CUIDADOS PALIATIVOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO

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Santos, Lattaro e Almeida (2011)

CUIDADOS PALIATIVOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO TERMINAL: REVISÃO DA LITERATURA

Demétria Beatriz Alvarenga Santos Graduada em Enfermagem pela LIBERTAS Faculdades Integradas.

Renusa Campos Costa Lattaro Graduada em Enfermagem pela LIBERTAS Faculdades Integradas.

Denize Alves de Almeida Mestra em Enfermagem e professora da LIBERTAS Faculdades Integradas.

RESUMO O câncer é uma doença crônica e progressiva que causa dor física, sofrimento emocional e espiritual intensos. Essa patologia quando diagnosticada em fase avançada, diminui a chance de sobrevida do paciente. De acordo com as estatísticas do INCA, o câncer é a segunda causa de morte no Brasil. No homem, o maior índice de mortalidade ocorre pelo câncer de próstata, pulmão e intestino; e nas mulheres pela doença na mama, colo de útero e também intestino. Esta pesquisa teve como objetivo destacar conhecimentos necessários para que o profissional de enfermagem utilize dos cuidados paliativos para oferecer assistência aos pacientes oncológicos terminais. A revisão da literatura utilizada tem caráter descritivo exploratório, utilizando-se de livros, artigos científicos e manuais do Ministério da Saúde, e demonstra que os altos índices de morbimortalidade do câncer remete à necessidade da assistência de enfermagem em cuidados paliativos, já que o enfermeiro está ligado diretamente ao paciente, inclusive em sua fase terminal. Dentro desse contexto deve-se respeitar a sua autonomia e dignidade, tratando-o de forma holística e humanizada, ressaltando a importância na comunicação estabelecida entre enfermeiro, pacientes e familiares. A ênfase está no escutar mais do que falar, para ajudar o paciente a expressar seus sentimentos, compreendendo-o melhor. O enfermeiro deve aperfeiçoar suas habilidades técnico-científicas e na capacidade de percepção das necessidades do paciente terminal oncológico, de forma que consiga oferecer cuidados de enfermagem com qualidade. Palavras-chave: cuidados paliativos, câncer, cuidados de enfermagem, pacientes oncológicos.

1. INTRODUÇÃO Atualmente o câncer é uma doença crônica que provoca grande transtorno, dor e sofrimento ao paciente e seus familiares. Essa doença tem acometido grande número de pessoas em todas as faixas etárias, e por ser ativa, progressiva e ameaçadora, pode levar à morte, causar sentimentos de medo, insegurança e não aceitação.

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Caracterizado pela multiplicação desordenada de células, o câncer invade tecidos e órgãos, podendo se espalhar por todo o corpo (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). De uma forma geral o câncer pode ser adquirido pelas anomalias de efeitos carcinógenos como agentes ambientais infecciosos e químicos, vírus, hereditariedade ou genética (ROBBINS; COTRAN; KUMAR, 1996). O índice de mortalidade por câncer tem crescido nas últimas décadas, impondo ao ser humano o pensar sobre a morte, que é o fim da vida, mas final entendido como meta alcançada, plenitude almejada e lugar do verdadeiro nascimento. Apesar de trazer muito medo e insegurança, morrer é um processo natural e com o avanço da medicina tende-se a ser prorrogada (BRASIL, 2009; BOFF, 1985). A terminalidade da vida, de acordo com Gutierrez (2001), ocorre quando se esgotam as possibilidades de cura de uma determinada doença e a morte se torna inevitável. Nesse momento crítico é importante o cuidado humanizado ao paciente terminal e seus familiares. Para Maciel (2008) é importante amenizar o sofrimento que precede a morte, oferecendo cuidados paliativos a pacientes e familiares que se deparam com a ameaça à continuidade da vida. O cuidar dos pacientes oncológicos terminais na sua totalidade dá ênfase à dor e ao sofrimento do paciente, alcançando todas as dimensões: física, psíquica, social e espiritual (PESSINI; BERTACHINI, 2004). Os cuidados paliativos ministrados a esses pacientes não abreviam e nem prolongam a morte, eles aliviam a dor e o sofrimento, proporcionando melhor qualidade de vida, até que aconteça de forma natural. Tais cuidados se iniciam com o diagnóstico da doença e se estendem até o luto É necessária uma equipe multiprofissional qualificada, com preparo suficiente para que haja interação e muita dedicação aos pacientes para alcançar os resultados (Brasil, 2008). O câncer é uma patologia de grande incidência e para o ano de 2008 calculou-se que ocorreriam cerca de 12 milhões de casos novos e sete milhões de óbitos no mundo. Estima-se que para os anos de 2010 e 2011 ocorrerão 489.270 novos casos de câncer de todos os tipos no Brasil. Os mais comuns, exceto o de pele do tipo não melanoma, são os cânceres de próstata e pulmão para o sexo masculino e os de mama e colo do útero para o feminino. O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), menciona que o câncer é a

