A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO-ESCOLARES ANDRÉA

INTRODUÇÃO Vista a necessidade e a curiosidade de se conhecer o novo perfil das práticas do profissional formado em Pedagogia no ambiente empresarial ...

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A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO-ESCOLARES ANDRÉA SILVANA DOS SANTOS CEZAR1 ELOÂNE BIANCHINI2 ZULEIKA APARECIDA CLARO PIASSA3 RESUMO: Este artigo vem apresentar as várias possibilidades de atuação do Pedagogo, demonstrando que a pedagogia não cabe somente ao espaço escolar, mas que ela acontece em todos os espaços sociais onde aconteça a aprendizagem. Dessa forma vem relatar o pensamento dos gestores quanto a este novo profissional. A metodologia desta pesquisa se caracterizou como abordagem qualitativa desenvolvida através de pesquisa bibliográfica para delimitar o objeto, relacionada ao histórico da profissão do pedagogo, discutindo as funções e a importância do Pedagogo dentro das organizações. Posteriormente foi feita uma pesquisa de campo para analisar a manifestação concreta do objeto de pesquisa, sendo a entrevista, a técnica utilizada. Dessa forma sentiu-se a necessidade de comprovar a importância de um profissional habilitado para cuidar do processo de aprendizagem num âmbito geral, pois a educação cabe em qualquer lugar. Com a investigação foi constatado que tanto o Pedagogo é visto ainda como o profissional voltado para atuar dentro da escola, como o profissional voltado para uma educação tecnicista dentro do ambiente empresarial. O Pedagogo Empresarial não age só no aprender a fazer, mas no aprender a ser, aprender a conviver, aprender a conhecer, refletindo as ações no planejamento, na organização, na direção e controle do ambiente organizacional, refletindo assim na qualidade de vida do trabalho. Palavras-chaves: Pedagogo; Ambiente empresarial; Aprendizagem; Educação.

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Universidade Norte do Paraná. Especialista em Pedagogia Empresarial. [email protected] Universidade Norte do Paraná. Especialista em Pedagogia Empresarial. [email protected] 3 Universidade Norte do Paraná. Mestre em Educação. [email protected] 2

INTRODUÇÃO Vista a necessidade e a curiosidade de se conhecer o novo perfil das práticas do profissional formado em Pedagogia no ambiente empresarial escolheu-se um tema para abordar as vigências da profissão e como se dá a inserção dos pedagogos nas empresas. O mercado de trabalho escolhido para a execução da pesquisa foi o da cidade de Londrina, Paraná, ano de 2006, visando investigar como as pessoas do ambiente organizacional acatam a idéia de ter um Pedagogo Empresarial (P.E.) na empresa para trabalhar as questões educacionais. Frente aos objetivos da pesquisa em descobrir o pensamento dos gestores sobre as funções do pedagogo foram propostos dois problemas: Como o mercado de Londrina entende a atuação do pedagogo empresarial, no caso das empresas que não têm este profissional atuando, e como as empresas utilizam-se do pedagogo empresarial, nas que têm este profissional atuando, no âmbito da formação dos profissionais em serviço. A partir dos problemas propostos no projeto definiu-se duas hipóteses: os empresários ainda não têm uma visão clara da função do pedagogo empresarial; a função do pedagogo ainda delimita-se ao campo da educação formal. O tipo de pesquisa realizado foi o qualitativo, de caráter exploratório. A técnica utilizada foi a entrevista. A coleta feita e posteriormente analisada pôde atestar as hipóteses levantadas no caso das empresas que não dispõem deste profissional, já que não foi encontrado nenhum pedagogo em atuação empresarial na cidade pesquisada. Refletindo todo o contexto do presente trabalho percebe-se que atualmente se enfatiza a aprendizagem nas organizações e as mudanças sobre o valor do trabalhador e do trabalho, tendo a necessidade de integrar o homem como um todo e suas condições de qualidade de vida, reforçando a responsabilidade da empresa no processo de inclusão e o compromisso social. Um dos grandes desafios das organizações do futuro é o de saber usar os conhecimentos de cada colaborador. As organizações passam a ser, portanto, espaços de processos de aprendizagem efetivos e, saber como individualmente as pessoas constroem conhecimentos e como os utilizam para explicar a realidade e resolver problemas do cotidiano da organização, passa a ser imprescindível.

DESENVOLVIMENTO

É fato que no processo de ensino, o objetivo principal é mudar o comportamento de quem está recebendo as lições, de forma positiva e duradoura.

