EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E INCLUSÃO: Desafios encontrados

— 6 — forma o surgimento da Educação Física Adaptada vem contribuindo para minimizar esta visão da disciplina, fazendo com que as escolas repensem sob...

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ISSN 2238-300X

EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E INCLUSÃO: Desafios encontrados pelos professores de educação física no trabalho com alunos com deficiência. ADAPTED PHYSICAL EDUCATION AND INCLUSION: CHALLENGES ENCOUNTERED BY TEACHERS OF PHYSICAL EDUCATION IN WORKING WITH STUDENTS WITH DISABILITIES.

Raull Felippe de Almeida Brito1 João Franco Lima2

Resumo: O presente artigo aborda como temática central a inclusão e a Educação Física adaptada, focando especificamente nos desafios encontrados pelos professores de Educação Física no trabalho com alunos deficientes. O estudo visou analisar os desafios encontrados pelos professores diante a inclusão de pessoas com alguma deficiência. Além disso, procuramos evidenciar as necessidades desses profissionais no trabalho com indivíduos portadores necessidades especiais, e estabelecer uma relação entre a formação profissional e a prática docente com os alunos. Participaram do estudo cinco professores de Educação Física do Colégio Estadual Vitor Soares, os quais responderam a um questionário com questões estruturadas acerca dos principais desafios enfrentados pelo profissional diante do processo de inclusão. Os resultados mostraram que boa parte dos professores não teve, em sua formação inicial, disciplinas referentes à Educação Física adaptada ou à inclusão e que a capacitação profissional surgiu como forma de preencher essa carência. Verificou-se também que os maiores desafios citados pelos professores estão diretamente ligados com a formação inicial. Concluiu-se que é necessário que os professores de Educação Física busquem qualificação para enfrentar os desafios no processo de inclusão de alunos com algum tipo de deficiência em suas aulas, já que é uma realidade encontrada nas escolas. Palavras-chave: Educação física adaptada, professores, inclusão.

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Licenciado em Educação Física pela UNIJORGE – (E-mail: [email protected] ) Licenciado em Educação Física pela UCSAL, Mestre pela UFMG, Professor da UNIJORGE

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Abstract: This article discusses how central theme of inclusion and adapted physical education, focusing specifically on the challenges faced by physical education teachers to work with students with disabilities. The paper examines the challenges faced by physical education teachers on the inclusion of people with disabilities. In addition, we sought to highlight the needs of professionals working with disabled students, and establish a relationship between training and practice of teaching students. The study included five physical education teachers of the State College Vitor Soares, which answered a questionnaire with structured questions about the main challenges faced by the professional before inclusion. The results showed that most of the teachers had no training in their disciplines related to adapted physical education, inclusion and the professional training emerged as a way to fill this deficiency. It was also found that major challenges cited by teachers are directly connected with the initial training. It was concluded that it is necessary for physical education teachers seek to prepare for the process of inclusion of students with disabilities in their classes, since it is a reality found in schools. Keywords: Adapted physical education, teachers, inclusion.

INTRODUÇÃO A Educação Física Escolar por vários anos foi, e ainda é bastante excludente na sua prática educativa; nos últimos tempos tem crescido o número de pessoas com deficiência que estão frequentando as aulas de Educação Física, em especial no Ensino Regular. A Constituição Federal de (1988) e a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº 9394/96) obrigam as escolas a receberem todos os indivíduos portadores de deficiência. Este fato nos leva a alguns questionamentos, tais como: será que realmente os professores de Educação Física foram preparados para lidar com o processo de inclusão? Ou, até mesmo, as escolas no seu planejamento arquitetônico estão preparadas? Os cursos de Graduação em Educação Física fornecem subsídios aos professores para trabalhar junto a pessoas com deficiência? Essas inquietações nos levam a pensar que não basta à lei apenas garantir o direito das pessoas com deficiência de frequentar a escola e sim garantir as condições necessárias de aprendizagem. Neste sentido, esta pesquisa tem como objeto a inclusão e a Educação Física adaptada, focando especificamente nos desafios encontrados pelos professores de Educação Física no trabalho com