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segunda causa de morte por doenças no Brasil. Em 2020, no mundo o número de novos casos anuais estimados é de aproximadamente 15 milhões. Cerca de 60% desses, ocorrerão em países em desenvolvimento (BRASIL, 2008, 2009). Dentro deste contexto fica visível a necessidade de dar continuidade em investimentos de ações para o controle do câncer nos diversos níveis de atuação como na promoção da saúde, assistência precoce holística e humanizada aos pacientes, capacitação de recursos humanos na área, pesquisas sobre o tema, comunicação e mobilização social, e abordagem dos direitos do paciente com câncer a partir do Sistema Único de Saúde – SUS (BRASIL, 2008). Assim, para que haja integralidade das ações, os cuidados de saúde prestados requerem atenção de uma equipe multiprofissional centrada no paciente com câncer, o que requer habilidades clínicas específicas as quais não devem estar restritas aos cuidados referentes à dor e ao sofrimento, mas extensivo aos familiares, para que haja melhor interação entre o paciente e sua família.. Dessa forma esta pesquisa tem como objetivo destacar o conhecimento necessário aos profissionais de enfermagem para melhorar a qualidade de vida, aliviar a dor e o sofrimento dos pacientes oncológicos terminais, de acordo com as suas necessidades básicas, utilizando-se de cuidados paliativos.

2. ASPECTOS GERAIS DO CÂNCER As células normais, que vivem em perfeita harmonia citológica, histológica e funcional em nosso organismo, possuem características morfológicas que fazem com que elas se agrupem em tecidos que formam os órgãos para uma boa manutenção da vida. Em certas situações pode ocorrer uma ruptura dos mecanismos reguladores da multiplicação celular, desnecessária ao tecido, isto é, uma célula começa a crescer e dividir-se desordenadamente, dando origem a células descendentes, consequentes desse crescimento com divisões atípicas, indiferentes aos mecanismos reguladores normais. Dessa forma, surge o tumor ou neoplasia, podendo ser benigno ou maligno (BRASIL, 2008). As neoplasias apresentam crescimento celular não controlado, são chamados de tumores e têm sido definidas como ploriferação anormal de tecido que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo, tendendo à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos ao hospedeiro (ROBBINS; COTRAN; KUMAR, 1996; BRASIL, 2008).

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Os tumores malignos são mais agressivos, invasivos, com capacidade de disseminação. A sua invasão possibilita a penetração nos vasos sanguíneos, linfáticos e cavidades corporais, gerando as metástases (ROBBINS; COTRAN, 2005; BRASIL, 2008). Os tumores malignos são geralmente chamados de sarcoma e se originam no tecido mesenquimal. O tumor maligno do tecido cartilaginoso é denominado de condrossarcoma; do tecido gorduroso, lipossarcoma; do muscular liso leiomiossarcoma. Quando se originam nas células epiteliais (derivadas de três camadas germinativas, ectodérmica, mesodérmica e endodérmica) são denominados carcinomas e se o epitélio for de origem glandular, denomina-se adenocarcinoma. O maior nível de agressividade, com crescimento acelerado das células e maior tamanho do tumor são algumas características que propiciam metastatizar. A metástase reduz ainda mais a possibilidade de cura da doença (ROBBINS; COTRAN, 2005). Os tumores benignos são caracterizados pelo crescimento celular de forma controlada, denominados de hiperplasia, metaplasia. Normalmente são de progressão lenta e expansiva apresentando estroma normal, boa vascularização e dificilmente provocam necrose e hemorragia (BRASIL, 2008). Para Robbins e Cotran (2005), a nomenclatura dos tumores benignos é identificada pelo sufixo “oma”, na célula de origem. Como exemplo, o tumor benigno que ocorre a partir de células fibroblásticas é chamado de fibroma; o do tecido cartilaginoso é o condroma; e o tumor benigno do tecido glandular, adenoma. 3. CUIDADOS PALIATIVOS O termo “paliativo” deriva do latim pallium, que significa manto, capote, assemelha-se ao termo Hospice, o mesmo que abrigos e hospedarias para abrigar e cuidar de peregrinos e viajantes. O relato mais remoto foi do Hospício Porto de Roma, no século V, onde Fabíola, discípula de São Jerônimo, cuidava de viajantes que chegavam da Ásia, África e países do leste (PESSINI; BERTACHINI, 2005). O Hospice foi criado na Europa, no século XVII, pelas instituições de caridade, para abrigar órfãos, pobres e doentes, tendo sido disseminados por organizações católicas e protestantes que no século XIX passaram a ter características de hospitais, com alas diferenciadas por doenças, com cuidados precários, voltado mais para a espiritualidade e controle da dor (MACIEL,2008).

