BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA NO HUMOR EM IDOSOS Rafael

1 BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA NO HUMOR EM IDOSOS Rafael Costa de Souza1 Acadêmico do CEDF/UEPA [email protected] Moisés Santa Rosa2...

162 downloads 555 Views 248KB Size
1

BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA NO HUMOR EM IDOSOS Rafael Costa de Souza1 Acadêmico do CEDF/UEPA [email protected] Moisés Santa Rosa2 Orientador do CEDF/UEPA [email protected] RESUMO Atualmente a população idosa brasileira com mais de 65 anos totalizam 7,4%; com o processo de envelhecimento, há declínios físicos e psíquicos, que muitas das vezes comprometem seu estado psicológico, e consequentemente, seus estados de humor. A hidroginástica pode trazer benefícios para a saúde dessa população, e aparece como uma das atividades físicas mais procuradas nessa idade. O objetivo deste estudo foi descrever a influência da hidroginástica nos estados de humor em idosos. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, em fontes primárias e secundárias de livros, e artigos de revistas científicas sobre o tema. Foi constatado que a hidroginástica influencia positivamente não só os aspectos físicos, influenciando também na liberação de hormônios que promovem o bem estar, melhorando o estado de humor. Conclui-se que esta atividade pode ser praticada com segurança por esta população, adequando-se os seus princípios às necessidades do idoso, para que a mesma traga benefícios sobre o estado de humor e a saúde em geral. Palavras chave: Hidroginástica. Idoso. Humor. Bem estar. INTRODUÇÃO

É perceptível o aumento populacional brasileiro e de pessoas vivendo com 65 anos ou mais. Os números atuais são de 190.755.799 milhões de habitantes. Já a população com 65 anos ou mais, corresponde a 7,4% da população total. Na região Norte, os idosos já somam 4,6% (IBGE, 2010). Além disso, em números populacionais, há também um aumento na expectativa

de

vida,

onde,

o

desenvolvimento

nas

áreas

tecnológicas,

socioeconômico-culturais, na medicina, no saneamento básico e na diminuição da mortalidade, está proporcionando aos idosos viver mais e com qualidade de vida (DANTAS et. al. 2008. p. 76). Juntamente com esta longevidade, é importante que tenham qualidade de vida, afeto positivo e satisfação pessoal (JOIA, 2007). Neste sentido, envelhecer 1 2

Graduando em Licenciatura Plena em Educação Física. Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física. Mestre em Motricidade Humana.

2

com saúde e com qualidade de vida, está relacionado com bons níveis de bem-estar biológico, psicológico e social, isto é, com um estilo de vida ativo, dessa maneira, minimizando as mudanças naturais decorrentes deste processo (DANTAS e VALE, 2008, p. 39). Contudo, o envelhecimento é natural, individual, inexorável e acompanhado por mudanças biológicas, psicológicas e sociais, onde, muitas das vezes, a genética e o estilo de vida serão determinantes na qualidade desse processo, como também, as limitações físicas, podendo prejudicar as atividades básicas do dia-a-dia; em consequência, muito dos idosos acabam se isolando socialmente, causando, dessa forma, danos à sua saúde psicológica, tornando-se reflexo de um estado negativo de humor (ASSUMPÇÃO E OLIVEIRA, 2008, apud DANTAS e VALE 2008); (D’ALENCAR, 2005). O humor caracteriza-se por ser uma somatória de todas as relações afetivas do ser humano, onde a intensidade, frequência e duração dos mesmos, tornam-se preocupantes, pois, as consequências na vida são penosas. Dentre as manifestações mais preocupantes do humor estão: a depressão e a ansiedade, por apresentarem sentimentos como tristeza, angústia, baixa autoestima, ideias de culpa, tensão e sofrimento (PICCOLOTO et al. 2000). Dessa maneira, comprometem o estado psicológico e há maior incidência a doenças como as cardíacas, de câncer, de diabetes, transtornos mentais e acidentes (WANG, et al. 2010, apud SILVA, 2011). O stress compromete o bem-estar, causando problemas como tensões, dores de cabeça e ataques cardíacos (VERDERI, 2004). Fisiologicamente, as alterações nos estados de humor podem ser através da prática da atividade física, onde hormônios são estimulados e liberados na corrente sanguínea, sendo a endorfina o hormônio responsável pela sensação de bem estar e de euforia, repelindo, dessa forma, os estados de humor negativos (WERNECK, et al. 2005).

