A avaliação como instrumento de aperfeiçoamento da educação

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e-ISSN 2237-7891

A avaliação como instrumento de aperfeiçoamento da educação Cleide Selma Pereira dos Santos* text Elisângela Soares Ribeiro† [email protected] Recebido em: 15/08/2014 Aceito em: 20/12/2014 Publicado: 30/12/2014

Resumo. O trabalho analisa o processo avaliativo no contexto escolar, tendo em vista a garantia de uma educação inclusiva. O estudo partiu da inquietação de saber o que é avaliação, como ela se dá no chão da escola e seu percurso histórico ao longo dos anos. A metodologia adotada foi o estudo bibliográfico que visa englobar o pensamento reflexivo e o tratamento científico sobre avaliação. Constatamos através dos estudos que a avaliação é imprescindível para o aprimoramento da prática pedagógica e garantia de um padrão de qualidade educacional, para tanto, deve ser processual e participativa e que as instituições utilizem instrumentos avaliativos capazes de coletar as informações necessárias, e propor intervenções no intuito de provocar mudanças significativas na educação. Palavras-chaves: Avaliação da aprendizagem. Avaliação de sistemas. Avaliação institucional.

* Mestranda

em Educação científica e Formação de Professores para o ensino de Ciências e Matemática da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (PPG-ECFP-UESB). Licenciada em Pedagogia pela mesma Universidade. † Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Formação de Professores com ênfase em Ciências e Matemática (PPG-ECFP-UESB). Licenciada em Pedagogia pela mesma Universidade ©2014 DCHL-UESB

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Cleide Selma Pereira dos Santos e Elisângela Soares Ribeiro ANTONIO FERREIRA DE ALMEIDA JÚNIOR IN THE CONTEXT OF THE DISCUSSIONS ON DEMOCRATIZATION Abstract. The paper analyzes the evaluation process in the school context, with a view to ensuring an inclusive education. The study started from caring about what is reviewed, as it gives the ground school and their evolution over the years. The methodology used was the literature research that aims to encompass scientific and reflective thinking on treatment evaluation. Found through studies that evaluation is essential for the improvement of pedagogical practice and ensuring a standard of educational quality, so he should be procedural and participatory and institutions to use evaluative instruments capable of collecting necessary information, and propose interventions order to cause significant changes in education. Keywords: Evaluation of learning. Evaluation of systems. Institutional assessment.

Introdução Um dos principais determinantes da educação é a avaliação, é através deste processo que o aluno e a escola adquirem sucessos e caminham para o alcance de objetivos capaz de modificar o cognitivo e as ações dos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A sociedade ao receber os reflexos da educação prestada nas escolas, ela se modifica de forma a dar continuidade ao processo histórico de crescimento intelectual e social dos homens. Desde o surgimento das primeiras ações humanas que o ato de avaliar algo ou alguém está impregnado em suas atividades. Por ser a avaliação um ato que requer a observação de vários fatores, ela se torna complexa, e extremamente necessária para o desenvolvimento de estratégias que impulsionam o sujeito a elaborar ideias produtivas e colocá-las em prática. Entendemos que a avaliação é usada em todos os setores da sociedade e chegamos a utilizar de forma inconsciente na execução de trabalhos, nos relacionamentos interpessoais, nos projetos de vida e de forma mais consciente e sistemática na educação. Percebemos que apesar do seu uso constante, ainda há uma incoerência acerca de seu conceito com relação à prática passando a sofrer desgaste na aplicação ou execução. Por isso, neste trabalho procuramos contribuir com a discussão acerca da importância da avaliação voltada para o setor educacional apresentando o entendimento do processo histórico da avaliação ao longo dos anos, do que se entende por avaliar e como ela se dá na sala de aula. Neste sentido buscamos responder aos objetivos propostos por meio do estudo bibliográfico que engloba o pensamento reflexivo e o tratamento científico (MEDEIROS, 2003). Assim, discutimos o processo avaliativo educacional, buscando ter claro o conceito de avaliação para que a efetivação desta não se torne contraditória ao que se propõe: uma educação que modifica o perfil do homem na sociedade. Saberes em perspectiva, Jequié, v.5, n.11, p.37–47, jan./abr. 2015