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alunos com deficiência. A abordagem dessa temática é bastante importante, pois trará para o professor de Educação Física a realidade encontrada na lida diária com alunos deficientes, para que, a partir daí, estes profissionais possam criar possibilidades para superar as barreiras da exclusão. Sendo assim, são imprescindíveis estudos voltados à área de Educação Física adaptada e inclusão, já que as escolas estão, cada vez mais, abrindo suas portas para atender essa nova demanda de alunos, baseadas nas leis que asseguram seus direitos. Partindo desses princípios, acima mencionados, surgiu o problema desta pesquisa que se apresenta na seguinte questão: Quais os desafios encontrados pelos professores de Educação Física em lidar com a inclusão de alunos com deficiência? Buscando a resposta a essa questão, este estudo visou evidenciar as necessidades desses profissionais, bem como conhecer e analisar os desafios enfrentados pelos professores de Educação Física diante a inclusão de pessoas com deficiência e estabelecer uma relação entre a formação profissional e a prática docente com alunos com deficiência. O trabalho foi desenvolvido por meio de uma Pesquisa de Campo que buscou identificar os desafios encontrados pelos professores de Educação Física no trabalho com alunos com deficiência, no qual os professores de Educação Física do colégio estadual Vitor Soares apontaram seus principais desafios em relação á inclusão de alunos com deficiência nas aulas. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com questões estruturadas, acerca dos principais desafios enfrentados pelo profissional diante a inclusão. INCLUSÃO A sociedade atual vem discutindo muito a respeito da Inclusão no contexto escolar. As várias discussões são em torno das possibilidades e desafios para a concretização da Inclusão e é imprescindível que haja por parte da sociedade a concepção de que a verdadeira Inclusão deve, necessariamente, permitir o princípio da igualdade de direito. Segundo Sassaki (1997) apud Cidade e Freitas (2002, p. 26):

A inclusão é um processo que exige transformações, pequenas e grandes nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais, com o objetivo de se alcançar uma sociedade que não só aceite e valorize as diferenças individuais humanas, por meio da compreensão e da cooperação.

Já para Mantoan (2003), apud Junqueira e Bacciotto (2004, p.1), “A inclusão é a modificação da sociedade, sendo ela adaptada

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para receber as pessoas com deficiência”. Para a autora, não basta somente a preparação do ambiente escolar para a inclusão dos alunos, ou seja, os alunos se adaptarem para serem incluídos na escola, é preciso também que a escola mude para receber os alunos. Ainda conforme a autora, as Escolas Inclusivas propõem um modo de organização do Sistema Educacional que considera as necessidades de todos os alunos. Percebe-se nessa concepção que a Inclusão deve causar uma mudança de perspectiva educacional, haja vista que não se limita a ajudar tão somente os alunos que apresentam dificuldade na escola, mas esse apoio deve ser extensivo a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que todos obtenham de fato, o sucesso na corrente educativa. Dessa forma, a Inclusão passa a ser vista como um Sistema que estabelece a inserção do aluno com deficiência a um grupo de outros alunos que não foram anteriormente excluídos. Assim a meta da inclusão é, desde o início, não deixar ninguém de fora do sistema escolar, o qual, necessariamente terá que se adaptar às particularidades de todos os alunos para que realmente haja a Inclusão. Nesse contexto, os recursos físicos e materiais para a concretização de um processo escolar devem ceder espaço para o desenvolvimento de procedimentos atitudinais na escola exigindo novas formas de relacionamento pessoal e social de maneira de que seja possível efetivar os processos de ensino e aprendizagem. Dentro dessa perspectiva, a formação de todos os envolvidos na Inclusão é condição indispensável para o sucesso da proposta, aliado evidentemente à assistência às famílias para que haja de fato uma sustentação aos que estão diretamente implicados com as mudanças. A preparação do professor na sua formação inicial muitas das vezes é falha, pois, há um choque do que foi aprendido pelo professor, na teoria, e sua aplicação na prática, já que os futuros professores esperam que, em seus cursos de formação, lhes ensinem receitas prontas de como trabalharem na sala de aula. Segundo Mantoan (2003, p. 43) “Todos os níveis de cursos de formação de professores devem sofrer modificações nos seus currículos, de modo que os futuros professores aprendam práticas de ensino adequadas ás diferenças”. Outra questão importante é a participação ativa dos familiares, já que na maioria das vezes os próprios pais representam obstáculos devido à superproteção ou até mesmo a negação da deficiência, sendo que os mesmos são a peça-chave para que a Inclusão alcance seus objetivos no processo de ensino e aprendizagem. Para Mantoan (2003, p. 53); Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola brasileira. Eles são uma força estimuladora e

