PROVA DE PORTUGUÊS 2ª Parte – Interpretação de Textos, Gramática e Literatura
01. Em cada item, analise a correspondência entre as caricaturas e os comentários, situando-os na respectiva estética literária.
I.
Há pontos comuns entre a caricatura e a poética parnasiana, cujos versos apresentam ritmo cadenciado e primam pelo objetivismo, racionalismo, pelas rimas raras. O chapéu de palhinha, símbolo de uma época em que a perfeição fora cultivada na expressão rebuscada, reflete o distanciamento da linguagem do registro coloquial e sua aproximação aos moldes da linguagem clássica. A presença de estrelas na caricatura pretende remeter o espectador para o “Hino à Bandeira”, cujo poema, de autoria de Olavo Bilac, difere do “Profissão de fé”, escrito também por este poeta para afirmar a crença no Parnasianismo.
Bilac caricaturado por Celso. In: CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 2000. p. 277.
II.
Este nanquim explora elementos da poesia de Manuel Bandeira, no que ela tem de cotidiano, pois retrata a presença da arte popular em sua evidente primitividade. As relações do poeta com o Romantismo são visíveis por sua aproximação com a realidade concreta, o que está representado na figura sob a cadeira e, significantemente, lembrado no nome “Pasárgada”, escrito em vertical, na lateral do espaldar. Em posição de observador, Manuel Bandeira contempla os mistérios da natureza.
Manuel Bandeira, por Cícero Dias. In: BANDEIRA, Manuel. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. p. 63.
III.
A caricatura é uma das mais representativas de Carlos Drummond de Andrade. A lira, usada para acompanhamento musical dos poemas na Antigüidade, é, aqui, tomada como elemento de antilirismo, já que Drummond não a faz vibrar, apenas a observa. Assim, a atenção do espectador centra-se no poeta que, na sua fase inicial, apegou-se aos recursos parnasianos. Há a presença de elementos campestres no desenho: bovinos, casa da fazenda, o “boi voador”, o qual conota, pelas asas abertas, o vôo possibilitado pela poesia. Com a obra “Fazendeiro do Ar”, o poeta começou a escrever suas memórias, em que avultam o signo do não e o pessimismo característicos do autor.
Drummond, por Moura. Em: Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. p. 1289.
Assinale a alternativa que apresenta a correspondência correta entre caricatura(s) e comentário(s). A) I e II.
B) II e III.
C) I e III.
D) Em I, apenas.
E) Em III, apenas.
02. Leia o texto A. TEXTO A João Grilo: Apesar de ser um sertanejo pobre e amarelo, sinto perfeitamente que estou diante de uma grande figura. Não quero faltar com o respeito a uma pessoa tão importante, mas se não me engano aquele sujeito acaba de chamar o senhor de Manuel. Manuel: Foi isso mesmo, João. Esse é um de meus nomes, mas você pode me chamar também de Jesus, de 5
Senhor, de Deus... Ele gosta de me chamar Manuel ou Emanuel, porque pensa que assim pode se persuadir de que sou somente homem. Mas você, se quiser, pode me chamar de Jesus. João Grilo: Jesus? Manuel: Sim. João Grilo: Mas, espere, o senhor é que é Jesus?
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Manuel: Sou. João Grilo: Aquele Jesus a quem chamavam Cristo? Jesus: A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou, por quê? João Grilo: Porque...não é lhe faltando com respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado. SUASSUNA, Ariano. O auto da compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 1996. p. 146-7.
Após a leitura, verifique as afirmações a seguir. I.
João Grilo, como humilde sertanejo, expressa u m profundo respeito pela figura do poder religioso.
II.
João Grilo, que se diz pobre e amarelo, nunca soube quem era Jesus.
III. Jesus pode ser invocado sob muitos nomes; no entanto, isso não afeta a sua identidade. IV. João Grilo, ao falar “menos queimado”, [linhas 13-14], dá-se conta de que a imagem que tinha de Jesus não correspondia àquela que se lhe apresentava, então. V. As falas de João Grilo sugerem que ele era despojado de qualquer tipo de preconceito. A afirmativa é verdadeira apenas nos itens A) I e II.
B) II e III.
C) II, III e IV. 3
D) III, IV e V.
E) I, III e IV.