Aqueles que se exercitam regularmente relatam aumento dos sentimentos de autoconfiança, otimismo, diminuição da depressão e ansiedade. Isto tem a ver não só com o efeito da resposta do organismo durante o exercício, mas também com sentimentos de realização, orgulho e autoestima ao ver o corpo se transformar, chegar a certos padrões de referência e reparar essa conexão corpomente. O exercício regular promove melhora no sono, maior energia e sentimentos de bem-estar, tudo o que torna a vida muito mais agradável e uma recuperação muito mais possível e suportável

3 (BARBANTI, 2012, p. 4).

Estudo de Nahas (2001), afirma que a atividade física melhora o bem-estar, a qualidade de vida, e a saúde do idoso. Spirduso (2005), diz que há melhora no bemestar psicológico do idoso. Miranda e Godeli (2003), relatam melhor saúde e capacidade em lidar com o stress e tensões do dia-a-dia. Por isso, que a atividade física regular é uma das formas mais eficazes, saudáveis e preventivas no sucesso do processo do envelhecimento saudável (MATSUDO et al. 2001). Diante do exposto, torna-se de suma importância a inclusão e um acompanhamento adequado a um programa de atividade física regular, por se mostrar eficaz na redução e no alivio do estresse, na liberação de endorfinas, na melhora do humor e na socialização (BARBANTI, 2012, p. 8). Dentre as atividades físicas mais procuradas pelos idosos, encontra-se a hidroginástica. Está prática é desenvolvida na água, com ou sem o uso de equipamentos, onde o peso total do corpo é reduzido em até 90%, contribuindo, dessa maneira, ao menor impacto nas articulações (MAZINI FILHO et al. 2009). Além de ser uma atividade prazerosa e de convívio social, oferece ao idoso um ambiente de maior descontração, momentos de lazer e alegria, contribuindo em seu bem-estar psicológico (DANTAS, 2003). Por isso, esta pesquisa tem como objetivo, descrever os benefícios da hidroginástica no estado de humor em idosos. 1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Envelhecimento

Atualmente, têm-se 190.755.799 milhões de habitantes em todo o território nacional. Paralelo a este crescimento, o número de idosos também vem crescendo e já somam 7,4% da população, dessa forma alargando o topo da pirâmide etária do país; em 1991 somavam 4,8%, já em 2000 eram 5,9%. Até chegarem aos dados atuais supracitados (IBGE, 2010). Na região Norte, esse crescimento se deu de maneira mais controlada. Em 1991 eram 3,0% e em 2000 somavam apenas 3,6%, na última pesquisa de 2010 os dados foram de 4,6% com idade igual ou superior a 65 anos (IBGE, 2010).

4

O aumento na expectativa de vida foi impulsionado pelos avanços nas áreas socioeconômica-cultural e tecnológica. Além de melhores condições na estrutura médica, no tratamento ou prevenção de doenças infecto-contagiosas, melhorias no saneamento básico, maiores investimentos em vacinas e redução do número de crianças nascidas (DANTAS et al. 2008). Além de se viver mais, é preciso que seja com qualidade de vida, para isso, é necessário a satisfação pessoal com a vida, e manter-se independente e com sua autonomia (OLIVEIRA et al. 2010). No entanto, entender que o envelhecimento é um processo irreversível e natural da vida; é estar preparado para as mudanças biológicas, psicológicas e sociais que ocorrerão ao longo da mesma. Em algum momento da velhice, haverá declínios naturais no organismo, mas, estes processos dar-se-ão de acordo com o estilo de vida, genética e a maneira como cada um enfrenta a vida (DANTAS et al. 2008). Segundo Barbanti (1990), o envelhecimento é universal, progressivo e intrínseco. Perdas estruturais e funcionais estão envolvidas nesse processo que relutantemente progride com o passar do tempo. As medidas fisiológicas de desempenho, em geral melhoram rapidamente durante a infância, e alcançam um máximo entre o final da adolescência e os 30 anos, assim como, as funções fisiológicas estão relativamente estabelecidas, ocorrendo com o avançar da idade um declínio das funções psicológicas e sociais que envolvem alterações comportamentais, bem como, o declínio funcional dos vários domínios do comportamento psicológico, comprometendo a saúde e o bem-estar emocional e social. O processo do envelhecimento acarretará diminuição na capacidade aeróbica, na força, na flexibilidade, no equilíbrio, no tempo de reação e de movimento, na agilidade e na coordenação. Em consequência enfrentarão dificuldades na realização das atividades da vida diária e independência funcional. Dessa forma, afetará negativamente as relações sociais e psíquicas, contribuindo no aumento dos sentimentos de inutilidade, de ansiedade, de frustação, de solidão e de carência afetiva e de mau humor (ASSUMPÇÃO e OLIVEIRA 2008, apud DANTAS e VALE 2008). Entender e aceitar as mudanças que ocorreram naturalmente no organismo, é abrir margem de grande probabilidade de envelhecer com mais

