AUH333 Arte e Arquitetura contemporâneas: fronteiras e dinâmicas de colaboração Disciplina optativa Professores: Agnaldo Farias Fernanda Fernandes Guilherme Wisnik o 1 . Semestre de 2015 Quarta-‐feira das 08 às 12hs JUSTIFICATIVA Cada vez mais se faz presente no debate internacional os estudos que se dedicam às relações entre arte e arquitetura na contemporaneidade, observando as fronteiras entre os dois campos disciplinares, suas contaminações e intersecções. Esta temática tem sido abordada por arquitetos e artistas como Dan Graham, Herzog & de Meuron, Richard Serra, Hans Schabus, Gordon Matta-‐Clark, Rem Koolhaas, e teóricos como Rosalind Krauss, Hal Foster e Anthony Vidler. A proposição desta disciplina pretende contribuir para o restabelecimento de um diálogo (entre arte e arquitetura) que se mostrou historicamente frutífero, contribuindo para a elaboração de novas espacialidades e linguagens arquitetônicas correlatas. A questão é fundamental para a formação do arquiteto, com implicações para o método de análise e abordagem das duas áreas de conhecimento envolvidas, além, e de maneira mais específica, possibilitar a reflexão de categorias como “espaço” e “matéria”, fundantes para as formulações artísticas e arquitetônicas. OBJETIVOS Rastrear e estabelecer pontos de contato entre a arquitetura e a arte contemporânea, cuja espacialidade e as implicações da matéria permitem diálogos frutíferos entre as duas áreas do conhecimento. Dotar o aluno de instrumental crítico para a compreensão da arte e da arquitetura na contemporaneidade, considerando a dimensão histórico-‐cultural em que são produzidas. Aprofundar o conhecimento sobre o tema como complementação do conteúdo das disciplinas obrigatórias. PROGRAMA A disciplina analisa a produção da arte e arquitetura contemporâneas, considerando o período posterior à crise do Movimento Moderno, momento em que se observam constantes mudanças conceituais, propositivas e teóricas da produção de arte e arquitetura. Os dois campos disciplinares, da arte e da arquitetura, são considerados em suas especificidades, mas principalmente estabelecendo relações e indagando sobre as intersecções entre os dois campos na atualidade. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO A avaliação será feita a partir de uma composição entre três atividades: 1) primeiro conjunto de resenhas dos textos de leitura obrigatória [25% da média final]; 2) segundo conjunto de resenhas dos textos de leitura obrigatória [25% da média final]; 3) prova final [50% da média final]. Cada conjunto o o de resenhas (o 1 e o 2 ) deve apresentar resenhas de pelo menos 4 textos indicados para leitura, resumindo suas ideias principais e propondo articulações conceituais entre elas. A prova será dissertativa e sem consulta, tendo como escopo todo o conteúdo visto em sala de aula e nos textos indicados para leitura. NORMA DE RECUPERAÇÃO A recuperação será feita por uma prova que contempla todos os temas tratados na disciplina, a partir de bibliografia selecionada.
CONTEÚDO e CRONOGRAMA 04/3 Introdução: o campo ampliado da arte e da arquitetura contemporâneas Leitura: Rosalind Krauss, “Sculpture in the expanded field”, in The originality of the avant-‐garde and other modernist myths, pp. 276-‐290. 11/3 A ruptura pós-‐moderna: Robert Venturi, Denise Scott-‐Brown, Andy Warhol, Claes Oldenburg, Charles Moore, SITE, Ant Farm Leitura: Fredric Jameson, “A lógica cultural do capitalismo tardio”, in Pós-‐modernismo, pp. 27-‐79; e David Harvey, “Passagem da modernidade à pós-‐modernidade na cultura contemporânea”, in Condição pós-‐moderna, pp. 13-‐113. 18/3 Pós-‐modernismo e simulacro: Andy Warhol, Cindy Sherman, Jeff Koons, Richard Prince, Sherrie Levine Leitura: Jean Baudrillard, “A precessão dos simulacros”, Simulacros e simulação, pp. 07-‐57. 25/3 O “caso”Aldo Rossi e a Bienal de Veneza de 1980 Leitura: Rafael Moneo, “Aldo Rossi”, in Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos, pp. 95-‐134. 08/4 Arquitetura como imagem: Bernd & Hilla Becher, Candida Hoffer, Thomas Struth, Andreas Gursky Leitura: Ulf Erdmann Ziegler, “O léxico industrial de Bernd e Hilla Becher”, Zum # 01, pp. 154-‐179. 