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Percurso histórico da avaliação educacional O processo de avaliação acompanha o ser humano desde os primeiros anos de sua existência, “seja através das reflexões informais que orientam as frequentes opções do dia-a-dia ou, formalmente, através da reflexão organizada e sistemática que define a tomada de decisões"(DALBEN, 2004, p. 66), estes fatores fazem com que a avaliação seja um dos pontos de destaque no desenvolvimento cognitivo e social do homem. Na educação, a avaliação tem servido para aprimorar o trabalho docente, mostrar a aplicabilidade e eficiência do currículo, definir os objetivos educacionais a fim de acelerar o desenvolvimento do ensino. Através do desenvolvimento da sociedade e das tecnologias, as instituições escolares passaram a adequar o ensino-aprendizagem com a finalidade de suprir as necessidades de desenvolvimento educacional dos sujeitos, percebeu-se que não poderia fazer educação sem intenção e que pesquisar, traçar objetivos e analisar o contexto social era primordial para mudar a concepção de educação até então vista. Diante deste contexto, Caldeira (1997, p. 122) vem nos dizer que a avaliação escolar Está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica.

Esta importância da avaliação mostrada por Caldeira (1997) passou a ter maior destaque a partir dos estudos de Ralph Tyler por volta do século XX. Este pesquisador da educação foi um dos primeiros a descobrir que a escola precisava de uma nova roupagem quando se tratava de currículo e avaliação. A partir do momento em que a avaliação foi vista como fenômeno humano, os primeiros currículos foram configurados surgindo várias maneiras de reorganizar a educação com a finalidade de modificar algumas práticas desagradáveis na sala de aula. Mesmo nas instituições educacionais de grande parte do mundo, passando a avaliar de forma mais organizada, a avaliação ainda servia para dar continuidade ao processo de seleção e classificação dos homens para os cargos públicos, dos quais deram origem os testes orais e o sistema de notação de todas as ações dos estudantes sendo realizadas de maneira continua pelo mestre. No Brasil, no início do século XX, através das mudanças socioeconômicas no mundo, o ambiente foi favorável para se pensar e desenvolver novas formas de avaliar dentro das escolas. Este século foi marcante para a avaliação como medida, surgiram novos procedimentos de avaliar, tais como a aplicação de testes e provas nas escolas. Essa fase tirava o professor de cena e só o aluno era avaliado, responsabilizando o aluno por todo fracasso escolar — em especial o analfabetismo. As escolas passaram a ter classes superlotadas, os testes orais feito foram reduzidos e o professor passou a adotar o processo de estímulo-resposta e provas escritas. As mudanças sociais e econômicas transformam as práticas educacionais, e na década de 30 não foi diferente. O governo baseado em práticas de cobrança Saberes em perspectiva, Jequié, v.5, n.11, p.37–47, jan./abr. 2015

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de impostos e prestação de contas dos gastos pressionou as escolas a se preocupar com uma nova forma de avaliar, desta vez não é o quanto vale, mas o quanto gasta. Assim, surge a avaliação como gestão, instituindo uma nova forma de avaliar: no qual a preocupação com a aprendizagem fica de lado e a escola passa a se preocupar com a realidade econômica do país e a prestar contas dos gastos para o governo. Nesta fase o currículo se configura como norteador das práticas educacionais. Ele foi pensado para adequar o ensino às exigências sociais e econômicas do país, nele se encontravam os objetivos do ensino e suas formas de cumprimento das metas a serem alcançadas. Também foram incorporados no currículo vários procedimentos para se obter os objetivos esperados: testes, questionários e as velhas fichas de registro de comportamentos. Ainda neste contexto, foram realizadas várias pesquisas por muitos estudiosos, e foi apontado que em muitas escolas as práticas educativas eram distintas e que as crianças das classes menos favorecidas não tinham o mesmo rendimento que as de classe alta. Por isso, Rehem (2008, p. 10) ao analisar esta questão afirma que, mesmo diante de toda transformação no contexto educacional “Ainda havia o entendimento de que um grande investimento ou um processo de avaliação generalizado, porém distante da realidade, não garantiriam a qualidade da educação”. O problema no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos continuava, a avaliação estava sendo exclusivamente para verificar, classificar e selecionar. Diante deste contexto foi necessário que surgisse uma nova fase de avaliação na educação para dar conta de uma aprendizagem que realmente atendesse aos objetivos contidos nos currículos. Na década de 90 surge a fase formativa, que tende a Superar o caráter quantitativo e classificatório, recomendando que a mesma devesse possuir características de diagnóstico, indicando para o professor a necessidade de reformulação da sua prática, e de novos encaminhamentos para que a aprendizagem realmente acontecesse. (REHEM, 2008, p. 12).