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O Movimento Hospice Moderno se iniciou em 1967 pela inglesa Cicely Sounders com formação humanista e médica. Foi fundado em Londres St. Christhofer Hospice, para atender não somente aos doentes, mas para desenvolver ensino e pesquisa aos bolsistas de vários países (PESSINI; BERTACHINI, 2005). Em 1982 o comitê de câncer da Organização Mundial de Saúde (OMS), criou um grupo de trabalho a fim de definir políticas para o alívio da dor e cuidados do tipo Hospice para pacientes com câncer, sendo recomendados a todos os países. Para Maciel (2008) o termo “cuidados paliativos” passou a ser adotado pela OMS, quando já era utilizado no Canadá, devido às dificuldades de tradução fidedigna do termo Hospice em alguns idiomas. Em 1986, a OMS publicou a primeira definição de cuidados paliativos como sendo cuidados totais e ativos quando há impossibilidade de cura. O controle da dor e de outros sintomas, bem como os problemas psicossociais e espirituais é essencial na administração dos cuidados, proporcionando assim, melhor qualidade de vida aos pacientes e familiares. Em 2002, esta definição foi revisada e substituída pela atual, que tem o objetivo de ampliar o conceito e torná-lo aplicável a todas as doenças o mais precocemente possível (CUIDADO PALIATIVO, 2008). Silva (2004) destacou a importância e o direito do paciente com doença avançada e terminal, e da sua família, de morrer com dignidade, afirmando que cuidados paliativos é uma modalidade emergente de assistência no fim da vida, construídos dentro de um modelo de cuidados totais, ativos e integrais. A intenção de uma morte mais digna, menos sofrida e perto das pessoas queridas partiu inicialmente dos ingleses, na década de 60, e posteriormente estendeu-se ao restante da Europa e Estados Unidos, tornando oportuna a criação de um movimento de cuidados mais humanizado, integral, voltado especificamente para indivíduos com doenças crônicas, progressivas e sem possibilidade de tratamento curativo (SILVA, 2004). Girond e Waterkemper (2006) afirmam que a morte faz parte da existência e cuidar da pessoa que está morrendo deveria ser parte integral da assistência, já que a vida não é eterna. Cada momento vivido deve ser valorizado, até mesmo o próprio processo de morrer. Para Maciel (2008) é necessário que os profissionais de saúde respeitem os pacientes desde o começo da vida até a sua morte, estendendo os cuidados paliativos aos seus familiares até o período de luto. Declaram também que estes devem ser administrados