03. Leia o texto B. TEXTO B -- Tua mãe, tua avó, tua bisavó, Bento. Por que só mulheres nessa tua ascendência? -- Elas eram sempre mais corajosas que os homens. Filipa sorriu: -- É sempre assim. Ele calou, detestando-se pelo que falara. Sabia o quanto era verdadeira a ousadia das mulheres, o quanto eram covardes os homens na sua família. Ele próprio, às vezes, diante de Filipa, não se sentia uma criança? Ela continuou: -- E ademais, Bento: te acreditas a salvo, porque atravessaste o mar, porque estás a meses de barca do alcance da Inquisição. Tanta ingenuidade assoma os limites da asneira. Deixa que eu te repita mais uma vez, meu caro Bento: os braços da Inquisição são como os braços de um polvo. Lembras aquele que vimos sobre as pedras do mar, em Olinda? Ele lembrava. -- Numerosos, longos, podendo se esticar, se espalhar além do corpo. E sabes que o corpo da Santa Inquisição é enorme, uma coisa apodrecida e unida à massa da Igreja. E, apesar de podre, a mais forte, a m ais poderosa. Ele reagiu: -- Mas não chegarão aqui. O interesse da coroa é que esta parte do mundo seja povoada. Cristãos-velhos ou novos, judeus ou não, importa que se multipliquem as cabeças e os braços para a lavoura. FERREIRA, Luzilá Gonçalves. Os rios turvos. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 49.
Analise as seguintes afirmações. I.
As mulheres da família de Bento se evidenciavam como atuantes e destemidas, e ele tinha consciência d isso.
II.
Bento, na sua natural ingenuidade, ignora a força paralela que a mulher exerce.
III.
Filipa desacreditava na possibilidade de que, um dia, a Inquisição pudesse chegar ao Brasil.
IV. Segundo Bento, os cristãos velhos ou os recém-convertidos, com suas proles, povoariam o País. V.
O texto B, que trabalha um tema histórico, denota a dificuldade, no Brasil colonial, para se acolherem novos judeus.
Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas. A) I e II.
B) II, III e V.
C) III, IV e V.
D) I e IV.
E) II e IV.
04. Leia os textos C e D.
TEXTO C
TEXTO D
Chicó:
No fundo do mato -virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava: -- ai que preguiça! ...
– Que invenção foi essa de dizer que o cachorro era do major Antônio Morais? João Grilo: -- Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do major que se péla. Não viu a diferença? Antes era “Que maluquice, que besteira!” Agora “não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus!” SUASSUNA, Ariano. O auto da compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 1990. p. 32.
ANDRADE, Mário. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1985. p. 9.
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Relacionando as obras
das quais os textos C e D são fragmentos
com propriedades dos gêneros literários,
analise as afirmativas abaixo.
I.
De acordo com as concepções literárias do Modernismo, a obra “Macunaíma”, de Mário de Andrade, é um épico, por se tratar de um “herói de nossa gente”, na verdade um anti-herói.
II.
Em “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, aparece o gênero cômico, como forma de melhor recriar as
III.
O “cômico” é claramente percebido tanto em “Macunaína” quanto em “O Auto da Compadecida”.
artimanhas e as espertezas de João Grilo – figura representativa da cultura popular nordestina. IV. O lírico, como elemento caracterizador do “Auto da Compadecida”, ameniza a ironia feita pelo personagem João Grilo. V.
No fragmento de “Macunaíma”, o gênero dramático é contemplado com “– ai que preguiça!...”
Assinale a alternativa que contém afirmação(ões) coerente(s).
A) I e III.
B) I, II e III.
C) I e IV, apenas.
D) II e V, apenas.
E) II e III, apenas.
05. Leia o texto E, retirado de “O mulato”, de Aluísio Azevedo.
TEXTO E “Ao ver num livro de medicina um desenho revelador das relações amorosas, observou-o com profunda atenção, enquanto dentro dela se travava a batalha dos desejos. Todo o ser se lhe revolucionou; o sangue gritava-lhe, reclamando o pão do amor; seu organismo protestava contra a ociosidade. E ela então sentiu bem nítida a responsabilidade dos seus deveres de mulher perante a natureza, compreendeu o seu destino de ternura e de sacrifícios, percebeu que viera ao mundo para ser mãe; concluiu que a própria vida se lhe impunha, como lei indefectível, a missão sagrada de procriar muitos filhos, bonitos, alimentados com seu leite, que seria bom e abundante...”