Percebemos que este tipo de avaliação é o que tende a induzir o professor a se organizar para oferecer aos alunos um ensino baseado no cotidiano dos mesmos e que seja capaz de levá-los a compreender seu próprio caminhar na aprendizagem, tornando-os competentes para desenvolver habilidades no desempenho das atividades cognitivas, a fim de atender a formação integral adquirida pela execução das competências e habilidades que levam o homem a reconhecer seus direitos e deveres contribuindo com o desenvolvimento da sociedade.

Entendendo o signicado da avaliação A avaliação nas suas diversas modalidades se constitui em um instrumento de fundamental importância na busca da qualidade educacional e aprimoramento do trabalho desenvolvido, pois além de nos remeter a uma reflexão sobre as ações Saberes em perspectiva, Jequié, v.5, n.11, p.37–47, jan./abr. 2015

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desenvolvidas, possibilita o conhecimento sobre as potencialidades e carências das instituições e dos alunos, ou seja, fornece informações necessárias para a construção de um planejamento mais eficaz, podendo assim intervir na realidade a fim de modificá-la. A avaliação é um processo que se denomina em sua primeira fase como avaliação inicial (ZABALA, 1998), pois a partir daí sabe-se o ponto de partida para atingir os objetivos propostos. Além disso, a avaliação não deve ser realizada apenas em um âmbito, ela deve acontecer de forma ampla e atingir as diversas modalidades de educação. Em outras palavras, a avaliação não ocorre em momentos isolados, ou somente no início e/ou fim, ela é um processo contínuo, onde se devem observar vários fatores que podem contribuir para determinado resultado e deve servir como instrumento de análise para intervenção, pois seu objetivo maior deve ser o de produzir mudanças significativas na aprendizagem do aluno ou na instituição. Segundo (FREITAS et al., 2009), a avaliação acontece em três modalidades: avaliação da aprendizagem, onde os professores avaliam os alunos; avaliação de sistemas, em que o Estado assume o papel de avaliador, avaliando vários aspectos da educação, onde estão inclusos os alunos, professores, família e a escola; e a avaliação institucional, na qual a comunidade escolar avalia a escola. Tomaremos como base esse pressuposto para refletirmos sobre as modalidades de avaliação e suas implicações na educação de qualidade. Nessa perspectiva, se o fim da avaliação é contribuir de forma significativa para a qualidade da educação é necessário também saber o que se tem por qualidade de educação, pois segundo Gadotti (2003, p. 6), “Qualidade na educação implica saber de que educação se está falando, já que não existe uma só concepção de educação.” A Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, sendo a lei que rege a educação do nosso país está em consonância com a Constituição Federal, onde afirma que a escola deve oferecer uma educação integral e de qualidade ao indivíduo, visando seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Corroboramos com o pensamento de Freire (1996) que afirma que uma educação de qualidade precisa não apenas garantir o acesso à escola, mas oferecer as condições necessárias para que ocorra a inclusão e emancipação dos educandos, mas essa concepção não parece ser semelhante à que o Estado abraça. Pelos estudos realizados, o conceito de qualidade de educação esteve a serviço da classe dominante, seu ideal sempre foi transmitir uma ideologia burguesa que contribuísse para a formação de um sujeito que se enquadrasse dentro do perfil desejado por esta classe. Atualmente a qualidade avaliada pelo Estado se remete ao atendimento de determinados índices, ficando a qualidade da educação baseada em objetivos propostos por um ideal neoliberal de educação. De acordo com Fonseca (1998) a educação é financiada pelo Banco Mundial e tem como base o modelo neoliberal de desenvolvimento. O banco produz um discurso de caráter humanitário, o qual corresponde às aspirações de justiça social das nações mais pobres, no entanto, busca oferecer às camadas populares, apenas um mínimo de educação que lhes proporcione uma diminuição do número de

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filhos, imprescindível para a noção de “sustentabilidade” que objetiva diminuir o crescimento populacional, e a preparação de mão-de-obra para as indústrias, sua intervenção não implica em formação social e crítica para a igualdade de direitos e nem para a emancipação do educando. Neste sentido, Fonseca (1998, p. 56) fala que O Banco sugere a realização de reformas educacionais nos diferentes níveis de ensino, notando-se duas estratégias fundamentais: a primeira implica em diminuir os encargos financeiros do Estado na área da educação em decorrência da política de ajuste; e a segunda estratégia, direciona a prioridade dos empréstimos para uma cesta de insumos educacionais que se mostraram determinantes para o desempenho escolar dos alunos em países de baixa e média renda de acordo com estudos internos do banco.

