Mapeamento Multitemporal da Bacia do Rio Bagagem-MG

de contrastes simples e criada uma composição falsa cor RGB com as bandas 5, 6 e 3. ... Sendo assim, os resultados da dinâmica do uso da Terra e cober...

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ISBN 978-85-68242-51-3

EIXO TEMÁTICO: ( ) Arquitetura Bioclimática, Conforto Térmico e Eficiência Energética ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( ) Clima, Ambiente e Saúde ( ) Desastres, Riscos Ambientais e a Resiliência Urbana ( ) Educação Ambiental e Práticas Ambientais ( ) Ética e o Direito Ambiental ( X) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental ( ) Novas Tecnologias e as Construções Sustentáveis ( ) Patrimônio Histórico, Turismo e o Desenvolvimento Local ( ) Saúde Pública e o Controle de Vetores ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Segurança e Saúde do Trabalhador ( ) Urbanismo Ecológico e Infraestrutura Verde

Mapeamento Multitemporal da Bacia do Rio Bagagem-MG Mapping multitemporal of river basin’s Bagagem-MG Mapeo multitemporal de La cuenca Del rio Bagagem-MG Laís Naiara Gonçalves dos Reis Professora Doutora, UEG, Brasil [email protected]

Marco Túlio Martins Professor Doutor, UEG, Brasil [email protected]

Daniela Almeida Rosa Professora Especialista, UEG, Brasil [email protected]

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RESUMO Este trabalho teve como objetivo principal utilizar o processo de classificação semiautomática para o mapeamento multitemporal da bacia do rio Bagagem-MG para os anos de 1985, 1995, 2005 e 2014. A classificação foi realizada utilizando o classificador máxima verossimilhança (maxVer), implementado no software SPRING. Para tal, foram utilizadas as imagens do sensor TM/Landsat 5 e OLI/Landsat 8. Foram aplicadas técnicas de contrastes simples e criada uma composição falsa cor RGB com as bandas 5, 6 e 3. O processo de classificação do algoritmo obedeceu a uma chave de interpretação para as categorias de mapeamento do uso da terra e cobertura vegetal natural (agricultura, silvicultura, pastagens e vegetação nativa). Para verificar a acurácia do mapeamento foram aplicados diferentes coeficientes de concordância, tais como: Kappa, Tau e precisão do usuário e do produtor. Tendo por base a classificação recomendada para o índice kappa, o mapeamento foi obtido na classe/ qualidade “muito boa” . Sendo assim, os resultados da dinâmica do uso da Terra e cobertura vegetal natural, apresentados nessa pesquisa, podem servir para embasar os estudos da dinâmica regional, bem como compreender a lógica de reprodução dos espaços da bacia do rio Bagagem/MG e entorno, dado que é uma área intensamente explorada por atividades agropecuária e que carece até mesmo de estudos preliminares. PALAVRAS-CHAVE: rio Bagagem, SPRING, Máxima Verossimilhança, Landsat 8 - OLI.