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reivindicadora dessa tão almejada recriação da escola, exigindo o melhor para seus filhos, com ou sem deficiência, e não se contentando com projetos e programas que continuem batendo nas mesmas teclas e maquinando o que sempre existiu.

A garantia à educação e ao acesso à escola sem descriminação é uma questão de direito, dada pela Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n 9394/96), para o qual as escolas e os professores devem estar preparados para desenvolver de forma altamente especializada o atendimento a pessoas com deficiência, respeitando as necessidades especiais de forma individualizada. Mesmo diante dessa garantia, sabemos que as escolas do Ensino Regular ainda não estão preparadas para receber alunos com deficiências, partindo da falta de preparo dos professores, que não se sentem capacitados para desenvolver o trabalho de Inclusão e até mesmos a própria sociedade, onde os colegas de sala não aceitam esse processo de interação entre os alunos, refletindo na não aceitação dos alunos com deficiência, expondo na maioria das vezes esses indivíduos como motivo de chacotas. EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA A Educação Física Adaptada é uma área de conhecimento da Educação Física que tem como ideia principal incluir as pessoas com deficiência em um conjunto de atividade, jogos, esportes e exercícios. Pois, muitas vezes, esses indivíduos são excluídos devido a suas condições. Segundo Duarte e Werner (1995), apud Cidade e Freitas (2002, p. 27):

A Educação Física Adaptada é uma área da educação física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educacionais especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento ás características de cada aluno com deficiência, respeitando suas diferenças individuais.

Para o autor, o processo de ensino aprendizagem deve ser adequado às características individuais de cada pessoa com deficiência. Já para Martins (1995), apud Filus e Martins Junior (2004, p.79), refere que a “Educação Física Adaptada é um campo emergente da educação física, onde o professor deve ser paciente, observador e criativo”. O autor destaca a importância do professor, pois, para lidar com esses indivíduos, as dificuldades são sempre maiores. A Educação Física esbarra em históricas dificuldades, onde são selecionados os mais aptos e os melhores para sua prática, sendo que os demais alunos, aqueles considerados anormais ficam de fora. Dessa

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forma o surgimento da Educação Física Adaptada vem contribuindo para minimizar esta visão da disciplina, fazendo com que as escolas repensem sobre as necessidades dos alunos com deficiência. Conforme Pedrinelli (1994) apud Costa e Sousa (2004, p. 29):

A Educação Física Adaptada surgiu na década de 1950 e foi definida pela American Associanton, como um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, jogos e ritmos a interesses, capacidades e limitações de estudantes com deficiência que não podem se engajar com participação irrestrita, segura e bem-sucedida em atividades vigorosas de um programa de Educação Física Geral.

Dessa forma, cabe aos professores de Educação Física que trabalham com as pessoas com deficiência ou não, terem conhecimentos básicos relativos ao seu aluno, bem como competência para organizar os ambientes que permitem a execução das tarefas, conforme o aluno for se adaptando às aulas, o nível vai aumentando. O professor tem que respeitar a individualidade dos alunos sabendo explorar seus potenciais. Para Bueno e Rose (1995), apud Cidade e Freitas (2002, p.27), “A Educação Física Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da Educação Física em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados ao individuo deficiente”. Para a autora, o professor precisa ter planejamento que vise atender às necessidades de seus alunos, combinando procedimentos para romper as barreiras da aprendizagem; é preciso que o professor seja criativo, adaptando as aulas de acordo com nível de deficiência do seu aluno. Nas palavras de Cidade e Freitas (2002, p. 30): Não existe nenhum método ideal ou perfeito da Educação Física que se aplique no processo de inclusão, porque o professor sabe e pode combinar inúmeros procedimentos para remover as barreiras e promover a aprendizagem dos seus alunos.