Para garantir a eficácia de suas políticas, o Banco Mundial financia a educação e utiliza-se dos instrumentos de avaliação como medidas desejáveis e indispensáveis para garantir seus objetivos, onde o Ministério da Educação torna-se o mediador dessas avaliações.

A avaliação na educação brasileira Durante décadas a avaliação serviu como um instrumento repressor e excludente, mas com o passar dos anos e de estudos nesta área essa realidade foi se modificando, muitos mitos foram desmistificados e esse processo tão importante para o desenvolvimento educacional foi sofrendo alterações sendo que hoje já se conhece a sua importância para a qualidade da educação. Apesar dos avanços obtidos, não podemos negar o fato de ainda haver concepções equivocadas a respeito da avaliação, sendo revelada na prática de muitos professores, bem como na utilização desta pelo Estado. No que diz respeito à avaliação da aprendizagem, segundo Vasconcelos (2001) muitos professores acabam usando a avaliação como uma forma de controle, de poder e de coerção em sala de aula, como também para classificar e excluir. É essencial, a observação e o olhar do educador frente à realidade cotidiana, devendo mapear o desenvolvimento do educando através de registros e acompanhamentos diários, para não atribuir juízos de valor incoerentes com a realidade, neste sentido o aluno não pode ser avaliado em momentos estanques, mas em todo o processo educativo. Segundo Tyler (1975) é necessário também identificar e definir os objetivos contidos no currículo dando aos alunos a oportunidade de expressar-se sobre o que aprendeu. Assim, podemos dizer que há necessidade de um currículo com objetivos que vão além das práticas dos exames e das medidas, em que o olhar esteja direcionado para a promoção da aprendizagem do aluno e do professor, se opondo ao ensino aplicado de forma fragmentada e que a avaliação seja ampla. É importante ressaltar que na avaliação da aprendizagem o aluno não pode ser o único avaliado, assim podemos constatar a importância da avaliação como instrumento de reflexão pedagógica, sem a intenção de promover ou classificar Saberes em perspectiva, Jequié, v.5, n.11, p.37–47, jan./abr. 2015

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o sujeito, mas de analisar a totalidade, verificar os avanços e retrocessos obtidos durante a trajetória percorrida, analisando em todos os âmbitos os pontos positivos e negativos que conduziram a um resultado. Entretanto, o que percebemos em nossos dias, apesar das contribuições teóricas, é que a avaliação ainda está vinculada ao conceito de medir, ou seja, qualquer processo mediante a qual uma quantidade é atribuída a alguma coisa associada a termos como notas, conceito, sucesso, fracasso, promoção e repetência. Percebe-se que nesse tipo de avaliação o mais importante é o produto, o desempenho do aluno em relação a determinado conhecimento, a nota obtida nas provas, valorizando assim o aspecto técnico e estatístico do resultado. Quanto à avaliação de sistemas educacionais1 , o Estado utiliza este tipo de avaliação simplesmente como um instrumento de controle, onde seu fim não se justifica pela busca de melhorias, mas pela prestação de contas ao Banco Mundial. Isso contradiz a proposta da LDB no artigo 9º que afirma ser incumbência da União “assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino”. As avaliações de sistemas ocorrem por meio do provão, Exame Nacional do Ensino Médio e do Exame Nacional de Desempenho de Estudante, objetivando avaliar a qualidade de ensino nas instituições e o desempenho acadêmico dos estudantes. Entretanto, o modo como ocorrem essas avaliações não tem causado uma intervenção do Estado no cenário avaliado, o que ocorre é um processo de responsabilização de gestores, professores e comunidade escolar, sem diagnosticar com precisão a causa do fracasso constatado, pois os exames efetuados não são capazes de avaliar as escolas em sua totalidade e não levam em consideração as peculiaridades de cada região. Os resultados obtidos nas avaliações são divulgados na mídia com pretexto de prestação de contas, quando de fato ocorre uma retração por parte do Estado à sua responsabilidade, os exames são utilizados não como instrumentos, mas sim como avaliação, medindo e classificando as instituições. É o que coloca Ribeiro (2011, p. 61) com relação à avaliação de nível superior: O Exame Nacional de curso, conhecido como “provão”, tornou se o centro das atenções da mídia, que entendeu ser este componente da avaliação uma fiel fotografia da qualidade das instituições de ensino superior, uma vez que media o desempenho do aluno, considerando o principal produto da atividade universitária.

