Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 1 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013
A carta de leitor Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção destinada a cartas do leitor ― em geral conhecida como “Cartas à Redação”, “Painel do Leitor”, entre outros títulos. Essa seção oferece um espaço para que o leitor faça elogios ou críticas a uma matéria publicada, ou mesmo sugestões. Os comentários podem referir-se às ideias de um texto, com as quais o leitor pode concordar ou não; à maneira como o assunto foi abordado (neste caso, um leitor mais conservador pode afirmar que determinada questão foi tratada de forma muito liberal); ou à qualidade do texto em si (pode-se achar que o autor abusou de clichês, por exemplo). É possível também fazer alusão a outras cartas de leitores, para concordar ou não com o ponto de vista expresso nelas. A linguagem da carta do leitor costuma variar conforme o perfil dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, se o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse tipo de carta apresenta formato parecido com o das cartas pessoais: data, vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do texto, despedida e assinatura. Porém, quando necessário, a equipe de redação do jornal ou revista adapta as cartas do leitor a seu estilo e as reduz para encaixá-las na seção reservada a elas, mantendo apenas uma parte do corpo. Quando publicadas, as cartas costumam ser agrupadas por assunto. Assim, reúnem-se as que se refiram à mesma notícia ou reportagem em um mesmo bloco, que recebe um título. Na seção Leitor da revista Veja de 19 de setembro de 2012, o assunto mais comentado foi a reportagem Eu decido o meu fim, publicada na edição anterior (de 12 de setembro de 2012). Essa reportagem trata de um assunto um pouco polêmico: a orientação aos médicos brasileiros em reconhecer a vontade dos pacientes terminais, ou seja, aceitar a vontade do paciente e não aplicar técnicas para prolongar a vida e nem ressuscitar pacientes que possuem alguma doença incurável.
Exercícios Leia, abaixo, as cartas dos leitores. Testamento vital Extraordinária a reportagem “O direito de escolher” (12 de setembro). Sou testemunha da morte de minha mãe, de meu pai e de um irmão em decorrência de câncer, e sei quanto é dolorido conviver dias e noites intermináveis com entes queridos bem assistidos, porém conscientes da real dimensão de seu estado. MARIA DILZA MOREIRA CAMARGO Brasília; DF
Sou médico geriatra e considero essa decisão do CFM um dos maiores avanços da medicina. Nós, médicos, estamos refletindo que não vale a pena somente estar vivo, e sim viver bem. MARCELO DE FREITAS MENDONÇA Ribeirão Preto, SP
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Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 2 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013 Parabéns pela reportagem “O direito de escolher”. A terminalidade no contexto das doenças incuráveis é geralmente carregada de árduo sofrimento para os pacientes, os familiares e a equipe médica. A legitimação do Conselho Federal de Medicina ao reconhecer o testamento vital é um passo para o respeito da autonomia e da dignidade do indivíduo em escolher a sua própria forma e a qualidade do morrer. GUSTAVO NADER MARTA Médico rádio-oncologista do Hospital Sírio-Libanês São Paulo, SP
Há poucos dias, eu, aos 66 anos de idade, como médico aposentado, vivi um drama quando assistia, em domicílio, minha mãe, de 87 anos, portadora de um quadro clínico irreversível. Ela expos a vontade de abandonar, como de fato abandonou, os sete medicamentos que vinha tomando, alegando que seu viver não tinha mais sentido diante de tanto sofrimento. Disse-me que, a partir daquele momento, estava tudo entre ela e Deus, e que deveriam respeitar sua decisão. Fiel ao juramenta que fiz ao término do curso de medicina, decidi contrariamente à sua vontade. Ela ficou monitorizada por dois dias. Tranquilizou-me perceber que, durante o período de assistência intensiva, a atroz agonia que a consumia tinha, enfim, sido aliviada, apesar da ausência do entres queridos juntos ao seu leito. LEVI BRONZEADO DOS SANTOS Guarabira, PB
1. A carta de leitor serve para que os leitores possam reclamar, solicitar, discutir, discordar, elogiar, etc. a) Entre as cartas lidas, qual(is) faz(em) um elogio a reportagem citada? b) Entre as cartas lidas, qual(is) relata(m) um drama enfrentado pelo leitor? c) Entre as cartas lidas, qual(is) apresenta(m) um outro aspecto que não o comum na maioria das cartas? 2. Compare a variedade linguística empregada pelos leitores em suas cartas. Que variedade linguística predomina: a padrão ou não-padrão? Justifique a escolha dessa variedade levando em consideração o meio de publicação. 3. A carta de leitor tem estrutura semelhante à da carta-pessoal. Ela contém: local e data, vocativo, assunto, expressão cordial de despedida e assinatura. Além disso, não possui título. As cartas lidas, porém, não se mostram de acordo com esse padrão. a) Por que você acha que algumas partes das cartas foram suprimidas? b) Se as cartas não têm título, por que você acha que a primeira foi publicada com título?
