua vida. Com isso, é de grande importância que a mãe crie e mantenha um clima favorável ao desenvolvimento da consciência de seu bebê. Quando a criança nasce, é preciso que o ambiente, onde ela vive lhe traga suas necessidades básicas de afeto, e que lhe proponha segurança e comunicação. Na perspectiva de Almeida, (2005, p. 45) “o meio é uma circunstância necessária para a modelagem do indivíduo”. O meio interfere no desenvolvimento da criança, por isso que as relações afetivas são essências para a aprendizagem, pois aprende com o que está do seu lado. Este espaço familiar deve ser valorizado pelos adultos, valorizando as ações das crianças, e também pensando em suas ações, pois serve de espelho de imitação, a criança repete aquilo que vê, o que vê é entendido como algo importante a ser seguido. Por isso, o ambiente em que a criança esteja inserida, deve ser harmonioso, que apresente uma estabilidade emocional. Galvão (2007, p. 40) “A determinação recíproca que se estabelece entre as condutas da criança e os recursos de seu meio imprime um caráter de extrema relatividade ao processo de desenvolvimento”. Os estudos de Almeida (2005) também demonstra a importância da afetividade no desenvolvimento da criança, afirma que é um fator imprescindível neste processo humano, pois constitui a personalidade sob a alternância dos domínios funcionais, dimensionados por Wallon (1975). Esse domínio funcional, na concepção do teórico, tem a afetividade como uma das etapas de formação. A criança tem a afetividade como o seu primeiro percurso no seu desenvolvimento, é pela via da afetividade que consegue aprender as demais coisas que precisa conhecer para conseguir a maturação.
Para Wallon (1975), o nascimento da afetividade vem primeiro que a inteligência humana; e a criança, ao nascer, estabelece relações afetivas com adultos que a rodeia, e aprende com isso, isto é uma maneira de conhecer, descobri o mundo físico, que permanece no seu psicológico, e mais a frente com a maturação, consegue interagir com esse mundo com maior naturalidade. As relações familiares, a criança começa a interagir com o meio, sociabilizar-se, e a afetividade passa a ser um fator importante no desenvolvimento, transforma a sua capacidade em representar o mundo concreto, ajuda a superar fases reais, que muitas vezes são difíceis, desperta o desenvolvimento através da inteligência humana, o sentimento, a paixão e a emoção, as quais os seres são submetidos. De acordo com Almeida (2005, p. 92), as relações familiares ordenam a vida da criança ou não, depende de como é essa relação. A criança para corresponder com sua mãe se utiliza de gestos expressivos; ”Aos três meses sabe dirigir-se às pessoas a sua volta por meio de sorrisos e sinais de contentamento, que constituem já um laço afetivo entre elas e aqueles que lhe correspondem”. Para a autora, o desenvolvimento da criança não é linear, são oscilações que lhe permite avançar, pois são os obstáculos que lhe faz retroceder de forma continua e simultânea, e nesta dialética acontece a aprendizagem. A aprendizagem é um processo de construção do sujeito com o outro, com o meio e também do objeto. Neste sentido, começa a ser construída na primeira relação vincular que a criança estabelece com a família e o meio em que vive. A afetividade que a criança recebe das relações familiares é que solidifica e sustenta o seu desenvolvimento. Desde os primeiros dias de vida, a mãe a acalenta e a aquece em seus seios, com ansiedade acompanha os seus primeiros passos, pela suas primeiras dores com carinho e com assíduos afetos. Esse acontece até a criança chegar na escola, local onde vai concretizar tudo que a aprendeu e relacionar com as novas aprendizagens. COGNIÇÃO E AFETIVIDADE: DUAS FACES DE UMA MESMA PESSOA
O ser humano é formado por conjuntos funcionais afetivos, motores e cognitivos. Para que possa integrar ao meio em que vive, existe uma dinâmica entre o orgânico e o social, pois isso não pode existir uma fragmentação. Segundo Wallon (2008, p. 198):
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade.