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de acordo com os princípios que podem ser aplicados em todas as atividades desenvolvidas, publicados pela Organização Mundial de Saúde, em 1986 São eles: _ Promover o alívio da dor e demais sintomas estressantes: é necessária uma avaliação individualizada através da história do paciente, exame físico e pesquisas envolvendo conhecimento específico para a prescrição de medicamentos. _ Afirmar a vida e encarar a morte como processo natural: o paciente deve ser orientado a dar mais sentido à vida que ainda lhe resta, ajudando-o na compreensão de sua doença, através do debate sobre o processo de sua finitude. _ Não antecipar nem adiar a morte: este princípio visa melhorar a qualidade de vida do paciente, dando-lhe assistência contínua e reabilitadora, com a consciência de que o tratamento não lhe causará maior desconforto do que a sua própria doença. _ Aplicar os aspectos psicossociais e espirituais: a qualidade de vida envolve problemas sociais, dificuldades de acesso aos serviços de saúde, medicamentos e outros recursos que podem ser causas de sofrimento que devem ser levados à equipe multiprofissional, atuando de forma integrada, a fim de identificar os problemas para a tomada de decisões. _ Oferecer suporte que possibilite a vivência ativa do paciente até o momento da morte: viver ativamente é preservar a sobrevida do paciente incessantemente, sendo função do enfermeiro atuar como facilitador para a resolução de seus problemas. _ Oferecer suporte para auxiliar os familiares durante a doença e o luto: a família é tão importante quanto o doente e a inserção dos cuidados paliativos, já que as complicações que podem ocorrer no período de luto devem ser identificadas e trabalhadas. _ Dar início aos cuidados paliativos desde o diagnóstico da doença. Os cuidados paliativos devem ser iniciados o mais precocemente possível junto a outras medidas para prolongar a vida, como quimioterapia e radioterapia, incluindo ainda investigações necessárias para melhor compreensão e controle dos sintomas. Não se pode privar o paciente dos recursos diagnósticos e terapêuticos que a medicina pode oferecer, devendo ser usados de forma hierarquizada, levando em consideração o custo e benefício. A aplicação precoce dos cuidados paliativos antecipa e previne os sintomas. É fundamental que o paciente seja o centro das atenções, tratado de forma holística e acompanhado pela sua família em todo o período de seu tratamento. Os cuidados paliativos devem se estender até a sua finitude, sendo essenciais nessa fase da vida (ANCP, 2009).

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O câncer é uma doença que causa muita dor e sofrimento espiritual e emocional, fazendo com que o paciente sinta grande dificuldade em suportar sua vida. Existem tratamentos específicos para pessoas com essa patologia, melhorando assim, a sua qualidade de vida. Contudo, os cuidados paliativos direcionados aos pacientes oncológicos terminais visam priorizar a dignidade e valorizar os doentes de forma humanizada e holística (ARAÚJO et. al., 2009). Diante dos avanços na área da oncologia relacionados aos diagnósticos e tratamentos constatou-se que 50% dos pacientes têm o diagnóstico de câncer em fase avançada e metade destes está fora das possibilidades terapêuticas atuais (AYOUB et.al., 2000). Assim, Girond e Waterkemper (2006), destacam a situação de terminalidade, onde as possibilidades de tratamento chegaram ao fim, a progressão da doença e a finitude humana são inevitáveis e caracterizadas pela morte, surgindo os cuidados paliativos como um novo tipo de cuidado voltado para uma abordagem mais humana de tratamento. Para Pessini (2003) o processo de morte e as últimas fases da vida têm se tornado objeto de estudo e reflexão na área da saúde, da filosofia, antropologia e sociologia. Os pesquisadores afirmam, em consenso, que não se deve preservar a vida biológica a qualquer custo (obstinação terapêutica), se isso implicar mais dor, sofrimento e, sobretudo, perda da auto-estima e dignidade do paciente O autor afirma que a qualidade de vida é a maior preocupação dos profissionais de saúde, levando em consideração que os pacientes oncológicos terminais sentem muito mais medo do fim da vida, do que da morte propriamente dita. Apesar dos cuidados paliativos estarem em construção e ainda ocuparem o campo conceitual, metodológico e instrumental, sua definição, bem como suas estratégias a partir da prática, são um desafio para as equipes de saúde , já que a ação não é movida apenas pela competência técnico-científica, apoiada no processo diagnóstico e terapêutico, mas, determinada por questões políticas, éticas, culturais, sociais e subjetivas (BRASIL,2008). Os cuidados paliativos iniciam-se a partir do respeito aos valores morais, sociais, éticos, crenças, conhecimentos, direitos, deveres e capacidades. O profissional deve respeitar as limitações dos pacientes, proporcionando-lhes autonomia para o desempenho de ações que dignificam a vida; estimular a capacidade do auto cuidado; envolver o paciente e a família nas decisões e cuidados até a sua finitude; proporcionar condições de