Agora é a sua vez! – Redação 1 Leia o texto abaixo: Um tiro na prótese Ao contestar o ouro do brasileiro Alan Fonteles na Paralimpíada, o biamputado Oscar Pistorius reacendeu o debate sobre a influência da tecnologia nas vitórias ALEXANDRE SALVADOR
O sul-africano biampurado Oscar Pistorius, de 25 anos, foi um dos destaques da Olimpíada de Londres. Disputou com atletas aptos a prova dos 400 metros e do revezamento 4 x 400. Não chegou ao pódio, mas fez história. Desde 2007 ele lutava nos tribunais para provar que suas próteses, de fibra de carbono, não lhe conferiam vantagem sobre esportistas sem a deficiência. Na semana passada, logo depois de ser derrotado pelo paraense Alan Fonteles, de 20 anos, na final dos 200 2
Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 3 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013 metros da Paralimpíada londrina, na mesma pista onde fora aplaudido de pé há um mês. Pistorius deu um tiro em sua própria prótese ao reclamar do resultado. Alegou que as pernas artificiais do brasileiro eram longas demais. Acusou Fonteles de tirar vantagem da tecnologia, argumentação semelhante à que ele mesmo enfrentara durante anos. “Foi uma corrida injusta”, afirmou Pistorius. “Não consigo competir com a amplitude da passada de Alan.” Na cabeça do sul-africano, as próteses do concorrente, trocadas antes dos Jogos por um modelo 5 centímetros mais longo, davam-lhe uma vantagem ilegal. Não davam. As próteses de Fonteles estavam abaixo do limite estipulado pelo Comitê Paraolímpico Internacional. Mesmo com próteses mais longas, a amplitude de passada de Fonteles foi menor que a do rival – o brasileiro deu 98 passos até a linha de chegada, com amplitude média de 2 metros, enquanto o sul-africano percorreu os 200 metros em 92 passadas, com 2,2 metros de amplitude média. Nem a conquista posterior de Pistorius no revezamento 4 x 100 nem as desculpas pelas declarações agressivas foram suficientes para apagar a mancha de mau perdedor. o avesso do modo como ele é celebrado. Pode-se questionar a diferença de desempenho entre um atleta amputado em cima de próteses e um apto – mas não entre dois esportistas com equipamentos semelhantes e dentro das normas. Pistorius, mais do que ninguém, sabe disso. O principal argumento da Federação Internacional de Atletismo para proibi-lo de competir na Olimpíada de Pequim, em 2008, ao lado de campeões sem problemas físicos era que ele consumia menos oxigênio que atletas ditos normais. A tese foi derrubada. No entanto, a vitória jurídica não encerrou a questão científica. Os mesmos pesquisadores que analisaram o sul-africano para o processo judicial publicaram em 2009 um estudo no qual revelaram uma nítida vantagem de Pistorius (no entanto, como era alegação ausente dos autos do processo, não foi levada à cone): as próteses têm a metade do peso das pernas biológicas de um atleta de alto nível. Por essa razão, um biamputado consegue reposicionar-se durante a corrida em tempo 20% menor que os melhores velocistas do mundo. Se fosse dotado de pernas de carne e osso, o sul-africano seria um corredor mais lento do que é hoje. São argumentos que ajudam a explicar por que ele se destacou na Olimpíada de Londres – mas inúteis para confrontá-lo com um igual, Alan Fonteles. (Revista Veja, 12 de setembro de 2012)
