INTEGRAÇÃO DAS 4 DESTREZAS LINGÜÍSTICAS ATRAVÉS DE LETRAS

propomos o uso de letras de músicas como recurso didático de modo a abranger as 4 habilidades linguísticas (expressão oral, expressão escrita,...

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III SIIMPOSIO DE FORMACIÓN DE PROFESORES DE ESPAÑOL LENGUAJES Y NUEVAS TECNOLOGÍAS I SEMANA DE LA HISPANIDAD UFPE 25 AÑOS SIN BORGES INTEGRAÇÃO DAS 4 DESTREZAS LINGÜÍSTICAS ATRAVÉS DE LETRAS DE MÚSICAS Autor: PEREIRA, Livya Lea de O.¹ (UFC) Orientador(a): PEREIRA, Germana da Cruz (UFC) RESUMO: Com o presente artigo objetivamos discorrer sobre a importância do trabalho com atividades que desenvolvam as 4 destrezas linguísticas para o ensino de espanhol como língua estrangeira no contexto do Ensino Médio. Para tanto, propomos o uso de letras de músicas como recurso didático de modo a abranger as 4 habilidades linguísticas (expressão oral, expressão escrita, compreensão auditiva e compreensão leitora) de forma integrada, contribuindo assim para um melhor desempenho do aprendiz no uso da língua espanhola, pois como afirma Johnson (2008),“ é importante ter em conta que também existem semelhanças e interconexões entre as destrezas’’. Exemplificamos nossa proposta através da análise de uma atividade com integração de destrezas a partir da canção La historia de Juan, do cantor colombiano Juanes, apresentando reflexões, ideias e propostas que contribuem para a prática de professores ou futuros professores da língua espanhola, demonstrando-os a abrangência do trabalho com letras de músicas que, além de serem mostras reais da língua, trazem consigo aspectos culturais interessantes para o trabalho em sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: HABILIDADES LINGUÍSTICAS, MÚSICAS, ENSINO DE ESPANHOL. INTRODUÇÃO A língua espanhola possui uma relação próxima com o nosso país afinal, o Brasil está literalmente cercado por países que falam essa língua. Atualmente, o ensino de dita língua tem ganhado um enfoque maior, um fator resultante desse enfoque é a lei Nº 11.161, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva no ano de 2005. A seguinte lei trata da obrigatoriedade do ensino do espanhol como língua estrangeira em nosso país: Art. 1o O ensino da língua espanhola, de oferta obrigatória pela escola e de matrícula facultativa para o aluno, será implantado, gradativamente, nos currículos plenos do ensino médio. Art. 6o A União, no âmbito da política nacional de educação, estimulará e apoiará os sistemas estaduais e do Distrito Federal na execução desta Lei. (Planalto do Governo Online- Lei 11.161, 5 de agosto de 2005)

¹ Monitora de Língua e Cultura Espanhola I e II. Graduanda do curso Letras Espanhol da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Com essa lei o ensino do espanhol ganhou uma relevância que até então não possuía. No entanto, não sabemos ao certo quais serão as consequências da criação de dita lei e se o foco do ensino está ou será voltado para o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno prévestibulando assim como determina as Orientações Curriculares do Ensino Médio (O.C.E.M.). Pensando nessa questão, pretendemos discorrer sobre a importância do trabalho com atividades que ativem e integrem as destrezas lingüísticas dos alunos do ensino médio em língua espanhola. Propondo a elaboração de atividades com o uso de letras de músicas, na qual envolvam as destrezas linguísticas de forma integrada, para que o aluno em uma única atividade possa ativar a sua produção oral e escrita, e a sua compreensão leitora e auditiva, interagindo com a turma e o professor. Visto que, são mostras autênticas da língua espanhola e ao mesmo tempo uma forma de motivação para a aprendizagem, as músicas podem ser consideradas um importante e útil material didático. Com o auxílio das O.C.E.M. (2008), mostraremos como a integração das destrezas linguísticas podem ser trabalhadas em atividades com letras de músicas, exemplificando uma atividade com a música Historia de Juan, do cantor colombiano Juanes.