Ao expor sua postura quanto a fragmentação, Wallon explica que o ser humano na infância não é incompleto, algo menor, mas que ainda precisa acrescentar mais na sua completude, algo próprio do ser adulto. A criança está em processo de evolução, por isso apropria dos bens culturais como elemento social, e através da linguagem e símbolos consegue ultrapassar o nível da experiência ou da invenção imediata e concreta. De acordo com Almeida (1999), surge uma atividade mental, que lhe dá capacidade de operar sistemas de símbolos, ou seja, de entendimento, que acelera o processo de cognição, ou seja, a maturação dos sistemas psíquicos humanos. Segundo autor, o aparecimento de uma atividade mental, que é a capacidade de operar com o sistema de símbolos, deve-se ao desenvolvimento e à maturação dos centros nervosos, pois a aquisição da linguagem é, portanto, um salto qualitativo na evolução do pensamento infantil. Quando o bebê nasce sua vida já está traçada, pois já possui uma nacionalidade, uma determinada classe social e de uma família, cujos fatores são predeterminados independentemente de sua vontade. Conforme Wallon (2008), a noção da formação humana é um conjunto que funciona com a integração ao meio social, as aquisições cotidianas, que faz desenvolver de uma forma social. Por isso, o seu desenvolvimento não acontece de forma linear e continua, são movimentos que implica uma integração, que sofre alternância e conflitos. Para o teórico, os conflitos são essenciais para a formação da personalidade, pois só existem conflitos onde há diferenças. Entre diferenças há oposição e choques. Os conflitos de ordem emotiva estimulam o desenvolvimento dos indivíduos, exige-se do indivíduo manter a serenidade, o equilíbrio entre a razão e a emoção, faz-se necessário a presença dos conflitos na vida do indivíduo. Para o desenvolvimento psíquico, por meio dos conflitos a vida psíquica atinge um novo olhar reagindo-se com novos conhecimentos. Neste sentido, o desenvolvimento é uma integração, que diz respeito a afetividade a cognição, que revezam, ora um ora outro nos estágios que faz desenvolver o ser humano, acontece de acordo com a prevalência de cada momento, ou seja, uma
forma de adequação. Ao contrário de Piaget, Wallon (2008) não acredita que os estágios de desenvolvimento formem uma seqüência linear e fixa, ou que um estágio suprima o outro. Para ele, o estágio posterior amplia e reforma os anteriores, por isso, deixa claro que é natural no desenvolvimento a ocorrência de rupturas, retrocessos e reviravoltas, o que, para Piaget e os comportamentalistas, parece algo improvável. Os conflitos, mesmo os que resultam em retorno a estágios anteriores, são fenômenos inerentemente dinamogênicos, geradores de evolução. Os dinamogênicos são fatores que promovem dinâmica ao ser, a partir de conflitos instalados no processo de desenvolvimento, que podem ser resultados de desencontros entre o comportamento da criança e o ambiente exterior ou originário de fatores orgânicos, que dá maturação à criança. Wallon (2008) afirma que os estágios se sucedem de maneira que momentos predominantemente afetivos sejam sucedidos por momentos predominantemente cognitivos. Usualmente, períodos predominantemente afetivos ocorrem em períodos focados na construção do eu, enquanto estágios com predominância cognitiva estão mais direcionados à construção do real e compreensão do mundo físico. Este ciclo não é encerrado, mas perdura pela vida toda, uma vez que a emoção sobrepõe-se à razão quando o indivíduo se depara com o desconhecido. Deste modo, afetividade e cognição não são estanques e se revezam na dominância dos estágios. Em verdade, para Wallon (2008), o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um novo estágio. O indivíduo, ante algo em relação ao qual tem imperícia, sofre manifestações afetivas que levarão a um processo de adaptação. O resultado será a aquisição de perícia pelo indivíduo. O processo dialético de desenvolvimento jamais se encerra. Essas conquistas das etapas que a criança passa, significa que esta adquiriu novas formas de pensamento tanto para sua própria construção quanto para a construção do mundo, de sua realidade, do ambiente que participa. As etapas do desenvolvimento humano, que são os estágios de Estágio impulsoemocional, do sensório-motor e projetivo, do personalismo, do categorial e da adolescência, que a criança supera, ao passar por cada estágio, é que dão origem ao seu desenvolvimento e maturação, ela evolui mesmo com a ajuda do seu meio inicialmente, e assim ela cresce e vai adquirindo conhecimento que lhe formam em sua trajetória. A relação da criança com o meio deve ser de maneira qualitativa, ampliando o seu universo de inserção em seu meio social. Wallon (2008) afirma que a criança,
