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CAPÍTULO
3
-
SOBRE
OS
ESPAÇOS
SÓCIO-OCUPACIONAIS
TRADICIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL Introdução Você precisa ter conhecimento acerca do debate sobre poder institucional versus saber profissional, assim como acerca da especificidade da profissão, para melhor compreender esse novo conteúdo. Sobre isso, você já estudou no semestre passado. Com essa revisão, será fácil compreender o significado de espaço sócio-ocupacional e a atuação do profissional do Serviço Social em cada espaço abordado e visualizar inicialmente os campos de atuação do Serviço Social, possíveis locais de estágio dos estudantes da área. Os campos mais tradicionais de atuação do assistente social localizamse nas áreas da assistência social e da saúde. São inúmeros os campos existentes, porém aqui serão tratados alguns, não por serem considerados mais importantes, mas por serem os de maior incidência. Começaremos pelas instituições públicas e privadas. 3.1 O Assistente Social e sua trajetória em instituições públicas e privadas Segundo Faleiros (1979), as reflexões acerca de poder institucional e saber profissional remetem ao objeto profissional em uma ótica de luta de classes articulada às relações de poder, hegemonia e contra-hegemonia. Por instituição, pode-se entender uma agência de prestação de serviços. Do ponto de vista sociológico mais amplo, as instituições são relações estruturantes do modo de ser de uma sociedade, como a família, a religião, a educação e o exército. O conceito de instituição vai, portanto, muito além do de organização. As instituições são locais de lutas de poder, em que se localiza o objeto da intervenção do assistente social. Esse objeto deve responder a um processo complexo de relações sociais que são entrecruzadas por demandas sociopolíticas. Jean Robert Weisshaupt realizou uma pesquisa sobre instituições e Serviço Social no Nordeste, a qual traz à tona a discussão sobre o objeto
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profissional institucionalmente construído (SILVA citado por FALEIROS, 2005, p. 32). Nessa ótica, os objetivos profissionais são definidos pela instituição, ou seja, os objetivos da profissão se definem conforme as diferentes instituições, sejam elas públicas, privadas ou do terceiro setor. Também as demandas populacionais definem a prática profissional, como pedidos de recursos, capacitação, encaminhamentos, informações, orientação, organização. As relações institucionais podem ser entendidas sob diversos ângulos, valorizando os conflitos entre os atores institucionais ou tomando o projeto profissional como mediação harmonizadora de conflitos (FALEIROS, 2005, p. 33). Como exemplos de conflitos, temos os que podem ocorrer entre profissionais e auxiliares, entre profissionais, entre políticas sociais e o projeto institucional, entre profissionais e instituição, entre usuários e profissionais, entre outros, em um processo de contradições de interesses e projetos concretos. Há nesses conflitos uma relação dinâmica de forças, interesses projetados na dialética universal/particular/singular na ação profissional, que constituem situações de intervenção nos espaços institucionais e profissionais (FALEIROS, 1979). O assistente social atua em meio a esses e outros conflitos, em um processo de mediação que o capacita para dar respostas às necessidades dos usuários dos seus serviços e da política social em questão, sendo esse seu compromisso primordial. Por outro lado, precisa dar respostas também aos objetivos institucionais, não em uma perspectiva neutra, o que é impossível, mas de acordo com sua formação teórico-metodológica e éticopolítica. Especialmente a partir dos anos de 1980, afirma Iamamoto (1999, p. 83), o Serviço Social, já historicamente institucionalizado, é considerado como uma “especialização do trabalho coletivo, dentro da divisão sócio-técnica do trabalho, partícipe do processo de produção e reprodução das relações sociais”. Essa visão serve de referência à abordagem dos processos e relações de trabalho da profissão. O setor público historicamente tem sido o maior empregador de assistentes sociais, e a administração direta é a que mais emprega, especialmente a instância estadual, seguida da municipal (IAMAMOTO, 1999,
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p. 123).