1. A LÍNGUA ESPANHOLA NO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO Há toda uma problemática referente ao ensino da língua estrangeira no Ensino Médio. Muitas escolas disponibilizam apenas 50 minutos de aula, algumas vezes a quantidade de alunos ultrapassa o número ideal (25-30), e o professor nem sempre possui os recursos didáticos necessários e em número suficiente para sua aula. Esses fatores dificultam o desenvolvimento da competência comunicativa do aprendiz, já que são o contrario do ideal para a realização de atividades comunicativas. A lei 11. 161 trata também da implantação do ensino da língua espanhola no Ensino Fundamental, e este fato é um ponto positivo para o aprendizado do idioma, já que é mais tempo de exposição á língua. Porém de nada adiantará o aluno estudar essa língua desde a infância se esse ensino for incapaz de cumprir os objetivos básicos ao aprendizado desse aluno que, de acordo com os PCN’s, é a comunicação eficiente ou a fluência na língua. Sobre as dificuldades do ensino de espanhol nas escolas brasileiras Ayala (2004) comenta: ...em função destes fatores (carga horária insuficiente, número excessivo de alunos em sala, falta de recursos e de materiais didáticos) os professores da língua espanhola demonstram uma impossibilidade de alcançar o objetivo para sua disciplina dentro do método

comunicativo, ou seja, o de desenvolver uma competência comunicativa com o equilíbrio das 4 destrezas lingüísticas, apresentando, assim, uma dissonância em relação as recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais. (AYALA, 2004)

Os fatores descritos pela autora não ocorrem em todas as escolas brasileiras, mas retratam a realidade que muitos professores enfrentam. Para o professor da língua espanhola, que esteja inserido no contexto citado, uma reflexão crítica sobre seu contexto de ensino é algo positivo, pois assim poderá encontrar soluções práticas que minimizem seus problemas, no entanto não cabe somente ao educador encontrar tais respostas, pois vivenciamos uma situação resultante de uma política educativa maior. É necessário que a escola trabalhe juntamente com o professor para facilitar o aprendizado do aluno da língua estrangeira, exigindo e providenciando materiais básicos a profissão docente. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio, no que se refere ao ensino de línguas estrangeiras, afirma: Na nossa sociedade, o conhecimento de Línguas Estrangeiras é muito valorado no âmbito profissional, porém, no caso do ensino médio, mais do que encarar o novo idioma apenas como uma simples ferramenta, um instrumento que pode levar à ascensão, é preciso entendê-lo como um meio de integrar-se e agir como cidadão. Nesse sentido, o foco do ensino, não pode estar, ao menos de modo exclusivo e predominante, na preparação para o trabalho ou para a superação de provas seletivas, como o vestibular. (O.C.E.M., 2008: 147)

Os fatores citados acima - o êxito nas provas seletivas e o sucesso profissional – são alguns dos principais motivos que levam o aluno do Ensino Médio a estudar uma língua estrangeira. Mas a língua espanhola não pode ser vista apenas como uma ferramenta para se chegar a um fim específico, a língua deve ser entendida como um complexo conjunto de valores e crenças presentes em determinados grupos sociais, pois ela é cultura. É fundamental que o professor de idiomas tenha um pensamento crítico sobre suas práticas, para não privilegiar fins específicos no ensino da língua, mas a capacidade comunicativa do aluno; realizando atividades que desenvolvam suas habilidades linguísticas e proporcione uma visão sobre a diversidade lingüística e cultural da língua estudada. Uma forma de cumprir com esse objetivo é formular atividades que ativem conhecimentos prévios e o uso da língua, para isso, a utilização de letras de músicas se mostra um proveitoso material didático, como veremos mais adiante.