Escreva uma carta à revista Veja, comentado a matéria. Siga estas instruções: a) Anote e reflita sobre os aspectos da matéria merecedores de comentários, bem como os argumentos que vão fundamentar o seu ponto de vista – por que gostaram ou por que não gostaram, etc. b) Redija o texto atento à estrutura desse tipo de carta. Deixe claro, desde o início, qual é a data do jornal ou o número da revista em que foi publicada a matéria sobre a qual está opinando. Identifique a matéria pelo título e/ou pelo nome do jornalista que a assina. c) Apresente sua opinião de forma firme mas educada, sempre fundamentando com bons argumentos. Se estiver fazendo uma crítica negativa não deixe de elogiar os pontos positivos, e vice-versa. d) Tenha em vista o leitor de sua carta, que será primeiramente o jornalista ou o editor e, se ela for publicada, o leitor do jornal ou revista – criança, jovem ou adulto. Procure adequar a linguagem ao perfil desses leitores. e) Quando finalizar o texto, leia-o e modifique o que for necessário. Passe o texto a limpo.
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Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 4 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013
A crítica – parte I Consumir ou não os últimos lançamentos de livros, filmes, cds, e estreias de espetáculos musicais e teatrais, exposições artísticas, etc? Quem nunca esteve diante das dúvidas: que livro ler? A que filme assistir? Que cd escutar? A que peça de teatro assitir? A sociedade contemporânea está imersa na oferta de uma inumerável quantidade de produtos culturais que estão aí para serem consumidos. Fazer escolhas baseadas nas leituras de opiniões de críticos respeitados da imprensa – as resenhas críticas – pode ser uma boa alternativa. Assim como saber emitir um ponto de vista sobre os objetos culturais contemporâneos e argumentar em seu favor podem auxiliar outros nas suas escolhas. Portanto, compreender e produzir uma resenha crítica são ferramentas importantes para participar do mundo cultural de hoje. Leia o texto abaixo: “Sombras da Noite” e a acomodação de Tim Burton Thiago César
Tim Burton é um daqueles cineastas que imprimem uma marca registrada em suas obras. Mesclando fantasia, terror e comédia, o diretor garantiu seu espaço em Hollywood pela originalidade de estilo. Entretanto, nos últimos anos, Burton tem sido vítima da própria estratégia, afundando-se na insistência em uma metodologia visual e narrativa específicas, da qual parece não querer ou não saber como se libertar. “Sombras da Noite” (Dark Shadows) é uma adaptação da novela de TV homônima dos anos 70. Conta a história de Barnabas Collins (Johnny Depp), membro de uma rica família do século XVIII, que é vítima de uma maldição da bruxa Angelique (Eva Green) e se transforma em um vampiro. Guiados pela bruxa, o povo da cidade aprisiona Barnabas em um caixão debaixo da terra. Vivendo na escuridão por quase duzentos anos, é finalmente descoberto e liberto na década de 1970. De volta à sua antiga mansão, o vampiro reencontra um lugar entre seus descendentes, disposto a se vingar de Angelique e a garantir o conforto de sua família. Como não poderia deixar de ser, o longa conta com Johnny Depp e Helen Bonhan Carter (esposa de Burton) no elenco, em sua oitava e sétima colaboração com o diretor, respectivamente. Este costume quase obsessivo quanto à presença de ambos em praticamente todos os seus 4
Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 5 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013 filmes – assim como a trilha sonora composta sempre por Danny Elfman –, já é um forte indício da sua falta de desprendimento, preferindo não explorar outras alternativas e suas potenciais contribuições para a diversidade das obras. Dito isso, no geral, o elenco é bom demais para o filme. Infelizmente, alguns atores têm seus inquestionáveis talentos prejudicados pela falta de oportunidade. Helen Bonhan Carter está ótima no papel da doutora Julia Hoffman, médica da família, mas é muito mal aproveitada. Michelle Pfeiffer (que já trabalhou com o diretor em “Batman – O Retorno”) realiza uma atuação genérica devido à falta de personalidade de sua personagem, Elizabeth Collins, atual matriarca da família. Jackie Earle