Boletim n.º 71 Dez. 2017 - Fev. 2018

9 Na aparição de Julho de 1917, Nossa Senhora enunciou uma frase singular, pequena em si mesma mas cheia de significado: “Por fim, o Meu Imaculado Cor...

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Boletim n.º 71 Dez. 2017 - Fev. 2018

A todos os sacerdotes, coordenadores e famílias que participam do Apostolado do Oratório, desejamos um Santo e Feliz Natal!

Sagrada família, modelo de santidade Mons. João S. Clá Dias, EP

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Santa Igreja reserva o domingo posterior ao Natal para cultuar e festejar a Sagrada Família, convidando-nos a refletir sobre o valor e o verdadeiro sentido da instituição familiar. Ela é a célula-mãe, o fundamento da sociedade, e se hoje assistimos a uma tremenda crise moral na humanidade, isso deve-se em certa medida à desagregação da família. Abalada esta, o resto da sociedade não se sustenta.

A finalidade da família Como o desígnio de Deus para a generalidade das pessoas é que o homem se una à mulher para constituírem um lar, a vocação ao celibato é uma exceção aos padrões da natureza. Por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, a família adquire caráter sobrenatural pela elevação da união matrimonial, contrato natural, à categoria de Sacramento, 2

simbolizado na misteriosa e indissolúvel união entre Cristo e sua Igreja. Isto contraria a ideia errada, em voga na atualidade, de que a família não tem um objetivo religioso, mas apenas social ou afetivo. Bem outro é, todavia, o conceito expresso por Nosso Senhor: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6, 33). Quando no seio da família se procura o Reino de Deus, ou seja, a santidade, tendo como modelo supremo Jesus, Maria e José, todo o resto – dinheiro, comida, lar, etc. – vai ser concedido por acréscimo. É mister trabalhar para ganhar o pão com o suor do rosto (cf. Gn 3, 19), mas não é essa a finalidade principal da família. Ela existe para educar os filhos na sabedoria e encaminhá-los para o Céu, pois estamos nesta Terra de passagem, preparando-os,

portanto, para enfrentar as tribulações deste vale de lágrimas com vistas à eternidade.

A Sagrada Família, exemplo nas dificuldades da vida Eis o aspecto maravilhoso da família quando se desenvolve em torno de um eixo: a Lei de Deus, o próprio Deus. A Igreja propõe-nos o inigualável exemplo da Sagrada Família: São José, obediente, de nada se queixa; Nossa Senhora toma os reveses com inteira cordura e submissão; e o Menino Jesus Sagrada Família - Catedral do Divino Pastor Se deixa conduzir e goSan Sebastián - Espanha vernar por ambos, sendo Ele o Criador do universo. nos restauram as almas, curanNós também devemos, portan- do-as das misérias e firmandoto, ser flexíveis à vontade de -as rumo ao Céu. Peçamos à Deus e estar dispostos a aceitar Sagrada Família que, por sua com doçura de coração, com intercessão, floresça nas famíresignação plena e total, os so- lias de toda a Terra a sólida defrimentos que a Providência terminação de abraçar sempre exigir ao longo de nossa vida. mais a via da santidade, da perEsta atitude diante da cruz é a feição e da virtude, buscando raiz da verdadeira felicidade, em primeiro lugar o Reino de bem-estar e harmonia fami- Deus e de Maria, na certeza de liar, e atrai sobre cada um de que, em compensação, o resto nós graças especialíssimas que virá por acréscimo. 3

Bênção de novos Oratórios A comunidade paroquial de Peniche, no Patriarcado de Lisboa, esteve em festa nos passados dias 14 e 15 de setembro, por ocasião das grandiosas comemorações em honra de Nossa Senhora dos Remédios. Dentre as várias actividades com que se assinalou a efeméride, destacou-se a concorrida Eucaristia presidida pelo sacerdote Arauto, Pe. Manuel Veiga, EP, e concelebrada pelo pároco, Pe. Diogo Correia e pelo reitor do Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, Pe. Paolo Lagatta. Ao final da celebração foram entregues dois novos oratórios do Imaculado Coração de Maria.