2. DESTREZAS LINGISTICAS - DEFINIÇÃO.

Entende-se por destrezas linguísticas o termo utilizado para o conjunto das habilidades que ativam o uso da língua. A saber: a fala, a leitura, a audição e a escrita. Alguns autores dividem essas habilidades segundo o meio falado (escutar e falar) e o meio escrito (ler e escrever). Outros, como Johnson 2008, as divide de acordo com a recepção (escutar e ler) e a produção (falar e escrever). No entanto, essa segunda divisão é problemática, pois levando em conta a integração das destrezas, todas estão interligadas e possuem tanto caráter receptivo como produtivo. De acordo com o Diccionário de términos claves de ELE do Centro virtual Cervantes: Com a expressão destrezas lingüísticas se faz referencia às formas de ativação do uso da língua. Tradicionalmente a didática as classificou atendendo ao modo de transmissão (oral y escrita) e ao papel que desempenham na comunicação (produtivas y receptivas). Assim, as estabeleceu em número de quatro² : expressão oral, expressão escrita,compreensão auditiva e a compreensão leitora (para estas duas últimas utiliza-se ás vezes também os términos de compreensão oral y escrita).³ (CVC, 03.04.11)

Essas formas de ativar o uso da língua podem ser trabalhadas separadas ou integradas, dependendo do enfoque de ensino escolhido. Sabemos que das duas formas há vantagens e desvantagens, pois se trabalhamos as destrezas separadamente teremos a vantagem de abordá-las individualmente e atender as diferentes necessidades dos alunos, mas se temos a intenção de prepará-los para uma comunicação real é necessário trabalhar as destrezas lingüísticas de forma integrada, já que em uma comunicação as destrezas estão interligadas. Com o intento de aproximação da realidade comunicativa e a consciência de que as destrezas estão interligadas na comunicação levaram a inclusão de atividades que trabalham as destrezas linguísticas integradas nos programas de LE com orientações comunicativas, por exemplo, o enfoque por tarefas e o enfoque comunicativo. Sobre as técnicas de ensino e integração das destrezas lingüísticas, Keith Johnson (2008) afirma que: Ao examinar as técnicas de ensino com frequência encontraremos que os exercícios de escuta podem ser utilizados também, com algumas modificações, para ensinar a leitura y

2 Recentemente , em conseqüência dos estudos de análise do discurso y da lingüística textual, tende a considerar como uma destreza distinta a da interação oral ou conversação. 3 (CVC, 03.04.11) Con la expresión destrezas lingüísticas se hace referencia a las formas en que se activa el uso de la lengua. Tradicionalmente la didáctica las ha clasificado atendiendo al modo de transmisión (orales y escritas) y al papel que desempeñan en la comunicación (productivas y receptivas). Así, las ha establecido en número de cuatro¹: expresión oral, expresión escrita,comprensión auditiva y comprensión lectora (para estas dos últimas se usan a veces también los términos de comprensión oral y escrita).²

vice-versa. Além disso, existem processos comuns às destrezas produtivas, de modo que as técnicas para ensinar o idioma falado podem ser utilizadas, às vezes, para a escrita, com algumas modificações. Mas, há uma série de interconexões que devemos ter consciência. 4 (JOHNSON, 2008 : 416)