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Introdução O homem atua como um agente transformador direto da paisagem. Essas modificações variam ao longo do tempo e espaço, em função do modo de produção do espaço por diferentes sociedades. Verificar o potencial transformador do homem sobre a paisagem é um válido esforço na compreensão do funcionamento da mesma. O mapeamento multitemporal do uso da Terra e cobertura vegetal natural permite diagnosticar a mudança da paisagem de uma área de estudo em função da dinâmica da região onde está localizada. O mapeamento convencional de uso e ocupação da Terra é uma tarefa exaustiva e onerosa dado que a coleta em campo demanda tempo e conhecimento técnico. O Sensoriamento Remoto (SR) tem sido uma ferramenta útil na solução desse problema, especialmente por representar áreas de grandes extensões e por apresentar custo relativamente baixo. De forma sucinta, o SR pode ser entendido como o processo de coleta de informações espectrais de um determinado alvo/objeto sem a necessidade de contato físico entre objeto e sensor. Cada alvo possui uma assinatura espectral própria, tornando possível sua identificação em produtos/imagens do sensoriamento remoto (NOVO, 2008). A identificação e extração de alvos visando precisão e redução do tempo de processamento é um desafio constante no processo de mapeamento. As técnicas comumente utilizadas nessa tarefa, tais como classificação, segmentação e filtragem de imagens digitais estão em constante avaliação e aprimoramento, dado a variabilidade espacial, espectral, temporal e radiométrica das imagens de SR. A classificação de imagens é subdivida em supervisionada e não-supervisionada. Na primeira, o analista (peopleware) deverá fornecer amostras de cada alvo de interesse na imagem para calibração do algoritmo utilizado. É importante que as amostras de treinamento sejam representativas da classe correspondente para que se tenha um produto final de qualidade. Na segunda, o algoritmo, por si só, reunirá as informações de pixels semelhantes (de acordo com um critério) em classes homogêneas (CROSTA, 1992). O uso da classificação de imagens para a estimativa dos alvos de uma região é uma ferramenta importante para o planejamento e gestão ambiental, pois permite obter informações quantitativas e qualitativas de uma área extensa, de forma rápida e em diferentes períodos, facilitando as atividades de monitoramento e servindo de fonte de dados para os estudos ambientais. Este trabalho possui como objetivo o mapeamento multitemporal do uso da Terra e cobertura vegetal natural da bacia do rio Bagagem/MG, por meio do uso de técnicas de classificação de imagens, para colaborar com os estudos socioambientais da região, disponibilizando a estimativa de áreas de pastagens, agricultura, silvicultura e vegetação nativa para os anos de 1985, 1995, 2005 e 2014. Caracterização da área de estudo 117

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A bacia do rio Bagagem está localizada na porção oeste do estado de Minas Gerais, localizada entre as coordenadas geográficas de 18°33’45’’S/47°56’15’’W e 18°56’15’’S/47°26’15’’W, abrangendo oito municípios da mesorregião do Alto Paranaíba/Triângulo Mineiro: Cascalho Rico, Estrela do Sul, Grupiara, Iraí de Minas, Monte Carmelo, Nova Ponte, Romaria e Patrocínio. (Fig.1). Figura 1. Localização da área de estudo: Bacia do rio Bagagem-MG.

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Esse rio pertence à sub-bacia do Rio Paranaíba, que se localiza na Bacia do Rio Paraná. A nascente está no município de Patrocínio/MG e a sua foz está localizada no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Emborcação, sobre o Rio Paranaíba. A área ocupada pela Bacia é de 1.344 Km² e seu curso total é de 111 km, contado da nascente até o seu deságue, no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Emborcação. Possui grande quantidade de afluentes de pequeno e médio porte. A área de estudo está inserida no Bioma Cerrado, caracterizado por uma dinâmica climática específica (duas estações bem definidas), com verão chuvoso e inverno seco. Possui média anual de precipitação de 1.500 mm por ano, com média térmica de 18°C no inverno e 22 ° C no verão. Apresenta contraste na hipsometria de 300 m a 1.600 m. A maior parte desse bioma está localizada no Planalto Central Brasileiro sendo o segundo do país em extensão. O Cerrado apresenta diferentes fitofisionomias ao longo do seu espaço, tais como: mata ciliar, mata de galeria, mata seca, cerradão, cerrado sentido restrito, parque de cerrado, palmeiral, vereda, campo sujo, campo limpoe campo rupestre (RIBEIRO; WALTER, 2008). O arcabouço geológico da área de estudo é composto por rochas magmáticas e sedimentares do Grupo São Bento, sendo que a Formação Serra Geral está recoberta pelos arenitos da Formação Adamantina e os conglomerados de calcário da Formação Marília do Grupo Bauru. Ainda na foz da bacia é possível encontrar rochas do Pré-Cambriano Inferior do Grupo Araxá (NISHIYAMA, 1989). Essa litologia em conjunto com os processos exógenos, isto é, de denudação do relevo, possibilitaram a divisão da bacia em dois compartimentos geomorfológicos: áreas dissecadas com vertentes curtas e longas, que são aquelas entalhadas pelo rio Bagagem e seus afluentes, sobretudo onde há maior densidade de canais de primeira ordem e topos planos que caracterizam as Chapadas, áreas de recarga da bacia (BACARO, 1991). Os solos da região são resultantes da interação do clima, geologia e geomorfologia. De forma generalizada, os solos da bacia do rio Bagagem inserem-se no grupo dos Latossolos. Podem ser encontrados outros solos na bacia, tais como Neossolos Quartizarrênicos, Neossolos litólicos e os Gleissolos (EMBRAPA, 2009). Material e Método Para identificação dos alvos da bacia do Rio Bagagem foram utilizadas imagens de ponto/órbita 220/73 dos sensores TM/Landsat 5 para os anos de 1985, 1995 e 2005 e OLI/Landsat 8 para o ano de 2014. O quadro 1 apresenta a data das imagens utilizadas.

