OS FATORES EMOCIONAIS E SUA INFLUÊNCIA NAS NEGOCIAÇÕES BEM

(Wayne W. Dyer, 1940), Psicólogo, ... Os negociadores necessitam estabelecer seus limites e se ... Conhecer os pontos fracos de...

3 downloads 447 Views 507KB Size
OS FATORES EMOCIONAIS E SUA INFLUÊNCIA NAS NEGOCIAÇÕES BEM SUCEDIDAS “Eu não posso sempre controlar o que acontece lá fora. Mas eu posso sempre controlar o que acontece aqui dentro”. (Wayne W. Dyer, 1940), Psicólogo, autor de Muitos Mestres Natália Gonçalves Pereira1 Marcos Eugênio Vale Leão2

RESUMO: O presente trabalho apresenta as influências dos fatores emocionais nas negociações. Os mesmos se refletem no organismo como um todo e são somatizados no corpo físico, podendo influenciar negativamente os resultados de uma negociação. Se o indivíduo aprender a desenvolver mais emoções positivas, a qualidade de sua vida pode melhorar, afetando positivamente nos resultados de suas negociações. As referências utilizadas foram retiradas de livros que tratam do assunto pesquisado, bem como de artigos e periódicos publicados, em revistas especializadas da área. Palavras-chave: Emoções, negociação.

1 - INTRODUÇÃO

são gerados impulsos neurais que movem o organismo para a

Emoção é uma experiência subjetiva, associada ao tem-

ação, para o movimento.

peramento, personalidade e motivação. De acordo com etimologia, a palavra deriva do latim emovere, onde o e-(variante

2 – AS BASES NEURAIS DAS EMOÇÕES

de ex-) significa ‘fora’ e movere significa ‘posto em movimen-

Franz Joseph Gall descreveu a morfologia do cérebro e das

to’. Emoção significa ato de deslocar; agitação popular; co-

principais estruturas nervosas, o que facultou um significativo

moção; perturbação moral. O termo relacionado motivação é

avanço na diferenciação de porções importantes do cérebro,

assim derivado de movere. De acordo com o dicionário Pri-

caracterizando algumas de suas funções específicas, passan-

beram, emoção significa comoção, abalo moral, perturbação,

do a ser conhecido como “o autor da verdadeira anatomia do

um sentimento intenso. Cognitivamente, diz respeito ao co-

cérebro”. O primeiro “mapeamento” das funções cerebrais foi

nhecimento, então, emoção cognitiva é aquela que se sente

proposto por Pierre Paul Broca, realizado a partir da observação

e sabe-se definir o porquê de senti-la. A avaliação cognitiva

de pacientes com danos cerebrais. Broca identificou o lobo lím-

é importante, pois através dela pode-se aprender a controlar

bico (limbo = margem), o qual compreende um anel composto

uma determinada emoção.

por um contínuo de estruturas corticais situadas na face medial

A emoção também é estudada nos aspectos da inteligên-

e inferior do cérebro.

cia, denominada como ‘inteligência emocional’. Este conceito

Substantivo avanço para a compreensão dos fenômenos

é relativamente novo e ele se baseia na tese de que há um

neurobiológicos relacionados à emoção foi alcançado por Jo-

conjunto de habilidades cognitivas envolvidas no processa-

seph Papez, anatomista estadunidense que deslocou o olhar

mento de informações carregadas de afeto. Segundo Salovey

de uma perspectiva de centros emocionais, substituindo-a por

e Mayer (1990), a inteligência emocional é definida como um

uma concepção de sistema. De fato, inicialmente se acreditava

conjunto de habilidades relacionadas à percepção, expressão

que o lobo límbico descrito por Broca estaria relacionado ao

e regulação das emoções em si mesmo e nos outros, e à uti-

olfato, mas Papez demonstrou que suas diferentes porções es-

lização as emoções para motivar, planejar e atingir objetivos

tavam unidas e coordenadas entre si, formando um circuito, o

na vida.

qual incluía o córtex cingulado, o hipocampo, o hipotálamo e os

Segundo Freitas Magalhães (2010), a emoção também

núcleos anteriores do tálamo.