Nesse sentido, os problemas na educação, como a qualidade de ensino e desempenho da aprendizagem dos alunos, não estão apenas ligados as notas por meio de uma avaliação excludente, mas envolve uma série de fatores que devem ser avaliados. A avaliação de sistemas deve ser realizada de uma forma sistêmica, 1

O termo sistemas utilizado neste contexto se refere aos níveis de educação, não é utilizado na perspectiva de Saviani, quando este defende em seu texto “Sistema Nacional de Educação articulado ao Plano Nacional e Educação” uma definição de sistema que difere à sua empregabilidade na educação brasileira.

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no sentido amplo da palavra, deve analisar todos os fatores, extra e intra-escolares, deve-se avaliar a educação desde a pré-escola ao grau de escolaridade em que se encontra o sujeito avaliado. Nessa perspectiva o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) se aproxima dessas características, pois não se remete à aplicação de exames sem analisar outros aspectos.

O SAEB é a primeira iniciativa brasileira, em âmbito nacional, no sentido de conhecer mais profundamente o nosso sistema educacional. Além de coletar dados sobre a qualidade da educação no país, procura conhecer as condições internas e externas que interferem no processo de ensino aprendizagem, por meio da aplicação de questionários de contexto respondidos por alunos, professores diretores, e por meio da coleta de informações sobre as condições físicas da escola e dos recursos de que ela dispõe. (BRASIL, 1996).

Apesar disso, esse tipo de avaliação não trás melhorias efetivas às escolas, pois é aplicado por amostragem e a avaliação é voltada mais para a aprendizagem do aluno do que para o processo escolar. No entanto, não podemos negar o fato de que ela pode promover uma inquietação na comunidade escolar, esta, por sua vez, poderá contar com um instrumento de grande relevância para o seu desenvolvimento, a avaliação institucional, que segundo Freitas et al. (2009) é a que se realiza dentro do espaço escolar, onde a comunidade escolar faz uma auto-avaliação abrangendo os diversos aspectos com o objetivo de aprimorar a qualidade de educação que defende. Vale ressaltar que a avaliação é uma atividade racionalmente definida dentro de um encaminhamento político e decisório e deve, portanto, ocorrer de forma participativa, ou seja, por todos que estão inseridos neste processo. Libâneo (2004, p. 235) afirma que a “avaliação diz respeito a um conjunto de ações voltadas para o estudo sistemático de um fenômeno.” Logo esse estudo deve compreender a totalidade, coletando informações e descrevendo de forma categórica a realidade avaliada. Para Luckesi (1999) a avaliação deve ser processual, pois possibilita perceber os avanços e retrocessos que ocorreram no decorrer do trabalho desenvolvido. Entendemos que a avaliação institucional se constitui em um instrumento de fundamental importância na busca da qualidade educacional e aprimoramento do trabalho desenvolvido, pois além de nos remeter a uma reflexão sobre as ações desenvolvidas, possibilita o conhecimento sobre as potencialidades e carências da instituição, nos fornecendo informações necessárias para a construção de um projeto político pedagógico que possa intervir positivamente na realidade da instituição. Dias Sobrinho (2003, p. 53) afirma que a avaliação institucional ultrapassa amplamente as questões das aprendizagens individuais e busca a compreensão das relações e estruturas que são públicas e sociais e por isso, há a necessidade da avaliação das instituições, tendo em vista que esses processos são públicos e por ser uma instituição social, criada e mantida pela sociedade. Saberes em perspectiva, Jequié, v.5, n.11, p.37–47, jan./abr. 2015