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Quadro 1- Imagens utilizadas no mapeamento multitemporal da bacia do Rio Bagagem/MG. Ponto/ór Sensor Data Bandas Espectrais (m) bita OLI/Landsat 8 B3(0.53 – 0.59), B5(0.85 – 0.88) e 220/73 12/06/2014

B6(1.57 – 1.65)

TM/Landsat 5 TM/Landsat 5 TM/Landsat 5

220/73 220/73 220/73

01/08/2005 18/05/1995 10/08/1985

B3(0.63-0.69), B4(0.76-0.90) e B5(1.55-1.75) B3(0.63-0.69), B4(0.76-0.90) e B5(1.55-1.75) B3(0.63-0.69), B4(0.76-0.90) e B5(1.55-1.75)

Resolução Espacial (m) 30 30 30 30

Org. REIS (2014)

Estas imagens do Landsat 5 foram disponibilizadas pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e as referentes ao Landsat 8 foram disponibilizadas pela USGS (United States Geological Survey). Para o processamento digital das imagens utilizou-se o software SPRING 5.3. A delimitação da bacia do rio Bagagem/MG e elaboração dos layouts dos mapas foram feitas no ArcGis 10 com lincença disponível no Laboratório de Sensoriamento Remoto e Fotogrametria do curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica-IGUFU. Método As imagens foram georreferenciadas usando como carta base as cartas topográficas do IBGE na escala de 1:50.000. Para elaboração do shape da bacia do Rio Bagagem utilizou-se o modelo digital de elevação do SRTM (EMBRAPA). A extração foi feita de forma automática no software ArcGis 10.0, usando a ferramenta Watersheed. Um segundo shape da bacia foi elaborado manualmente, para fins de comparação, utilizando as curvas das cartas topográficas do IBGE. Antes da classificação digital das imagens foi aplicado um contraste simples pelo método de equalização do histograma e, posteriormente, foi gerada uma composição falsa cor (RGB) com as bandas (4, 5, 3) do Landsat 5 e (5, 6, 3) do Landsat 8.As composições foram previamente segmentadas utilizando os parâmetros de similaridade 30 e de área igual a 15. Devido ao bons resultados, comprovados em diversas pesquisas, optou-se pelo uso do classificador Máxima Verossimilhança . As amostras para treinamento do algoritmo obedeceram a chave de interpretação do quadro 2.

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Quadro 2- Chave de interpretação para os alvos utilizados no mapeamento da bacia do rio Bagagem/MG. Uso da Terra em 2000 e2005

Descrição do Uso

Padrões característicos de interpretação

Agricultura

Áreas utilizadas com culturas anuais ou perenes;

Textura Lisa, Padrão Geométrico, Tonalidade Azul, Verde, Laranja e Vermelha.

Pastagem

Áreas utilizadas com pastagens plantadas ou naturais;

Textura média, Padrão Geométrico, Tonalidade Amarelo, Verde e Vermelha.

Silvicultura

Áreas de reflorestamento de Pinus ou Eucalipto;

Textura rugosa, Padrão Geométrico, Tonalidade Vermelho escuro.

Cobertura Vegetal Natural

Nesta categoria estão incluídas as áreas de cerrado ou mata;

Textura rugosa, Padrão irregular, Tonalidade Vermelho médio e escuro. Verde médio (campos úmidos)

Exemplo

Org.REIS (2014)

