21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

NBR 12211– Estudos de Concepção de Sistemas Públicos de Abastecimento de Água - Procedimento. 15p., Rio de Janeiro. 2. ... I-061.PDF Author: agua...

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I-061 - ESTIMATIVA DO CONSUMO PER CAPITA EM COMUNIDADES ATENDIDAS PELA UNIDADE DE NEGÓCIO DO MÉDIO TIETÊ

Carlos Augusto de Carvalho Magalhães (1) Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Doutorando em Hidráulica e Saneamento na EESC/USP. Engenheiro da Divisão de Projetos da U.N. Médio Tietê – SABESP. José Moreno Engenheiro Civil pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC – USP. Engenheiro da Divisão de Projetos da U.N. Médio Tietê – SABESP Alceu de Castro Galvão Júnior Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela EESC – USP. Trabalhou como Engenheiro da Divisão de Projetos da U.N. Médio Tietê – SABESP até fevereiro / 2001. Atualmente é Coordenador de Saneamento Básico da Agência Reguladora do Estado do Ceará – ARCE Endereço(1): Rua Dr. Costa Leite, 2000 – Centro – Botucatu – São Paulo - CEP: 18606-820 - Brasil - Tel.: (014) 6802-8240 - Fax: (014) 6802-8242 - e-mail: [email protected] RESUMO Na elaboração de estudos e projetos de sistemas de abastecimento de água e de esgotos sanitários, são necessários elementos e parâmetros para o dimensionamento das unidades projetadas. No presente trabalho foi realizado um estudo de consumo de água efetivo “per capita” em comunidades sob a responsabilidade da Unidade de Negócio do Médio Tietê, da Vice Presidência do Interior da SABESP, com sede em Botucatu, Estado de São Paulo no período de 1998 a 2000. Essa Unidade de Negócio atende cerca de 100% da população urbana com serviços públicos de abastecimento de água sendo que, todo o sistema de água é medido. Este estudo foi realizado através de dados de macromedição, de micromedição e de população atendida, coletados mensalmente. PALAVRAS-CHAVE: Consumo “per capita”, Micromedição, Macromedição. INTRODUÇÃO A configuração topográfica, as características geológicas da região, a definição dos consumidores a serem atendidos, sua distribuição na área a ser abastecida, a estimativa da quantidade de água necessária e as vazões de dimensionamento são os principais elementos e parâmetros indicados pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da norma NBR 12 211 – “Estudos de Concepção de Sistemas Públicos de Abastecimento de Água – Procedimento”. Para se estimar a quantidade de água exigida pela população, na área de projeto, é necessário conhecer-se o consumo médio diário de água de um indivíduo, comumentemente denominado de Quota “Per Capita” (QPC) ou Consumo “Per Capita”. Segundo TSUTIYA (1999), normalmente, no Brasil adota-se o consumo médio per capita usado em projetos de sistemas de abastecimento de água, para se avaliar, os sistemas de esgotos. Entretanto, cabe ressaltar que para projetos de sistemas de abastecimento de água, adota-se o consumo per capita para satisfazer ao consumo doméstico, ao consumo comercial, ao consumo público, ao consumo industrial que não utiliza a água em seu processo produtivo, e às perdas. Para o dimensionamento do sistema de esgotos deve ser utilizado o consumo efetivo “per capita”, não incluindo as perdas de água.

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VON SPERLING (1995), após uma revisão bibliográfica, definiu valores típicos do consumo “per capita” para populações dotadas de ligações domiciliares, conforme é apresentado na Tabela 1. Tabela 1 : Consumo per capita de água Consumo per capita (l/hab.dia)

Porte da Comunidade Faixa da população (habitantes) Povoado rural Vila Pequena localidade Cidade média Cidade grande

< 5.000 5.000 – 10.000 10.000 – 50.000 50.000 – 250.000 > 250.000

90 – 140 100 – 160 110 – 180 120 – 220 150 – 300

O consumo “per capita” é um parâmetro extremamente variável entre diferentes localidades, dependendo de diversos fatores dentre os quais destacam-se: os hábitos higiênicos e culturais da comunidade; a quantidade de micromedição do sistema de abastecimento de água; as instalações e equipamentos hidráulico-sanitários dos imóveis; os controles exercidos sobre o consumo; o valor da tarifa e a existência ou não de subsídios sociais ou políticos; a abundância ou escassez de mananciais; a intermitência ou regularidade de abastecimento; a temperatura média da região; a renda familiar; a disponibilidade de equipamentos domésticos que utilizam água em quantidade apreciável; os índices de industrialização; a intensidade e tipo de atividade comercial, entre outros. A Tabela 2 apresenta como os diversos fatores influenciam no consumo de água de uma comunidade. Tabela 02 : Fatores de influência no consumo de água Fator de influência

Comentário

Clima

Climas mais quentes e secos induzem a um maior consumo

Porte da Comunidade

Cidades maiores geralmente apresentam mais consumo per capita

Condições econômicas da comunidade Grau de industrialização

Um melhor nível econômico associa-se a um maior consumo

Medição do consumo residencial

A presença de medição inibe um maior consumo

Custo da água

Um custo mais elevado reduz o consumo

Pressão da água

Elevada pressão induz a maiores gastos

Perdas no sistema

Perdas implicam na necessidade de uma maior produção de água

Localidades industrializadas apresentam maior consumo

Fonte : Adaptado de VON SPERLING (1995).