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Os desaos da avaliação do processo do ensino-aprendizagem Percebemos que a avaliação educacional é uma mão forte para o desenvolvimento eficaz do sujeito e da sociedade, por ser assim, ao se realizar o processo muitos professores passam por diversos desafios que os desapontam e os colocam em posição de superiores. Geralmente na sala de aula só o aluno é avaliado e o professor é o avaliador que tem o poder de punir, linearizar o aprendizado e medir o nível de conhecimento dos sujeitos. Muitos professores não sabem como avaliar e se perdem em meio ao processo de ajudar os alunos a crescer de forma cognitiva. As escolas brasileiras, em sua maioria, tem sido deficientes no processo de avaliar e esta dificuldade tem ocorrido pela falta de políticas que se efetivem no sentido de primeiramente o professor ser avaliado de forma coerente, mas o que o governo conseguiu implantar foi a gratificação por docência do qual avalia a quantidade de aulas dadas pelos professores e não suas habilidades para ensinar. Por este motivo muitos professores não conseguem ajudar seus alunos a superar as dificuldades de aprendizagem e não conseguem “decompor em partes, atribuindo-lhes um lugar específico no todo ou definindo suas propriedades.” (DEMO, 2004, p. 111). O mesmo autor ao discutir sobre os processos avaliativos nas escolas, fala que todo processo avaliativo é questionável, pois muitas vezes cai no erro de ser injusta, incômoda, incompleta, ideológica, autoritária, excludente e humilhante. A avaliação quando é realizada nestes aspectos não consegue dar “ao estudante a oportunidade de expressar o comportamento implicado pelos objetivos educacionais.” (TYLER, 1975, p. 102). Para que o processo de avaliar não se debruce em alguns equívocos é necessário primeiramente que o professor tenha a sabedoria de desmistificar a visão de ciência em que poda o sujeito e avalia de forma quantitativa para avaliar de forma que consiga romper com a ausência de reflexão e do olhar crítico para com os sujeitos envolvidos na avaliação educacional. Para que esta perspectiva de avaliação aconteça o diálogo entre professores-alunos- escola deve acontecer em todas as etapas da investigação educacional, se assim não acontece pode acorre certa sobreposição de poder do maior sobre o menor, fator que tem afastado muitos alunos da sala de aula. Por isso Demo (2004, p. 115) nos diz que “O bom professor consegue conversar com o aluno de tal sorte a lhe mostrar que seu desempenho não é satisfatório, procura entender razões do mau desempenho, e, sobretudo, apresenta-se como apoio para resgatar as oportunidades.” Muitas escolas ainda avaliam sem o diálogo, usam o método instrucionalista aplicando apenas uma prova do qual o aluno para responder as questões se vale da memorização dos assuntos apresentados pelos professores em salas de aula. Esta forma de avaliar não promove o senso crítico do aluno, e não favorece a pensar reflexivo fator que configura a presença de um currículo horizontalizado. Diante destes aspectos Demo (2004) faz algumas orientações para que os professores possam avaliar em sala de aula de forma que atendam as necessidades globais dos alunos: o professor precisa observar se o aluno está aprendendo a argumentar, se fundamenta sua fala, se adquire autonomia para criar suas Saberes em perspectiva, Jequié, v.5, n.11, p.37–47, jan./abr. 2015

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próprias discussões, se consegue desconstruir conceitos e teorias e reconstruir posteriormente. Para que o aluno consiga esse desenvolvimento é preciso, também, que seja explicado no momento da avaliação os critérios usados para avaliar, que sejam realizados questionamentos para saber se o aluno está conseguindo articular suas ideias e o professor precisa dar ao aluno oportunidade de refazer suas atividades avaliativas tentando melhorar o ponto em que se equivocou ou que deixou lacunas.

Considerações nais Constatamos, portanto, que a avaliação é algo necessário dentro da escola, mas é preciso que se avalie de forma coerente aos conceitos aqui apresentados e que o ideal de qualidade que se deseja alcançar por cada escola seja contrário a proposta neoliberal, que se busque uma unidade pedagógica e administrativa a fim de lutar por uma educação de qualidade que assegure a todos os indivíduos uma educação que lhes possibilite vivenciar o conceito de democracia, emancipação e inclusão. Na perspectiva de uma educação inclusiva e de qualidade, o tipo de avaliação que se deseja não está distante da formativa, para tanto, essa educação requer acréscimo de alguns elementos para o melhoramento do ensino, da aprendizagem e gestão escolar. Diante do exposto fica evidente, a importância que tem a avaliação para a melhoria da qualidade da educação, bem como, percebemos que avaliar não é simplesmente atribuir notas, mas é compreensão e análise de todo processo avaliativo, não atribuindo os sucessos ou fracassos a um sujeito, pois seu objetivo deve ser analisar para intervir. Nesse sentido, deve ser analisado todo o processo educacional que se firma através dos currículos, deve-se avaliar para conhecer e aprimorar a prática pedagógica, a qualidade e os compromissos da inserção da escola na sociedade, de forma que a educação atinja seu maior objetivo, que implica garantir uma educação de qualidade a todos os indivíduos.

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