A área da saúde lidera a absorção dos assistentes sociais,
especialmente em decorrência da implantação do SUS. A assistência social, espaço privilegiado da profissão, a partir da Constituição Federal de 1988, tem ampliado
o
mercado
profissional,
representando
uma
ampliação
das
possibilidades de trabalho. E como podemos ver a assistência social como campo de trabalho? Esse é nosso próximo assunto. 3.2 A assistência social como campo de trabalho A Constituição Federal de 1988, diferentemente da anterior, inaugurou uma nova concepção de assistência, agora política pública, conhecida como Política Nacional da Assistência Social, a qual é não contributiva, sendo direito de todos os cidadãos e dever do Estado. A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, de 7 de dezembro de 1993 – traz a Assistência Social como componente da Política de Seguridade Social, não contributiva, a qual prevê os mínimos sociais, mediante um conjunto de ações de iniciativa pública e da sociedade para a garantia do atendimento das necessidades básicas da população usuária. Essa Lei prevê a descentralização política e administrativa para os estados, Distrito Federal e municípios, tendo um comando único das ações em cada esfera de governo. Ainda nos dias atuais, a implantação dessa política é um processo em andamento. Decorreu apenas pouco mais de uma década, o que, em tempo histórico, pode ser considerado um tempo ínfimo, em se tratando de uma política tão imbricada de contradições. Para a compreensão e a apreensão do significado das demandas colocadas aos assistentes sociais, é necessário que se considerem as novas formatações da Questão Social. Devemos partir da consolidação do capitalismo monopolista na sociedade brasileira e da constituição do Estado burguês autoritário e suas consequências para o Serviço Social, como afirma Iamamoto (1999). Uma Questão Social que é tratada como questão policial, através da parceria repressão-assistência, como condição de manutenção da paz e da ordem imposta pelo Estado, subordinada à Segurança Nacional e à
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acumulação do capital monopolista, implica, invariavelmente, na ampliação do processo de pauperização absoluta e relativa da classe trabalhadora e segmentos afins. Segundo Iamamoto (1999), a solidificação da dominação burguesa e da expansão do grande capital é dada pela desarticulação dos órgãos político-reivindicatórios dos trabalhadores e na manutenção de uma política salarial achatada. O assistente social se movimenta no bojo da contradição e, para a implantação efetiva da LOAS, materializada pelo SUAS – Sistema Único da Assistência Social –, necessita romper com as práticas assistencialistas contribuintes da visão conservadora da Assistência Social. Afirma Silva (1997, p. 135) que “a reiteração das práticas de manutenção e reprodução das relações de dominação precisa ser rompida”. O local por excelência onde se desenrola a política da Assistência Social é o CRAS, o Centro de Referência da Assistência Social, em que a equipe mínima deve ser instituída por um profissional assistente social e um psicólogo, como você verá a seguir. 3.2.1 O CRAS – Centro de Referência da Assistência Social O CRAS é uma entidade de proteção básica, pública estatal, de base territorial, geralmente localizado em áreas de vulnerabilidade social, executa serviços de proteção social, organiza e coordena a rede de serviços socioassistenciais da política de assistência social. Atua no âmbito individual e familiar, sempre no contexto de comunidade, visando à orientação e ao convívio sociofamiliar e comunitário. É responsável por ofertar o Programa de Atenção Integral às Famílias – PAIF. A equipe do CRASS deve realizar e organizar o mapa da rede socioassistencial e promover a inserção das famílias nas respectivas políticas e serviços, assim como encaminhar a população para as demais políticas públicas e sociais, no sentido de buscar ações que visem à sustentabilidade, para romper com o ciclo de pobreza e violação de direitos. Esse processo se dá, em um primeiro momento, pela procura do usuário por política pública. Este é atendido e encaminhado conforme suas necessidades. É necessário que o assistente social faça uma cuidadosa avaliação situacional, da forma mais efetiva e comprometida possível, evitando juízos de
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valor em suas leituras da realidade. O compromisso da política pública e do Serviço Social é o de proteção, assistência, desenvolvimento, transformação. Para isso, é imprescindível uma atuação consciente por parte dos profissionais envolvidos. Uma das formas de se ter êxito é buscar a construção das redes sociais, a constituição dos laços que possibilitam o maior e melhor atendimento da população usuária da Assistência Social. Facilitar o acesso aos direitos assegurados em lei ao usuário é um dos mais fundamentais compromissos do assistente social. Segundo a PNAS – Política Nacional da Assistência Social –, são considerados serviços de proteção básica de assistência social aqueles que potencializam a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidariedade. Para que isso aconteça, é necessário que os membros da família se sintam protagonistas das ações e que se lhes ofereçam um conjunto de serviços locais que visem à convivência, à socialização e ao acolhimento