Analise as afirmações, considerando o texto acima, a obra “O mulato” e a escola literária em que essa obra foi inserida.
I.
A mulher, descrita no texto, deu-se conta de sua sexualidade e experimentou a força do desejo.
II.
O texto se refere à personagem Ana Rosa, de “O mulato”, e exemplifica a visão da mulher como submissa às leis da procriação, comum na literatura brasileira do século XIX.
III.
No Naturalismo brasileiro, embora houvesse o culto ao destino natural da vida, as personagens femininas eram valorizadas, sobretudo, por suas funções sociais.
IV. O enredo de “O mulato” traduz o contexto determinista do Realismo brasileiro. V.
O romantismo, com o qual é descrito Raimundo em “O mulato”, opõe-se ao determinismo com que Ana Rosa é caracterizada na mesma obra.
A afirmação é verdadeira nos itens A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
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D) I, II e V.
E) II, IV e V.
06. Leia os textos F e G.
TEXTO F Mais de 100 deputados e senadores trocaram de partido desde a eleição do ano passado. Segundo o jornal O Globo, até o último dia 3, os vira-casacas foram 103 na Câmara e dez no Senado. O Estado de São Paulo computou 120 trânsfugas, só entre os deputados, até a mesma data. (...) O fenômeno de uma massa de parlamentares, pondo-se em movimento em busca de outra legenda, configura uma migração a gosto do fotógrafo Sebastião Salgado. O quadro que vem à mente é de uma multidão de almas penadas em busca de melhor sorte, a pele curtida, os pés doídos de vagar por enganosos caminhos. TOLEDO, Roberto Pompeu de. O último que chegar é mulher de padre. Veja. São Paulo: out. de 2003. p. 130.
TEXTO G
Veja, n. 10, 12 de mar. de 2003. p. 28. Texto Adaptado.
Em relação aos textos F e G, analise os itens abaixo.
I.
O texto F veicula o que acontece no cotidiano, embora traga marcas de subjetividade. Tem -se um texto informativo.
II.
No texto F, a presença de dados quantitativos evidencia o propósito do autor de informar com exatidão, embora ele, sutilmente, emita opiniões.
III. No texto F, o autor privilegia a informação, demonstra neutralidade e confirma a inconsistência de informações enganosas. IV. O texto G tenta ganhar a adesão de seus receptores e, para isso, utiliza um vocabulário que remete para atividades próprias desses receptores. Tem-se um texto apelativo. V. O texto G, em seus padrões de linguagem, foge à determinação das características sociais e psicológicas do público que pretende atingir.
Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas. A) I, II e V.
B) I e III.
C) I, II e IV, apenas.
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D) II, III e IV.
E) I, III, IV e V.
07. Leia o texto H, com adaptações, para as questões 07 e 08. TEXTO H O escritor argentino Jorge Luís Borges sugere, num ensaio que, para aqueles que - a exemplo dele mesmo – não dominam a língua grega, Homero é menos um autor do que uma vasta biblioteca, impressa em diversos idiomas. Nós, brasileiros, não temos a felicidade dos leitores de língua inglesa, que podem escolher entre algumas dezenas de versões diferentes, em seu idioma materno, dos dois poemas atribuídos a Homero, a “Ilíada” e a “Odisséia.” 05
Entretanto, a pouca quantidade de nossas versões homéricas é compensada pela qualidade de ao menos três tentativas de tradução. A primeira (...) deveu-se a Odorico Mendes. Reserva relativas dificuldades de vocabulário e, sobretudo, de sintaxe. Uma tradução (...) mais recente é a de Carlos Alberto Nunes, de que há reedição pela Ediouro. E, por fim, fomos brindados (...) com a versão integral da “Ilíada” pelo poeta Haroldo de Campos. Ele parece querer que seu texto soe tão interessante para um ouvido contemporâneo brasileiro como teria soado o canto de Homero para os
10 ouvidos gregos de sua época. Sua magistral recriação poética (ou “transcriação”) (...) é, hoje, a melhor via para descobrirmos, ou redescobrirmos, a história do bravo guerreiro Aquiles e de seus companheiros. STERZI, Eduardo. Homero brasileiro. Superinteressante. São Paulo: Abril, março de 2003. p.83.