Haley, que vive o empregado Willie, é reduzido a um mero alívio cômico. Jonny Lee Miller, que interpreta o deslocado marido Roger Collins, pode até passar despercebido durante a história, mas seu papel na subtrama familiar é um dos definidores de caráter para o protagonista. Johnny Depp se limita a fazer apenas o que sempre faz em seus papéis bizarros que lhe garantem a fama, mas também não decepciona. Eva Green talvez seja quem mais se destaca no longa, divertindo-se na pele da bruxa Angelique. Entretanto, os personagens que realmente têm urgência de um melhor desenvolvimento devido às suas funções em momentos específicos são a empregada novata Victoria (Bella Heathcote) e os filhos do casal Collins – David (Gulliver McGrath) e Carolyn (Chloë Grace Moretz). A primeira é o interesse amoroso de Barnabas e seu principal vínculo com o presente; o segundo é esquecido durante a maior parte do filme para retornar depois com um destaque tão grande quanto inesperado; e a terceira, a mais dedicada dos três em termos de atuação, guarda características que não encontram nenhum indício correspondente até o momento de se manifestar de forma explícita. Grande parte dessas falhas é de responsabilidade do roteiro de Seth Grahame-Smith, onde falta ritmo, atenção e criatividade. O carisma do elenco e o teor cômico da narrativa são os únicos elementos que sustentam o interesse do público, salvando-lhe de uma experiência enfadonha e arrastada se baseada apenas no acompanhamento do enredo. O foco no protagonista, revelando sua personalidade e suas motivações, é bem construído em termos de possibilitar a compreensão e a empatia por parte do espectador. Por outro lado, os personagens secundários que exercem função direta na evolução da trama são mal trabalhados ou simplesmente ignorados. As consequências disso desembocam totalmente no terceiro ato, onde alguns aspectos de caráter decisivo surgem como elementos surpresa numa tentativa desesperada de tapar o buraco deixado ao longo da história. O design de produção de Rick Heinrichs – outro nome frequente na filmografia de Burton – e a direção de arte são de longe os pontos altos do filme. As maquiagens exageradas e a cenografia colorida, associados à bela fotografia de Bruno Delbonnel, concedem uma identidade imagética ao longa que merece reconhecimento. No entanto, isso não é novidade nas obras do diretor, para quem o visual tem uma importância prioritária e até hoje não deixou a desejar. Os grandes defeitos de “Sombras da Noite”, que comprometem todo seu mérito em determinados aspectos, são de ordem narrativa. Pior do que um roteiro fraco é uma direção acomodada, baseando-se numa metodologia desgastada que não funciona mais como na década de 90 – época dos melhores filmes do diretor. Um apelo unicamente visual, sem que os estereótipos e o próprio estilo criativo sejam postos em questão e renovados, não é significativo o bastante para apoiar toda a obra. 1. O texto que você leu é um exemplo de crítica ou resenha crítica, um tipo de texto muito comum em jornais e revistas. A finalidade da crítica é informar sobre o lançamento de uma 5
Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 6 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013 obra – filme, livro, disco, show, etc. – e avaliar sua qualidade. a) Na crítica lida, qual é a obra em análise? b) Quanto à qualidade apresentada pela obra, as críticas são favoráveis ou desfavoráveis? 2. Para o autor da crítica vale a pena ver o filme? Que adjetivos, empregados no último parágrafo, confirmam a opinião que ele tem sobre o filme? 3. Na crítica, o autor geralmente defende um ponto de vista sobre a obra (se ela é boa ou não) e procura comprová-lo com explicações, exemplos, etc. Isso nos leva a crer que a crítica pertence a um dos seguintes grupos de gêneros de texto. Qual deles? Marque a resposta correta. a) narrativos ficcionais b) instrucionais c) argumentativos