5

segurança e conforto. Ao contrário da não aceitação das mudanças, poderá ocorrer prejuízos a saúde biológica, psicológica e social (BARROS, 2007). Por isso, que em seu estudo, Martins (2005. p. 33) diz que: “A saúde mental do ser humano é altamente influenciada por fatores positivos e negativos que caracterizam os estados de humor”. Ainda sobre os estados de humor, Roeder afirma:

Humor é definido como um estado emocional ou afetivo de duração variável e impermanente. Sendo o transtorno de humor uma enfermidade que acarreta em modificações no estado de humor, bem como, no nível de energia, interesse no jeito de se sentir pensar e comportar-se (ROEDER, 2003, p. 161).

A visão limitada, errada e alienada da sociedade para com o processo do envelhecimento biológico, psicológico e social é um agravante para saúde e na qualidade de vida do idoso, pois, o idoso acaba canalizando essa maneira de pensar da sociedade e se sente inútil, acabando por isolar-se da sociedade. Isso se agrava com dificuldades em lidar com mudanças na sua vida como aposentadoria, perdas de entes queridos e status, o que compromete seu quadro de declínios naturais. Em consequência, surgem doenças físicas e psicológicas. Contudo, o estilo de vida é um fator que deve ser levado em consideração no processo do envelhecimento (MAZINI FILHO et al. 2009). O modo como se vive, reflete no estado de humor da pessoa (SILVA E FERREIRA, 2011). Diante do exposto, torna-se relevante a adoção de hábitos saudáveis como ter uma boa alimentação, praticar atividade física, não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas. Com isso, ajudará na prevenção ou em tratamentos relacionados ao humor (LEPPANAKI et al. 2004; VAN GOOL et al. 2007 apud SILVA, 2011). Por conseguinte, estados psicológicos negativos estão ligados à depressão, à ansiedade e perturbação do humor e em consequência, a possibilidade de se desenvolver patologias como doenças coronarianas, câncer, diabetes, transtornos mentais e acidentes (WANG et al. 2010 apud SILVA, 2011).

2 ASPECTOS HORMONAIS E ESTADO DE HUMOR

Para um melhor entendimento sobre os efeitos dos hormônios nos estados de

6

humor, é necessário saber o que é um hormônio.

Um hormônio é uma substância química secretada por células especializadas ou glândulas endócrinas para o sangue, para o próprio órgão ou para a linfa em quantidades normalmente pequenas e que provocam uma resposta fisiológica típica em outras células específicas. Os hormônios são reguladores fisiológicos-eles aceleram ou diminuem a velocidade de reações e funções biológicas que acontecem mesmo na sua ausência, mas em ritmos diferentes, e essas mudanças de velocidade são fundamentais no funcionamento do corpo humano (SCHOTTELIUS e SCHOTTELIUS, 1978 apud KRUEL e CANALI, 2001. p. 141-142).