O professor que trabalha com a Educação Física Adaptada na escola, muitas vezes encontra desafios em desenvolver Programas de Atividades Físicas para alunos com deficiência, estes desafios estão diretamente ligados por uma formação inicial deficiente, já que no Brasil só a partir da década de 80 começou a ocorrer estudos sobre pessoas com deficiência e possíveis intervenções nos cursos de Educação Física, por meio de disciplinas específicas, como a Educação Física Especial e a Educação Física Adaptada. Segundo Cidade e Freitas (2002, p. 27) “A Educação Física Adaptada surgiu oficialmente nos cursos de Graduação através

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da resolução 03/87 do Conselho Federal de Educação, prevendo a atuação do professor de Educação Física junto às pessoas com deficiência e outras necessidades especiais”. Portanto, muitos dos professores de educação física que atuavam nas escolas antes da década de 80, não tiveram durante o processo de formação inicial matérias ou assuntos relacionados à Educação Física Adaptada. Atualmente quase todos os cursos de Educação Física disponibilizam nas grades curriculares conteúdos relacionados à Educação Física Adaptada e à Inclusão, mas isso não certifica que os professores, ao saírem da instituição de ensino, estejam prontos para desenvolver atividades junto com as pessoas com deficiência. A formação dos professores de Educação Física para lidar com alunos com deficiência é de extrema importância, mas não basta somente uma boa formação inicial, e sim mudanças em toda a esfera educacional, pois nem todas as escolas estão prontas para acolher o aluno com deficiência. Todos estes problemas, sejam na formação dos profissionais ou no ambiente educacional, vêm tornando-se fundamental no momento em que a inclusão é um assunto importante no âmbito escolar. METODOLOGIA O CAMPO DE ESTUDO O campo de investigação desta pesquisa foi o Colégio Estadual Vitor Soares, localizado no bairro da Ribeira, em Salvador, Bahia. A Ribeira é um tradicional bairro de Salvador que fica situado na península Itapagipana, na cidade baixa, banhado pelas águas da Baia de Todos os Santos. O Colégio Vitor Soares tem como objetivo educacional a inclusão de alunos com deficiência. O número de alunos com deficiência chega a quatrocentos, a classificação das turmas é feita através de um critério de avaliação do grau e tipo da deficiência, sendo cada turma composta por vinte alunos com idades aproximadas de 14 a 62 anos. O colégio possui uma ótima estrutura física com disponibilidade de 26 salas equipadas com audiovisual, 01 sala de Pintura, 01 de Dança, 01 Biblioteca, 01 sala de Informática e 02 banheiros adaptados, uma variedade de materiais que permite o trabalho adequado da equipe de profissionais. O Colégio Vitor Soares é o único Colégio Estadual do bairro da Ribeira que trabalha com a perspectiva inclusiva de alunos com deficiência, sendo considerada uma referência na cidade de Salvador no que diz respeito à Educação Inclusiva.