Observe o que se afirma nos itens seguintes. I.
O texto H tem por objetivo central comparar as recriações poéticas da “Ilíada” e da “Odisséia” de Homero nas
II.
O autor do texto salienta a importância da versão integral da “Ilíada”, feita por Haroldo de Campos, e questiona a
versões portuguesa e inglesa. validade de seus objetivos, ao afirmar “Ele parece querer que seu texto soe tão interessante para um ouvido contemporâneo brasileiro como teria soado o canto de Homero para os ouvidos de sua época.” [linhas 8-10] III. No texto H, percebe-se o propósito do autor de apreciar a versão integral da “Ilíada”, feita pelo poeta Haroldo de Campos, e de reconhecer os méritos de outras traduções, para o português, dos poemas homéricos. IV. A versão portuguesa da “Ilíada”, produzida por Haroldo de Campos, supera outras tentativas de tradução do poema para nossa língua. V. A expressão “menos um autor” [linha 2] significa que as versões dos poemas de Homero, em diversos idiomas, depreciam a produção desse autor grego. Assinale a alternativa que contempla a(s) afirmativa(s) correta(s). A) I e V.
B) I, II e V.
C) III e IV, apenas.
D) III, IV e V.
E) III, apenas.
08. Ainda com relação ao texto H, depreende-se que:
I.
a versão da “Ilíada” feita por Odorico Mendes, se cantada, impressionará os brasileiros contemporâneos mais que a versão original do canto de Homero impressionou os gregos de sua época.
II.
os leitores de língua inglesa têm dificuldade de ler com eficácia os poemas de Homero, em razão de existirem inúmeras versões em seu idioma.
III.
a qualidade das “versões homéricas” em língua portuguesa supera, de alguma forma, certas dificuldades no âmbito do léxico e da sintaxe.
IV.
o autor do texto considera que a versão de Haroldo de Campos representa um caminho de acesso aos bens culturais da poética de Homero.
V.
as diferentes versões dos dois poemas de Homero atenuam o teor de qualidade dessa obra.
Assinale a alternativa que contempla a(s) afirmativa(s) correta(s). A) I e V.
B) I e II.
C) III e IV.
D) Apenas no I. 7
E) Apenas no V.
Leia o texto I para as questões 09, 10, 11, 12 e 13. TEXTO I Tanto duvidaram dele, da teoria daquele jovem gênio musical, que ele resolveu provar pra si mesmo, empiricamente, a teoria de que não existem animais selvagens. Que os animais são tão ou mais sensíveis do que os seres humanos. E que são sensíveis sobretudo ao envolvimento da música, quando esta é competentemente interpretada. Por isso, uma noite, esgueirou-se sozinho pra dentro do Jardim Zoológico da cidade e, silenciosamente, 05
se aproximou da jaula dos orangotangos. Começou a tocar baixinho, bem suave, a sua magnífica flauta doce, ao mesmo tempo em que abria a porta da jaula. Os macacões quase que não pestanejaram. Se moveram devagarinho, fascinados, apenas pra se aproximar mais do músico e do som. O músico continuou as volutas de sua fantasia musical enquanto abria a jaula dos leões. Os leões, também hipnotizados, foram saindo, pé ante pé, com respeito que só têm os grandes aficionados da música. E assim a flauta continuou soando no meio da noite, mágica e sedutora,
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enquanto o gênio ia abrindo jaula após jaula e os animais o acompanhavam, definitivamente seduzidos, como ele previra. Uma lua enorme, de prata e ouro, iluminava os jacarés, elefantes, cobras, onças, tudo quanto é animal de Deus ali reunido, envolvidos na sinfonia improvisada no meio das árvores. Até que o músico, sempre tocando, abriu a última jaula do último animal – um tigre. Que, mal viu a porta aberta, saltou sobre ele, engolindo músico e música – e flauta doce de quebra. Os bichos todos deram um oh! de
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consternação. A onça, chocada, exprimiu o espanto e a revolta de todos: Mas, tigre, era um músico estupendo, uma música sublime! Por que fez isso? E o tigre, colocando as patas em concha nas orelhas, perguntou: Ahn? O quê, o quê? Fala mais alto, pô! Moral: os animais também têm deficiências humanas. FERNANDES, Millôr. 100 fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 127-128.
