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Bacillariophyceae do Rio São Francisco Falso, município de Santa Helena, Paraná, Brasil: Navicula Article · July 2007
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Angela Maria da Silva-Lehmkuhl
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NOTA CIENTÍFICA
Bacillariophyceae do Rio São Francisco Falso, município de Santa Helena, Paraná, Brasil: Navicula Simone Wengrat1, Bartolomeu Tavares2, Angela Maria da Silva3 e Noelle Farias de Aquino4
Introdução Devido ao seu significado ecológico, as diatomáceas constituem um dos grupos mais importantes para a determinação da qualidade de águas continentais, principalmente as aderidas em substrato [1]. Métodos simples e práticos para a utilização de diatomáceas como indicadoras da qualidade de água fazem-se cada vez mais necessários, sendo que a identificação precisa e contagem das espécies constitui a base fundamental para esse fim [2]. Importantes constituintes do fitoplâncton e perifíton, as diatomáceas são algas microscópicas unicelulares de vida livre, podendo ser encontrados também indivíduos filamentosos ou reunidos em colônias com capas de mucilagem [3]. Possuem uma membrana contínua composta de pectina, sob a qual se deposita uma camada de ácido silícico, formando as valvas, hipoteca e epiteca (metade inferior e metade superior), ambas compõem a carapaça, denominada frústula. A simetria é descrita conforme os eixos pervalvar, apical ou transapical, tornando-as isopolares ou heteropolares. As valvas são ornamentadas com uma série de estruturas, podendo ser poros, poróides ou alvéolos. Estes variam em forma, número e disposição entre as diferentes espécies [4]. As diatomáceas apresentam sua taxonomia baseada principalmente na parede silicada, em suas ornamentações e no contorno valvar [5]. Um dos problemas enfrentados pelos especialistas em relação ao material diatomológico é o polimorfismo apresentado por algumas espécies, além da carência de informações em alguns táxons específicos [6]. O gênero Navicula Bory apresenta um amplo número de espécies, sendo muito encontrado tanto em ambientes continentais quanto marinhos. As células são solitárias, apresentando valvas lanceoladas a lineares, ambas possuem sistema de rafe e as extremidades podem ser abruptas, rostradas ou capitadas [7]. O nome Navicula deve-se a sua semelhança morfológica a um navio. Pertencem a Ordem Penales por apresentarem frústulas alongadas e simetria bilateral. Provavelmente compreendem o gênero com o maior número de espécies, sendo encontrado inclusive no gelo [8]. Este trabalho tem por objetivo realizar o levantamento taxonômico do gênero Navicula visando um maior conhecimento deste gênero para a região Oeste do
Paraná, bem como o de fornecer subsídios a futuras pesquisas limnológicas e ecológicas.
Material e métodos A. Área de estudo Localizado na divisa entre o Brasil e Paraguai, paralelos 24°05`e 25°33`de latitude sul e meridianos 54°00 e 54°37` de longitude oeste, o reservatório de Itaipu envolveu o alagamento de várias cidades do oeste do Paraná, abrangendo uma bacia de drenagem de 820.000 km2. Situado em uma região de clima temperado, o reservatório de Itaipu apresenta uma temperatura média anual entre 18ºC e 20ºC e uma média pluviométrica anual que varia entre 1.500 a 1750 mm [9]. O Rio São Francisco Falso, além de contribuir para a formação do reservatório de Itaipú é um dos maiores alagadores do município de Santa Helena, Paraná, com cerca de 40 Km2 de extensão. Utilizado para fins recreativos e na irrigação de áreas cultivadas, este rio sofre grande influência antrópica e se apresenta mesotrófico. B. Metodologia As coletas foram realizadas no verão de 2004 e inverno de 2005, caracterizando períodos climáticos distintos, em quatro pontos de análise: Ponto 1. Zona litorânea, ponte queimada; Ponto 2. Zona pelágica; Ponto 3. Zona pelágica; Ponto 4. zona litorânea e pelágica. Os métodos de coleta do fitoplâncton e perifíton para análise qualitativa foram: fitoplâncton: passagem do frasco de vidro aberto na superfície da água, revolvendo o fundo, enchendo-o cerca de 3/4 do vidro; perifíton: espremido manual de raízes de macrófitas aquáticas flutuantes, raspagem de rochas submersas e a utilização de rede de plâncton de malha de no mínimo 60μm de abertura de malha. O material coletado está depositado no Herbário da UNIOESTE e conservado em solução Transeau (6:3:1) de acordo com Parra & Bicudo na proporção 4:1 [10]. Para a análise do material coletado foram confeccionadas lâminas permanentes utilizando Naphrax (índice de refração 1,74), seguindo a técnica proposta por Simonsen modificada por Moreira-Filho & Valente-Moreira [11], e o sistema de classificação utilizado foi o de Round,
________________ 1. Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rua Universitária, 2069. Cascavel, PR. CEP: 85819110. E-mail:
[email protected] Bolsista PIBIC/PRPPG/UNIOESTE. 2. Professor adjunto do departamento de Ecologia do curso de Biologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail:
[email protected] 3.Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail:
[email protected] Bolsista PIBIC/CNPq/UNIOESTE. 4. Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail:
[email protected] Bolsista PIBIC/PRPPG/UNIOESTE.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 996-998, jul. 2007
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Crawford & Mann [1]. Como auxílio na identificação taxonômica utilizou-se trabalhos de levantamento florísticos e de revisão clássicos e recentes. Os táxons encontrados foram descritos, medidos e ilustrados.
realização das coletas do material em estudo.