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OS SUJEITOS Foram sujeitos a esta pesquisa cinco professores de Educação Física do Colégio Vitor Soares que atuam com alunos com deficiência nas aulas, sendo um do sexo feminino e quatro do masculino, com as idades entre 35 a 59anos. São cerca de vinte alunos por turma que são classificadas de acordo com o grau e tipo de deficiência. Os professores têm mais de cinco anos de formação na área e todos são licenciados em Educação Física. Os professores foram selecionados por terem uma grande experiência em trabalhar com alunos com deficiência, além de estarem trabalhando em um Colégio que coleciona bons exemplos na prática educacional. OS INSTRUMENTOS Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um questionário. O questionário contou com perguntas acerca dos principais desafios encontrados pelos professores diante a Inclusão de alunos com deficiência. Esboço do questionário com professores: • Formação inicial insuficiente (Não ter cursado Educação Física Adaptada); • Estrutura arquitetônica (Falta de recurso); • Participação familiar (Falta de apoio dos pais); • Crença no sucesso da Inclusão escolar; • Capacitação profissional; • Os maiores desafios. ANÁLISE DOS DADOS Os dados foram coletados através de questionários aplicados para cinco professores de Educação Física que atuam no Colégio Estadual Vitor Soares. O questionário conteve perguntas acerca da formação inicial insuficiente e estrutura arquitetônica, participação familiar, crença no sucesso da inclusão escolar, capacitação profissional e os maiores desafios citados pelos professores. Perguntado aos professores se no curso de Graduação em Educação Física, tiveram alguma disciplina voltada a área de Educação Física Adaptada ou referente à Inclusão. Dos cinco professores que participaram da pesquisa, quatro deles não tiveram disciplinas voltadas à área da Inclusão ou da Educação Física Adaptada; somente um teve, no processo de formação inicial, uma disciplina referente à Ginástica Especial. Observa-se que, durante

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o processo de formação inicial, não houve uma preocupação em discutir a deficiência e a inclusão. Considerando que quatro os professores, que não tiveram disciplinas na área da Educação Física Adaptada, têm mais de vinte anos de atuação e conforme Cidade e Freitas (2002, p, 27), “A educação física adaptada surgiu oficialmente nos cursos de Graduação através da resolução 03/87 do Conselho Federal de Educação, prevendo a atuação do professor de Educação Física junto às pessoas com deficiência e outras necessidades especiais”. Percebe-se que muitos dos professores de Educação Física, hoje atuantes nas escolas, não receberam em sua formação inicial matérias ou assuntos relacionados à Educação Física Adaptada ou a Inclusão. A capacitação após a formação inicial foi uma realidade encontrada entre os professores de Educação Física do Colégio Vitor Soares, já que o estudo mostrou que dos cinco professores de Educação Física apenas um não teve alguma capacitação. Percebe-se que a capacitação supriu a falta da formação insuficiente durante o curso de formação inicial. Observa-se que é indispensável uma qualificação para ter maior conhecimento a respeito das pessoas com deficiência de forma que ampliará as possibilidades de práticas durante o processo de trabalho. ESTRUTURA ARQUITETÔNICA E A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR Os professores de Educação Física do Colégio Estadual Vitor Soares, diferentemente da realidade de outras instituições públicas, no que diz respeito à precariedade dos ambientes escolares, não enfrentam dificuldades em relação aos recursos materiais e físicos para desenvolverem trabalhos junto aos alunos com deficiência. Perguntado se o Colégio Vitor Soares fornece recursos necessários para trabalhar com alunos com deficiência. Os 05 professores entrevistados foram unânimes. O colégio fornece aos professores uma ótima estrutura física com disponibilidades de salas, quadras, equipamentos esportivos, arcos, bolas de: basquete, handebol, futsal; som, sala especial para dança. Todos esses materiais pedagógicos permitiram o trabalho adequado da equipe de profissionais. Questionado aos professores de Educação Física do Colégio Vitor Soares se existe a participação dos familiares dos alunos com deficiência. Dos cinco professores entrevistados apenas um relatou que não houve participação dos pais. A participação ativa dos familiares é de suma importância já que, na maioria das vezes, os próprios pais representam obstáculos devido à superproteção

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ou até mesmo reações de negação da deficiência. Caso não tenha uma interação entre a proposta da Instituição com os familiares, corre-se o risco para a não concretização da Inclusão. Segundo Mantoan (2003, p. 53):

Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola brasileira. Eles são uma força estimuladora e reivindicadora dessa tão almejada recriação da escola, exigindo melhor para seus filhos, com ou sem deficiência, e não se contentando com projetos e programas que continuem batendo nas mesmas teclas e maquinando o que sempre existiu.