apresenta uma base neural, onde é desencadeada e regulada

Evidências experimentais permitiram a revisão das estru-

por um sistema neuropsicofisiológico (Sistema límbico), no qual

turas pertencentes ao circuito proposto por Papez, surgindo,

PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 73

assim, o conceito de sistema límbico (SL) – retomando o termo

optar por uma atitude de rigidez em uma negociação, a pessoa

criado por Broca ao descrever o lobo límbico, o qual envolveria

agarra-se a determinadas posições que podem ser considera-

as estruturas relacionadas às emoções. De acordo com Gazza-

das suicidas e delas não abrem mão, mesmo diante de uma

niga (2006), o Sistema límbico é ampliado em um circuito neural

derrota ou um impasse, por pura vaidade ou orgulho. Segundo

que juntos invocam um papel em diferentes tarefas emocionais,

Richard Shell (2001), os impasses normalmente são 10% técni-

onde é formado pelo hipocampo, hipotálamo, giro do cíngulo,

cos e 90% causados por atitudes inadequadas na negociação.

amígdala, tálamo, núcleos somatossensorial e córtex orbito-

Tais atitudes impassíveis podem comprometer a imagem pes-

frontal. Como lembra Barreto (2010), as informações passam

soal do negociador e até mesmo pode comprometer o relacio-

pelo sistema límbico e paralímbico para adquirirem significado

namento duradouro entre as partes.

emocional, tendo as regiões do córtex frontal e pré-frontal re-

Os negociadores necessitam estabelecer seus limites e se

lacionadas com a tomada de decisão e o processo de auto-

aterem a eles, observando os pontos que são positivos e os

nomia, além do complexo Córtex Órbito-Frontal (COF) / Córtex

negativos ofertados a eles em situações que geram emoção

Pré-frontal (CPF), que mantém importante papel com outras es-

dentro da negociação. É importante saber que a essência da

truturas responsáveis pela integração entre a emoção e a razão.

flexibilidade é a capacidade de se livrar ou deixar de se apegar

Todo esse sistema cerebral constitui as bases da emoção,

às coisas e experiências que não servem mais, ou seja, não se

que desempenha um papel importantíssimo nas negociações.

deve incorrer em danos residuais. Abandonar o que não é im-

Quando um negociador se vê dominado pela mesma, invaria-

portante é a capacidade de extrair da situação tudo que é bom

velmente os resultados da negociação podem não ser os espe-

e que gerará soluções, eliminando o que é tóxico e que não tem

rados para uma ou ambas as partes.

serventia ou utilidade. Coelho Junior (2008) enfatiza que não se pode esquecer

3 - PRESENÇA DA EMOÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES

que a natureza humana é constituída de uma “cascata” de emo-

As negociações têm que ser entendidas como um proces-

ções, egos, ressentimentos, vaidade, inveja, valores pessoais,

so racional, porém insiste-se em negociar baseado na emoção.

arrogância, prepotência, crenças, egoísmos, mágoa, insegu-

Adotando este modelo de comportamento, evita-se o confronto,

ranças, raiva, cobiça e que toda essa constituição costuma

fazendo-se prevalecer os relacionamentos interpessoais dentro

provocar, como consequência, comportamentos inadequados

da negociação, o que caracteriza uma situação que pode im-

de intransigência, inflexibilidade, agressão, desconfiança, des-

pedir a relação efetiva e madura, ou então, agarra-se a deter-

compromisso, acomodação, submissão, fuga, resistência, rom-

minadas posições suicidas e delas não abrem mão, mesmo na

pimento. Com relação ao outro, deve-se procurar entender o

iminência de uma derrota, às vezes, por pura vaidade. Quando

que está por trás de seu comportamento e o que exatamente

a emoção domina uma pessoa, ela as deixa “cegas”, onde pas-

ativa a sua intenção de não cooperar, observando, por exem-

sam a não enxergar nada alem do que acham que representa a

plo, o porquê de o outro estar tentando conduzir a negociação

verdade para elas. Geralmente, as decisões nessas situações,

para um impasse, ou porque ele estaria apresentando algum

tendem a ser totalmente irracionais e inadequadas, necessitan-

tipo de ameaça e ate mesmo porque o outro estaria queren-

do às vezes, de uma terceira pessoa para solucionar o impasse

do manipular, utilizando-se de táticas de negociação. Portan-

causado pela inflexibilidade de uma ou duas das partes envolvi-

to, entender o que está por trás do comportamento do outro,

das, como afirma Coelho Junior (2008).

fica mais fácil lidar com as motivações dele e, até, fazê-lo mu-

As causas provocadoras de emoção nas negociações po-

dar de atitude. Porém, infelizmente, na maior parte das vezes,

dem ser descritas de diversas formas e desencadeadas sempre

apresentam-se reações naturais quando se defronta com esses

que aparece uma percepção distorcida da situação.

tipos de comportamentos da outra pessoa e que não são recomendáveis no processo da negociação. Tais reações são ca-