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planejar e controlar sua vida e doença; e finalmente, aliviar e fiscalizar os sintomas, especialmente a dor e o desconforto (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). A dor limita muito o estilo de vida do paciente que enfrenta muitas perdas como a da normalidade e expectativa de futuro, contribuindo para o desenvolvimento de sua doença. A experiência dolorosa, os aspectos sensitivos, emocionais e culturais são inseparáveis e devem ser analisados. Assim sendo, para avaliar a dor é necessário acreditar nas manifestações do paciente. Contudo para que haja controle da dor deve-se avaliar a intensidade da mesma, administrando medicamentos de forma adequada, bem como as vias de administração, fazendo a reavaliação contínua dos mesmos e observando seus efeitos colaterais. Os pacientes, seus familiares e todos os profissionais envolvidos no controle desse sintoma devem ser orientados permanentemente (ARANTES; MACIEL, 2008). É importante que haja qualidade no cuidar, atendendo melhor às necessidades do paciente, com maior ênfase no ouvir do que no falar, lembrando de ajudar o paciente nas dificuldades de expressar seus sentimentos, para melhor compreendê-lo (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). Nesse contexto o enfermeiro deve aperfeiçoar sempre suas habilidades em relação ao conhecimento técnico, científico e na capacidade de percepção das necessidades do paciente. É necessário que haja planejamento na assistência humanizada, pois o profissional de enfermagem é quem está mais próximo ao doente, o qual deve ser tratado de forma efetiva (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). BOFF (2003) destaca que o ato de cuidar é muito mais que simples atenção, é dedicação, compromisso, afeto e respeito ao paciente, enquanto Kovacs (2008) afirma que a morte é um processo natural da vida e que se as pessoas se preparam para nascer também devem se preparar para morrer. A certeza de uma doença incurável permite que a morte possa ser planejada para que amenize o sofrimento do doente. De acordo com kovacs,2008 a família do paciente oncológico terminal sofre por achar que não está fazendo o melhor para atender às necessidades do doente. A energia psíquica do mesmo fica inteiramente voltada à sua assistência, não conseguindo distinguir se o melhor para ele seria a morte para o alívio da dor e sofrimento ou a sobrevivência, por ser uma pessoa próxima e querida. Os pacientes depressivos preferem a morte, por isso a necessidade dos cuidados paliativos para que os profissionais da saúde possam ampará-los, apoiá-los e fazer com se

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sintam capazes para a vida com a presença e o apoio familiar , sendo necessário fazer com que o doente resgate os valores de toda a sua existência, pois com o agravamento da doença, o paciente possui a sua autonomia diminuída e a sua dignidade ameaçada. No entanto, dignidade significa qualidade de vida em toda a sua existência com o mínimo de sofrimento possível, os quais podem ser oferecidos pelos profissionais de saúde e seus familiares, já que o paciente deve saber de tudo, por meio de uma comunicação clara e aberta. A autonomia é responsável pela dignidade da vida do doente, pelo direito de controlá-la e de decidir sobre si próprio, resolvendo assim, onde e como deseja permanecer até a sua morte (KOVACS, 2008). Para Menezes (2004), os cuidados paliativos criam uma nova representação social do processo de morrer.