MAIORES DESAFIOS E CRENÇA NO SUCESSO DA INCLUSÃO Observou-se que muito dos desafios, encontrados pelos cinco professores de Educação Física do Colégio Estadual Vitor Soares, estiveram relacionados ao planejamento das aulas, à heterogeneidade da turma, ao pouco tempo para desenvolver as habilidades e fundamentos, comunicação com alunos surdos, o processo de aprendizagem, a falta de apoio de alguns pais e a formação inicial insuficiente. A professora Ivete Lira afirma que os seus maiores desafios em lidar com alunos com deficiência são: “As diferenças nas deficiências, as vezes a própria família não aceita as atividades físicas, o aluno às vezes se nega a praticar, por que disseram para o mesmo a vida toda que eles não são capazes”. Já para o Professor Luciano Bonfim: “Os maiores desafios estão em ministrar uma aula de forma que todos participem, além de adaptar o Tai Chi Chuan para alunos com deficiência”. Verificamos ainda que quatro dos professores entrevistados acreditam no sucesso da Inclusão, sendo que apenas um não acredita no processo da Inclusão. Segundo o Professor Benilton Barreto “Acredito e tenho certeza de que as escolas que atuam desta forma contribuem mais para sociedade, temos que apreender a respeitar as diferenças”. Conforme a professora Ivete Lira, que também crê no sucesso da inclusão,“Com muita dificuldade e compromisso por parte dos profissionais, todos juntos podem e estão começando a fazer a diferença.” Já para o professor Luiz Gonzaga, que não crê no sucesso da Inclusão.” É muito difícil, mas daqui a alguns anos pode ser possível a inclusão escolar nas redes escolares.” CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo sobre os desafios encontrados pelos professores de educação física no trabalho com alunos com deficiência no Colégio Estadual Vitor Soares, permitiu identificar que uma grande parte dos

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professores não teve em sua formação inicial disciplinas voltadas à área da Educação Física Adaptada ou referente à Inclusão e a capacitação profissional surgiu como uma forma de preencher a formação inicial insuficiente. Foi possível verificar que os professores não enfrentam dificuldades em relação aos recursos materiais e físicos para desenvolverem trabalhos junto aos alunos, pois o colégio fornece uma ampla variedade de disciplinas que permitem o trabalho adequado dos profissionais. Foi demonstrado que a participação dos familiares dos alunos com deficiência é uma realidade encontrada pelos professores, a colaboração familiar é de extrema importância já que a família é a peça chave para que a inclusão alcance seus objetivos no processo de ensino e aprendizagem. Observou-se que os maiores desafios citados pelos professores estão relacionados ao planejamento das aulas, heterogeneidade da turma, comunicação, processo de aprendizagem e tempo da aula, todos estes desafios estão diretamente ligados com uma formação inicial deficiente. Diante de todos os desafios encontrados pelos professores de Educação Física, frente à inclusão de alunos com deficiência, observamos que é necessário que os professores busquem se preparar para o processo da Inclusão de alunos com deficiência, já que é uma realidade encontrada nas escolas. Para finalizar, sugere-se que esse estudo seja ampliado para um número maior de professores de Educação Física, a fim de que os resultados obtidos identifiquem as necessidades dos alunos com deficiência frente ao processo de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.p.168. BRASIL. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. Nº9. 394/96 de 20/12/96. Brasília: Ministério da Educação e Desporto, 1996. CIDADE, R, E, FREITAS, P, S. Educação Física e Inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola. Revista Integração. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ano14. Edição especial 2002 pg.26 – 30. COSTA, Alberto Martins; SOUSA, Sônia Bertoni.Educação física e esporte adaptado: historia, avanços e retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e Perspectivas para o século XXI. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 25, n. 3, p. 7-160, maio 2004. (Temática Educação Física Adaptada). p. 27-42. FILUS, J. F, e MARTINS, J. Reflexões sobre a formação em educação física e a sua aplicação no trabalho junto às pessoas com deficiência. Curso de mestrado em educação, Maringá, V.15, p. 79-82,Ano 2004. JUNQUEIRA. F.J;BACCIOTTO.S.M.Educação física adaptada:As dificuldades

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encontradas pelos professores de educação física de Campo Grande/MT frente á inclusão,Mato grosso,p. 1- 8 ,2004. MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? Editora Moderna 2003.

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