A paróquia de Fronteira, situada na Diocese de Évora, acolheu 2 novos oratórios do Imaculado Coração de Maria. A cerimónia teve lugar na histórica e bela igreja de Nossa Senhora da Atalaia, durante uma Eucaristia presidida pelo pároco, Cónego Júlio Roxo Rodrigues, e concelebrada pelo Pe. Alberto Jorge Neves Martins. São agora três os oratórios existentes nesta paróquia alentejana.

Fizeram parte da numerosa assembleia vários membros cooperadores e missionários dos Arautos do Evangelho que, já na parte da tarde, se associaram também à tradicional procissão. A comunidade paroquial de Freixo de Espada à Cinta, na Diocese de Bragança, acolheu recentemente dois novos oratórios do Imaculado Coração de Maria. O compromisso das duas novas coordenadoras foi feito solenemente durante uma concorrida Eucaristia celebrada na Igreja Matriz, presidida pelo sacerdote Arauto, Pe. Manuel Ramos Veiga, EP.

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O triunfo do Imaculado Coração de Maria: realidade ou metáfora? Na aparição de Julho de 1917, Nossa Senhora enunciou uma frase singular, pequena em si mesma mas cheia de significado: “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará!”. Ao longo dos anos muito se tem indagado sobre o seu significado. Será real ou alegórico? É possível haver um “triunfo” de Maria em meio a tantas calamidades actuais? Não terá sido antes uma força de expressão? Não! O Reino de Maria será um tempo histórico e nele se concretizarão as palavras de Nosso Senhor: “venha a nós o vosso Reino” (Mt 6, 10). * * * No seu recente livro sobre Fátima, Mons. João Clá afirma que para o sensus fidei é impossível que o mundo termine sem que a Santa Igreja atinja a sua perfeição. “Por este motivo, com base nas profecias de Fátima pode-se conjecturar

e S. Catarina de Sena (†1380) prevê que, após grandes tribulações, a Igreja será purificada por um meio que escapa a toda a previsão humana e então “as que haverá um período, antes nações estrangeiras converdo fim do mundo, no qual ter-se-ão” ao verdadeiMaria será Soberana, ro Pastor. Rainha dos corações. S. João Bosco Esta era históri(†1888) refere ca que virá como que naquele temuma grande misepo “o grande miricórdia é o Reino nistro (referede Maria previs-se ao Papa) veto por São Luís rá a esposa do Rei Maria Grignion São Luís Maria vestida de Festa de Montfort, que Grignion de (uma alusão ao salnão é senão o triunMontfort mo 45 aplicado à fo do Imaculado Santa Igreja, Esposa Coração de Maria, anunmística de Cristo). Em tociado por Nossa Senhora aos do o mundo aparecerá um sol pastorinhos”. tão luminoso como nunca se tiQual o significado desnha visto desde as chamas do cese triunfo? Além de Nossa náculo até ao dia de hoje”. O Senhora, mais alguém falou deBem-aventurado Bartolomeu le? Sim, muitos santos ao lonHolzhauser (†1658) declara que go da história da Igreja anunciaentão “florescerá um grande núram-no. Eis alguns exemplos: mero de santos e de doutores; os povos amarão a justiça e a equiS. Hildegarda (†1179) fadade e a paz reinará por muitos la de um tempo em que os hoanos”. mens “voltarão plenamente à Sobre o papel de Nossa prática da justiça e se submeteSenhora nesses tempos, S. Luís rão finalmente às leis da Igreja”, 9