quando se interage com o meio exterior, está desenvolvendo a inteligência espacial, que é seu desenvolvimento cognitivo com o meio. Sabendo as etapas pela qual a criança enfrenta em seu processo de desenvolvimento, como será o processo de alfabetização, de leitura que ela também enfrenta em seu período escolar. A aprendizagem deve respeitar todas essas etapas e maturações, propiciando que a criança se desenvolva de maneira eficaz, porém prazerosa. O meio exerce forte força sobre o individuo e a sua maturação é por processos, ele cresce em seu interior a partir de frustrações, convívio e buscas de conhecimento, porém sua maturidade se dá através desses conflitos e conquistas e se ele for muitas vezes poupado dessas atividades com certeza sua maturação será limitada, e esse desenvolvimento será conquistado de uma maneira mais conflituosa e dramática, o ser precisa se desenvolver a partir de suas atitudes. Suas estruturas são sempre relacionadas com sua cultura, seu meio social, a aprendizagem também deve estar voltada para essa realidade. Observando esses fatores sociais do meio da criança sua aprendizagem será significativa. A fantasia, os contos de fadas, pode ter um papel relevante nesse processo, pois, partindo dessa realidade vivenciada pelas crianças, de maneira gostosa, que lhe insere no mundo de fantasias, desenvolve nela a capacidade de criar, de se imaginar em diferentes situações, de resolver seus conflitos internos e externos, se superando sempre e, o mais importante, se desenvolvendo cognitivamente.
A AFETIVIDADE NAS CONDIÇÕES DE ENSINO Desde o início da vida, a criança depende do meio não apenas para sobreviver, mas também para realizar seu desenvolvimento afetivo, social e intelectual. A escola é a instituição encarregada de prover a criança dos meios necessários para realizar suas ações. Por conseguinte, o professor, como provedor do desenvolvimento infantil, tem por função utilizar métodos pedagógicos que conduzam as crianças a tirar o máximo proveito tanto dos meios que lhes são oferecidos quanto dos seus próprios recursos. Neste contexto, Almeida (1999) afirma que a escola desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sócio-afetivo da criança. Como meio social, é um ambiente diferente da família, porém bastante propício ao seu desenvolvimento, pois é diversificado, rico em interações, e permite a criança estabelecer relações simétricas entre parceiros da mesma idade e assimétricas com adultos.
Ao contrario da família, na qual sua posição é fixa, na escola ela dispõe de uma mobilidade, sendo possível a diversidade de papeis e de posições. Dessa forma, o professor e os colegas são interlocutores permanentes tanto do desenvolvimento intelectual como do caráter da criança, o que poderá ser preenchido individual e socialmente. Na escola como em qualquer outra instância social, o indivíduo está presente como pessoa completa, sujeito de conhecimento e de afeto. Portanto, a escola não deve negligenciar; subestimar ou até mesmo suprimir o espaço da emoção em suas atividades. A escola e, principalmente, o adulto precisam conhecer o modo de funcionamento da emoção para aprender a lidar adequadamente com suas expressões. O professor deve permitir que a emoção se exprima, para o que é essencial entender como ela funciona para não entrar no circuito perverso e, assim, dificultar o desenvolvimento emocional da criança. Almeida (1999, p.103) afirma que:
A sala de aula é um ambiente onde as emoções se expressam, e a infância é a fase emocional por excelência. como em qualquer outro meio social, existem diferenças, conflitos e situações que provocam os mais variados tipos de emoção. E, como é impossível viver num mundo sem emoções, ao professor cabe administrá-las, coordená-las [...].O professor deve procurar utilizar as emoções como fonte de energia e, quando possível, as expressões emocionais dos alunos como facilitador do conhecimento. É necessário encarar o afetivo como parte do processo de conhecimento, já que ambos são inseparáveis
Ferreira (2001) explica que a criança atinge na idade escolar as funções neurossensório-motoras e as demais funções cerebrais (sensação, percepção e emoção), que ainda confusas. Por isso, a discriminação entre seu eu e sua experiência não se realiza apenas na dimensão cognitiva. Segundo a autora, é necessária a ação mediadora da educação, que deve tomar como sua função promover a construção da afetividade e a organização dessas funções. Taille, Dantas e oliveira (1992) destacam a importância do desenvolvimento da afetividade no processo educativo ao afirmarem que ele deve incluir a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica, depois da construção de si mesmo, o que, segundo eles, exige espaço para todo tipo de manifestação expressiva, plástica, verbal, dramática, escrita, direta ou indireta mediante personagens susceptíveis de provocar identificação.