Referências [1]
ROUND, F.E.; CRAWFORD, R.M. & MANN, D.G. 1990. The diatoms. Biology & morphology of the genera. New York, Cambridge University Press. p. 1-129. [2] KOBAYASI. H. & MAYAMA, S. 1989. The Korean Journal of Phycology. Evoluation of River Water Quality by Diatoms. Volume 4(2), p. 121-133. [3] JOLY, A.B. 1979. Introdução à taxonomia vegetal. São Paulo. Companhia Editora Nacional. p. 30-32. [4] LOBO, E.A.; CALLEGARO, V.L.M. & BENDER, E.P. 2002 Utilização de algas diatomáceas epilíticas como indicadores da qualidade da água em rios e arroios da região hidrográfica do Guaíba, RS, Brasil. Santa Cruz do Sul, RS. EDUNISC. p. 22-26. [5] RAVEN, P.H.; EVERT, R.F. & EICHHORN, S.E. 2001. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan. p. 359-362. [6] SOUZA, M.G. Diatomáceas (Bacillariophyceae) de dois bancos de macrófitas aquáticas da Lagoa Bonita. Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Botânica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba. [7] BICUDO, C.E.M. & MENEZES, M. . 2006. Gêneros de algas de águas continentais do Brasil. São Paulo. Editora RIMA. p. 391439. [8] GRAHAM, L.E. & WILCOX, L.W. 2000. Algae. United States of América. Editora Prentice Hall. p. 241-263. [9] IBAMA. 2004 [Online]: Caracterização das Variáveis Meteorológicas. Parque Nacional do Iguaçu. homepage: http://www2.ibama.gov.br/unidades/parques/planos_de_manejo/1 7/html/encarte6/62.htm [10] PARRA, O.O. & BICUDO, C.E.M. 1995. Introduccion a la Biologia y Sistematica de las Algas Continentales. Barcelona: Ed Omega. p. 268. [11] MOREIRA-FILHO, H. & VALENTE-MOREIRA, I.M. 1981 Avaliação taxonômica e ecológica das diatomáceas (Bacillariophyceae) epífitas em algas pluricelulares obtidas nos litorais dos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Boletim do Museu Botânico Municipal. N. 47. p. 1-17.
Resultados O estudo taxonômico das diatomáceas possibilitou a identificação de 21 táxons pertencentes ao gênero Navicula (Tabela 1) distribuídos nos quatro pontos amostrais durante o verão e inverno. As espécies mais frequentes foram: Navicula cryptotenella Lange-Bertalot (Fig. 1D), com 37,24% de ocorrência, seguida da Navicula shroeterii Meister (Fig. 1G) com 27,04% e da Navicula cryptocephala Kützing (Fig. 1B) com 14,45% de representatividade. Já as espécies menos frequentes foram: Navicula capitatoradiata Germain (Fig. 1H), Navicula halophila Grunow, Navicula kotschyi Germain, Navicula menisculus Schumann e a Navicula pseudobryophila Hustedt; todas com 0,17 % de ocorrência. Além das Navicula amphicerops Lange-Bertalot & Rumrich, Navicula erifuga Lange-Bertalot, Navicula germainii Wallace e Navicula vandamii Schoeman & Archibald com 0,34%, Navicula trivialis Lange-Bertalot (Fig. 1C) com 0,52%; Navicula recens Lange-Bertalot com 0,68% e a Navicula concentrica Carter com 0,85% de representatividade.
Agradecimentos Os autores agradecem a UNIOESTE e ao CNPq pela bolsa de iniciação científica concedida. À professora Dra. Norma Catarina Bueno pela
Tabela 1. Distribuição espacial e temporal dos táxons identificados no rio São Francisco Falso no verão e inverno de 2004.
ESPÉCIES Navicula amphiceropsis Navicula capitatoradiada Navicula concentrica Navicula cryptocephala Navicula cryptotenella Navicula erifuga Navicula germainii Navicula halophila Navicula heimansioides Navicula kotschyi Navicula menisculus Navicula pseudobryophila Navicula radiosa Navicula radiosaflax Navicula recens Navicula rhynchocephala Navicula rostellata Navicula shroeterii Navicula trivialis Navicula vandamii Navicula veneta
PONTO 1 Verão Inverno X X X X X X X X X X X X -
X X X X X X X X X X X X X X
PONTO 2 Verão Inverno X X X X X X X X X
X X X X X X X X X X
PONTO 3 Verão Inverno X X X X X X X
X X X X
PONTO 4 Verão Inverno X X X X X X X
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 996-998, jul. 2007
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Figura 1. Fig. 1A Navicula veneta; Fig. 1B Navicula cryptocephala; Fig. 1C Navicula trivialis; Fig. 1D Navicula cryptotenella; Fig. 1E Navicula radiosa; Fig. 1F Navicula rhynchocephala; Fig. 1G Navicula shroeteri; Fig. 1H Navicula capitatoradiada. Escala: 10µm.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 996-998, jul. 2007 View publication stats