em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos. É necessária também a promoção da integração ao mercado de trabalho, tais como: · programa de atenção integral às famílias; · programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da pobreza; · centros de convivência para idosos; · serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares, ao direito de brincar, a ações de socialização e de sensibilização para a defesa dos direitos das crianças; · serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens na faixa etária de 6 a 24 anos, visando à sua proteção, socialização e ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; · programas de incentivo ao protagonismo juvenil e de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; · centros de informação e de educação para o trabalho, voltados para jovens e adultos. Há serviços que são preventivos, mas há outros em que não só existe a iminência da violação dos direitos, mas a violação de fato e até mesmo os
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vínculos sociais e familiares rompidos, como é o caso dos serviços de proteção social especial de média e alta complexidade. Veja a seguir. 3.2.2 Proteção social especial de média e alta complexidade A proteção social especial é destinada especialmente aos grupos mais vulneráveis, como crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas com deficiência, assim como pessoas em situação de abandono e em situação de rua pela falta de renda e outras variantes da exclusão social. Alguns programas componentes da proteção social especial que se destacam são, por exemplo, o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – e o Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A proteção social especial de média complexidade é aquela que oferece serviços a indivíduos e famílias que tiveram seus direitos violados, mas conservam os vínculos familiar e comunitário. Requer, portanto, uma atenção especializada e individualizada e/ou acompanhamento sistemático. Exemplos: serviço de orientação e apoio sociofamiliar, plantão social, abordagem de rua, cuidado no domicílio, serviço de habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e medidas socioeducativas em meio aberto (Prestação de Serviço à Comunidade – PSC e Liberdade Assistida – LA). A proteção social especial de alta complexidade é destinada a indivíduos e famílias que, além do direito violado, tiveram os laços sociais e familiares rompidos, ou seja, encontram-se sem referência e/ou em situação de ameaça, necessitando ser retiradas de seu núcleo familiar e/ou comunitário. Exemplos: atendimento integral institucional, casa lar, república, casa de passagem,
albergue,
família
substituta,
família
acolhedora,
medidas
socioeducativas restritivas e privativas de liberdade (semiliberdade, internação provisória e sentenciada) e trabalho protegido. Você precisa conhecer os campos de trabalho destinados ao assistente social na saúde para decidir se quer atuar em algum deles. Observe o próximo subitem. 3.3 O assistente social na saúde e seus principais campos de trabalho
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A área da Saúde incorpora vários campos de atuação ao assistente social. Tradicionalmente, o Serviço Social integra as equipes de hospitais e postos de saúde, assim como serviços especializados como atendimento a doentes e portadores de câncer e HIV/AIDS, hemocentros, clínicas de queimaduras, entre outros. A Política Nacional da Saúde – também não-contributiva, a partir do processo de Reforma Sanitária, consolidada pela Constituição Federal de 1988, com a implantação do SUS –, passa a ser uma questão coletiva, social e política. Foi a área que mais sofreu transformações, como o conceito de saúde, a instituição de saúde como direito do cidadão e dever do Estado, a estratégia do SUS, a construção de um novo modelo de atenção à saúde, a descentralização das ações para estados e municípios e a democratização do poder local (SIMONATTO citado por PATRIOTA, 2005). Por meio da Lei 8.080/90, a saúde é considerada direito fundamental do ser humano, estando o Estado no compromisso de provisão de condições indispensáveis ao ser humano. Em seu artigo 7°, estabelece princípios e diretrizes como universalidade de acesso aos serviços, integridade de assistência, preservação da autonomia das pessoas, igualdade de assistência à saúde, direito à informação, utilização de epidemiologia como prioridade, participação regionalização
da e
comunidade, hierarquização,
descentralização integração,
político-administrativa,
conjugação
dos
recursos
financeiros, capacidade de resolução e organização dos serviços. Todas as ações de saúde, inclusive privadas, passam a ser submetidas às normativas do poder público. Carvalho e Santos citados por Patriota (2005, p. 45) ensinam que Temos assim a Constituição e a Lei Orgânica da Saúde a dizer do direito do cidadão à saúde e impor ao Estado o dever de garanti-lo, seja diretamente, mediante assistência médica e hospitalar e ações preventivas, seja por via de políticas econômicas e sociais que condicionem e determinem o estado de saúde individual e coletiva.
Uma das diretrizes do SUS é a participação social em sua gestão, processo que tem sido operacionalizado em âmbito municipal via Conselhos Municipais de Saúde, espaço de cidadania e participação, de representação paritária entre sociedade civil e prestadores de serviços.