Partindo dessa afirmação, por que não elaborar atividades que envolvam as 4 habilidades? Se o objetivo é o desenvolvimento da capacidade comunicativa essas atividades ajudariam ao aprendiz a desenvolver as habilidades integradas e proporcionaria ao aluno um equilíbrio entre o aprendizado das destrezas. Mostraremos no seguinte tópico que as letras de músicas podem ser um rico material didático para realizar atividades desse estilo. 3. O uso de letras de músicas como material didático na aula de E\LE Gargallo (1999) define o termo material didático da seguinte forma: “Todos aqueles materiais que – em suporte impresso, sonoro, visual ou informativo – empregamos no ensino de uma língua estrangeira aparecem sobre o termo de materiais didáticos.”(GARGALHO, 1999: 49). 5 De acordo com essa definição as letras de músicas podem ser consideradas materiais didáticos. Para o ensino de uma língua estrangeira há uma diversidade de materiais que o professor pode utilizar em sala de aula. Por exemplo, gramáticas, dicionários, filmes, livros paradidáticos, anúncios publicitários em língua espanhola, fotos, logotipos de marcas, letras de músicas, entre outros. Esses materiais refletem o modo como o professor entende a natureza da língua e o processo de ensino-aprendizagem de um idioma estrangeiro, ou seja, é a exteriorização do método empregado pelo professor. Como seria muito extenso e enfadonho discorrer sobre cada material didático aqui mencionado, discorreremos apenas sobre o potencial didático das letras de músicas. Por que utilizar letras de músicas na aula de espanhol como língua estrangeira? Por inúmeros motivos. As aulas de línguas objetivam que os alunos possam usar a língua que está aprendendo em situações significativas e relevantes e o uso da música em sala de aula pode proporcionar não somente a análise crítica do conteúdo da canção, mas também a interpretação e reflexão do seu aspecto linguístico, sendo usada, assim, não só para aquisição de vocabulário, como para um conhecimento de teor cultural. 4 (JOHNSON, 2008, p. 416) Al examinar las técnicas de enseñanza con frecuencia encontraremos que los ejercícios de escucha pueden utilizarse también, con ligeros cambios, para enseñar la lectura y virceversa. Además, existen procesos comunes a las destrezas productivas, de modo que las técnicas para enseñar el idioma hablado pueden utilizarse a veces para la escritura, con algunas modificaciones. Pero hay otra serie de interconexiones que devemos tomar en cuenta. 5 (Gargallo, 1999, p. 49) “Todos aquellos recursos que – en soporte impreso, sonoro, visual o informático – empleamos en la enseñanza de una lengua extrangera aparecen aglutinados bajo el término de materiales didácticos.”

De acordo com Santos Asensi (1996), Cestreros (2006) e Gil Toresano (2000) há muitas vantagens na utilização de músicas no ensino de espanhol, e essas podem ser: •

Despertam um interesse positivo entre os estudantes, já que trazem uma carga emocional, com referencias a protagonistas, tempo ou lugar, que podem provocar a identificação da pessoa que ouve com o conteúdo da música;



Serem mostras autênticas da língua, que podem ser exploradas em diferentes níveis lingüísticos: fonético, morfológico, semântico, léxico, etc.;



Podem servir de estímulo para situações de comunicação real;



Podem ser utilizadas para desenvolverem as habilidades lingüísticas, como a compreensão auditiva e leitora e a produção oral e escrita;



Oferecem diversas possibilidades de integração de temas da atualidade cultural, como a discriminação, o consumismo ou a marginalidade;



Possibilitam a integração do ensino da língua com outras áreas de conhecimento, por exemplo, a Música e a Literatura, as Ciências Sociais, História e Geografia, etc.,



Promove a possibilidade de comparação de aspectos comuns e diferentes entre as culturas, ou seja, trabalhar aspectos interculturais.



Serem de fácil memorização, por causa da melodia e\ou a identificação com determinado tema;



Serem de fácil acesso, já que a indústria musical produz uma diversidade de materiais (impresso, áudio-visual e multimídia) que são acessíveis através da internet, e isso facilita a exploração didática pelo professor. Apesar de todas essas vantagens o professor precisa ter cuidado ao utilizar a letra de

música como recurso didático, pois existem diversas maneiras de utilizá-la em sala de aula. É importante diversificar as sequências didáticas e não se deixar cair na velha atividade de preencher lacunas com vocábulos. Além disso, o professor ao querer trabalhar músicas na sala de aula necessita esclarecer aos seus alunos alguns aspectos lingüísticos próprios das letras de músicas, como as repetições, as metáforas, personificações, linguagem próxima a linguagem informal e conversacional, presença de gírias, etc. Convém também analisar o objetivo que se pretende chegar com a música em cada atividade elaborada. Neste trabalho focamos especificamente o uso das letras de música para a integração das destrezas linguíscas, desta forma, seguiremos com a definição particular de cada destreza, como devem ser entendida no contexto do Ensino Médio de acordo com as O.C.E.M.e como a integração das destrezas podem se apresentar em uma atividade com música.