Contudo, alguns processos corporais baseiam-se em outra classe de produtos químicos produzidos pelas células glandulares, estas são constituídas por varias células epiteliais glandulares que tem como principal responsabilidade produzir e liberar secreções tanto para o meio interno quanto para o meio externo. Essas células se comunicam por meio de secreções químicas, que são denominadas deste ponto de vista glândulas endócrinas, no qual sua função é secretar substancias químicos, os hormônios, depois de estimulados são lançados na corrente sanguínea e distribuídos por todo o corpo. O tempo pode chegar a minutos, horas, semanas ou mais tempo. Vale ressaltar que esse processo somente é possível devido a uma “glândula-mestre” (GLASSMAN e HADAD, 2008, p. 81). Esta glândula é chamada de hipófise, pois, desempenha uma função importante de regulação de outras glândulas endócrinas, esta também se relaciona com o hipotálamo, onde pode influenciar o sistema nervoso (GLASSMAN e HADAD 2008, p. 83). O hipotálamo libera algumas substâncias químicas em quantidades reduzidas de hormônios, onde, haverá influência no sistema endócrino. Esse processo faz com que o corpo funcione em sua totalidade. Contudo, “algumas substâncias químicas influenciam a transmissão neural, embora mantendo seus papeis como hormônios” (GLASSMAN e HADAD 2008, p. 83). As endorfinas são exemplos desses hormônios, são peptídeos opióides endógenos envolvidos na regulação de vários fenômenos fisiológicos do sistema nervoso central, agindo como neuro-hormônio e neurotransmissores, no qual, é secretado pela glândula hipófise anterior (CUNHA, et al. 2008). Exercem funções importantes no treinamento como analgesia, maior tolerância ao lactato ou excesso de bases (GOLDFARB e JAMURTAS, 1997, apud, CUNHA et al. 2008), diminuição

7

da percepção do esforço, diminuição do desconforto muscular e respiratório (SGHERZA et al. 2002 apud CUNHA et al. 2008). O mais importante desse hormônio é propiciar a euforia do exercício (HEITKAMP, 1996, apud, CUNHA , et al. 2008). Contudo, o hormônio da endorfina é tido como redutor natural da dor no corpo, mas é necessário que seja liberado de forma saudável pela prática do exercício, dessa forma contribuindo para um aumento no humor cerebral. Além de desempenhar estímulos positivos na autoestima, em pensamentos positivos, na diminuição da depressão e ansiedade. Entretanto, esses efeitos no organismo pelos exercícios não exercem essas funções isoladas, mas sim, com a ajuda de sentimentos de realização, orgulho e autoestima (BARBANTI, 2012). Porém, a muitas explicações do porque e como o exercício altera o estado psicológico e de sua importância na sensação no estado de humor, esta se relaciona ao modelo psiconeurofisiológico e são explicadas a três tipos de vertentes, entre eles estão a hipótese das monoaminas, da lateralização cerebral e das endorfinas (WERNECK, 2005, p. 137). “A hipótese das monoaminas preconiza que o exercício aumenta o nível dos neurotransmissores noradrenalina e serotonina, os quais se encontram diminuídos em pessoas depressivas, promovendo uma melhoria no estado de humor” (WERNECK, 2005, p. 137). Para Petruzzello (2001, apud WERNECK et al. 2005), a lateralização cerebral se dá devido o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca durante o exercício, promovendo uma elevação preferencial em relação ao hemisfério direito do que o esquerdo, dessa forma, diminuindo o nível de ativação nesta região, assim, contribuindo em resposta emocional positiva e com a diminuição da ansiedade. Werneck et al. (2005), revisaram diferentes hipóteses relacionadas de alterações psicológicas através do hormônio das endorfinas por intermédio do exercício, e chegaram a conclusões contraditórias, onde, esse fenômeno é melhor explicado em uma relação harmônica entre o individuo, o ambiente e o exercício, interagindo

diferentes

mecanismos

fisiológicos

e

psicológicos

que

atuam

simultaneamente. As alterações negativas no humor são consideradas como meio de diversas patologias, já o humor positivo, adequado, é importante à saúde e para a longevidade (YOUNG, 2007, apud ANTUNES, et al. 2011). Contudo, Morgan, (1985

8

apud ANTUNES, et al., 2011) diz que as endorfinas durante e após os exercícios reduzem o stress, tensão, ira, conflito mental e há um aumento no estado de euforia. Contudo, há estudos corroborando com os efeitos positivos neuroendócrinos, relacionados a efeitos antidepressivos no humor, sendo eles as alterações na atividade central de norepinefrina e aumento da secreção de serotonina e endorfina (KRITZ et al. 2001 apud GUIMARÃES e CALDAS 2006).

As propriedades de reforço positivo do exercício estariam associadas à sua capacidade de aumentar os níveis dos principais neurotransmissores envolvidos nas vias neurais do prazer (endorfinas e dopamina). As propriedades de reforço negativo estariam na sua capacidade de minimizar os estados negativos de humor, reduzindo ou abolindo uma sensação de desconforto físico e/ou psíquico (MELLO, 2005, p. 205).