Partindo do

pressuposto de que a aprendizagem não acontece somente no ambiente escolar, mas em todos os espaços sociais, não é adequado restringir a atuação do educador – e em especial do Pedagogo – somente nos ditos locais formais onde ocorre aprendizagem. O pedagogo é aquele que, a partir de um diagnóstico, identifica necessidades e falhas no processo de ensino-aprendizagem; indica metodologias adequadas à situação de cada local; e aponta se, por exemplo, as ações devem ser voltadas para o grupo, para o indivíduo, ou mesmo envolver parceiros externos. Onde houver processo de aprendizagem, o pedagogo tem com o quê contribuir. (Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, 2005).

Segundo Holtz (1999), tanto as empresas como a Pedagogia têm os mesmos ideais. Ambas agem em direção à realização de objetivos definidos, no trabalho com as mudanças do comportamento das pessoas. A educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma configuração à nossa existência humana individual e grupal. Como na empresa, há necessidade de se conseguir mudança de comportamento com o objetivo definido de melhorar a produtividade, o processo que deve se realizar é o processo educativo e não somente instrutivo. E para atender as mudanças constantes no mercado de trabalho, onde as empresas se obrigam a ter cada vez mais responsabilidades sociais e atender os clientes com alto padrão de qualidade, entra em cena o pedagogo empresarial para atuar na área de gestão de pessoas, nas organizações de diferentes portes e setores, viabilizando o desenvolvimento e a integração dos processos de gestão e os relacionamentos internos e externos, bem como a implementação de programas de ação em relação à formação, aperfeiçoamento, processos de superação do conhecimento, das competências e das habilidades e mudanças no comportamento das pessoas na empresa que propiciem as almejadas vantagens competitivas gerenciais. Ramal (2002), no artigo publicado da Gazeta Mercantil coloca o pedagogo como a profissão do momento, onde o mesmo começa a assumir um novo perfil, saindo das escolas e universidades, para novos campos de atuação, no mundo globalizado, não é permitido mais o mestre-transmissor de conteúdos, isso pode ser feito, por softwares interativos mais completos, abrangentes e dinâmicos. Mas cabe ao pedagogo atuar de

outra forma, como uma espécie de arquiteto cognitivo, projetando os caminhos que os estudantes deverão percorrer na grande rede hipertextual que é o currículo hoje. A autora segue demonstrando outros espaços para a atuação do pedagogo, como a educação à distância que ajuda a superar barreiras como espaço e tempo, disseminando-se em locais em que as pessoas não teriam acesso ao estudo. Mas para que haja processos educacionais realmente inovadores, é fundamental o “trabalho de desenhistas instrucionais”, nova área que articula saberes da Pedagogia, da Comunicação e da Lingüística para gerar arquiteturas de navegação que favoreçam a aprendizagem significativa”. (RAMAL, 2002 [s.n.]) Aponta também a necessidade do Pedagogo dentro das organizações: Nas empresas, a necessidade de manter a competitividade no mercado exige desenvolver sempre novas competências nos funcionários. Nesse campo, a tarefa do pedagogo é crucial, colaborando não só nos processos de capacitação em serviço, como também na avaliação permanente que permita diagnosticar as novas necessidades em função de cada contexto e os meios para gerá-las mais rapidamente nos grupos de trabalho. [s.n.]

Avança acrescentando várias possibilidades de atuação do pedagogo, como por exemplo, no turismo atuando em parceria com os guias turísticos, desenvolvendo o turismo educacional, no qual os visitantes não apenas conhecem novos lugares, mas se beneficiam de estratégias didáticas que os levam a aprender sobre o multicultural e a valorizar os saberes de cada região, criando, em especial em crianças e jovens, uma perspectiva de diálogo e abertura à diversidade e uma consciência ecológica mais profunda. A pesquisa desenvolvida foi qualitativa, utilizando-se como instrumento de coleta de dados, a entrevista. Optou-se por tal instrumento, por ser uma técnica de investigação social e uma técnica flexível, mesmo sendo realizada de forma semiestruturada, a entrevista abre espaço para que o entrevistado possa expor os seus pensamentos, suas crenças, seu conhecimento de forma mais ampla. Segundo Selltiz el al. (1967, p.273), a entrevista, enquanto técnica de coletas de dados, é adequada para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas precedentes. É nesse sentido que procurou-se levantar dados através das entrevistas, com objetivo central de colher informações acerca do que as empresas sabem, sentem, sobre