4. Atividades com letras de músicas e a abordagem das destrezas lingüísticas Assim como foi mencionado no ponto anterior, há muitas vantagens em trabalhar letras de músicas em sala de aula, mas cabe ao professor utilizar essas vantagens na elaboração de sua atividade. Elaboração esta que deve está em consonância com o projeto político-pedagógico ou a própria programação da aula. Esse é um tema que gera discussões no âmbito docente, pois os diferentes programas e diretrizes curriculares influenciam de forma direta no tipo de atividade que o professor elabora com a música. De acordo com Santos Asensi (1996), mesmo que a elaboração da atividade com música tenha que está de acordo com as orientações curriculares o professor tem um leque de possibilidades, pois: “A música e as canções podem ser empregadas, bem como peças centrais da comunicação em sala, bem como um meio para enfatizar ou reforçar diferentes aspectos do processo de aquisição linguística ou cultural.” (ASENSI,1996 : 137)6. Santos Asensi (1996) categoriza as atividades com músicas em duas. As quais são: as atividades centrais , que são atividades e tarefas com enfoque comunicativo e que desenvolve as 4 destrezas favorecendo a prática comunicativa, e as atividades como meio para enfatizar que são os exercícios tradicionais complementares ou de apoio, por exemplo: completar espaços da canção, ordenar segmentos, e outros mais. No contexto do Ensino Médio o professor da língua espanhola pode usar a letra de música de ambas as formas, porém se o objetivo é desenvolver as habilidades lingüísticas dos seus alunos, o uso de letras de músicas como atividades centrais é o ideal. Dependendo da turma uma atividade desse tipo pode levar uma aula inteira (50 min.) para ser realizada ou não. As destrezas linguísticas podem vir abordadas de diversas formas em uma atividade desse tipo. Neste artigo trazemos anexo, um exemplo de atividade com a música La historia de Juan, na qual utilizaremos de modelo para explanar a definição de cada destreza, os objetivos almejados pelas O.C.E.M.(2008) e algumas dicas para integrar as destrezas em uma atividade com música. 4.1 Expressão oral A expressão oral é a destreza linguística referente ao discurso oral. Para o desenvolvimento dessa habilidade não basta ter uma boa pronuncia, é preciso também conhecimentos sobre o léxico e a gramática da língua e noções socioculturais e pragmáticas da língua meta. De acordo com as O.C.E.M. (2008) a expressão oral do aluno do ensino médio deve seguir os seguintes requisitos: 6

(ASENSI, 1996, p. 137), “La música y las canciones pueden emplearse, bien como piezas centrales de la comunicación en el aula, bien como medio para enfatizar o reforzar distintos aspectos del proceso de adquisición lingüística o cultural.”

O desenvolvimento da produção oral, também de forma a permitir que o aprendiz se situe no discurso do outro, assuma o turno e se posicione como falante da nova língua, considerando, igualmente, as condições de produção e as situações de enunciação do seu discurso. (O.C.M.E., 2008: 151)