2.1 Benefícios da Hidroginástica no Humor dos idosos

As antigas civilizações como as dos egípcios e dos romanos, já se utilizavam da prática na água como termas e banhos públicos para fins curativos e recreativos. Na Alemanha a hidroginástica se desenvolveu com o objetivo de atender pessoas com idades avançadas, numa atividade física segura e com menores riscos e lesões, onde pudessem lhes proporcionar bem-estar físico (BONACHELA, 1994, apud MAZINI FILHO, 2009). Nos dias atuais, as atividades aquáticas e entre elas a hidroginástica está com uma demanda grande de adeptos, principalmente pelas pessoas idosas que praticam por recomendações médicas, outros, por ser uma atividade de baixo impacto articular e pelo ambiente confortável e agradável que a água proporciona. Além dos benefícios como na autoimagem, autoestima, autoconfiança e interações com outras pessoas (MORAIS e CLÁUDIO, 2011). A hidroginástica é praticada em qualquer idade, e cada vez mais sendo desenvolvidos novos estudos em todo o mundo dessa modalidade. Sua prática é desenvolvida na água, com ou sem o uso de equipamentos, e está dentre os exercícios físicos mais indicados pelos profissionais de saúde às pessoas idosas, por ser uma atividade de baixo impacto articular, possibilitando uma boa amplitude de movimento articular, melhor equilíbrio postural, fácil locomoção, pouca ação da gravidade, fácil execução de movimentos que seriam difíceis realizá-los em terra,

9

tornando-se uma atividade adequada à indicação a pessoas idosas (DANTAS, 2003), pois, utiliza-se da própria resistência do meio líquido como sobrecarga para melhores resultados na qualidade de vida (MAZINI FILHO et al. 2009). Contudo, o conhecimento dos princípios físicos da água, torna-se importante para uma melhor resposta fisiológica da atividade a ser desenvolvida. Pelo princípio de Arquimedes, é exercida uma força de baixo para cima, caracterizando o empuxo; tal fator contribui para a flutuação e proporciona um relaxamento e fortalecimento inicial a músculos mais fracos, maior mobilidade articular, stress biomecânico menor, auxílio e resistência aos movimentos, diminui a sobrecarga nas articulações e facilita trabalhos mais intensos diminuindo risco de lesões (DE PAULA e DE PAULA, 1998). Pelo princípio da pressão hidrostática, Pascal, diz que a pressão de um líquido é exercida por todo o corpo submerso a uma dada profundida e em repouso, estando na posição vertical e em repouso, as forças compressivas auxiliam no retorno venoso e no aumento no volume sanguíneo central, consequentemente contribui nos ajustes cardiocirculatórios (DE PAULA e DE PAULA, 1998). Atualmente, a saúde deixou de ser meramente física para um completo bemestar físico, psicológico e social, mostrando que a saúde mental, assim como outros componentes, é fundamental para o bem-estar da população (WERNECK, et al. 2006). Contudo, estudos da gerontologia evidenciam que a qualidade de vida dos idosos, deve estar paralela a hereditariedade, alimentação adequada e hábitos de vida apropriados (OKUMA, 2002). Por isso, é importante que um programa de atividade física atenda e beneficie as modificações decorrentes ao processo de envelhecimento, paralelo a isso a prática regular da hidroginástica vem se mostrando eficaz nos efeitos deletérios deste processo (DANTAS, 2003). Atualmente, a população idosa procura a hidroginástica não somente pelos benefícios físicos, como também, pelos psicológicos, pois, sua autoestima melhora e consequentemente sua vida em sociedade torna-se mais participativa (ROCHA, 2001). Portanto, é imprescindível o desenvolvimento dos treinos nas aulas de hidroginástica, com atividades que envolvam trabalhos recreativos com o intuito de estimular a produção de endorfina e andrógeno, promovendo o bem-estar e melhora na autoestima, assim como, dinâmicas de grupo para melhor sociabilização entre os

10

participantes, treinamentos de força com sobrecargas para a finalidade de potencializar as atividades da vida diária e autonomia, momentos de relaxamento para promover a diminuição nas tensões musculares físicas e mentais (MAZINI FILHO et al. 2009). Contudo, a prática da hidroginástica desenvolve aspectos sócio afetivos como sentimento de autoconfiança, além de melhorar o bem-estar físico e mental, propiciando com isso, melhoras na ansiedade e na depressão, tornando dessa forma, o idoso mais independente e valorizado (MAZINI FILHO et al. 2009).

