Avaliação de percepções de importância, domínio e a

selecionadas e adaptadas do Inventário de Habilidades Sociais de Del Prette e Del Prette (2001), por parecerem úteis em interações envolvendo a copare...

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G.8.1 - Psicologia

Avaliação de percepções de importância, domínio e a frequência de uso de habilidades sociais no contexto da coparentalidade: mães e pais concordam? 1

Thaís R. de Carvalho , Elizabeth J. Barham

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1. Estudante de mestrado da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar; *[email protected] 2. Pesquisadora do Departamento de Psicologia, UFSCar, São Carlos/SP Palavras Chave: Coparentalidade, habilidades sociais, gênero

Introdução No decorrer dos últimos 40 anos ocorreram muitas mudanças nos papéis sociais de homens e mulheres. O modelo social que levava os homens a trabalhar fora de casa, sendo os provedores únicos da família, e as mulheres a cuidar da casa e dos filhos, vem sendo substituído por um modelo que encoraja tanto os homens quanto as mulheres a assumir os dois papéis: trabalhar fora e cuidar da casa e dos filhos (Vanalli, 2012; Wagner, Predebom, Mosmann & Verza, 2005). Neste contexto, está surgindo um novo padrão de interação entre pais e mães, conhecido como coparentalidade, com a finalidade de atender, da melhor forma possível, às necessidades dos filhos. A coparentalidade diz respeito à forma segundo a qual os pais trabalham juntos, enquanto equipe, nos cuidados em relação aos filhos, focando o desempenho dos seus papéis de pais (Feinberg, 2002). Quando ambos os membros do casal se envolvem nos cuidados dos filhos, o estabelecimento da coparentalidade demanda, além das habilidades parentais em si, o uso de habilidades sociais relevantes a esse contexto. Tendo em vista a forte presença de diferenças ligadas ao gênero na parentalidade (Vanalli, 2012), questiona-se se também existem diferenças ligadas ao gênero no uso das habilidades envolvidas na coparentalidade. Diante disso, o objetivo deste estudo foi de comparar as percepções de mães e pais quanto a: (a) importância, (b) seu domínio e (c) frequência com a qual usam habilidades sociais para se comunicar, um com o outro, a respeito de seu(s) filho(s).

Resultados e Discussão Foram entrevistados 23 casais que tinham pelo menos um filho com idade entre 3 e 5 anos. Cada membro do casal avaliou, individualmente, 12 habilidades, que foram selecionadas e adaptadas do Inventário de Habilidades Sociais de Del Prette e Del Prette (2001), por parecerem úteis em interações envolvendo a coparentalidade. Essas habilidades incluíam: se expressar com clareza, elogiar, criticar de forma construtiva, criar oportunidades para o outro se expressar, pedir ajuda, entre outras, sempre no contexto de conversar com o parceiro sobre a criança. As escalas de pontuação de importância e domínio variavam de 1 (sem importância, nenhum domínio) a 10 (importância total, domínio total) e a escala de frequência de uso das habilidades variava de 0 (nunca) a 10 (sempre). Em relação às avaliações da importância das 12 habilidades apresentadas, as mulheres atribuíram pontuações médias superiores a 8,0 para todas as habilidades e os homens atribuíram pontuações médias superiores a 8,0 para 11 das 12 habilidades. Nota-se que mulheres e homens apresentaram percepções de importância semelhantes, demonstrando que todos estavam cientes da importância das habilidades apresentadas, o que é muito positivo no contexto de negociação dos cuidados em relação aos filhos.

Com base na pontuação do domínio (ou competência) dos respondentes em relação às 12 habilidades apresentadas, observamos que as mulheres atribuíram pontuações médias superiores a 8,0 (alto domínio) para cinco habilidades, enquanto os homens indicaram alto domínio para oito habilidades. Assim, os homens se perceberam como altamente competentes em um número maior de habilidades do que no caso das mulheres. Em relação à frequência do uso das 12 habilidades, as mulheres atribuíram pontuações médias na faixa de 8,0 a 9,0 pontos para duas habilidades, apenas. Já os homens atribuíram média igual ou superior a 8,0 para sete habilidades, sendo que uma dessas habilidades foi pontuada com média superior a 9,0. Nota-se que os homens atribuíram médias altas para a frequência de seu desempenho em um número maior de habilidades, quando comparados com as mulheres. Em suma, embora não tenham sido observadas diferenças em relação à importância das habilidades, as mulheres parecem ser mais críticas do que os homens em relação ao seu domínio e à frequência de uso das habilidades avaliadas. A alta exigência das mulheres nas análises que faziam de si mesmas possivelmente é devida ao uso de critérios de avaliação de seu desempenho diferentes daqueles usados pelos homens.

Conclusões Diante das pontuações altas dadas pelos participantes em relação à importância de cada uma das habilidades, pode-se concluir que os casais concordam que estas habilidades contribuem para organizar os cuidados em relação aos filhos. Assim, será importante elaborar e avaliar intervenções ligadas ao desenvolvimento dessas habilidades, quando os parceiros apresentarem baixo domínio ou frequência de uso das mesmas. Além disso, será útil criar e validar um instrumento que possa ser usado em trabalhos de intervenção (especialmente em programas de prevenção de conflitos conjugais ligados à parentalidade), que capte as interações importantes que precisam acontecer (ou que não devem acontecer) nesse contexto.

Agradecimentos Instituição de fomento: CNPq/PIBIC ____________________ Del Prette, A., & Del Prette, Z.A.P. (2001). Inventário de Habilidades Sociais: Manual de aplicação, apuração e interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo. Feinberg, M. (2002). Coparenting and the transition to parenthood: A framework for prevention. Clinical Child and Family Psychology Review, 5(3), 173-195. Vanalli, A.C.G. (2012). Conciliação entre profissão, conjugalidade e paternidade para homens e mulheres com filhos na primeira infância. Tese de doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil. Wagner, A., Predebon, J., Mosmann, C., & Verza, F. (2005). Compartilhar tarefas? Papéis e funções de pai e mãe na família contemporânea. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 21(2), 181-186.

67ª Reunião Anual da SBPC