Nesse espaço,
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embora a população possa participar, nem sempre a participação é efetiva, ou seja, nem sempre existe um comprometimento com a estruturação do sistema de saúde. Surgem novas demandas com a alteração da relação do Estado e comunidade, assim como surgem novos campos de atuação para várias profissões, tanto na esfera de produção quanto no setor de serviços (ALMEIDA citado por SILVA e outros, 1998). O Serviço Social se destaca na área da saúde, em especial saúde pública, em que, cotidianamente, está em contato direto com a população usuária. Assim todas as mudanças na esfera política, social e econômica refletem sobre seu trabalho, notadamente por ser uma profissão de caráter interventivo no cotidiano das populações empobrecidas. Martinelli (1994, p. 72) assevera que “o Serviço Social é uma prática social e como social, pressupõe sujeito coletivo que, por sua vez, só se constrói no exercício político. Sem exercício político não se constrói o coletivo”. A atuação do assistente social na saúde é histórica, pois a profissão nasce atrelada ao contexto desta. Sua presença se faz importante, uma vez que o conceito de saúde ditado pela Organização Mundial da Saúde vai além da ausência de doenças, mas avança no sentido de bem-estar físico, mental e social. Portanto, para ser considerado saudável, não basta apenas ter as necessidades médicas atendidas, mas há que se ter um atendimento globalizado, no sentido de buscar soluções às problemáticas emocionais e socioeconômicas, as quais, consequentemente, podem agravar o quadro físico. Assim sendo, o Serviço Social, tradicionalmente integrante do quadro da saúde, tem seu reconhecimento atual, passa a fazer parte do conjunto de profissões necessárias à identificação e à análise dos fatores que intervêm no processo saúde/doença, acarretando a ampliação da inserção do assistente social neste campo. Ainda mais com a mudança no processo de gestão da política de saúde, tendo na descentralização político-administrativa sua principal estratégia. A municipalização da política de saúde demandou dos municípios a contratação de diversos profissionais para garantir a gestão local da política, entre eles, o assistente social. O Conselho Nacional de Saúde – CNS -, por meio da resolução nº 218/1997, reconhece o assistente social como um dos treze profissionais de
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saúde de nível superior, juntamente com o biólogo, profissionais de educação física, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos veterinários, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Por meio da resolução 338/1999, o Conselho Federal de Serviço Social CFESS - confirma o assistente social como profissional de saúde, pautando-se na resolução já citada, no conceito de saúde adotado na Constituição Federal de 1988, assim como na própria formação do assistente social e no seu compromisso ético-político expresso no Código de Ética da profissão de 1993. Esse código apresenta um dos principais fundamentos do Serviço Social: o posicionamento em favor da equidade e justiça social que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática. Dessa forma, no âmbito municipal, os assistentes sociais avançam em novas funções no setor. Participam do processo de gestão da saúde, atuam nos conselhos de saúde, na formulação, planejamento, monitoramento e avaliação da política, distanciando-se das tradicionais ações rotineiras e burocratizadas, restritas à execução de ações subsidiárias ao saber médico. Assim os assistentes sociais se inserem no processo de trabalho em saúde, como agentes de interação entre os níveis do Sistema Único de Saúde - SUS com as demais políticas sociais, tendo como principal objetivo assegurar a integralidade e a intersetorialidade das ações. O assistente social desenvolve, ainda, atividades de natureza educativa e de incentivo à participação comunitária, para atender às necessidades de participação e co-participação dos usuários no desenvolvimento de ações preventivas, de recuperação e de controle do processo saúde/doença. A novidade que se observa na inserção atual do assistente social na área de saúde é que não é mais mediada pela ideologia da ajuda e do favor, mas pela ótica da garantia de direitos sociais. A atuação do assistente social se dá justamente nas contradições existentes no SUS, entre as quais constam a exclusão ou a dificuldade no acesso, a precariedade dos recursos e da qualidade dos serviços, a burocratização em excesso e a ênfase na assistência médica curativa e individual. Esse é o contexto em que surge um conjunto de requisições
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expressivas da tensão existente entre as ações tradicionais da saúde e as novas proposições do SUS. Essas requisições são determinantes no âmbito de atuação do profissional de Serviço Social, a qual se dá nas contradições presentes no processo de racionalização e organização do Sistema. Dentro dessa relação de dever e direito à saúde, o trabalho dos assistentes sociais se desenvolve e se torna um trabalho necessário para a promoção e atenção à saúde. Sua área de intervenção tem se ampliado e se consolidado diante da concepção de que o processo de construção da saúde é socialmente determinado, o que se reforça pelo conceito de saúde que passa a considerar o atendimento das demandas do setor sob o relevante foco das condições sociais. Independentemente do campo de atuação do assistente social, é necessário entender que a saúde é construída a partir de necessidades históricas e socialmente determinadas e deve ser defendida como direito de todo cidadão e dever do Estado. O trabalho do assistente social deve contribuir para essa garantia
por meio do fortalecimento de seus princípios de
universalidade, equidade e integralidade. Saiba mais Acesse o sítio www.cress-ce.org.br/duvidas.html e fique bem informado acerca das principais dúvidas dos assistentes sociais. Esse sítio se refere ao estado do Ceará, mas dá uma ideia geral da profissão, como as questões a seguir. •
Como faço para denunciar más condições de trabalho?