Com tudo, os educadores precisam se sensibilizem para a necessidade de desenvolver a afetividade de seus alunos, ajudando-os a se tornarem seres humanos melhores formados em todos os sentidos.
O PAPEL DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO DESENVOLVIMENTO AFETIVO E INTELECTUAL DO ALUNO O desenvolvimento psíquico depende das condições do meio social e cultural, que depende da escola, pois se assume como um meio pelo qual acontecem as relações interpessoais, por isso convém refletirmos o papel dessas relações no desenvolvimento afetivo e intelectual do aluno, por conseguinte, a aprendizagem escolar. A criança, desde o inicio da sua vida, depende do meio externo para viver; essa dependência é enorme, e exige o meio para interpretar, dar sentidos e trazer respostas as suas necessidades. Wallon (1979) considera que o meio social e a cultura constituem as condições, as possibilidades e os limites de desenvolvimento para o indivíduo, e acredita que a relação que este mantém com o meio são de transformações mútuas. De acordo com Tassoni (2000, p. 265) O processo de aprendizagem ocorre em decorrência de interações sucessivas entre as pessoas a partir de uma relação vincular, portanto, é através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e apropria-se ou constrói relações sociais que influem na relação do indivíduo com os objetos, lugares e situações.
Esse autor explica que mesmo os fenômenos afetivos tenham natureza subjetiva, estes são produzidos no meio sociocultural, e estão ligados de forma direta à qualidade das interações sociais. Por isso, é por meio dessas experiências que a criança vivência na escola, que os objetos passarão a ter um valor cognitivo e também afetivo. Já Martinelli (2001) considera que condições afetivas favoráveis na sala de aula são essenciais para a facilitação da aprendizagem. Para a autora, é natural que os alunos sejam mais comprometidos com os professores mais afetivos, que estabeleça uma relação amistosa com os mesmos. Quando ao contrário também é facilmente observado, ao passo que, quando o aluno não gosta do professor, ou vice-versa, o ensino e a aprendizagem são afetadas por essa relação de antipatia por ambas as partes. Na concepção de Tassoni (2000, p. 270):
Toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo vincular. Pensando, especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que se tece entre alunos e professores, conteúdo escolar, livros, escrita, etc. não acontece puramente no campo cognitivo. Existe uma base permeando essas relações.
A escola é o meio que possibilita as tramas e as experiências diferenciadas, com parceiros e situações também diferentes, pois proporciona situações e vivências essenciais para a construção do indivíduo como pessoa. São através das relações de afetividade que a construção pode acontecer naturalmente. Almeida (2003) afirma que Wallon apresenta três pontos básicos para que a educação sirva de instrumento para a consolidação dessa construção. O primeiro deles diz respeito à ação da escola que não se limita a instrução, mas se dirige a pessoa inteira do aluno, serve de instrumento para o desenvolvimento psicológico da criança, pois só assim, o professor poderá ser capaz de compreender as suas reais necessidades e possibilidades. O terceiro e último ponto diz respeito à importância do meio físico e social para a realização da atividade da criança e seu desenvolvimento. Essas idéias sintetizam a valorização do aluno no âmbito de sua dimensão humana, pois são associadas aos diferentes saberes construídos juntamente com os professores no decorrer da ação pedagógicas, que leva o aluno a compreender, porque são práticas com aspectos intelectuais, aspectos afetivos, que estão presentes e se interpenetram em todas as manifestações do conhecimento.