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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Segundo AZEVEDO NETO (1998), no Estado de São Paulo, o consumo médio “per capita”, mínimo admitido, é de 200 litros por habitante e por dia. O consumo efetivo (sem perdas), verificado em várias cidades é, em média, de 150 litros por habitante e por dia. A SABESP no seu Caderno de “Normas Técnicas” para Projetos dos Sistemas de Água e Esgotos para loteamentos, predominantemente residenciais, recomenda um consumo “per capita” de 200 litros por habitante e por dia. OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo avaliar os consumos médios “per capita” dos sistemas de abastecimentos de água das comunidades atendidas pela SABESP no interior do Estado de São Paulo, através da Unidade de Negócio do Médio Tietê. METODOLOGIA O consumo médio efetivo per capita (qm), isto é, o consumo sem perdas, numa cidade com sistema de água em funcionamento regularmente pode ser obtido dividindo-se o volume total de água distribuída (micromedido), durante um mês, pelo número de dias desse mês e pelo número de habitantes beneficiados. Com os dados de 12 meses faz-se a média anual desse consumo efetivo “per capita”, sendo expresso geralmente em litros por habitantes e por dia (l/hab.dia). No presente trabalho, foram calculados os consumos efetivos per capita de 83 sistemas de abastecimento de água, com população beneficiada variando de 80 a 113.000 habitantes e durante o período de 1.998 a 2.000. Dentre esses sistemas destacam-se os municípios de Botucatu, Boituva, São Manuel, Pederneiras, Tatuí, São Roque, Itatiba, Várzea Paulista, Hortolândia e Paulínia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após análise dos dados foram obtidos os seguintes resultados: Tabela 03 : População versus Consumo Efetivo Per Capita (qm) Faixa de (habitantes)

População qm (l/hab.dia)

< 2.000 2.000 – 10.000 10.000 – 50.000 50.000 – 120.000

130 125 133 128

Como pode-se observar na tabela anterior, nos sistemas de abastecimento em análise, apesar das características particulares de cada município, o consumo médio efetivo “per capita” em termos de população, não variou de forma significativa, indicando, dessa forma, que não houve correlação entre os dados em estudo. Tal fato nota-se também na Figura 01:

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Figura 01 : População versus Consumo Efetivo Per Capita (qm)

População IM - q m = 129 l/hab.dia 250

q m (l/hab.dia)

200 150 100 50

25 2 42 1 62 3 78 0 10 10 12 56 17 25 30 04 37 21 72 84 84 43 10 95 4 14 89 4 28 87 9 39 73 7 77 87 2

83

0

População

O consumo médio efetivo “per capita” (qm) encontrado nos 83 sistemas de abastecimento de água atendidos pela Unidade de Negócio do Médio Tietê da SABESP, foi de 129 l/hab.dia com um desvio padrão de 22,7 l/hab.dia. E o consumo médio “per capita” (q), incluindo as perdas, foi de 199 l/hab.dia, sendo que o índice de perdas médio foi de 35%. CONCLUSÃO Apesar de ser analisado, no presente trabalho, o abastecimento de comunidades desde povoados rurais até cidades de médio porte, conclui-se que não foi possível comprovar uma correlação do consumo “per capita” com a população atendida. E o valor médio obtido do consumo efetivo per capita foi de 129 l/hab.dia.

AGRADECIMENTOS Ao Departamento de Planejamento e Obras do Médio Tietê da SABESP – IMP, pelo apoio. Ao Departamento Técnico do Médio Tietê da SABESP – IMO, pelo fornecimento dos dados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1990). NBR 12211 – Estudos de Concepção de Sistemas Públicos de Abastecimento de Água - Procedimento. 15p., Rio de Janeiro. AZEVEDO NETTO, J.M. Manual de Hidráulica. 8ª ed., Edgard Blücher, São Paulo, 1998. SABESP. Caderno de Normas Técnicas para Projeto dos Sistemas de Água e Esgotos para Loteamentos predominantemente Residenciais na Área da IM. Sabesp, Botucatu, 2000. TSUTIYA, M.T. & SOBRINHO, P.A. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário. 1ª ed., USP, São Paulo, 1999. VON SPERLING, M. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento dos Esgotos Vol.1. Belo Horizonte, UFMG, 1995.

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