Agora é a sua vez! – Redação 2 Escolha uma obra, de preferência recente, sobre a qual você vai produzir uma crítica. Pode ser filme, vídeo, DVD, CD, história em quadrinhos, peça teatral, show musical ou uma obra de outro tipo. Primeiramente tome contato com a obra, anotando os dados sobre ela. Por exemplo, se for um filme ou uma peça teatral, anote o nome do diretor, dos atores que fazem os principais papéis, dos responsáveis pelo figurino ou pela trilha sonora, etc. Se for um CD ou um show, informe-se sobre os participantes da gravação, se a banda já realizou outros trabalhos, quais e quando, se há alguma faixa de destaque, etc. Quando tiver dados suficientes, inicie a produção do texto. Siga as instruções: a) Apresente a obra ao leitor por meio de dados objetivos, como o nome e o autor dela, quem participou da produção, o preço, de que modo o leitor pode ter acesso a ela: em qual ou quais livrarias, lojas, cinemas ou teatros, etc. b) Posicione-se sobre a obra: se é um bom trabalho ou não, se vale a pena ter acesso a ela e por quê. Para isso, fundamente seu ponto de vista com argumentos claros. Se possível, compare a obra com outras do mesmo autor ou diretor. Por exemplo, um filme com outros filmes do mesmo diretor, as características de um CD com as de outros CDs de um mesmo cantor ou compositor, e assim por diante. Nessa comparação, cite pontos positivos e negativos da obra. c) Tenha claro o perfil do público. Empregue uma linguagem clara e objetiva, de acordo com a variedade padrão, mas adequada ao perfil dos leitores.
A crítica – parte II Leia a crítica de livro abaixo: O três rivais de Harry Potter Os órfãos Baudelaire, protagonistas da coleção Desventuras em Série, são o novo fenômeno da literatura infantil Isabela Boscov
Pobres irmãos Baudelaire. Perder seus pais num incêndio foi só o começo de seu azar. 6
Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 7 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013 Violet, Klaus e Sunny Baudelaire herdaram uma fortuna, mas não podem tocá-la até que Violet complete a maioridade. Até ali as três crianças terão de viver de tutor em tutor, submetidas a agruras inacreditáveis – trabalhar numa serraria, passar o inverno à base de sopas frias ou morar num barracão infestado de caranguejos. Como Violet tem 14 anos, Klaus apenas 12 e Sunny é um bebê, pode-se imaginar o desafio dessas provações. Pior: por causa de seu dinheiro, os Baudelaire são perseguidos pelo maléfico conde Olaf. Desde o início da coleção Desventuras em Série – que terá treze livros – o autor, Lemony Snicket, avisa que quem gosta de histórias felizes deve desistir de ler sobre os Baudelaire. O dificil é seguir seu conselho. Os cinco volumes já publicados no Brasil – o quinto deles, Inferno no Colégio Interno (tradução de Carlos Sussekind; Companhia das Letras; 208 páginas), chega às livrarias na próxima semana – são um exemplo do que pode haver de melhor na literatura infantil: textos que divertem e estimulam a leitura de outros livros. Desventuras em Série é produto da imaginação do americano Daniel Handler, de 32 anos. Handler usa o pseudônimo Lemony Snicket como jogo de cena. Nas sessões de leitura que promove, diz ser o “representante literário, legal e social do senhor Snicket”, e inventa uma desculpa esdrúxula para a ausência do titular imaginário – como uma mordida de tubarão nas axilas. A criançada adora entrar na brincadeira. E também adora ler os relatos do melodramático Snicket, que vêm acompanhados de poucas, mas belas ilustrações. Os oito livros já publicados nos Estados Unidos venderam até agora 4 milhões de exemplares, e sete deles estiveram ao mesmo