•
Por que o Serviço Social não possui piso salarial?
•
Qual a média salarial do mercado de trabalho do Serviço Social?
•
O que é a Tabela de Honorários?
•
Qual a referência salarial estabelecida pela Tabela de Honorários?
•
Qual o número máximo estabelecido de atendimentos e de usuários por Assistente Social?
•
Quais são os procedimentos e critérios para a contratação de Assistentes Sociais?
•
Como deve ser o contrato para o Assistente Social que atua de forma autônoma?
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•
Quais as condições para a contratação de estagiário de Serviço Social?
•
Onde o Serviço Social está vinculado no quadro de profissionais do funcionalismo público?
•
O que é a questão do duplo vínculo?
•
O pagamento da anuidade ao Cress/CE é contabilizado como contribuição previdenciária?
•
Qual a diferença entre Assistência Social e Serviço Social?
•
O que são Conselhos Profissionais?
•
Qual o valor da anuidade do Cress/CE?
•
O que acontece se estou inadimplente com o Cress/CE? Como faço para regularizar minha situação?
•
O que o Cress/CE faz com as anuidades pagas pelos Assistentes Sociais?
•
Quais as punições para o Assistente Social que atue irregularmente?
•
Como consigo informações sobre o andamento de processos éticos e de desagravo?
•
Em caso de desligamento, o que devo fazer com o material técnico produzido? Neste capítulo, você se informou sobre como se configuram os espaços
sócio-ocupacionais tradicionais de inserção do assistente social, assim como pôde entender a dinâmica institucional e as relações de poder existentes em seu interior. No próximo capítulo, serão abordados os principais postos de trabalho da contemporaneidade, ou seja, os espaços sócio-ocupacionais emergentes. Você deve estar curioso, não é? São novos postos de trabalho para os profissionais dessa área. Atividades 1. O que você entende por espaço sócio-ocupacional tradicional do Serviço Social? Conceitue com base no conteúdo visto neste capítulo.
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2. Para Faleiros (1979), as reflexões acerca de poder institucional e saber profissional remetem ao objeto profissional em uma ótica de luta de classes articulada às relações de poder, hegemonia e contra-hegemonia.
Assim
podemos afirmar que a) especialmente a partir dos anos 1980, o Serviço Social é considerado como uma especialização do trabalho individual, dentro da divisão sociotécnica do trabalho. b) as instituições são locais de harmonia de poderes, apresentando ausência de lutas. c) instituição é o mesmo que organização, ou seja, toda empresa é uma instituição. d) pode-se entender instituição como uma agência de prestação de serviços, sendo que, do ponto de vista sociológico mais amplo, significa relações estruturantes do modo de ser de uma sociedade, como a família, a religião, a educação e o exército. 3. Preencha a segunda coluna de acordo com a primeira e identifique a assertiva correta. (1) Política Nacional da Assistência Social (2) Política Nacional da Saúde (3) Proteção Social Média Complexidade (4) Proteção Social Alta Complexidade ( ) Uma das que áreas que mais sofreu transformações a partir do Constituição Federal de 1988, é política não-contributiva, direito de todos os cidadãos e dever do Estado, a partir do processo de Reforma Sanitária, consolidada pela Constituição Federal de 1988, com a implantação do SUS. Com isso, no contexto brasileiro passa a ser uma questão coletiva, social e política. ( ) Serviços destinados a situações em que não só existe a iminência da violação dos direitos, mas quando há a violação de fato e até mesmo os vínculos sociais e familiares são rompidos. Faz parte desses serviços, o PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e o Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
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(
) Direito do cidadão e dever do Estado, componente da Política de
Seguridade Social, não contributiva, prevê os mínimos sociais mediante um conjunto de ações de iniciativa pública e da sociedade, para a garantia do atendimento das necessidades básicas da população usuária, prevendo a descentralização política e administrativa para os estados, Distrito Federal e municípios, tendo um comando único das ações em cada esfera de governo. ( ) Oferece serviços a indivíduos e famílias que tiveram seus direitos violados, mas conservam os vínculos familiar e comunitário. Requer, portanto, uma atenção especializada e individualizada e/ou acompanhamento sistemático. Qual é a assertiva correta? a) 1, 2, 3, 4. b) 2, 4, 1, 3. c) 2, 4, 3, 1. d) 4, 2, 1, 3. 4. Assinale a assertiva correta. a) Nos espaços sócio-ocupacionais do assistente social, o que define a atuação é a necessidade institucional, sendo pouca importância dada às demandas