o processo de aprendizagem, de desenvolvimento integral de seus colaboradores, e sobre a função do Pedagogo Empresarial. Para tanto foram realizadas entrevistas em cinco empresas de diversos ramos de atividades, com funcionários responsáveis pela área de Recursos Humanos e que foram gravadas. O único critério seletivo para a execução das entrevistas nestas empresas foi ao do número de funcionários devendo as empresas estarem enquadradas como médio ou grande porte. As empresas receberam nomes fictícios de “A”, “B”, “C”, “D”, “E”. A empresa A é uma cooperativa Agroindustrial de grande porte, localizada na cidade de Londrina. O entrevistado assume o cargo de Supervisor de Recursos Humanos e tem formação de Direito, e Especialização em Gestão Empresarial. A empresa B é uma rede cooperada de Farmácias de médio porte, localizada na cidade de Londrina. O entrevistado assume o cargo de Gerente de loja, e é estudante de Psicologia. A empresa C é uma rede de Lojas Nacional de grande porte com uma das sedes em Londrina. O entrevistado assume o cargo de Gerente de Loja. A empresa D é uma rede de Farmácia, de médio porte, localizada no município de Londrina. O entrevistado possui o cargo de Gerente de gestão de pessoas com formação em Administração. A empresa E é uma administradora de Consórcios da região de Londrina de médio porte, a matriz é localizada em Londrina. O entrevistado é Gerente de Recursos Humanos, formado em Administração, e especialista em Marketing, Comunicação e Negócios.

TABELA A – Responsabilidade pela organização da formação continuada dos trabalhadores dentro da empresa ENTREVISTADO Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E

RESPOSTA 1 “ Todo RH” O Gerente da Loja O escritório central A pessoa responsável pelo treinamento O setor de RH em conjunto com os gerentes de departamentos da empresa.

Em relação aos organizadores da formação continuada dos trabalhadores das cinco empresas, em quatro delas a responsabilidade é do setor de Recursos Humanos.

Cabe ressaltar que na empresa A os profissionais que atuam no RH são advogados, contadores, administradores, técnicos de segurança,

e engenheiros de

segurança no trabalho. O quadro de Recursos Humanos da Empresa B é o estudante de Psicologia. Na empresa C são Pedagogas, Psicólogas. Na empresa D é o Administrador, e a responsável pelo treinamento. Na empresa E o responsável é o profissional formado em Administração de Empresas, que conta com dois Assistentes de Recursos Humanos. TABELA B – Organização da empresa na formação continuada ENTREVISTADO Empresa A

Empresa B

Empresa C

Empresa D

Empresa E

RESPOSTA 2 “Nós fazemos inicialmente um levantamento de necessidades de treinamentos para todas as unidades...” “Nós temos um cronograma do ano inteiro, dois treinamentos a cada quinze dias...” “[...] é feito um acompanhamento assim que eles definem no caso qual é o seu projeto..” ; “(...) aqui nós temos várias áreas, ele pode seguir um plano de carreira...” “(...) como a gente trabalha com definição de cargo, uma das primeiras atividades nossa, dentro de uma idéia de competência e habilidades, a gente consegue determinar quais são essas competências de cargo que as pessoas precisam ter e que não estão sendo supridas, se não estão sendo supridas, gera aí a necessidade de formação, de treinamento”. “Através do Planejamento Estratégico, principalmente, com programa de bolsa de estudos para funcionários com mais de um ano de empresa que estejam cursando disciplinas de interesse da empresa, como Administração, Economia, Contabilidade, Arquivologia e Marketing. Também temos o programa de treinamento na área comercial com DVDs produzidos na empresa pelo RH e treinamentos direcionados nas filais”.

Com relação à forma como é realizada a formação continuada dos trabalhadores, das cinco empresas, em três delas a forma de organização vai depender do objetivo do

funcionário, no entanto as cinco empresas têm a organização estruturada através de treinamentos, num sentido mais tecnicista4.