É importante destacar que, a atividade de hidroginástica vai ajudar não só os aspectos físicos, mas principalmente, os aspectos sociais e psicológicos do indivíduo idoso. “O exercício aumenta o seu bemestar emocional, aparência, prazer de viver e autoestima” (SOVA, 1998, p. 10).

No estudo de Ferreira (2011), a hidroginástica é um meio capaz de gerar benefícios nas dimensões da aptidão física e funcional, além de se mostrar eficiente no stress, no humor e consequentemente na melhor sensação de bem-estar psicológico. Além de se mostrar como um meio benéfico à saúde física, psicológica e social do idoso, a hidroginástica é um auxilio para sociabilização e torna-se uma atividade prazerosa e motivante por ser no meio que é praticada (SANTOS, 2001). Estudo de Ferreira (2011), com idosos praticantes e não praticantes de hidroginástica, constatou que no grupo que praticou regularmente esta atividade, apresentaram melhores resultados em aspectos como qualidade de vida, saúde, atividades da vida diária, e, estado de humor positivo, assim como, na diminuição de gastos com medicamentos no ano. Mazo et al. (2006), pesquisaram 60 idosos do grupo de estudos da terceira idade - GETI da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Foi aplicado ao grupo um questionário para avaliar a autoestima e a autoimagem dos que praticavam regularmente a hidroginástica. O estudo constatou que o grupo obteve resposta positiva nestes quesitos. Samulski e Lustosa (1996), revelam que a prática do exercício físico no processo de envelhecimento, afeta diretamente a qualidade de vida, melhorando o estado de humor, aliviando as tensões de natureza psicológica beneficiando os aspectos de bem-estar mental.

11

Vale ressaltar, que há um aumento na incidência de pessoas idosas com distúrbios psicológicos como a depressão e a ansiedade nos dias atuais (SANTOS, 2011).

2.2 Metodologia

A presente pesquisa é uma revisão bibliográfica de fontes primárias e secundárias.

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2007, p. 122).

Também se caracteriza como descritiva, a pesquisa descritiva segundo Siena (2007, p. 65), “objetiva a descrição das características de certa população ou fenômeno ou estabelecer relações entre variáveis”. No entanto, “quando ultrapassam a identificação das relações entre as variáveis, procurando estabelecer a natureza dessas relações, aproximam-se das pesquisas explicativas” (ANDRADE, 2002, p. 64). Neste estudo, buscou-se explicar os fenômenos fisiológicos desencadeados pela atividade física sobre os estados de humor nos idosos. Portanto, para ANDRADE (2002, p. 84), também é uma pesquisa explicativa, pois:

A pesquisa explicativa tem por objetivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando a razão, o porquê das coisas e por esse motivo está mais sujeito a erros. São os resultados das pesquisas explicativas que fundamentam o conhecimento científico.

O estudo enquadrou-se ao enfoque fenomenológico, onde, Bello (2006, p. 64) o define “como uma reflexão sobre um fenômeno ou sobre aquilo que se mostra”. A escolha da abordagem foi do tipo qualitativa, pois o pesquisador é chave e fonte principal dos dados do ambiente natural, o objetivo não é quantificar e sim a identificação dos fenômenos e a identificação dos significados,

12

o pesquisador acredita em uma relação entre o mundo real e o sujeito (SIENA, 2007).

CONCLUSÃO

O presente estudo mostrou a importância que a atividade física representa para a promoção da saúde, especificamente da prática regular da hidroginástica como meio capaz de promover o bem-estar psicológico do idoso, além de melhorar também nos aspectos físicos e sociais. A hidroginástica gera a sensação de euforia por liberar o hormônio da endorfina na corrente sanguínea, contribuindo assim, para o bom estado de humor como na redução do stress, na ansiedade, na depressão, na melhora da aptidão física, no ganho de massa muscular, na independência funcional e melhor relacionamento em sociedade. Por isso, a hidroginástica pode ser indicada como atividade física capaz de melhorar os estados de humor.