09. Em relação ao texto I, observe os fragmentos e analise o que se propõe. I.
“E que são sensíveis sobretudo ao envolvimento da música, quando esta é competentemente interpretada.” [linhas 3-4] A expressão destacada completa o termo sobretudo, que, por sua vez, possui função intensificadora do sentido expresso pelo verbo.
II.
“Começou a tocar baixinho, bem suave, a sua magnífica flauta doce...” [linha 5] O sinal indicativo da crase, antes do pronome possessivo, é opcional; assim, sua omissão não compromete o sentido pretendido. No fragmento acima, a alternativa da crase opcional não existe.
III.
“...que ele resolveu provar pra si mesmo, empiricamente, a teoria de que não existem animais selvagens.” [linhas 1-2] O segmento grifado complementa o sentido da forma verbal destacada em negrito.
IV.
“Tanto duvidaram dele, da teoria daquele jovem gênio musical, que ele resolveu provar pra si mesmo...” [linha 1] O segmento destacado mantém com o anterior uma relação que expressa a idéia de concessão.
V. “Que, mal viu a porta aberta, saltou sobre ele...” [linhas 13-14] A palavra em destaque, entre outros sentidos, passa a idéia de proporcionalidade.
Assinale a alternativa que contempla a(s) afirmativa(s) correta(s). A) I, II e IV.
B) II, III e V.
C) I, III, IV e V.
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D) I, apenas.
E) II, apenas.
10. Analise, ainda, os comentários feitos a partir de certos aspectos gramaticais do texto I. I.
“Por isso, uma noite, esgueirou-se sozinho pra dentro do Jardim Zoológico da cidade...” A palavra agüentar apresenta trema. Confrontando-a com “esgueirou-se”, percebe-se, em ambas, a perfeita correspondência entre letra e som.
II.
“...fascinados, apenas pra se aproximar mais do músico e do som.” O termo sublinhado revela um registro característico da língua informal e imprime ao enunciado um caráter de espontaneidade.
III.
“E que são sensíveis sobretudo ao envolvimento da música, quando esta é competentemente interpretada.” Nesse fragmento, o uso da vírgula serve para destacar a informação principal veiculada no segmento sublinhado.
IV. “Até que o músico, sempre tocando, abriu a última jaula do último animal
um tigre.”
Como recurso de sinalização, o travessão se apresenta, neste enunciado, para indicar a fala de “viva voz” do tigre que se envolve na trama do relato. V.
“Os bichos deram um oh! de consternação.” A exclamação feita pelos animais, no fragmento acima , expressa uma atitude de assentimento.
Assinale a alternativa que contempla a(s) afirmativa(s) correta(s).
A) I, II e IV. B) II, III e V.
D) II, apenas.
C) I, III e IV.
E) III, apenas.
11. Tomando como referência o texto I, atente para o que se afirma sobre variação lingüística.
I.
O texto I, ao apresentar marcas indicadoras da norma não-padrão, revela que certos contextos informais admitem a violação dessa norma.
II.
As palavras “pra” “pô” e “ahn”, se justificam, no texto I, por pretenderem representar transcrições da fala coloquial.
III.
No texto I, dentre os vários elementos do esquema da comunicação, o único que se sobressai é o código.
IV.
“Se moveram devagarinho, fascinados, apenas pra se aproximar mais do músico e do som.” [linhas 6-7] No fragmento acima, ocorre variação lingüística, expressa pela colocação de um termo não-condizente com a gramática normativa portuguesa.
V.
No final do texto I, as marcas da variação lingüística, presentes na fala do tigre, sinalizam a descontração do contexto de interação em que estão envolvidos os interlocutores.
Assinale a alternativa que contempla a(s) afirmativa(s) correta(s). A) I, IV e V. B) I, II, IV e V.
D) II e V, apenas.
C) I, apenas.
E) III, apenas.
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Nas questões de 12 a 16, assinale, na coluna I, as afirmativas verdadeiras e, na coluna II, as falsas.