TABELA C – Responsáveis pela assessoria pedagógica na formação continuada dos trabalhadores. ENTREVISTADO

Empresa A

Empresa B

Empresa C

Empresa D

Empresa E

RESPOSTA 3 “Nós fazemos um breating com um instrutor antes, passando para ele qual é a nossa necessidade...” “Nós mesmos é que criamos de acordo com a necessidade, mas apoio, nem psicológico, nem pedagógico, não tem...” “Nós temos um escritório central em Franca, nós temos o Recursos Humanos, que é nossa central de treinamento, desenvolvimento humano, lá nós temos Pedagogas, Psicólogas que fazem todo o assessoramento deste processo, já vem definido pelas Pedagogas como funciona, como é pontuado esse processo de treinamento”. “Os farmacêuticos, a pessoa formada em Letras, que possui toda a metodologia de ensino, e a profissional responsável pelo treinamento. (...)São pessoas que tomam conta desde a formação da escolinha, quanto na nossa formação dos gestores”. “O gerente de RH da empresa.”

Pode-se observar que os responsáveis pelo assessoramento pedagógico na formação continuada das empresas são os próprios profissionais dos recursos humanos. Em uma das empresas vimos o Pedagogo (que neste caso também é profissional dos Recursos Humanos) realizando a assessoria Pedagógica, mas que não foi contratado por ser Pedagogo. Percebe-se então que esse assessoramento é realizado de acordo com a experiência de cada profissional, e com a necessidade de cada empresa, sem a existência 4

O tecnicismo é uma tendência pedagógica que busca ensinar o aluno através do treinamento. Surge no século XX, com o objetivo de implementar o modelo empresarial na escola, típico do sistema de produção capitalista. Descobrir o conhecimento é função da educação, mas isso cabe aos especialistas, o papel da escola é repassá-lo e aplicá-lo. Dessa forma, há uma divisão entre trabalho intelectual e manual. Esta tendência é implementada nos EUA, o qual acaba impondo a implementação a todos os países da América Latina. No Brasil, ela é implementada a partir do Governo Militar, através dos acordos MEC-USAID.

de um trabalho voltado para a formação integral do individuo. O processo visa o “treinamento específico” para uma “habilidade específica’’. “Transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador” (FREIRE, p.33). O caráter formador vem a ser o desenvolvimento do indivíduo em todos os aspectos, por meio de uma aprendizagem significativa, como Cadinha (2006), demonstra sobre a Pedagogia Empresarial: enquanto ciência ligada ao desenvolvimento de uma aprendizagem significativa vem contribuir para que as empresas desenvolvam esses seus grandes “diamantes” – o ser humano, em todos os seus aspectos, intelectual (conhecimentos e habilidades), social e afetivo (atitudes). (p.31)

O sujeito deve ser levado em conta como um todo, provido do seu aspecto, filosófico, sociológico, psicológico, biológico e político. No entanto, o que se verificou foi um treinamento, no sentido de repasse de instruções para procedimentos e não exatamente formação.

TABELA D – Forma de orientação pedagógica na formação continuada ENTREVISTADO Empresa A

Empresa B

Empresa C

Empresa D

RESPOSTA 4 “Nestes breathing” que nós fazemos eu passo para eles o perfil da turma...” “Não, porque eu mesmo vejo a necessidade da empresa e aí é feito...” “Hoje a XXX tem uma equipe muito bem estruturada, eles procuram passar o conteúdo das disciplinas que são aplicadas visando o real, e não só a teoria. Como se realmente tivesse num ambiente de trabalho. (...) Daí eu vejo que pelo menos nos nossos treinamentos é feito de forma que dá impressão que realmente está no ambiente de trabalho.” “(...) o pessoal tem que trazer o material para validação, e para poder observar com é feito e direcionado este treinamento. Desde recursos audiovisuais, como vai ser direcionado o treinamento dentro da escolinha. Já para a formação de gestores, também o material é encaminhado antes para validação através dessa área de treinamento, observa o material antes”.

Empresa E

“Na área comercial, principalmente, procuramos usar a “linguagem do vendedor” com pessoas experientes e com formação acadêmica, para “didaticamente” alcançar os resultados, pois não basta ter conhecimento, é preciso saber passar o conhecimento”.