4. METODOLOGIA Para abordar o tema proposto, foi realizado um estudo de revisão da literatura do tipo descritivo-exploratório, utilizando-se de livros, manuais e artigos científicos, pesquisados em bibliotecas tradicionais e virtuais. Os artigos científicos foram obtidos através do levantamento das bases de dados LILACS e SciELO, por meio de conexão da página da internet da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e do Ministério da Saúde, com ênfase ao site do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Para as buscas nas referidas bases de dados utilizou-se o cruzamento das palavraschave: cuidados paliativos, câncer, cuidados de enfermagem e pacientes oncológicos, os quais foram pesquisados exaustivamente. As publicações encontradas dataram desde 1985 até 2009, de forma que compusessem o maior número de informações relacionadas ao câncer e aos cuidados paliativos realizados pela enfermagem. Dessa forma, foram localizados e selecionados 08 (oito) artigos científicos, 09 (nove) livros e 03 (três) manuais), que contribuíram para o desenvolvimento do estudo e realização do objetivo proposto.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO O câncer é uma doença crônica progressiva que causa muita dor e sofrimento ao paciente oncológico terminal e seus familiares. Essa patologia se origina de alterações celulares que se transformam em tumores benignos ou malignos. Os mesmos podem estar relacionados a vários fatores como sexo, idade, raça, cor e estilo de vida. Dentre os diversos tipos de câncer, o de pele não melanoma é o de maior incidência e menor índice de mortalidade.( BRASIL, 2008). Os tumores malignos são invasivos com facilidade de disseminação e consequentemente mais agressivos. Por apresentarem essas características propiciam a metastatização reduzindo a possibilidade de cura da doença e os tumores benignos são conhecidos pelo crescimento celular de forma controlada e dificilmente provocam complicações (ROBBINS,COTRAN, 2005). Segundo as estimativas do INCA, o câncer é a segunda causa de morte no Brasil. No homem, o maior índice de mortalidade ocorre pelo câncer de pulmão, próstata e intestino. Já entre as mulheres acontece o aumento dessa doença na mama, colo de útero e intestino. Diante dessa realidade foi criado o Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar, a fim de proporcionar melhoria no atendimento à saúde no Brasil e disponibilizar serviços de qualidade prestados pelas instituições ligadas ao SUS (BRASIL,2008) Dentro da Política Nacional de Humanização, os cuidados de enfermagem são essenciais na assistência durante todo o tratamento, exigindo muita habilidade afetiva e técnica de acordo com o paciente, tratando-o de forma holística e humanizada (BRASIL,2008). Nesse contexto, Gutierrez (2001) e Maciel (2008) destacam a necessidade de proporcionar aos pacientes oncológicos terminais cuidados especiais. Os cuidados paliativos são essenciais para oferecer alívio da dor e sofrimento emocional e espiritual, bem como apoio aos familiares desde o diagnóstico, a terminalidade até o luto. E todo esse processo envolve respeito, compreensão, dignidade e autonomia do paciente preservando assim, sua sobrevida, ajudando-o no enfrentamento de seus problemas. Para Araujo et al., (2009) o câncer quando diagnosticado em fase avançada, diminui a possibilidade de cura do paciente, levando-o ao final da sua existência. Assim, os

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cuidados paliativos têm o propósito de oferecer atenção especial e humanizada na assistência em saúde. Contudo, Leite (2007) esclarece que o profissional de enfermagem deve estar sempre aperfeiçoando suas habilidades e técnicas específicas, pois é o profissional enfermeiro que está mais próximo do paciente, podendo lhe oferecer segurança e conforto, já que as possibilidades de cura se esgotaram.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como o câncer é uma doença que pode levar ao óbito, os programas de cuidados paliativos têm sido reconhecidos como estratégias fundamentais para melhorar a qualidade de vida de pessoas com doenças que podem fazer com que elas vivenciem a fase terminal. O controle do sofrimento físico, emocional, espiritual e social é essencial nesta modalidade de cuidado, já que a pessoa que fica doente, desde o diagnóstico até o momento da morte, e sua família, durante o curso da doença até a fase do enlutamento, procuram recursos para amenizar o sofrimento. Apesar dos cuidados paliativos estarem em construção suas estratégias a partir da prática são um desafio para as equipes de saúde. Assim, o propósito da assistência de enfermagem é encontrar no trabalho cotidiano, junto aos que recebem cuidados paliativos, um equilíbrio harmonioso entre a razão e a emoção. O enfermeiro é o profissional que está diretamente ligado ao paciente, tendo assim o compromisso e responsabilidade de ouvir e compreender melhor às necessidades de cada um, proporcionando-lhes apoio, compreensão e afetividade no momento de carência que possuem no enfrentamento da doença e consequentemente a caminho da terminalidade. Portanto, é imprescindível que sejam intensificadas as investigações sobre cuidados paliativos para pacientes com câncer, com o objetivo de fornecer subsídios que permitam viabilizar a introdução dessa prática nos serviços de saúde, principalmente como componente da assistência de enfermagem, conscientizando os gestores e produtores de políticas públicas sobre a importância desse serviço no planejamento das ações em saúde.

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