ABSTRACT Currently the elderly population over 65 years amounts to 7.4%, with the aging process is physical and mental declines that often compromise their psychological state and consequently their humor. The aquarobies can benefit the health of this population and appears as one of the most sought after physical activities at this age. The goal of this study was to describe the influence of mood states in aquarobies in elderly. This is a bibliographic review research in primary and secondary sources of books and journal articles on the topic. It was found that the water positively influences not only the physical aspects, also influencing the release of hormones that promote well-being, improving mood. We conclude that this activity can be practiced safely by this population, adapting its principles to the needs of the elderly to bring the same benefits on the humor and general health. Keywords: Aquarobies. Elderly. humor. Wellness.

REFERÊNCIAS ANTUNES, Hanna Karen. Exercício físico, humor e bem-estar: Considerações sobre a prescrição de alta intensidade de exercício. Revista psicologia e saúde. Vol.3. n. 2. 47-54. 2011. ANDRADE, Maria Margarida. Como preparar trabalhos para cursos de pósgraduação: noções práticas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

13

ASSUMPÇÃO, Luiz Otávio Teles; OLIVEIRA, Ricardo Jacó. Educação física e qualidade de vida para idosos: um difícil hábito. In: DANTAS, E. H. M., VALE, R. G. de. S. Atividade física e envelhecimento saudável. Rio de Janeiro: Sharp, 2008. AZO, Giovana Zarpellon, FERNANDO, Luiz Cardoso e AGUIAR, Daniela Lima de (2006). Programa de hidroginástica para idosos: Motivação, Autoestima e autoimagem. Departamento de Fundamentos Humanísticos do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos – CEFID/UDESC - Laboratório de Gerontologia Lager. BARBANTI, Eliane Jany. A importância do exercício físico no tratamento da dependência química. Educação Física em Revista. Vol. 6 n. 1. 02-09. 2012. BARBANTI, V. J. Aptidão física: um convite à saúde. São Paulo: Manole 1990. BELLO, Ângela Ales. Introdução à fenomenologia. Bauru (SP): Edusc, 2006. BARROS, Edaiane Joana Lima: O ser idoso Estomizado sob o olhar complexo: uma proposta de gerontecnologia educativa. Dissertação de mestrado. Rio Grande, 2007. CUNHA, G. S.; RIBEIRO, J. L.; OLIVEIRA, A. R. Níveis de beta-endorfina em resposta ao exercício e no sobretreinamento. Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia. Vol. 52. n. 4. Junho, 2008. D’ALENCAR, Bárbara Pereira. Biodança como processo de renovação existencial do idoso: análise etnográfica. Ribeirão Preto: USP, 2005. 215p. Tese (Programa de Doutorado Interunidades da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005. DANTAS, Henrique M.; BEZERRA, Jani C. P.; VAREJÃO, Ronaldo V. Condicionamento Físico do Geronte. Atividade física e envelhecimento saudável. Rio de Janeiro: Sharpe, 2008. DANTAS, H. M. B; VALE, G. de S. Autonomia funcional do idoso. In: DANTAS, H. M. B e Vale, G. de S. Atividade física e envelhecimento saudável. Rio de Janeiro: Shape, 2008. DANTAS, E. H. M.; VALE, R. G. de S. Educação física e qualidade de vida para idosos: um difícil hábito. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2008. DANTAS, E. H. M.; MONTEIRO, N.; PEREIRA, F. F. Aspectos fisiológicos do envelhecimento. In: DANTAS, E. H. M.; VALE, R. G. de S. Atividade física e envelhecimento saudável. Rio de Janeiro: Shape, 2008. DANTAS, E. H; OLIVEIRA, R. J. Exercício, maturidade e qualidade de vida. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. ______. Exercício, maturidade e qualidade de vida. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2008. DE PAULA, Karla Campos; DE PAULA, Débora Campos. Hidroginástica na terceira