3. 1. Origem das emoções em negociações

racterizadas quando uma parte reage-se, resistindo ou revidan-

3.1.1. Inflexibilidade dos negociadores

do contra a pressão que o outro está exercendo, submete-se

A inflexibilidade inicia-se na mente humana, onde a tendên-

incondicionalmente às vontades e aos interesses do outro, alem

cia é um processo de rigidez gradativa, que se traduz em com-

de comportar-se irracionalmente, rompendo o relacionamento,

portamentos estereotipados, não flexíveis, que por vezes che-

ou qualquer tentativa de acordo, o que representa um prejuízo

gam ao extremo da radicalização, revelando pessoas fechadas

para ambas as partes.

a novas situações, a novas propostas e a novos caminhos. Ao

Para conseguir manter o equilíbrio emocional durante a

74 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785

negociação com pessoas que apresentam comportamentos

3.1.3. Apaixonar-se pelo objeto da negociação

difíceis de lidar, deve-se considerar algumas ações simples,

Representada por uma tendência de destacar os aspectos

tais como não esquecer que o desgaste ou o rompimento da

de uma situação, pessoa ou objeto que estejam em consistên-

relação interpessoal dos negociadores impede a possibilidade

cia com as necessidades humanas, valores ou atitudes, a per-

de fechamento de acordo, ter uma dose maior de tolerância

cepção seletiva tem um impacto muito forte na forma de regis-

durante o processo de negociação e pensar duas vezes antes

trar o que se vê ou o que se sente. Se o individuo se apaixona

de tomar decisões irracionais, além de não se submeter às von-

por um bem qualquer, ele só “enxerga” aquele bem e nenhum

tades do outro, fazendo todas as concessões que ele quiser,

outro irá substituir com vantagem (ou mesmo em iguais condi-

apenas para garantir o bom relacionamento interpessoal. Tam-

ções) aquele pelo qual se apaixonou. O mais grave ainda é que

bém é importante evitar decisões sob pressão e às pressas, so-

o individuo enxerga somente os pontos positivos da alternativa

licitando um tempo para pensar e fazer uma revisão de tudo que

pela qual se encantou e os pontos negativos de qualquer outra

já tenha sido visto e conversado. Conhecer os pontos fracos de

opção. E, ao se fixar em somente uma alternativa, elimina-se a

si mesmo e como o organismo dispara o sistema de reações

possibilidade de decidir por qualquer outra e isso deixa o in-

físicas quando se encontra em situações de tensão, é um fator

divíduo numa perigosa situação de fragilidade na negociação,

importante a se observar, pois representam sinais importantes

ficando, portanto, refém do outro negociador e forçado a aceitar

quando começam a aparecer, indicando que se inicia o proces-

todas as condições dele, colocando a outra parte em desvanta-

so de desequilíbrio emocional e que deve de alguma forma ser

gem, segundo Coelho Junior (2008).

evitado para o bem do resultado da negociação.

Apaixonar-se, impede que se veja clara e racionalmente

Todos esses aspectos tratam-se das influências ou efeitos

as melhores alternativas e transfere o poder que se tem natu-

que os diversos tipos de comportamentos apresentados pelo

ralmente como comprador, deixando-o à mercê do vendedor.

outro negociador provocam no sistema imunológico da outra

Além de apaixonar-se pelo objeto da negociação, criar vínculos

parte, de resposta a esses tipos de estímulos. Mas existem ou-

emocionais com o outro negociador e/ou seus representantes,

tras situações que são constituídas pelos traços das estruturas

leva à tendência ao uso do preço apresentado por eles como

psicológicas das pessoas e que confrontados com algumas

referência, ao invés de utilizar seus próprios valores de refe-

situações, podem afetar o comportamento, principalmente as

rência obtidos através de pessoas habilitadas e contratadas

reações inadequadas com relação aos processos decisórios

para oferecer esse tipo de informação. Esse tipo de emoção é

que se enfrenta em uma negociação.

danoso no processo de negociação, podendo ocorrer perdas irreparáveis para uma das partes, como define Coelho Júnior (2002) ao dizer que emoção é perniciosa no processo da ne-

3.1.2. Sentimento de injustiça A injustiça é a falta ou ausência de justiça, seja em referên-

gociação. As decisões difíceis implicam altos riscos e graves

cia a um evento, ato ou situação de fato. Pode estar referente

consequências, implicando numerosas e complexas consi-

a um sujeito ou grupo social. Injustiça é quando, além da justi-

derações, expondo o sujeito ao julgamento dos outros. A ne-

ça não ser respeitada por algum individuo, houver impunidade

cessidade de fazer uma escolha decisiva apresenta riscos de

para esses que burlaram o sistema jurídico, ético ou moral. Po-

ansiedade, confusão, dúvida, erro, arrependimento, embaraço

rém, existe o que se chama de “Sentimento” de injustiça, princi-

e perdas, causando inquietações constantes. As inquietações,

palmente em negociações.