As classes ou categorias do mapeamento foram agrupadas da seguinte forma: a) Vegetação nativa: Todas as fitofisionomias do Cerrado presentes na bacia (campos úmidos, campos rupestres, cerrado sentido restrito, cerradão e matas); Campos úmidos: Caracterizado pela presença de área úmida, no qual a maior parte é ocupada por diversos tipos de vegetação, desde rasteira até arbustiva. Cerrado e cerradão: O cerrado é uma vegetação arbórea e arbustiva, que ocorre especialmente nos interflúvios. O cerradão apresenta porte mais alto que o cerrado sentido restrito. Mata: constitui a categoria de cobertura arbórea mesofítica, de galeria ou ciliar que ocupam os vales dos canais de drenagem bem marcados e/ou cabeceiras de nascentes. b) Silvicultura: estágio pequeno, médio e clímax de desenvolvimento; c) Agricultura: diferentes estágios fenológicos e tipos de culturas perenes e anuais; Cultura Anual: áreas que possuem terras preparadas para plantio e que apresentam rotatividade trienal e/ou semestral. Cultura Perene: aquelas de ciclo longo. Cultura Irrigada: áreas de pivôs. d) Pastagens: áreas de pastagens limpas e pastagens sujas; e) Áreas não classificadas: demais usos, como estradas, reservatórios, manchas urbanas, etc. Após a classificação da imagem, utilizou-se as estatísticas Kappa e Tau para testar a concordância do resultado e a tabela de contingência, isto é, a matriz de erros ou confusão. 121

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Landis e Koch (1977) associam valores de Kappa à qualidade da classificação da seguinte forma: 0 (Péssimo), 0,001à 2 (Ruim), 0,21 à 0,40 (Razoável), 0,41 à 0,60 (Bom), 0,61 à 0,80 (Muito Bom), 0,81 à 1,00 ( Excelente). Essa estatística é calculada pela equação 1. Equação 1

(1)

Segundo Cohen (1960), o Kappa considera todos os elementos da matriz de erros, medindo o grau de concordância em escalas nominais, assumindo que: as unidades são independentes, as classes ou categorias da escala nominal são independentes e mutuamente exclusivas e o classificador e os pontos de referência operam de forma independente. O coeficiente de concordância Tau estima a probabilidade a priori, isto é, o que se espera de um possível erro global, que pode ser estimado antes mesmo de elaborar a matriz de erros. Esse índice é medido pela equação 2. Equação 2

(2)

Os índices que medem a acurácia do ponto de vista do produtor e do usuário, bem como a acurácia global são determinados a partir das Equações 3, 4 e 5, respectivamente. Equação 3

3)

Equação 4

Equação 5

(4) ∑

(5)

Resultados e Discussões Área da Bacia A delimitação da área do rio Bagagem/MG foi feita por meio de vetorização das cartas topográficas do IBGE na escala de 1:50.000 e também de forma automática utilizando o modelo digital de elevação do SRTM (EMBRAPA). Como

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4.2 Dinâmica do uso da Terra e cobertura vegetal natural da bacia do rio Bagagem/MG O processo de uso e ocupação da Terra na bacia do rio Bagagem reflete a lógica do processo agroprodutivo da mesorregião do Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba-MG, que é fruto de um planejamento político nacional para modernização e industrialização do país. O Cerrado foi colocado pelo Estado como fronteira para expansão agrícola desde a década de 60. SILVA (2000) destaca alguns programas do Governo: Podemos destacar o Programa de Assentamento Dirigido do Alto ParanaíbaPADAP; o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados- POLOCENTRO; e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira de Desenvolvimento dos CerradosPRODECER, como os principais programas que apresentam o desenvolvimento de novas tecnologias para os Cerrados (SILVA, 2000).

O mapeamento multitemporal do uso da Terra e cobertura vegetal natural (fig. 3) permite diagnosticar a mudança da paisagem na bacia do rio bagagem em função da dinâmica da região. As áreas de agricultura estão em expansão substituindo as áreas de pastagens, já as de vegetação natural aumentaram desde o ano de 2005 (Graf. 1); isso é explicado pela efetiva política de conservação das áreas de proteção ambiental e o aparato Legal, como o Código Florestal. As áreas ocupadas com agricultura aumentaram cerca de 4% em vinte anos, passando de 403 em 2000 para 463 km² em 2014 (tabela 1). Por outro lado, houve uma queda de 11% na área de pastagens, passando de 553 para 401 km² entre 2000 e 2014. Segundo Genaro e Chelotti (2010) esse fenômeno está de acordo com a dinâmica da mesorregiãocomo apontado pelo Censo Agropecuário de 2006, que indica que as áreas de pastagens do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba sofreram uma redução de cerca de 9%. Esses autores afirmam que há um processo de transição econômica da produção na região, da pecuária para a monocultura (soja, milho, cana-de-açúcar, entre outras culturas).

