Matéria: literatura Assunto: modernismo - manuel bandeira Prof. IBIRÁ
Literatura MANUEL BANDEIRA (1886-1968) Obras principais: Cinza das horas, Carnaval, Ritmo dissoluto, Libertinagem, Estrela da manhã, Belo e Estrela da tarde Iniciando sua carreira dentro da estética simbolista, Manuel Bandeira evoluiria para um posicionamento modernista, a partir de 1922. Dois poemas ficaram como clássicos da nova postura (Os sapos e Poética). Apesar dessa adesão ao espírito moderno, a sua poesia filia-se às tendências mais profundas do lirismo ocidental. Alguns de seus grandes temas são universais, atemporais quase. Isto não o impediu de, como bom modernista, incorporar a seu texto a vida cotidiana e a linguagem prosaica. Há também uma linha fortemente confessional em sua poesia. O poeta sente-se à vontade falando de si: Criou-me, desde eu menino Para arquiteto meu pai Foi-se-me um dia a saúde... Fiz-me arquiteto? Não pude! Sou poeta menor, perdoai. Ou ainda de sua ama-de-leite, como em Irene: Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor Imagino Irene entrando no céu “Com licença, meu branco”, E São Pedro, bonachão: “Entra, Irene, você não precisa pedir licença”. Impossibilitado de entregar-se radicalmente à existência, substituiu a vida pela poesia. Mas uma de suas temáticas chaves seria a do desejo, do erotismo insatisfeito, da sensualidade exercida pelo imaginário, como se vê na Balada das três mulheres do sabonete Araxá: “As três mulheres do sabonete Araxá me invocam, me bouleversam, me hipnotizam. Oh, as três mulheres do sabonete Araxá às quatro horas da tarde! O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá (...) Que eu vivo, padeço e morro só pelas três mulheres do sabonete Araxá! São amigas, são irmãs, são amantes as três mulheres do sabonete Araxá? São prostitutas, são declamadoras, são acrobatas? São as três Marias? Meu Deus, serão as três Marias (...) Queres ser estrela? Queres ser rei? Queres uma ilha no Pacífico? Um bangalô em Copacabana? Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero as três mulheres do sabonete Araxá. O meu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá!”
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Literatura – Prof. Ibirá Costa
O poeta costuma sonhar com reinos imaginários onde seria feliz: Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Mas, por outro lado, foi capaz de descobrir o cotidiano. Poetiza os becos, as poças d’água, etc. Ou ainda observa o movimento numa lata de lixo, como no já antológico O bicho: Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão. Não era um gato. Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem Acima de tudo, Manuel Bandeira apresenta extraordinária simplicidade expressiva. Esse traço estilístico é visível no famoso Poema tirado de uma notícia de jornal: João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
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