com frequência levam às tomadas de decisões precipitadas, ou

Especialistas do comportamento humano costumam afirmar

demoradas demais, ou ainda arbitrárias demais. O resultado de

que os sentimentos mais fortes dos seres humanos são justi-

tudo isso é uma escolha medíocre, que depende da sorte para

ça, amor (ou ódio) e fé. O ser humano não tolera injustiça. Uns

ter sucesso. Somente mais tarde que se percebe que teria sido

mais, outros menos, mas no geral, todos abominam a injustiça.

possível fazer escolhas mais inteligentes, porém, pode já ser

Em uma negociação, é muito comum uma ou ambas as partes

tarde demais.

se sentirem injustiçadas diante de uma determinada situação ou decisão. É importante, portanto, estabelecer-se metas na nego-

4. COMPORTAMENTOS E ATITUDES

ciação e, atendidas estas metas, não se deve cobiçar, invejar ou

QUE FACILITAM A NEGOCIAÇÃO

se revoltar com os excelentes resultados que o outro alcançou. É

Coelho Junior (2008) ajuda a descrever e definir aspectos

possível que o outro tenha pontos de vista diferentes e considere

importantes, relacionados ao comportamento e às atitudes pes-

que o ganho dele não tenha sido tão excepcional assim.

soais, que devem ser levados em consideração diante de situ-

PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 75

ações conflituosas e/ou significativas dentro das negociações,

enxergar quais são os interesses não declarados do outro. Um

objetivando maior conforto nas decisões e melhores resultados

exemplo da diplomacia: a primeira conferência da paz de Camp

para ambas as partes envolvidas no negócio.

David, em 1978. Na negociação, o Egito dizia querer de volta toda a Península do Sinai, que fora ocupada por Israel. Israel

4. 1. Quando tiver que fazer um investimento

disse que queria um terço do Sinai. Era impossível atender às

ou uma negociação significativa

reivindicações nesses termos. A questão era saber as razões

É importante não se apaixonar e registrar tudo o que pos-

de cada lado. Para os egípcios, era uma questão de soberania.

sa influir no resultado da negociação; fazer uma lista do que

A terra estava lá desde os tempos dos faraós e eles a queriam

não se sabe e que pode ser importante; juntar fatos adicionais

de volta. Para os israelenses, a questão era de segurança. Se

que possam ajudar a tomar uma decisão bem fundamentada;

os egípcios colocassem os tanques no território, poderia atacar

ser humilde, não importando a lista de coisas que não se sai-

Israel facilmente. A partir desse momento, foi possível satisfazer

ba, pois a lista verdadeira provavelmente é muito mais longa;

tanto egípcios quanto israelenses: decidiu-se por uma Penínsu-

desenvolver alternativas, pois elas constituem a matéria-prima

la do Sinai egípcia, mas desmilitarizada.

para a tomada de decisões. A ideia de manter tudo sem mo-

A dificuldade de lidar com os outros existem apenas por-

dificações resulta de negligências e confiança demasiada no

que os homens não são resolvidos com eles mesmos. Para

hábito. Basta um pouco de esforço para que novas e atraentes

Coelho Junior (2008), essa luta interna reflete-se tanto na vida

opções sejam encontradas.

particular quanto em um conflito entre povos, fazendo-se necessário desenvolver a habilidade de se colocar no lugar do

4. 2. Armadilhas a evitar

outro e entender sua visão de mundo. Para isso, também é

4.2.1. Alternativas preestabelecidas – Muitas escolhas

importante saber ouvir. Há quem pense que negociação é falar.

ruins resultam da repetição de uma alternativa preestabeleci-

Porém, os melhores negociadores, seja no mundo corporativo,

da. Distanciar-se da questão, analisando o problema de longe,

sejam na diplomacia, são aqueles que sabem escutar. O maior

sem os bloqueios emocionais e conceituais que talvez existam

obstáculo para isso é o fato dos homens estarem sempre tão

e criar opções que reflitam novos pensamentos e perspectivas

focados em si mesmos.

diversas. Não permitir que fatos passados limitem o presente, mas certamente aprender com todos eles.

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.2.2. Primeira solução possível – Não escolher a primeira

Diante de todos os aspectos levantados, faz-se necessário

solução possível. Deve-se criar um novo hábito que se restrin-

considerar que as emoções podem ser fatores decisivos em

ge a ir mais adiante, produzindo novas alternativas que pos-

uma negociação, na qual é importante observá-las em seus

sam levar a uma melhor solução. A criação de novas opções

diferentes aspectos, através dos níveis da percepção, avalia-

implica em raciocínio direcionado.

