Lesões celulares e respostas adaptativas - Famerp

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RESUMO – LESÕES CELULARES E RESPOSTAS ADAPTATIVAS PATOLOGIA GERAL | ATLAS VIRTUAL DE PATOLOGIA FAMERP – FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Visão Geral: Respostas Celulares ao Estresse e aos Estímulos Nocivos Em situações de estresse fisiológico ou de exposição a alguns agentes patogênicos, a célula pode desenvolver respostas estruturais e funcionais reversíveis, ou seja, ela é capaz de retornar ao seu estado natural sem ter sofrido qualquer consequência danosa quando o estímulo nocivo cessar. Tais respostas adaptativas incluem hipertrofia, hiperplasia, atrofia e metaplasia, a serem explicados adiante. A lesão celular se instala quando os limites da resposta adaptativa forem ultrapassados, ou se as células forem expostas a agentes lesivos ou estresse, privadas de nutrientes essenciais ou ficarem comprometidas por mutações importantes. A lesão celular é reversível até certo ponto, mas se os estímulos nocivos persistirem por muito tempo, a célula sofre lesão irreversível e morte celular. Diferentes tipos de estresse levam a diferentes respostas celulares (Tabela 1-1). Os acúmulos intracelulares podem ser responsáveis por desordens metabólicas nas células e lesões crônicas subletais. Ademais, o processo normal de envelhecimento tem alterações morfológicas e funcionais nas células intrínsecas a ele.

Tabela 1-1 - KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins. Bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

A figura 1-1 traz um esquema didático para ilustrar o que já foi dito anteriormente.

Figura 1-1 - Estágios da resposta celular ao estresse e estímulos nocivos. Extraído de KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins. Bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

1 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autoras: Marina Kamimura e Livia Gonçalez de Godoy Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia

RESUMO – LESÕES CELULARES E RESPOSTAS ADAPTATIVAS PATOLOGIA GERAL | ATLAS VIRTUAL DE PATOLOGIA FAMERP – FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Adaptações do Crescimento e Diferenciação Celulares 1. Hipertrofia É um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Este crescimento é devido a maior síntese de componentes estruturais das células. A hipertrofia fisiológica é decorrente de um aumento da demanda funcional ou por estimulação de hormônios e fatores de crescimento. A musculação, por exemplo, faz com que as fibras musculares se hipertrofiem em resposta ao aumento da demanda de trabalho. Já na gravidez, por influência hormonal, as células uterinas aumentam de tamanho e, consequentemente, o órgão todo aumenta, de forma a acomodar o feto em desenvolvimento. A hipertrofia patológica também pode ser causada por aumento da demanda funcional, como em casos de neoplasia, pressão arterial ou pulmonar elevadas, hormonal (influência do GH e de ACTH, por exemplo), ou ainda pode servir como um mecanismo compensatório, em que um órgão se hipertrofia quando o correspondente contralateral está ausente ou malformado. A hipertrofia pode ser induzida por ações conjuntas de sensores mecânicos (que são iniciadas por aumento da carga de trabalho), fatores de crescimento (TGF-β, IGF-1 e fator de crescimento fibroblástico) e agentes vasoativos (agonistas α-adrenérgicos, endotelina-1 e angiotensina II). Também pode haver mudança das proteínas contrateis adultas para a forma fetal.

2. Hiperplasia É um aumento do número de células em um órgão ou tecido, resultando geralmente e aumento da massa de um órgão ou tecido. Somente ocorre se a população celular é capaz de se dividir. Pode ser induzida pelos mesmos estímulos externos que levam a hipertrofia. A hiperplasia fisiológica pode ser dividida em hiperplasia hormonal, em que há aumento da capacidade funcional de um tecido quando necessário, e a hiperplasia compensatória, que aumenta a massa de tecido após lesão ou ressecção parcial. A hiperplasia patológica resulta do excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando em células alvo. A hiperplasia é o resultado da proliferação de células maduras induzidas por fatores de crescimento e, em alguns casos, pelo surgimento elevado de novas células a partir de células-tronco teciduais.

3. Atrofia Redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. Pode ser fisiológica (comum durante o desenvolvimento normal) ou patológica (dependente de causas básicas). As causas mais comuns de atrofia são: desuso, perda da inervação, diminuição do suprimento sanguíneo, nutrição inadequada, perda de estimulação endócrina e pressão. Inicialmente, há diminuição do tamanho das células e da quantidade de organelas, reduzindo a necessidade metabólica das células. A princípio, as células têm sua função diminuída, mas não estão mortas. No entanto, o processo de atrofia pode progredir a tal ponto em que as células são lesadas de modo irreversível e morrem (geralmente por apoptose). A atrofia é resultante da diminuição da síntese proteica (diminuição da atividade metabólica) e aumento da degradação das proteínas nas células (via ubiquitina-proteassoma). Em muitos casos esse processo é acompanhado por aumento da autofagia. 2 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autoras: Marina Kamimura e Livia Gonçalez de Godoy Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia

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4. Metaplasia É uma alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular. Representa uma substituição adaptativa de células sensíveis ao estresse por tipos celulares mais capazes de suportar o ambiente hostil. Resulta de uma reprogramação de células-tronco que existem em tecidos normais ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Estímulos externos (citocinas, fatores de crescimento, componentes da matriz extracelular) promovem a expressão de genes que direcionam as células para uma via de diferenciação. Pode ocorrer metaplasia do tecido epitelial colunar para o escamoso, que ocorre no tecido trato respiratório em fumantes, do tecido escamoso para o colunar (esôfago de Barrett), e metaplasia do tecido conjuntivo, quando há formação de cartilagem, osso ou tecido adiposo em tecidos que normalmente não contem esses elementos.

3 Todos os direitos reservados. É proibida a utilização total ou parcial deste resumo sem prévia autorização. Autoras: Marina Kamimura e Livia Gonçalez de Godoy Disponível em www.disciplinas.famerp.br/patologia