Para o desenvolvimento dessa destreza em atividades com letras de música, podemos elaborar perguntas relativas à temática da música para que o aluno expresse sua opinião a partir de sua experiência de vida, ou seu conhecimento prévio, formular debates, utilizar fotos ou vídeos sobre o tema para que o aluno fale as relações existentes entre ambos, entre outros. Podemos também abordar como uma problematização a temática da música. No exemplo de atividade que trazemos com a música La historia de Juan, selecionamos algumas fotos de crianças e iniciamos as perguntas relativas ao tema - meninos abandonados – relacionando o conhecimento prévio dos alunos com a realidade descrita na canção. A expressão oral em uma conversação - como é o caso desse tipo de atividade – está interligada com a compreensão auditiva, já que é necessário entender o que é dito, considerar a informação, para então formular uma opinião seguindo os padrões gramaticais e utilizando o léxico da língua espanhola. Essa habilidade também pode integrar-se com a compreensão leitora, contestando oralmente as perguntas sobre a leitura da música, ou integrar-se com a produção escrita, escrevendo a opinião de um amigo. 4.2 Compreensão auditiva A compreensão oral ou auditiva é a destreza referente à audição, compreensão e interpretação do discurso oral. Nela interligam-se fatores linguísticos, cognitivos, perceptivos e sociológicos. É um processo que o indivíduo age ativamente desde a decodificação e compreensão lingüística até a interpretação do discurso oral. De acordo com as O.C.E.M. (2008) a compreensão auditiva no Ensino Médio segue os seguintes requisitos: O desenvolvimento da compreensão oral como uma forma de aproximação ao outro, que permita ir além do acústico e do superficial e leve a interpretação tanto daquilo que é dito (frases, textos ) quanto daquilo que é omitido ( pausas, silêncios, interrupções) ou do que é insinuado (entonação, ritmo, ironia...) e de como, quando, por quê, para quê, por quem e para quem é dito. (O.C.E.M., 2008 :151)

A compreensão auditiva em atividades desse estilo pode modificar-se de acordo com o objetivo que se pretende chegar. Segundo Gil Toresano (2000) as atividades auditivas com letras de

músicas podem se classificar como: 1.Tareas de escucha global de uma pieza musical: a compreensão lingüística possui caráter secundário e o elemento sonoro e musical são os protagonistas, são exemplos desse tipo de atividade, relacionar músicas com pessoas ou associar música com cenas e ações; 2 Tareas de escucha orientadas a la compreensión del mensaje lingüístico (la letra de las canciones): são as atividades que a letra de música é escolhida observando o conteúdo lingüístico e\ou sociolinguístico. No exemplo de atividade com a música La história de Juan, trazemos a compreensão auditiva de acordo com o segundo caso. Centramos a atividade auditiva na compreensão de algumas frases que faltam na letra da canção, com o objetivo de fazer com que o aluno escute e compreenda as frases ausentes. No entanto, a compreensão auditiva pode relacionar-se com as destrezas de produção oral (escutar a música para expressar sua opinião ou fazer o resumo da ideia central da música), produção escrita (escutar a canção e criar uma história a partir do que foi ouvido ou simplesmente escrever uma opinião sobre a temática da canção) e a compreensão leitora (predizer palavras que faltam na letra da música ou ordenar os versos da canção antes de escutá-la). 4.3

Compreensão leitora Esta é a destreza responsável pela interpretação do discurso escrito. Nela relacionam-se

fatores linguísticos, cognitivos, perceptivos e sociológicos. A compreensão leitora desenvolve-se desde a mera decodificação e compreensão linguística até a interpretação e valoração pessoal. Apesar de ser uma destreza de compreensão – e por isso considerada uma destreza de recepção - o indivíduo age ativamente, pois ele utiliza sua experiência de vida e conhecimentos prévios para a interpretação de um texto escrito. De acordo com as O.C.E.M. (2008), o desenvolvimento da compreensão escrita no Ensino Médio visa os seguintes objetivos: O desenvolvimento da compreensão leitora, com o propósito de levar à reflexão efetiva sobre o texto lido: mais além da decodificação do signo lingüístico, o propósito é atingir a compreensão profunda e interagir com o texto, com o autor e com o contexto, lembrando que o sentido de um texto nunca está dado, mas é preciso construí-lo a partir das experiências pessoais, do conhecimento prévio e das relações inter-pessoais que o leitor estabelece com ele. (OCEM, 2008: 152 )