ção e em suas expressões, que abrangem desde a capacidade

4.2.3. Alternativas de terceiros – Não se deve escolher en-

de identificar emoções em si mesmo, em outras pessoas, ou

tre alternativas apresentadas por terceiros, pois pode resultar

na outra parte, numa negociação, e em objetos ou condições

em decisões precárias. É certamente importante que se busque

físicas, até a capacidade de expressar essas emoções e as

informações e orientações com pessoas bem informadas, mas

necessidades a ela relacionadas, incluindo a capacidade de

nuca se deve permitir que tomem a decisão final.

avaliar a autenticidade de uma expressão emocional, detectar sua veracidade, falsidade ou tentativa de manipulação. Em uma

5. RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 5.1. Princípios básicos na negociação

negociação, a emoção pode ser facilitadora ao sistema de alerta, que dirige a atenção e o pensamento para as informações

“Os seres humanos estão caminhando para uma era

internas ou externas mais importantes. Desta forma, a capaci-

em que os conflitos serão resolvidos a base da con-

dade de gerar sentimentos em si mesmo, pode ajudar a outra

versa” (Ury, 1990)

pessoa a decidir e este é o momento em que as emoções são geradas, sentidas, manipuladas e examinadas antes da tomada

Coelho Junior (2008), ainda discorre sobre os princípios bá-

de decisão. O nível da compreensão e análise das emoções

sicos que devem nortear uma negociação, os quais incluem em

inclui desde a capacidade de rotular emoções, englobando a

primeiro lugar o colocar-se no lugar do outro, procurando enten-

capacidade de identificar diferenças e nuances entre elas, até

der suas reivindicações. Em segundo lugar, é importante tentar

a compreensão da possibilidade de sentimentos complexos,

76 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785

bem como as transições de um sentimento para o outro. De acordo com Mayer & Salovey (1997), o controle reflexivo das emoções para promover o crescimento emocional e intelectual refere-se à capacidade de tolerar reações emocionais, agradáveis ou desagradáveis, compreendê-las sem exagero ou diminuição de sua importância, controlá-las ou descarregá-las

NOTAS Aluna do MBA de Marketing e Vendas do Centro Universitário Newton Paiva.

1

Professor da disciplina de Negociação e Tomada de Decisão e coordenador do MBA em Marketing e Vendas do Centro Universitário Newton Paiva.

2

no momento apropriado. Portanto, se o indivíduo negociador permitir que a emoção ou o sentimento de vaidade, ira, inveja, afeto, vingança, egos, displicência, arrogância, ironia, desprezo, dentre tantos outros, interfiram no julgamento, ele não conseguirá enxergar qualquer situação com clareza. Todos os seus pensamentos ficarão confusos e as decisões serão fortemente influenciadas e distorcidas por cada um deles. Em suma, para que uma negociação seja bem sucedida, não se pode deixar que as emoções perturbem uma decisão importante. REFERÊNCIAS BARRETO, F. J. E.; SILVA, P. L. Sistema Límbico e as emoções: Uma revisão anatômica. Ver. Neurocienc.; vol. 18 n.3 pp. 386-394, 2010. COELHO, C. P. J. Negociação interna: Oportunidade para o crescimento, RM em revista, ano 2, n.2, p.8, mai.jun/2002. COELHO, C. P. J. Negociação Empresarial. Curitiba: IESDE BRASIL S.A, PP.75-85, 2008. FREITAS, A. M. Always emotional. In: A. Freitas-Magalhães (Ed.), Emotional expression: The brain and the face. University Fernando Pessoa, v. 2, p. 13-16, 2010. GAZZANIGA, M. S.; IVRY, R. B.; MANGUN, G. R. Neurociência Cognitiva: A Biologia da Mente. 2º Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. MAYER, J. D.; SALOVEY, P. What is emotional intelligence? Em P. Salovey & D. J. Sluyter (Orgs.),Emotional Development and Emotional Intelligence: Implications for Educators. New York: Basic Books, p. 3-31, 1997.  SALOVEY, P.; MAYER, J. D. Emotional Intelligence. Imagination, Cognition and Personality, 9, 185-211, 1990. SHELL, R.G. Negociar é preciso. São Paulo: Negócio, 2001. URY, W. L. Supere o não: negociando com pessoas difíceis. 4ed. São Paulo: Best Seller, 1990. http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol35/n2/55.htm Acessado em 12 de setembro de 2012.

PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 77