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Gráfico 1 – Resultado do mapeamento multitemporal da bacia do rio Bagagem/MG.

600

Uso da terra e cobertura vegetal nativa da bacia do rio Bagagem-MG (1985, 1995, 2005 e 2014)

400 200 0

Agricultura

Silvicultura

Vegetação Natural

Pastagem

Org.REIS (2014)

Tabela 1. Uso da terra e cobertura vegetal nativa da bacia do rio Bagagem/MG. Categorias

1985

1995

2005

2014

Agricultura

403,8066

446,2407

473,0985

463,5242

Silvicultura

96,8853

81,3551

233,8551

177,9929

Vegetação Natural

221,8023

391,2047

132,2676

250,063

Pastagem

553,5589

297,879

429,42

401,12

68,19 127,5636 Org.REIS (2014)

75,6019

51,543

Não classificado

A partir da década de 90 houve uma expansão da atividade de silvicultura na região que passou de 81 para 233 km², no período de 1995 à 2005, ou seja, um aumento de 10% em relação a área plantada em 1985. Essa mudança do uso da Terra reflete a política implantada na década de 70, cujo Governo estimulou por meio de incentivos fiscais a produção de florestas para suprir a demanda industrial de carvão, madeira, papel e celulose (CHAGAS, 2002).

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Figura 2. Mapeamento multitemporal da bacia do rio Bagagem/MG.

A vegetação nativa da bacia do rio Bagagem é composta pelas fitofisionomias do Bioma Cerrado, dentre elas se destacam as áreas de campos úmidos para as Chapadas, e áreas compostas com matas ciliares ao longo dos canais de drenagem e fragmentos de Cerrado sentido restrito que estão espalhados pela bacia, sobretudo no compartimento geomorfológico em que o relevo apresenta rampas com vertentes curtas e/ou longas, uma vez que são áreas que apresentam menos potencialidade à mecanização.

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Avaliação do mapeamento A Tabela 2 mostra a eficiência do classificador Maxver implementado no software SPRING. A acurácia do ponto e vista do usuário mostra que as amostras menos sucedidas se enquadram dentro da categoria da agricultura, onde além das áreas de solo expostos é preciso fornecer uma quantidade de amostras para cada tipo e estágio fenológico das culturas anuais e temporárias. Já o menor desempenho do classificador pode ser constado na identificação das pastagens, em que para todos os anos a exatidão do usuário se deu acima de 90%, porém o resultado final do classificador não foi tão efetivo. A matriz de erro indicou uma confusão das áreas de pastagens de aproximadamente 3% dos pixels que foram classificados como “agricultura”. E em relação às outras categorias (vegetação natural e silvicultura), o resultado mostra que a amostragem fornecida foi satisfatória.

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Tabela 2 - Matrizes de confusão da classificação supervisionada multitemporal da bacia do rio Bagagem/MG . 1985 Vegetação Natural

Pastagem Pastagem

Silvicultura

Agricultura

Acurácia Usuário

Abstenção

1886

32

0

94

1

93.74%

Vegetação Natural

31

2129

115

64

14

91.02%

Silvicultura

197

138

9383

712

24

89.96%

Agricultura

939

639

1587

5042

256

61.44%

61.78%

72.46%

84.65%

85.28%

Acurácia Prod.

1995 Pastagem

Vegetação Natural

Silvicultura

Agricultura

Abstenção

Acurácia Usuário

Pastagem

179

1

0

11

0

93.72%

Vegetação Natural

15

1864

111

17

14

92.87%

Silvicultura

0

112

6968

0

19

98.42%

Agricultura

316

137

0

3869

81

89.52%

Acurácia Prod.

35.10%

88.17%

98.43%

99.28%

Pastagem

Vegetação Natural

Abstenção

Acurácia Usuário

2005

Pastagem

Silvicultura

Agricultura

1512

0

89

30

0

92.70%

2

1530

46

190

1

86.54%

Silvicultura

801

2049

472

10187

4

75.41%

Agricultura

421

1215

5358

1175

290

65.59%

55.26%

31.91%

87.96%

89.82%

Vegetação Natural

Acurácia Prod.