Grignion (†1716) refere no seu que os fiéis não estejam obriTratado da verdadeira Devoção gados a crer nelas, facilmenà Santíssima Virgem que te se percebe que con“a formação e educafirmam o que Nossa ção dos grandes sanSenhora anunciou tos que hão-de vir” em Fátima: a vitóestá reservada a ria de Deus sobre Maria, pois só Ela o mal. Portanto, “pode produzir, por mais que não em união com o saibamos quanEspírito Santo, do, sabemos que coisas singulares e se concretizará extraordinárias”. o triunfo do seu Santa Catarina Imaculado Coração A religiosa Maria Labouré sobre toda a face da Lataste (†1847) declaTerra. E não poderia ra que “a paz voltará ao mundo porque Maria soprará ser de outra forma: sendo a sobre as tempestades e as apaziIgreja Católica imortal, pois “as guará; o seu nome será louvado, portas do inferno não prevalebendito e exaltado para sempre”, cerão contra Ela” (Mt 16, 18), e S. Catarina Labouré (†1876), haverá um momento em que a quem Nossa Senhora revese dará um tal florescimento da lou a Medalha Milagrosa, exclaEsposa Mística de Cristo, que ma após uma das aparições: “Oh, bem se pode dizer que os Céus como será belo ouvir dizer que se unirão à Terra. Maria é a Rainha do Universo. Tal seria que Nosso Senhor Será um tempo de paz, de alegria prometesse aos seus apóstolos e de felicidade, que durará muie santos o cumprimento de coito tempo”. sas irrealizáveis, e que Nossa * * * Senhora anunciasse ao mundo o triunfo do seu Imaculado Caríssimo leitor, estas são Coração e este não viesse a algumas revelações particulares de Deus a almas eleitas. Se bem cumprir-se. 10

A palavra do sacerdote

Pe. Jorge Filipe Teixeira Lopes, E.P.

O Reino de Maria: a grande revelação de Fátima Quando a verdade não agrada a alguém, procuram-se todos os meios para lhe fugir. Assim fez Pilatos, quando, na intenção de salvar a própria pele, ousou perguntar a Jesus: «o que é a verdade?» (Jo 18, 38). A mensagem de Fátima foi muito contestada por evocar verdades da vida humana: não só os flagelos do pecado e da guerra, mas também, e sobretudo, por recordar uma verdade chamada vida eterna. Ao falar do Céu, do Inferno e do Purgatório, Nossa Senhora lembra simplesmente verdades de fé. Mas, porque são verdades, doem, e há quem não as queira ouvir… Para evitar a ‘dor da verdade’, há duas reações: uma é fazer desacreditar pela calúnia e a mentira. Por exemplo, um Relatório da Comissão Canónica Diocesana sobre os acontecimentos de Fátima, de 1930, refere que, após as aparições, os inimigos da Igreja moveram uma conjuração tal que «lançavam mão de todos os meios para desacreditar as aparições de Fátima, cobrindo-as de ridículo». Um deles «foi o lançamento pelo país inteiro duma larga rede de fictícias visões e aparições celestiais». Quase uma dezena de ‘aparições’ atraíram muitos espíritos supersticiosos, procurando desacreditar o que acontecera em Fátima. Entretanto, a moeda falsa desapareceu depressa de circulação... Passados alguns dias, as falsas aparições acabaram por cair todas por si. Outro modo de evitar a ‘dor da verdade’ é proteger-se, como a avestruz: quando pressente um perigo, este animal enterra a cabeça num buraco, imaginando que nada lhe acontecerá por não ver a causa do seu medo. Há quem sofra deste, digamos assim, ‘síndrome da avestruz’: simplesmente enterra a consciência na ilusão de que estará salvo por não falar nem pensar na eternidade; naturalmente, também não lhe convirá recordar algumas verdades que Nossa Senhora disse em Fátima... Caríssimo leitor, ao terminar o Centenário das Aparições e na aproximação do Santo Natal, peçamos ao Menino Jesus uma graça muito especial: que Ele nos faça amar a doce mensagem de sua Santíssima Mãe e esperar o triunfo do seu Imaculado Coração, o advento do Reino de Maria. Tenhamos fé na realização desta verdade. Ela é irrevogável pois que nos foi prometida pela própria Mãe de Deus. 11

Arautos do Evangelho

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