Existem diversos tipos de leituras, como: leitura globalizada (skimming), focalizada (scaning), crítica, extensiva, intensiva, entre outras. No exemplo de atividade que trazemos utilizamos tanto a leitura global como a intensiva, pois na questão 1 é necessário a compreensão da

ideia ou essência da canção para respondê-la, e nas demais questões - como a 2, 3 e 4 - utilizamos a leitura intensiva, já que busca informações específicas presentes na letra da canção. No entanto, é possível elaborar outros tipos de questões para o desenvolvimento da compreensão leitora, por exemplo, relacionar a letra da música com outros textos (fotos, desenhos, reportagens de jornais ou revistas) ou até mesmo ordenar os versos da canção de acordo com a leitura global. A compreensão leitora pode relacionar-se tanto com a produção oral (dar uma opinião ou resumo do que foi lido), como com a compreensão auditiva (completar estruturas da canção ou palavras que faltam na música) e produção escrita (escrever sua opinião, fazer um resumo da idéia geral da música, criar uma poesia ou história). 4.4

Expressão escrita A expressão ou produção escrita é a destreza referente ao discurso escrito. Nela utilizamos

conhecimentos, como: léxico, gramática, ortografia,

e estruturas textuais. De acordo com as

O.C.E.M. (2008) o desenvolvimento da destreza escrita deve ter os seguintes objetivos: O desenvolvimento da produção escrita, de forma a que o estudante possa expressar suas ideias e sua identidade no idioma do outro, devendo, para tanto, não ser um mero reprodutor da palavra alheia, mas antes situar-se como um indivíduo que tem algo a dizer, em outra língua, a partir do conhecimento da sua realidade e do lugar que ocupa na sociedade. (OCEM, 2008 : 151-152)

A expressão escrita segundo Lourdes Díaz e Marta Aymerich (2003) conforme sua finalidade e objetivo podem apresentar-se em atividades em geral de duas maneiras: 1. Atividades que tem objetivo na escrita; 2. Atividades em que a escrita é um meio para outro fim. Em atividades com letras de música que possuem integração de destrezas a produção escrita pode ser abordada de ambas as formas, como na atividade com a música La história de Juan, que a expressão escrita está relacionada com a compreensão leitora, e assim é apenas um meio de exteriorizar a compreensão leitora por meio da escrita, e é abordada na questão 5 com o único objetivo de praticar a comunicação escrita. A produção escrita assemelha-se muito à produção oral, no entanto, essas duas habilidades são tão diferentes quanto a língua e a fala, uma das dicotomias de Saussure. Por essa semelhança as atividades de produção oral, com algumas modificações, se convertem em atividades de produção escrita. A destreza escrita pode relacionar-se também com a compreensão leitora ou auditiva, servindo como meio para exteriorizar as respostas do aluno. CONCLUSÃO

É fato que as quatro destrezas estão interligadas em uma comunicação e por esse motivo a elaboração de exercícios que as abordem integradas são importantes para o alcance da competência comunicativa dos aprendizes. As canções possuem uma série de características (fácil memorização, mostra autentica da língua, caráter cultural, fácil disponibilidade, etc.) que podem ser utilizadas favoravelmente na elaboração de exercícios que proporcionem o uso da língua. O professor, no entanto, observará o gosto musical de sua turma, o objetivo que se almeja, para então elaborar sua atividade. Com este artigo podemos perceber que o uso de canções na aula de E\LE no contexto do Ensino Médio brasileiro pode ser uma eficaz ferramenta de trabalho para o professor que objetiva desenvolver tarefas de caráter comunicativo com seus alunos.