14

idade. Revista Brasileira Medicina Esporte. Vol. 4. n. 01. 1998. FERREIRA, Eurico Eduardo Duarte Barata Antunes. Gestão de custo com medicamentos, hidroginástica e qualidade de vida em pessoas idosas de Santarém. Dissertação de mestrado, faculdade de ciências do desporto e educação física da Universidade de Coimbra, Coimbra (PRT): 2011. GLASSMAM, Willian e HADAD, Marilyan. Livro Psicologia: abordagens Atuais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. GUMARÃES, Joana Miguez Nery e CALDAS, Célia Pereira. A influência da atividade física nos quadros depressivos de pessoas idosas: uma revisão sistemática. Revista Brasileira epidemiológica, 2006. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Sinopse do Censo Demográfico de 2010. JOIA, Luciane Cristina; RUIZ, Tania e DONALISIO, Maria Rita. Condições associadas ao grau de satisfação com a vida entre a população de idosos. Revista Saúde Pública vol. 41, nº 1. São Paulo: Feb, 2007. KRUEL, Luiz Fernando Martins; CANALI, Enrico Streliaev. Respostas hormonais ao exercício. Revista Brasileira de Educação Física. São Paulo, 2001. MARTINS, Ana Margarida Estrada. Condição física funcional e estados de humor na pessoa idosa. Monografia da licenciatura em ciência do desporto e Educação Física. Universidade de Coimbra. Coimbra (PRT), 2005. MATSUDO, Sandra Mahecha; MATSUDO, Vitor Keihan Rodrigues e NETO, Turíbio Leite Barros. Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 7 nº. 1 Niterói: 2001. MAZINI FILHO, Mauro Lúcio et al. Análise da interferência da prática da hidroginástica no desempenho das AVD’s em indivíduos idosos. Revista digital. Buenos Aires. Junho, 2009. MAZO, G. Z; CARDOSO, F. L.; AGUIAR, D. L. de. Programa de hidroginástica para idosos: motivação, auto-estima e auto-imagem. Revista Brasileira de cineantropometria e desempenho humano. 76pag. 2006. MELLO, Marco Túlio de et al. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 3. Junho, 2005. MIRANDA, Maria Luiza de Jesus; GODELI, Maria Regina C. Souza. Musica, atividade física e bem-estar psicológico em idosos. Revista Brasileira ciência e movimento. V. 11. n. 4 p. 88. 2003. MORAIS, Amanda Larissa Donato; CLÁUDIO, Marcelle Alves. Fatores motivacionais em praticantes de hidroginástica na terceira idade. Trabalho de Conclusão de Curso de Educação Física, Faculdade do Clube Náutico Mogiano, Mogi das Cruzes (SP), 2011.

15

NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf. 2001, 238 p. OKUMA, Silene Sumire. O idoso e a atividade física. 2. ed. Campinas. Papirus, 2002. OLIVEIRA, Aldalan Cunha et al. Qualidade de vida em idosos que praticam atividade física: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de geriatria e gerontologia. V. 13. n. 2. Rio de Janeiro. 2010. PICCOLOTO, N. et al. Curso e prognóstico de depressão. Revisão comparativa entre os transtornos do humor. Revista Psiquiatria Clínica, 2000. ROCHA, Júlio César Chaves. Hidroginástica: Teoria e Prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. ROEDER, M. A. Atividade física, saúde mental e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Shape, 2003. SAMULSKI, Dietmar e LUSTOSA, L. A importância da atividade física para a saúde e a qualidade de vida. Revista de educação física desportiva. Belo Horizonte. V.17. n. 1, 1996. SANTOS, Mariene de Freitas. Qualidade de vida associada à saúde com efeitos psicológicos da atividade física em idosas praticantes de hidroginástica. EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. ver. atual. São Paulo: Cortez, 2007. SIENA, Osmar. Metodologia da pesquisa científica: elementos para elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos/Osmar Siena. Porto Velho: [s.n.], 2007. SILVA, Paulo Sergio da; FERREIRA, Carlos Ernesto Santos. Exercício físico e humor: uma revisão acerca do tema. Educação física em revista. Vol. 5. Dez. 2011. SOVA, Ruth. Hidroginástica na Terceira Idade. São Paulo: Manole, 1998. SPIRDUSO, W. W. Dimensões físicas do envelhecimento. Barueri (SP): Manole, 2005. VERDERI, Érica. O corpo não tem idade. Educação Física Gerontológica. São Paulo: Fontoura, 2004. WERNECK, F. Z.; BARA FILHO, M. G.; RIBEIRO, L. C. S. Mecanismos de Melhoria do Humor após o Exercício: Revisitando a Hipótese das Endorfinas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 2005; 13(2): 135-144. WERNECK, el al. Efeitos do exercício físico sobre o estado de humor: uma revisão. Revista brasileira de psicologia do esporte e do exercício. 2006.

16