A AFETIVIDADE NA SALA DE AULA: RELAÇÃO PROFESSOR/ ALUNO
É importante pensar no educador como um ser total, com sua identidade profissional associada a sua identidade pessoal, concepções, crenças, valores e projeto de vida, como ele chegou a ser educador, como é ser educador e de que forma esse percurso influencia suas ações. Este conjunto de pensamentos e sentimentos reflete-se na atuação desse profissional, influenciando diretamente nos laços afetivos que desenvolve no decorrer da práxis. Conforme Oliveira (2007), as interações que ocorrem no contexto escolar são marcadas pela afetividade em todos os seus aspectos. Pode-se supor, também, que a afetividade se constitui como um fator de grande importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre os sujeitos no interior da escola (professor e aluno) e os diversos objetos de conhecimento (áreas e conteúdos escolares),
bem como na disposição dos alunos diante das atividades propostas e desenvolvidas. Ou seja, falar de afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que por sua natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num contexto de inter-relações. Na teoria de Wallon, a dimensão afetiva é destacada de forma significativa na construção da pessoa e do conhecimento. A afetividade e inteligência, apesar de terem funções definidas e diferenciadas, são inseparáveis na evolução psíquica. Dantas (1992, p. 90) afirma que: O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira.
Entre o aspecto cognitivo e afetivo existe oposição e complementaridade. Dependendo da atividade há a preponderância do afetivo ou do cognitivo, não se trata da exclusão de um em relação ao outro, mas sim de alternâncias em que um se submerge para que o outro possa fluir. A escola é um campo fértil, onde essas relações a todo tempo se evidenciam, seja através dos conflitos e oposições, seja do diálogo e da interação. A afetividade é um conceito amplo, integra relações afetivas como a emoção, a paixão e o sentimento, inerentes ao processo ensino aprendizagem. Segundo a teoria walloniana, a emoção e cognição são dois aspectos inseparáveis no desenvolvimento e se apresentam de forma antagônica e complementar. Dantas (1992), a escola constitui-se num espaço essencialmente educativo, cuja função principal é a de mediar o conhecimento, possibilitar ao educando o acesso e a reconstrução do saber. Pois, a transmissão do conhecimento se dá na interação entre pessoas. Assim, nas relações ali estabelecidas, professor/aluno, aluno/aluno, o afeto está presente. Um dos componentes essenciais para que esta relação seja significativa e represente uma parceria no processo ensino-aprendizagem, é o diálogo. Os conhecimentos são construídos por meio da ação e da interação, o sujeito aprende quando se envolve ativamente no processo de produção do conhecimento, através da mobilização de suas atividades mentais e na interação com o outro. Portanto, a sala de aula precisa ser espaço de formação, de humanização, onde a afetividade em suas diferentes manifestações possa ser usada em favor da aprendizagem, pois o afetivo
e o intelectual são faces de uma mesma realidade, ou seja, é essencial para o desenvolvimento do ser humano. Afirma Oliveira (2007, p. 138) que: As interações da criança com seus parceiros sociais provocam confrontos de significações e incentivam os parceiros a considerar as intenções dos outros e superar contradições que surjam entre eles. Com isso, ela constitui formas mais elaboradas de perceber, memorizar, solucionar problemas, lembrar-se de algo, emocionar-se com alguma coisa, formas essas historicamente construídas.
Por sua vez, o educador não deve conhecer só teorias sobre como cada criança reage e modifica sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também o potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada na instituição de educação infantil. O professor deve também refletir sobre o valor dessa experiência enquanto recurso necessário para o domínio de competências consideradas básicas para todas as crianças terem sucesso em sua inserção em uma sociedade concreta. Segundo Almeida (1995, p. 99-100): A criança vive em constante evolução; as relações que estabelece com o mundo social são sempre novas e se modificam reciprocamente a todo instante em um processo marcado pela instabilidade. O ensino deve reconhecer as necessidades dos alunos e considerar os diferentes níveis de desenvolvimento afetivo-cognitivo, para orientar adequadamente a ação educativa.
O educador deve manter sempre bom relacionamento afetivo com seus alunos para que a aprendizagem possa ocorrer de forma mais espontânea, principalmente, na educação infantil, pois as crianças deixam seu lar, suas famílias para ficar a maior parte do tempo na escola. No entanto as crianças passam a seguir regras, assumir tarefas e, principalmente, reconhecer suas capacidades e respeitar a si próprio mediante o outro. Segundo o mesmo autor: A escola pode tornar-se um meio propício para a edificação do eu, na medida em que possibilita a criança experimentar relações simétricas com os mais variados tipos de grupo. Acreditamos, como próprio Wallon, que é na relação com o outro, nas trocas e interações que se estabelecem entre os sujeitos, que ocorrem os prelúdios da delimitação do eu. (ALMEIDA, 1995, p.105).