12. Analise as observações feitas acerca de fragmentos do texto I.
I
II
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0
“Tanto duvidaram dele, da teoria daquele jovem gênio musical, que ele resolveu provar para si mesmo, empiricamente, a teoria de que não existem animais selvagens.” [linhas 1-2] O segmento sublinhado estabelece com o anterior uma relação de causa, quando põe em dúvida a competência do jovem gênio musical.
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1
“Até que o músico, sempre tocando, abriu a última jaula do último animal - um tigre. Que mal viu a porta aberta, saltou sobre ele...” [linhas 13-14] No trecho acima, a palavra sublinhada assume o valor semântico de indicador de tempo.
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“Se moveram devagarinho, fascinados, apenas pra se aproximar mais do músico e do som.” [linhas 67] A palavra em destaque estabelece um sentido de condição, em relação ao segmento que apresenta a informação principal.
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3
“ Mas, tigre, era um músico estupendo, uma música sublime!” [linha 16] Nesse fragmento, fica evidente: quem era “músico estupendo” era o tigre.
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4
“Por isso, uma noite, esgueirou-se sozinho pra dentro do Jardim Zoológico da cidade e, silenciosamente, se aproximou da jaula dos orangotangos.” [linhas 4-5] No fragmento, a palavra destacada expressa o sentido de “retirar-se” sorrateiramente.
13. Observe os enunciados sobre os conteúdos gramaticais.
I
II
0
0
“...enquanto o gênio ia abrindo jaula após jaula e os animais o acompanhavam definitivamente seduzidos, como ele previra.” [linhas 10-11] Embora as ações verbais em destaque suponham agentes diferentes, os pronomes sublinhados, por sua vez, retomam um único termo referente.
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1
“Tanto duvidaram dele (...) que ele resolveu provar (...) a teoria de que não existem animais selvagens.” [linhas 1-2] A ação verbal expressa pela palavra sublinhada é realizada, na trama do relato, pelos personagens que fazem o papel de animais selvagens.
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2
“O músico continuou as volutas de sua fantasia musical, enquanto abria a jaula dos leões.” [linhas 78] A palavra sublinhada designa, fundamentalmente, uma ação verbal que, em certo momento do passado, foi anterior à ação expressa pela forma verbal destacada em negrito.
3
3
“Os macacões quase que não pestanejaram .” [linha 6] Existem alguns nomes terminados em ão cujo plural admite as formas: ões, ães e ãos, a exemplo da palavra destacada.
4
4
“E assim a flauta continuou soando no meio da noite, m ágica e sedutora, enquanto o gênio ia abrindo jaula após jaula e os animais o acompanhavam, definitivamente seduzidos, como ele previra.” [linhas 9-11] No fragmento, a palavra destacada indica, entre ações simultâneas, aquela que se realizava quando sobreveio outra.
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14. Leia o fragmento. “Anoitecia. Recolhida sua boiada, comia seu parco jantar. Às vezes, distraído, reparava ossinhos da carne, pedaços e nervos, para a cachorra, estranhando que ela já não estivesse a arranhar-lhe a coxa com sua pata áspera e pidona. Chegava a se virar, querendo ver-lhe os olhinhos eletrizados pela avidez. Então se conformava: a cachorra havia morrido antes, antes do outro. Aí cambaleava de sono, ia dormir, ouvindo, esparsos, um mugido, outro. O primeiro era da vaca, o segundo, do bezerro. À hora certa, o zurrar do jumento e, não raro, o piado do bacurau. Uma vez se levantou da cama, saiu para o terreiro. Tinha uma premente curiosidade em saber como era possível ao bacurau voar no escuro. Além disso o bacurau falava. Voando às cegas, anunciava: Amanhã eu vou! (...) .......................................................................................................................................................... O negócio é o seguinte. Esse tal de Mardônio está tramando por aí, querendo desenterrar aquela patranhada dos índios. Ele e o promotor público, um doutorzinho meti do a sebo. Era. O certo é que o promotor já foi despachado para o além, numa escaramuça lá no Recife, preparada por gente do Dr. Meneses. Dizem que foi na confusão dum comício político. A polícia ainda hoje anda atrás do assassino. Sem interesse, porque dizem que o doutorzinho era comunista.” LEMOS, Gilvan. A lenda dos cem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. p. 30 e 173.