Verifica-se que, na realidade destas empresas não existe um trabalho pedagógico , na verdade, é passado o conteúdo aos palestrantes que devem transmiti-los aos funcionários, e estes ao final do processo devem saber executar o lhes foi transmitido fortificando o pensamento tecnicista e o caráter de treinamento para procedimentos. Quando na verdade é preciso haver abertura para o conhecimento, pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros, compreender os outros, desenvolver a percepção de interdependência, administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. TABELA E – Forma de avaliação dos eventos de formação continuada ENTREVISTADO Empresa A Empresa B

Empresa C

Empresa D

RESPOSTA 5 “Tem um formulário que todos preenchem já no final do treinamento.” “[...] você faz o treinamento e você observa, se houve mudança, se o pessoal começou a se relacionar melhor, se o pessoal começou a usar as técnicas que foram solicitadas...” “[...] é interessante que é avaliado através de feedback, através de questionários, para se colher o que ficou mais forte, de repente pontos a trabalhar, pontos que foram positivos e negativos, não é feito somente no dia do treinamento, é feito também ao longo das semanas, fica colhendo os frutos da semente plantada. “Na verdade há uma ferramenta que, por exemplo, termina o treinamento é entregue uma ferramenta para os funcionários responderem, que seria a avaliação. E num segundo momento para os gerentes, o mesmo material. Para eles avaliarem o conteúdo do treinamento”. A responsável pelo treinamento utiliza uma ferramenta de pesquisa de satisfação, de qualidade ou não. Para qualquer tipo de

Empresa E

palestra ou curso o pessoal utiliza uma ferramenta. Só na escolinha que não é utilizado, porque tem toda uma seqüência de treinamento”. “Através de pesquisa, acompanhamento dos resultados, manutenção periódica dos treinamentos por parte dos gerentes e constante pesquisa para novas metodologias e técnicas de vendas”.

Pode-se analisar que das cinco empresas, duas delas mantém por mais tempo um acompanhamento do que foi tratado no treinamento. Não há na realidade uma formação continuada, há um “treinar” para atender uma finalidade. Volta-se na questão do treinamento, num sentido “tecnicista”, treinar para “fazer bem” determinada técnica. O treinamento num sentido mais amplo, para ser uma formação para o indivíduo, deve ser uma forma de socializar conhecimento, dando sentido a aprendizagem, para que este aprendizado sirva também para todas as áreas da vida do indivíduo, e não fique restrita só ao ambiente de trabalho. (Carvalho, 2006) TABELA F - Conhecimento dos entrevistados sobre a função do Pedagogo Empresarial ENTREVISTADO Empresa A

Empresa B

Empresa C

Empresa D

Empresa E

RESPOSTA 6 “Conheço o que que o Pedagogo faz assim, vagamente (...) mas esta contribuição para a empresa, o que isto iria agregar sinceramente eu não sei”. “Não. (...), pra mim Pedagogo é uma pessoa que vai trabalhar na escola”. “Sim, já ouviu falar que seria com se fosse um consultor na área de treinamento de recursos humanos”. “[...] A função do Pedagogo, estava aparecendo bastante na área de treinamento de varias empresas, geralmente até eu sei, na linha de treinamento de colocação interna”. “Superficialmente, mas entendo e compreendo a importância deste profissional, principalmente na formação continuada dos funcionários das empresas”.

Na resposta desta pergunta, duas das empresas não têm conhecimento da função do Pedagogo Empresarial, uma possui um conhecimento superficial, e duas das

empresas ligam o profissional à área de treinamento. Duas delas atribuem ao Pedagogo a atuação ao ambiente escolar, todas demonstram limitações em seus pareceres quanto ao P.E. TABELA G – Opinião dos entrevistados sobre o Pedagogo Empresarial na empresa ENTREVISTADO

Empresa A

Empresa B

Empresa C

Empresa D

Empresa E

RESPOSTA 7 “[...], traria um conhecimento diferente, de repente nós que temos uma outra formação, (...) talvez não tenhamos essa visão específica de formação que vocês têm”. “[...] se a empresa tiver a oportunidade de ter uma pessoa como essa, tenho certeza que seria valido.” “Eu acho, não acho, tem certeza, pelo seguinte, eu vejo que como Pedagogo, que dá treinamento, motivar pessoas, não é simplesmente abrir uma palestra, ou abrir simplesmente algo didático e passar para pessoas, tem que ter com profundidade..eu acho que função Pedagogia Empresarial, vem a calhar, no quesito treinamento com profundidade, saber segurar realmente, prender a atenção de toda essa equipe que está ali para receber o treinamento...” “Na verdade eu acho assim que na área de treinamento, muita gente entra com os recursos que tem, porque as pessoas não assumem uma parte apenas, só as empresas que são muito grandes, tem uma área especifica de treinamento, aí ela tem a necessidade de ter um Pedagogo para atuar, mas a nossa empresa que não tem um porte tão grande, que quem assume a função de análise de treinamento, normalmente assume outras partes. E se você tem um Pedagogo, é o medo de não assumir outras partes, pelo que eu assisti”. “Sim, pois o gerente de RH tem em sua formação acadêmica, disciplinas de pedagogia além de Pós-Graduação em Marketing, Comunicação e Negócios”.