15/4 Conversa com Wellington Cançado e Renata Marquez (UFMG), da revista Piseagrama Leitura: Fernanda Regaldo et alii (ed.). Piseagrama # 07: passeio. Belo Horizonte: 2015. 22/4 Contextualismos: Vittorio Gregotti e a revista Casabella Leitura: Christian Norberg Schulz, “O fenômeno do lugar”, in Kate Nesbitt (org.), Uma nova agenda para a arquitetura, pp. 443-‐461; e Vittorio Gregotti, “A forma do território”, in Território da arquitetura, pp. 61-‐104. 29/4 O regionalismo crítico e o site-‐specificity Leitura: Miwon Kwon, “By way of a conclusion: one place after another”, in One place after another: site-‐specific art and locational identity, pp. 156-‐167; e Kenneth Frampton, “Perspectivas para um regionalismo crítico”, in Kate Nesbitt (org.), Uma nova agenda para a arquitetura, pp. 503-‐520. + Entrega do primeiro conjunto de resenhas 06/5 Fuck the context: Não-‐lugar, globalização e nomadismo: Norman Foster, Rem Koolhaas, Toyo Ito, Francis Alÿs Leitura: Rem Koolhaas, “A cidade genérica”, in Três textos sobre a cidade, pp. 29-‐65; e Marc Augé, “Dos lugares aos não-‐lugares + Epílogo”, in Não-‐lugares, pp. 71-‐110. 13/5 A genealogia construtiva: Picasso, Tatlin, Mies van der Rohe, Moholy-‐Nagy, Donald Judd, Robert Morris, Richard Serra Leitura: Rosalind Krauss, “O duplo negativo: uma nova sintaxe para a escultura”, in Caminhos da escultura moderna, pp. 291-‐343; e Kenneth Frampton, “Rappel à l’ordre, argumentos em favor da tectônica”, in Kate Nesbitt (org.), Uma nova agenda para a arquitetura, pp. 556-‐569.
20/5 Atacar o plano, atacar o espaço: Lucio Fontana, Nelson Leirner, Matta-‐Clark, Grupo Gutai, Hans Schabus, Rachel Whiteread, Dominique González-‐Foerster Leitura: Pamela Lee, “On Matta-‐Clark’s violence; or, what is a phenomenology of the sublime?”, Object to be destroyed: the work of Gordon Matta-‐Clark, pp. 114-‐161. 27/5 Opacidade e transparência: Brancusi, Anish Kapoor, Mies van der Rohe, Dan Graham, Mauro Restiffe Leitura: Colin Rowe e Robert Slutzky, “Transparencia: literal y fenomenal”, in Colin Rowe, Manierismo y arquitectura moderna y otros ensayos, pp. 155-‐177. 03/6 Opacidade e transparência: Jean Nouvel, SANAA, Junya Ishigami, Philippe Rahm, Diller Scofidio Leitura: Colin Rowe e Robert Slutzky, “Transparencia: literal y fenomenal”, in Colin Rowe, Manierismo y arquitectura moderna y otros ensayos, pp. 155-‐177. 10/6 A abolição do sujeito: Marcel Duchamp, Donald Judd, Peter Eisenman, Greg Lynn Leitura: Rosalind Krauss, “Formas de ready-‐made: Duchamp e Brancusi”, in Caminhos da escultura moderna, pp. 85-‐126; e Greg Lynn, “Curvilinearidade arquitetônica: o dobrado, o maleável e o flexível”, in A. Krista Sykes, O campo ampliado da arquitetura, pp. 27-‐51. 17/6 Ambientes imersivos: Robert Irwin, Dan Flavin, James Turrell, Olafur Eliasson, Anthony Gormley Leitura: Walter Benjamin, “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, in Walter Benjamin: obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política, pp. 165-‐196. 24/6 Prova Final + Entrega do segundo conjunto de resenhas 01/7 Conclusão do curso BIBLIOGRAFIA Bibliografia básica FOSTER, Hal. O complexo arte-‐arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 2015. KRAUSS, Rosalind. “Sculpture in the expanded field”, in The originality of the avant-‐garde and other modernist myths. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 1986. SYKES, A. Krista (org.). O campo ampliado da arquitetura: antologia teórica 1993-‐2009. São Paulo: Cosac Naify, 2013. Bibliografia complementar AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009. ARANTES, Otília B. F. O lugar da arquitetura depois dos modernos. São Paulo: Edusp / Studio Nobel, 1993. AUGÉ, Marc. Não-‐lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Campinas: Papirus, 1994. BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d’Água, 1991. BENJAMIN, Walter. Walter Benjamin: obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Editora brasiliense, 1985. BOIS, Yve-‐Alain; KRAUSS, Rosalind. Formless: a user’s guide. Nova York: Zone Books, 1997. BRAYER, Marie-‐Ange (org.). Art & architecture: collection de Frac Centre. Orléans: Frac Centre / Éditions HYX, 2013.