2014 Vegetação Natural

Pastagem Pastagem

Silvicultura

Agricultura

Acurácia Usuário

Abstenção

233

3

3

15

0

91.73%

Vegetação Natural

2

2008

149

47

0

91.02%

Silvicultura

54

2037

9474

1633

12

71.78%

571

971

3943

8

65.79%

43.47% 89.40% Org.REIS (2014)

69.94%

Agricultura Acurácia Prod.

508 29.23%

Estas matrizes identificam os erros cometidos na classificação. Chama-se a atenção para a confusão de “silvicultura” com “vegetação nativa”; e no que tange a fitofisionomia de

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Cerradão, ressalta a confusão entre “silviculturas em desenvolvimento” com “áreas de agricultura”, e “áreas de agricultura e pastagens” para com áreas de “campos úmidos”. A Tabela 3 apresenta os índices Kappa e estatística TAU. De acordo com a classificação proposta por Landis e Koch (1977) o resultado do mapeamento para os anos de 1885, 1995, 2005 apresentaram uma qualidade muito boa, atingindo o parâmetro de excelência no ano de 1995. Tabela 3. Estatísticas de verificação do mapeamento multitemporal da bacia do rio Bagagem/MG. 1995 2005 2014 1985 Desempenho Kappa Estatística TAU

0,79

0,92

0,73

0,72

0,72

0,90

0,64

0,63

Org.REIS (2014)

Os valores para os índices de Kappa e Tau foram mais baixos para o ano de 2014 em função de ter sido um período mais seco em relação aos outros anos analisados, o que resultou na confusão da fotointerpretação de alguns alvos. Conforme a matriz de erros indicou cerca de 9% dos pixels que deveriam ter sido classificados como “vegetação nativa” foram classificados como “silvicultura” e cerca de 4% dos pixels que deveriam ter sido classificados como “agricultura” foram classificados como sendo “silvicultura”. Isso também se explica por áreas de silvicultura que foram colhidas para novo replantio, e que apresentam uma semelhança com as amostras fornecidas para a categoria da “agricultura”, como indica a figura 3.

Figura 3 - Semelhança de tonalidade das áreas de silvicultura com áreas de agricultura.

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Considerações Finais A bacia do rio Bagagem é uma área que apresenta uma diversidade de paisagens, o que justifica uma complexidade no uso da Terra e na cobertura vegetal natural. O uso de métodos de classificação é uma importante ferramenta em função do curto tempo de extração de dados para escalas regionais. A apresentação das matrizes de erros é fundamental para que o usuário tenha condições de verificar as confusões ocorridas entre os alvos/amostras, para verificar a acurácia do mapeamento, bem como servir de base de investigação para melhorar a chave de interpretação da área de estudo. Para continuidade dos estudos de classificação, recomenda-se um trabalho de campo específico para cada alvo para capacitar o usuário no processo de aquisição das amostras. O método utilizado de fornecimento de amostras foi o agrupamento de classes distintas para uma mesma classe, surgiu a necessidade de um estudo mais detalhado para compreender como o software SPRING se comporta se forem geradas amostras distintas para cada alvo e depois agrupá-las em uma única classe, dessa forma poder comparar os dois métodos e decidir as melhores formas de uso e aplicação. Com base na classificação dos índices kappa proposta por Landis e Koch (1977), os resultados mostram-se satisfatórios para o mapeamento de uso da Terra e cobertura vegetal natural em pequenas escalas, com objetivo de análises regionais, como em uma bacia hidrográfica.

AGRADECIMENTO Agradecemos à Universidade Estadual de Goiás pelo financiamento da Pesquisa por meio do edital Próprojetos/pesquisa n° 029/2016. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Calibre 11 – Negrito)

BACCARO, C. A. D. Unidade Geomorfológica do Triângulo Mineiro – Estudo Preliminar, Uberlândia. In: Revista Sociedade & Natureza, ano 3- n.5 e 6, p. 37-42, jan./dez, 1991. CHAGAS, L. A. C. Reflorestamento, políticas de incentivos fiscais no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. 2002. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2002. COHEN, J. A Coeficient of Agreement for Nominal Scales. In: Educational and Measurment. Vol XX, No1, p. 37-46, 1960. CROSTA, A. P. Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento Remoto. Campinas: IG/UNICAMP, ISBN 85-853-690-27, 1992.

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