Analise o que se propõe, considerando o fragmento e a obra “A lenda dos cem” de Gilvan Lemos. I
II
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0
Nesse fragmento da obra, Gilvan Lemos recorre a um discurso formal, para dar maior verossimilhança aos fatos expostos, motivo pelo qual também evita o uso de certas figuras de linguagem.
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Por se tratar de um texto biográfico, o autor omite opiniões pessoais, até mesmo quando tenta caracterizar comportamentos do protagonista.
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2
O texto de Gilvan Lemos despreza as fantasias e as crendices do sertão, desviando o foco narrativo para os valores urbanos.
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Em “A lenda dos cem”, o autor segue os padrões estéticos e ideológicos, comuns à Geração do Romance de 30, no Nordeste, tais como aqueles padrões de beleza praticados na escrita literária.
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“A lenda dos cem”, pela volta à temática da terra, prolonga e renova a literatura nordestina, além de aliar documentação, crônica jornalística e crítica social.
15. Leia o fragmento. ............................................. “Meus amigos meus inimigos Procurem a estrela da manhã Ela desapareceu ia nua Desapareceu com quem? 05
Procurem por toda parte ............................................. Virgem mal-sexuada Atribuladora dos aflitos Girafa de duas cabeças Pecai por todos pecai com todos ...................................................
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Depois comigo Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples Que tu desfalecerás.” BANDEIRA, Manuel. Estrela da manhã. Em: Obra completa, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. p. 227.
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Observe o que se propõe sobre o fragmento poético de Manuel Bandeira.
I
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A ausência de sinais de pontuação se ajusta à orientação dos modernistas seguidores do Futurismo.
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No verso 3, manifesta-se um avanço modernista, da primeira fase, no que se refere à expressão lingüística, confirmando o que disse Mário de Andrade: “O Modernismo, no Brasil, foi uma ruptura (...).”
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2
Na terceira estrofe, apresenta-se uma espécie de ladainha irônica e a descrição da estrela da manhã, que o poeta transforma em metáfora.
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Na composição de Manuel Bandeira, a opção por versos curtos sugere a referência a instantâneos do cotidiano.
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No verso 11, “Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples...”, o poeta se declara na expectativa de poder gratificar o outro com dádivas próprias de seu mundo cultural.
16. Leia o fragmento. “Apagou o candeeiro, já não podia suportar a luz – a luz tão pouca, lembrando-lhe as chamas que devoraram o carneiro. Parecia-lhe, agora, no escuro da sala, que estava vendo a própria face. No entanto, apenas a brasa do cigarro avermelhava-lhe a cara quando puxava a tragada. E perdeu o sossego, já estraçalhado, quando verificou que gostava do escuro para não recordar o rosto de Abel – o sorriso, o olhar, a ternura. Sabia, o irmão sabia que fora ele quem matara o carneiro, com a faca e com o fogo, mas não o denunciou. O que era estranho. Porque – e se desejava esquecer o rosto, lembrava a voz – o irmão, ao invés dele, não gostava do silêncio. Era o oposto: tinha tantas palavras quanto os dentes da boca, igual ao compadre Teodoro. Gostava de sair para o povoado sempre bem vestido, disputava partidas de bilhar, trocando alegrias com os camaradas. Embora nunca discutisse. Os dois: um lado sombra, outro luz. Só que não entendia por que tivera de ser assim, tão distantes – um no sol, outro na madrugada.” CARRERO, Raimundo. Sombra severa. Rio de Janeiro: José Olympio/Fundarpe, 1986. p. 67.
Analise o que se propõe sobre o fragmento da obra.
I
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0
Quanto ao espaço, a ação se desenvolve, propositadamente, em um ambiente sem luz, para simbolizar aspectos significativos do enredo da trama.
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1
O narrador, onisciente, revela o interior da personagem, mostrando-se, assim, conhecedor de seus pensamentos e sentimentos.
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Abel é psicologicamente descrito, numa perspectiva que teve como principal referência seu sorriso, seu olhar e sua ternura.
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No fragmento, o tempo da narrativa é percebido linearmente. Indica-se isso pelo uso dos substantivos sol (= dia) e madrugada (= noite).
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No fragmento, podem-se constatar usos da linguagem conotativa. O fato de a narrativa envolver um flagrante demasiadamente próximo do cotidiano favorece esses usos.
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