BRUNO, Giuliana. Public intimacy: architecture and the visual arts. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2007. COLOMINA, Beatriz. Doble exposición: arquitectura a través del arte. Madrid: Akal, 2006. EISENMAN, Peter. Supercrítico: Peter Eisenman, Rem Koolhaas. São Paulo: Cosac Naify, 2013. ESPADA, Heloisa (org.). Richard Serra: escritos e entrevistas, 1967-‐2013. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2014. FARIAS, Agnaldo; FERNANDES, Fernanda (org.). Arte e arquitetura: balanço e novas direções. Brasília: Fundação Athos Bulcão / Editora Universidade de Brasília, 2010. FARIAS, Agnaldo. “De Richard Serra para os arquitetos”, in Caramelo n. 6. São Paulo: GFAU, 1993. FERREIRA, Glória; COTRIM, Cecília (org.). Escritos de artistas: anos 1960/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007. FOSTER, Hal. Design and crime (and other diatribes). Londres e Nova York: Verso, 2002. _________. O retorno do real: a vanguarda no final do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2014. GREGOTTI, Vittorio. Território da arquitetura. São Paulo: Editora Perspectiva, 1975. HARVEY, David. Condição pós-‐moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola, 2002. HUCHET, Stéphane. Intenções espaciais: a plástica exponencial da arte, 1900-‐2000. Belo Horizonte: C/Arte, 2012. JAMESON, Fredric. Pós-‐modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Editora Ática, 1997. JENCKS, Charles. The language of postmodern architecture. Nova York: Rizzoli, 1977. KOOLHAAS, Rem. Três textos sobre a cidade. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2010. KRAUSS, Rosalind. Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1998. KWON, Miwon. One place after another: site-‐specific art and locational identity. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2002. LAGNADO, Lisette (org.). P33: Formas únicas da continuidade no espaço – Panorama da arte brasileira 2013. São Paulo: MAM, 2013. LEE, Pamela M. Object to be destroyed: the work of Gordon Matta-‐Clark. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2000. LINDER, Mark. Nothing less than literal: architecture after minimalism. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2004. LIPPARD, Lucy. A arte pop. São Paulo: Editora Verbo, 1976. MAMMÌ, Lorenzo. O que resta: arte e crítica de arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. MONEO, Rafael. Inquietação teórica e estratégia projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos. São Paulo: Cosac Naify, 2008. MORIENTE, David. Poéticas arquitectónicas en el arte contemporáneo, 1970-‐2008. Madri: Cátedra, 2010. NESBITT, Kate (org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica, 1965-‐1995. São Paulo: Cosac Naify, 2006. REGALDO, Fernanda; MARQUEZ, Renata; ANDRÉS, Roberto; CANÇADO, Wellington (ed.). Piseagrama – espaço público periódico. Belo Horizonte: Rona Editora (# 01 ao 07), 2015. RENDELL, Jane. Art and architecture: a place between. Londres: I. B. Tauris, 2008. ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995. ROWE, Colin; SLUTZKY, Robert. “Transparencia: literal y fenomenal”, in ROWE, Colin. Manierismo y arquitectura moderna y otros ensayos. Barcelona: Gustavo Gili, 1999. STEINBERG, Leo. Outros critérios: confrontos com a arte do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2008. TASSINARI, Alberto. O espaço moderno. São Paulo: Cosac Naify, 2001. URSPRUNG, Philip. Herzog & de Meuron: natural history. Lars Muller Publisher: Montreal, 2005. VENTURI, Robert; SCOTT-‐BROWN, Denise; IZENOUR, Steven. Aprendendo com Las Vegas. São Paulo: Cosac Naify, 2003. VIDLER, Anthony. Warped space: art, architecture and anxiety in modern culture. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2000. WISNIK, Guilherme. Dentro do nevoeiro: diálogos cruzados entre arte e arquitetura contemporâneas. FAUUSP: Tese de doutorado, 2012. ZAERA-‐POLO, Alejandro. Arquitetura em diálogo. São Paulo: Cosac Naify, 2015. ZIEGLER, Ulf Erdmann. “O léxico industrial de Bernd e Hilla Becher”, in Zum – Revista de fotografia # 01. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2011.