populacionais,
como
pedidos
de
recursos,
capacitação,
encaminhamentos, informações, orientação, organização. b) A área da saúde lidera a absorção dos assistentes sociais, especialmente em decorrência da implantação do SUS. c) Nos dias atuais, a implantação da Política Nacional da Assistência Social é um processo já concluído. d) Para a compreensão e a apreensão do significado das demandas colocadas aos assistentes sociais, não há necessidade de se considerar as novas formatações da Questão Social, pois o mais importante é resolver os problemas emergentes e imediatos. Comentário das atividades Na atividade 1, você deve conceituar o que entendeu por espaço sócioocupacional tradicional do Serviço Social. Não se esqueça de que se trata basicamente das políticas da assistência social, saúde e previdência social.
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A atividade 2 parte de uma citação de Faleiros (1979), que afirma que as reflexões acerca de poder institucional e saber profissional remetem ao objeto profissional em uma ótica de luta de classes articulada às relações de poder, hegemonia e contra-hegemonia, e solicita que se escolha a afirmativa correta. A afirmativa correta é a (d), ao afirmar que se pode entender instituição como uma agência de prestação de serviços, que, do ponto de vista sociológico mais amplo, significa relações estruturantes do modo de ser de uma sociedade, como a família, a religião, a educação e o exército. A afirmativa (a) é incorreta, pois afirma que, especialmente a partir dos anos 1980, o Serviço Social é considerado como uma especialização do trabalho individual, dentro da divisão sociotécnica do trabalho. Sabemos que é uma especialização do trabalho, sim, mas coletiva. A afirmativa (b) também é incorreta, pois afirma que as instituições são locais de harmonia de poderes, apresentando ausência de lutas, quando sabemos que, ao contrário, são locais de conflitos de poderes e apresentam um cenário de lutas de interesses. A afirmativa (c), da mesma forma, está errada, ao afirmar que instituição é o mesmo que organização, ou seja, que toda empresa é uma instituição. Isso não é verdade, pois instituição é um conceito que vai muito além de empresa ou organização, contendo os valores e ideais, ou seja, a dimensão abstrata consigo. A atividade 3 solicita que você enumere a segunda coluna de acordo com a primeira e se escolha a assertiva correta quanto à enumeração. A assertiva correta é a (b), pois apresenta a enumeração de acordo com os conceitos correspondentes à primeira coluna. A atividade 4 solicita que você assinale a assertiva correta. Você deve ter marcado a (b), uma vez que afirma que a área da saúde lidera a absorção dos assistentes sociais, especialmente em decorrência da implantação do SUS. A assertiva (a) é incorreta, pois nos espaços sócio-ocupacionais do assistente social, o que define a atuação não é somente a necessidade institucional, sendo fator determinante também as demandas populacionais como pedidos de recursos, capacitação, encaminhamentos, informações, orientação, organização. A assertiva (c) é incorreta, pois, nos dias atuais, a implantação da Política Nacional da Assistência Social é ainda um processo
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em implantação. A assertiva (d) também é incorreta, porque, para a compreensão e a apreensão do significado das demandas colocadas aos assistentes sociais, é imprescindível que se considere completamente as novas formatações da questão social, uma vez que isso dá melhores condições para atuar no campo das mediações. Referências FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. São Paulo, Cortez, 2005. IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 1999. MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: Identidade e Alienação. São Paulo: Cortez, 2000. PATRIOTA, Lúcia Maria. Assistentes sociais e AIDS: um estudo de suas representações sociais. Revista Serviço em Revista, Vol. 8, n° 1 – jul/dez/2005. Disponível em: . Acesso em: 14 jul. 2009.