REFERÊNCIAS ASENSI SANTOS, Javier. “Música, maestro... Trabajando con música y canciones en el aula de español.” Actas del VI Congreso Internacional de ASELE: Actuales tendencias en la enseñanza del español como lengua extranjera II, Rueda , M. y otros (Eds.) León, Universidad de León, 1996, p. 367-378. AYALA, Berenice Férez de. “Um estudo sobre a prática pedagógica do professor de língua espanhola.” Dissertação de Mestrado. Itajaí: UNIVALI, 2004. DÍAZ BRAVO, Rocío. “La música española en la clase de E\LE”. In: Interlinguística, 2006: 1-12. LUNA, José MARCELO FREITAS DE; SEHNEM , Paulo ROBERTO. “A língua espanhola em escolas do Brasil: ensino como disciplina e como atividade.”Revista InterMeio, Campo Grande, MS, v.15, n.29, p.120-132, jan./jun. 2009 TORESANO, Manuela Gil. “El uso de las canciones y la música en el desarrollo de la destreza de comprensión auditiva em el aula de E\LE.” Sociedad General Española de Librería, S.A.. Madrid: 2000. CESTEROS, Susana P., 2006, “Aprendizaje de segundas lenguas: Linguistica Aplicada a la enseñanza de idiomas”. MG Monografías, Universidad de Alicante. DÍAZ, Lourdes; AYMERICH, Marta. . 2003, “La destreza escrita. Programa de autoformación y perfeccionamiento del professorado”.Madrid. Edelsa Grupo Didascalia, S.A. GARGALLO, Isabel Jautro.1999, Linguistica Aplicada a la enseñanza del español como lengua extranjera. Madrid: Arco libros S.L., JOHNSON, Keith. 2008, “Aprender y enseñar lenguas extranjeras una introducción”. Tradução de Beatriz Alvares Klein. México: FCE. Orientações Curriculares para o ensino médio: Linguagens, Código e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008, volume 1. Centro Virtual Cervantes. Diccionário de ELE. Fortaleza, 21 de abril de 2001. Disponível em:

http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/diccio_ele/indice.htm> Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005. Fortaleza, 21 de abril de 2011. Disponível em: MURRIE, Zuleica F. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Parte II– Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, 2000, p. 24-25. Disponível em:

Anexo I – Atividade com integração destrezas na língua espanhola Tema: Meninos abandonados (Pre- calentamiento) (Expresión oral) ( 10 min.) • ¿ Ustedes se identifican con algún dibujo de estos ? ¿ Cuál(es) y por qué?

• • •

¿La existencia de niños callejeros es comun a nuestra sociedad? ¿Cuáles los motivos que llevan los padres a abandonar sus hijos? ¿Cuál la perspectiva de futuro para un niño abandonado?

**Escucha la música y completa los huecos con las frases que faltan . (Comprensión auditiva)(15 min.) La Historia De Juan - Juanes Esta es la historia de Juan ____________________________ ____________________________ Buscando el amor, bajo el sol __________________________ ___________________________ Su casa fue un callejón Su cama un cartón su amigo Dios Juan preguntó por amor Y el mundo se lo negó Juan preguntó por honor ____________________________ Juan preguntó por perdón Y el mundo lo lastimó Juan preguntó y preguntó Y el mundo jamás lo escuchó Él sólo quizo jugar _______________________ Él sólo quizo amar Pero el mundo lo olvidó

Él sólo quizo volar Él sólo quizo cantar Él sólo quizo amar Pero el mundo lo olvidó Tan fuerte fue su dolor _________________________ Tan fuerte fue su dolor _________________________ Tan fuerte fue su temor _________________________ Tan fuerte fue su temor _________________________ Él sólo quizo jugar ________________________ Él sólo quizo amar Pero el mundo lo olvidó Él sólo quiso volar Él sólo quizo cantar Él sólo quizo amar Pero el mundo lo olvidó

* ¿Notaron algún rasgo fonético distinto en la pronuncia del cantor ? Compreensión lectora (10 min.) 1) ¿Cuál de las imágenes del inicio representan mejor la realidad de Juan? 2) De acuerdo con la música, ¿Juan salió de casa por que quiso ? Justifique. 3) Según la lectura de la música,¿ Juan anelaba una vida mejor? 4) ¿ Qué creen que ocurrirá a Juan? Expresión escrita ( 15 min.) 5) Si caminamos por el centro de la ciudad nos deparamos con varios niños callejeros. Escriba un pequeño texto sobre la triste realidad de estos chicos y las dificuldades y motivos que tienen para estar allí.(5-10 lineas)