O homem é um ser socialmente afetivo, com isso, a afetividade faz parte de todas as relações humanas. Na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto não há como não estar presente. Outro fator que pode ser observado é
que grande parte dos profissionais da educação, talvez ainda não consigam separar a emoção, os sentimentos e o afeto, implicando diretamente nas intervenções que caberia ao professor em sala de aula, mas que pelo desconhecimento das reações emocionais típicas deste período do desenvolvimento da criança, podem atrapalhar ou mesmo impedir o processo de construção dos aspectos cognitivo/afetivo. Pois, em muitos casos, a escola de fato não conhece as relações entre os aspectos: afetivo, motor, pessoal e cognitivo, e que pode até perceber as emoções em seu cotidiano escolar, porém, ainda não consegue ter uma percepção sobre sua importância para o desenvolvimento da criança pequena.
AS RELAÇÕES EU-OUTRO NO COTIDIANO DA SALA DE AULA
A escola é o ambiente das relações interpessoais, pois proporciona o desenvolvimento da criança como um todo, pois dimensiona um espaço cheio de experiências diversas. É através destas experiências com mundo escolar e social, que a criança aprende, pois elabora e reestrutura um dos aspectos que nos caracterizam como seres humanos: o aspecto afetivo. Não é apenas no nível interpessoal que isso se dá, mas também na relação indireta com o outro, que é a relação com a cultura. Mahoney (1993, p. 68) afirma que:
A criança, ao se desenvolver psicologicamente, vai se nutrir principalmente das emoções e dos sentimentos disponíveis nos relacionamentos que vivencia. São esses relacionamentos que vão definir as possibilidades de a criança buscar no seu ambiente e nas alternativas que a cultura lhe oferece, a concretização de suas potencialidades, isto é, a possibilidade de estar sempre se projetando na busca daquilo que ela pode vir a ser.
Neste sentido, Almeida (1999) dimensiona que o meio social para Wallon é cultural e interpessoal, pois não dispensa a integração do eu com o outro. Para ele, existe uma necessidade de distinção do outro, pois a criança se sente igual a outros, antes do seu desenvolvimento, o ser muito dependente, mas com isso consegue desabrochar a vontade de dominar-se, de fazer prevalecer o eu, mantendo o outro em estado de latência e vigília. Contudo, o outro, na figura de opositor iminente, revela-se como parâmetro para a constituição da identidade do eu. A autora confirma que a criança consegue fazer essa distinção com o outro, e a escola é o espaço para isso acontecer com mais facilidade, onde aflora a sua
personalidade. Entre outras coisas, o que distingue o meio familiar do meio escolar são a natureza e a diversidade das relações que os constituem. E na escola, que a criança em idade escolar, começa a estabelecer as relações diversas e facultativas. Essa oportunidade de conviver num ambiente menos estável que a família proporciona a participação em grupos, cuja integração inclui seguir regras, assumir tarefas e, principalmente, reconhecer suas capacidades e respeitar a si próprio mediante o outro. Por essa perspectiva, para conseguir superar a fase de confusão consigo mesmo e com o outro, a criança precisa conviver em ambientes que adotem relações diferenciadas do que tem com seus familiares, e a escola assume como espaço ideal para isso. A escola pode tornar-se um meio propício para a edificação do eu, na medida em que possibilita a criança experimentar relações simétricas com os mais variados tipos de grupo. Acredita-se como o próprio Wallon, que é na relação com o outro, nas trocas e interações que se estabelecem entre os sujeitos, que ocorrem os prelúdios da delimitação do eu.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os laços afetivos são de muita importância para construção de novas idéias, que são alimentados por seres que convivem através de laços afetivos que os unem, no caso da escola, é a relação professor e aluno. Neste sentido, a afetividade é que constrói essa relação amistosa que pode contribuir na aprendizagem das crianças que estão em desenvolvimento. Dentro de um ambiente que necessita das relações humanas para o construto do saber, o prazer advindo da afetividade estabelece vínculos harmoniosos que permite aprender e apreender com qualidade. Quando existe a afetividade nessa relação escolar, a mesma possibilita melhores disposições para superar as dificuldades que possam acontecer, possibilita a determinação de não aceitar as derrotas, atenua os conflitos com as diversidades, e também, favorece uma maneira de tornar amena uma situação difícil, motiva a busca de um objetivo. E na Educação Infantil, que as crianças enfrentam dificuldades, são inovações em suas vidas, ao deixar o espaço familiar para adentrar no espaço escolar. Por isso, a afetividade serve como aparato para professor melhor interagir com o seu aluno, ajudando-o superar obstáculos. Confirma que as concepções de Wallon são importantes para a aprendizagem da criança na fase escolar.