tempo na lista de infantis mais vendidos do The New York Times. Isso sem uma campanha publicitária maciça nem truques de magia, os trunfos do rival mais famoso dos Baudelaire nas livrarias – o bruxinho inglês Harry Potter. Varinha de condão é o que não há na vida dos Baudelaire. Handler gosta de exaltar o papel da inteligência dos irmãos em sua sobrevivência, e também cuida de expandir o vocabulário de seu público. Usa palavras difíceis, explica seu significado com muita graça e depois as emprega em contextos diversos. Além disso, é um fanático por citações – e o sobrenome dos órfãos, referência ao poeta francês Charles Baudelaire, é só a mais óbvia delas. Todos os livros trazem dedicatórias a uma certa Beatrice – como a musa do poeta italiano Dante Alighieri. O banqueiro que cuida da fortuna das crianças é o senhor Poe, um tributo ao escritor americano Edgar Allan Poe. [...] Handler sabe que seu público não entende a maioria desses trocadilhos, mas diz que seu prazer maior está reservado para o futuro. “Adoro imaginar que meus leitores perceberão as minhas referências aos poucos, à medida que crescerem.” Órfão e Azarados Se vocês se interessam por histórias com final feliz, é melhor ler algum outro livro. [...] Momentos felizes não são o que mais encontramos na vida dos três jovens Baudelaire, cuja história está aqui contada. Violet, Klaus e Sunny Baudelaire eram crianças inteligentes, encantadoras e desembaraçadas, com feições bonitas, mas com uma falta de sorte fora do comum, que atraía toda espécie de infortúnio, sofrimento e desespero. Lamento ter que dizer isso a vocês, mas o enredo é assim. Fazer o quê? Trecho de Mau começo, de Lemony Snicket (Veja, 21/8/2002.)
Exercícios 1. O texto é uma crítica sobre a coleção de livros Desventuras em Série, de Lemony Snicket, 7
Língua Portuguesa – Redação: Lista 4º bimestre A carta de leitor e a resenha crítica Página 8 de 8 Colégio Integral – série 7º ano – 4º bimestre - 2013 pseudônimo do escritor americano Daniel Handler. a) Que diferenças esses livros apresentam em relação a outras obras destinadas ao público infanto-juvenil? b) O título da coleção confirma essa diferença? Por quê? 2. A crítica é favorável ou desfavorável às obras da série? Justifique sua resposta com um trecho do 1º parágrafo. 3. O autor da crítica apresenta, logo no 1º parágrafo, o núcleo da trama narrativa, isto é, os fatos centrais em que se baseia o conjunto das obras. Identifique esse núcleo. 4. Segundo o texto, a coleção de livros já vendeu 4 milhões de exemplares nos Estados Unidos. Por causa desse sucesso, ela é comparada a outro grande sucesso nas livrarias do mundo inteiro: a coleção que tem Harry Potter como personagem principal. a) Por que o autor da crítica chama Harry Potter de “o mais famoso rival dos Baudelaire”? b) De acordo com o texto, que diferenças ocorreram quanto à divulgação das duas coleções? c) O que o autor quer dizer com a frase “Varinha de condão é o que não há na vida dos Baudelaire”? 5. Geralmente as pessoas gostam de histórias com final feliz. Entretanto, no início de Mau começo, a primeira obra da coleção Desventuras em Série, Lemony Snicket quebra essa expectativa em relação à história de seu livro. Leia o texto cujo título é Órfãos e azarados e dê sua opinião: o trecho reproduzido estimula a leitura? Por quê? 6. A crítica lida foi publicada em Veja, uma revista de circulação nacional e cujo público é formado principalmente por adultos com nível de escolaridade médio ou alto. a) Que variedade linguística predomina nela: a padrão ou uma não padrão? b) Apesar disso, o texto é acessível a uma pessoa da sua idade? c) Se as crianças geralmente não leem essa revista, por que você acha que essa crítica foi publicada nela?
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