Observa-se pelas entrevistas que as empresas não conhecem o Pedagogo e seu trabalho na empresa. E também não há uma compreensão do que seja a formação

humana proporcionada pelo ambiente empregatício. A formação do trabalhador é vista como adestramento para a realização de procedimentos. O Pedagogo, por sua vez, é tomado somente em um contexto escolar. Diante desse quadro é possível reiterar que há um amplo espaço de atuação do Pedagogo Empresarial, mas para que este espaço se abra será preciso empreender ações no âmbito da sociedade no sentido de conscientizar o meio empresarial dos ganhos que a pedagogização das relações na empresa, principalmente no que ser refere no preparo dos trabalhadores, pode trazer para os seres humanos trabalhadores envolvidos no processo produtivo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da bibliografia pesquisada conclui-se que existe ainda um dilema quanto à identidade do pedagogo. No pedagogo licenciado em Pedagogia evidencia-se falhas no currículo de formação na sua atuação fora do contexto escolar. Porém ele não deixa de estar habilitado a exercer seu papel de profissional da educação em outros contextos, a questão é que o pedagogo precisa galgar estes novos caminhos. Dentro do ambiente empresarial o papel do pedagogo é um forte fator de equilíbrio da empresa. O pedagogo leva o trabalhador a se ver como pessoa importante, a desenvolver seu trabalho não mecanicamente, mas aprendendo sempre, buscando novos conhecimentos a fim de trazer benefícios a todos da empresa. É o pensar e o repensar individualmente num projeto conjunto. Conforme reflexões, o pedagogo através da sua formação acadêmica tem condições de cooperar em novos espaços procurando desenvolver a qualidade social e humana das pessoas em serviço. E se o profissional enquadra-se no projeto coletivo da empresa, sentindo-se como parte integrante deste processo em busca de alcançar os objetivos da empresa, acredita-se que isto trará benefícios no conjunto de toda a estrutura. Ao Pedagogo Empresarial cabe potencializar o espaço da empresa como lócus de aprendizagem permanente e constante, trabalhando no sentido do crescimento profissional e humano do indivíduo no dia-a-dia dentro e fora deste ambiente. Facilitar a construção e o compartilhamento do conhecimento, incentivando novas formas de relacionamentos, criando simultaneidade entre o comportamento de gestores e colaboradores.

Sua

contribuição

no

planejamento,

gestão,

controle

e

avaliação

de

aprendizagens, pode favorecer a qualidade dos processos de recrutamento, seleção e organização de pessoal, bem como os de diagnóstico organizacional, dando subsídios significativos e perfis específicos aos treinamentos que se efetivam no interior da organização. Enfim, a tarefa do profissional pedagogo empresarial é unir os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser, com os quatro pilares da administração: planejamento, organização, direção e controle. Este é o caminho para o alcance do tão almejado sucesso! REFERÊNCIAS BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. 33ª ed. – São Paulo: Brasiliense,1995. CADINHA, Márcia Alvim. Conceituando Pedagogia e Contextualizando Pedagogia Empresarial. In: ______ Pedagogia Empresarial: uma nova visão da aprendizagem nas organizações. Rio de Janeiro: Claudia Carvalho, 2006. CARVALHO, Claudia. Mudanças de Paradigmas na Conduta Profissional. In: ______. Rio de Janeiro: o autor, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra S/A, 1996. LIBÂNEO, José C. Pedagogia e Pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2000. HOLTZ, Maria Luiza Marins. Lições de Pedagogia Empresarial. Sorocaba: MH Assessoria Empresarial, 1999. NOVOS rumos do ensino. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais. Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular. Disponível em: http://www.ufmg.br/diversa/7/pedagogia.htm Acesso em 26/07/2006. RAMAL, Andréa Cecília. Pedagogo: a profissão do momento. Rio de Janeiro: Gazeta Mercantil, 6 de março de 2002. Disponível em: http://www.idprojetoseducacionais.com.br/artigos/PEDAGOGO.pdf. Acesso em: 11 de novembro de 2006. SELLTIZ, Claire et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU, 1967.