A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar a conseqüência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil. Ou seja, esta pesquisa teve com o intuito de mostrar que a relação mantida em sala de aula com os alunos
deve ser cultivada com sentimentos positivos. E com objetivos
específicos, discutir os principais aspectos da afetividade na teoria de Wallon; examinar a afetividade no desenvolvimento da criança; investigar a afetividade no espaço da escola; analisar a conseqüência da afetividade sob o olhar Walloniano na relação professor-aluno na educação infantil. É a partir da relação com o outro e através dos vínculos afetivos que, nos anos iniciais, a criança vai tendo acesso ao mundo simbólico e, assim conquistar avanços significativos no âmbito cognitivo. Nesse sentido, para a criança, torna-se importante e fundamental os vínculos afetivos que vão ampliando-se a figura do professor que surge com grande importância na relação de ensino e aprendizagem dos educandos. Por isso que a conseqüência da afetividade sob olhar walloniano na relação professoraluno na educação infantil, se torna importante. No espaço da sala de aula acontecem os grandes encontros, a troca de experiências, as discussões e interações entre os alunos, o carinho, a ajuda, enfim as relações afetivas existentes entre professor-aluno. Também é nesse espaço que o professor observa seus alunos, identifica suas conquistas e suas dificuldades e os conhece cada vez melhor. Por isso, que se torna de grande relevância a pesquisa sobre o tema: Afetividade na sala de aula: o olhar Walloniano sobre a relação professor-aluno na educação infantil. Sendo assim, na concepção de Wallon é importante se pensar a aprendizagem no âmbito escolar a partir da importância que atribui a afetividade
no processo de
formação do indivíduo. A escola deve procurar respeitar as emoções e as necessidades individuais, propiciando desafios e atividades que levem o educando a uma crescente elevação da racionalidade. Mas a escola deve também refletir e estar preparada para o desenvolvimento de indivíduos potencialmente mais capazes, integralmente formados, onde corpo, mente e sentimentos são dimensões indissociáveis do mesmo ser. A teoria de Wallon é ainda hoje pouco divulgada nos meios educacionais. Por acreditar que ela possa contribuir para a educação, espera-se com o presente trabalho lançar sementes, contribuindo para a construção de um espaço de interlocução para, os ainda poucos educadores Wallonianos. Tendo assim, uma possível sugestão para
estudos futuros, que aborde a afetividade na sala de aula, em especial na educação infantil. Abstract: This article to expose the affection in the design of Henry Wallon. For this, it is also exposed some considerations of Piaget, Vygotsky that contain the ideas of this theoretical reference for the work. The study explores the relationship that exists between teacher and student, especially early in the first series, which the child gets to school, leaves the family loop to get in a different way of living. So it's a moment of change in their social life, so the affection in the relationship between teacher and student is very significant. Thus, the study aims at analyzing the effect of affection in the Wallonian look at teacher-student relationship in Elementary School. Specifically: 1. Discuss the main aspects of the theory of affectivity Wallon 2. Look affection in child development, 3. To investigate the affection in the school 4. To analyze the consequence of the affection under the watchful Wallonian in teacher-student relationship in early childhood education. To fetch data, the work used in the literature on this topic. Concluded that the existing school affection in this relationship, enables improved provisions to overcome the difficulties that may arise, the determination not to accept the losses, reduce conflict with diversity, a pleasant way to make a difficult situation, which encourages the search for a goal in the classroom Keywords: Affectivity; Development; Child; Elementary School.
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