Oferta, demanda e preço de equilíbrio

Oferta, demanda e preço de equilíbrio No livre mercado, os preços são determinados pela lei da oferta e da procura. O encontro das duas curvas determi...

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Oferta, demanda e preço de equilíbrio No livre mercado, os preços são determinados pela lei da oferta e da procura. O encontro das duas curvas determina o preço de equilíbrio. Nem sempre esse preço permanece neste estado. Existem forças que podem alterar o preço e/ou a quantidade demandada e ofertada. Muitas vezes, o próprio governo pode agir para forçar o equilíbrio no mercado, quer seja subsidiando determinados produtos ou, por outro lado, sobretaxando outros. A decisão de consumir, por parte dos indivíduos, e a de produzir, por parte das empresas, é constantemente afetada pela lei da oferta e da procura. Vamos ver como esses mecanismos de oferta e procura funcionam.

Decisões do consumidor e a curva de demanda O objetivo do consumidor é maximizar o seu nível de satisfação, ou seu prazer. Para isso, ele precisa escolher que conjunto de bens e serviços comprar dentre as diversas opções disponíveis no mercado. O consumidor tem o poder da escolha, que é livre e que se limita a sua restrição orçamentária.

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Restrição orçamentária A restrição orçamentária significa que o consumidor pode gastar um total igual ou menor que sua renda – o salário, por exemplo. Se for menor, nem toda a renda que ele ganha é consumida e será destinada a uma poupança – renda não-consumida chama-se poupança, na economia, para ser utilizada em consumo futuro. Se o total gasto é maior do que a renda adquirida, ou ele utiliza poupanças passadas para complementar a renda que lhe falta, ou utiliza empréstimos, contraindo dívidas. Nesse caso específico, a necessidade de pagar as dívidas restringirá a capacidade de consumo no futuro. Assim, a restrição orçamentária limita o conjunto de bens e serviços que o indivíduo pode adquirir. Por exemplo, uma família que tem renda de três salários mínimos não conseguirá ter acesso à compra de um carro novo, cujo valor é muito alto para a renda dessa família. Nem com financiamento isso seria possível, porque a prestação comprometeria toda a renda da família e não sobraria para as demais necessidades a serem satisfeitas. O consumo dos diversos produtos resulta em benefícios e custos. Os benefícios advêm da satisfação gerada pelo consumo. Qual seria a satisfação de se beber um copo de água no deserto depois de um dia inteiro de caminhada? Os custos correspondem ao preço pago pelo produto e ao seu custo de oportunidade (o que o consumidor deixa de adquirir por escolher determinado produto). O objetivo do consumidor é maximizar a diferença entre benefícios e custos, ao escolher o conjunto de produtos que a sua renda lhe permite comprar.

Preço do produto (gráfico de demanda) Quantas vezes os torcedores iriam ao campo de futebol assistir a uma partida de seu time se o ingresso passasse de R$10,00 para R$50,00? Quanto maior for o preço do produto, menos unidades serão compradas. Por duas razões importantes: porque isso aumenta o custo do consumo e seu custo de oportunidade, ou seja, aquilo que o indivíduo deixa de comprar para poder pagar esse aumento pode levá-lo a não ter renda suficiente para comprar o produto mais caro, levando-o até a compra de bens substitutos. Tem-se aí a lei da demanda – quando o preço de um produto sobe e tudo se mantém constante, cai a quantidade demandada, ou o número de unidades compradas do produto. Quando o preço do ingresso sobe de R$10,00 para R$50,00, poucas pessoas estão dispostas ou podem pagar por esse aumento; conseqüentemente, cai a demanda por ingressos e o clube pode ter uma perda na receita total se a queda for muito grande. O gráfico 1 mostra a relação existente entre o preço do produto e a quantidade demandada. Por causa da lei da demanda, a curva tem inclinação positiva, ou seja, um preço maior (ou menor) corresponde a uma quantidade demandada menor (ou maior).

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Um aumento no preço reduz a quantidade demandada

Um aumento no preço aumenta a quantidade demandada

Gráfico 1 – Curva de demanda.

Gostos e preferências Os gostos podem mudar. A moda é o maior exemplo dessa mudança. Cada estação tem cores, estilos e acessórios diferentes. Quando as pessoas passam a gostar mais de determinado bem, aumentam os benefícios com o consumo deste. O consumidor tende a comprá-lo mais, mesmo que não haja alteração de preço. A curva de demanda se desloca para a direita, de DoDo para D1D1 (gráfico 2). Aumenta a quantidade demandada do bem porque ele está na moda. E, em caso contrário, quando as pessoas deixam de gostar de determinado produto, a curva da demanda se desloca para a esquerda de DoDo para D2D2. Cai a venda do produto porque já passou a moda e as pessoas não estão mais interessadas em comprar aquele produto. As patinetes são exemplos disso, já que não estão mais na moda.

A curva de demanda desloca-se para cima quando: – a renda aumenta; – o preço do bem substituto aumenta; – o preço do bem complementar cai; – os gostos deslocam-se a favor do produto.

Gráfico 2 – Curva de demanda.

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A curva da demanda desloca-se para a direita quando:

A curva da demanda desloca-se para a esquerda quando:

A renda aumenta.

A renda diminui.

O preço do bem substituto aumenta.

O preço do bem substituto cai.

O preço do bem complementar cai.

O preço do bem complementar aumenta.

Os gostos deslocam-se a favor do produto.

Caem as preferências pelo bem.

(ANDRADE; MADALOZZO, 2003. Adaptado.)

A curva da demanda

Bens normais, inferiores, complementares e substitutos ::: Bens normais: são aqueles cuja demanda aumenta quando a renda dos indivíduos se eleva. Por exemplo, as pessoas deixam de comer em casa e passam a freqüentar restaurantes sofisticados. ::: Bens inferiores: são aqueles cuja demanda se reduz quando a renda dos indivíduos cresce. Por exemplo, as pessoas deixam de andar de ônibus e passam a andar de carro. ::: Bens complementares: são aqueles que são consumidos em conjunto. A característica desses produtos é que, quando o preço de um deles sobe, a demanda do outro cai. Quando aumentam os preços dos artigos de tênis, auto­ma­ticamente cai a procura por aulas ou locação de quadras de tênis. ::: Bens substitutos: são aqueles que, quando o preço de um bem sobe, as pessoas substituem por outro, aumentando a demanda deste. Quando sobe o preço do café, as pessoas passam a tomar chá, por exemplo, aumentando as vendas deste produto.

Decisões do produtor e curva de oferta O objetivo de toda empresa é maximizar o seu lucro resultante da diferença entre a receita total e os custos totais. Lucro = receita total – custo total A receita total advém do número de unidades vendidas do produto multiplicado pelo seu preço; é também chamado de faturamento de uma empresa. Os custos totais são os gastos totais dispendidos no processo produtivo, como pagamentos da folha de salários, aluguéis do imóvel, depreciação, entre outros. Existem empresas cujo objetivo principal não é o lucro, são as chamadas empresas sem fins lucrativos, como as ONGs (organizações não-governamentais), empresas do governo e instituições filantrópicas (como algumas creches, asilos etc.).

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Em muitos mercados, o número de produtores é muito grande, e nenhum deles pode influir significativamente no preço do bem que deseja vender no mercado. É a chamada concorrência perfeita. É o caso da indústria têxtil, calçadista, moveleira, de laticínios, entre outras. Como não pode estabelecer o preço do produto, o empresário determina o preço de seus produtos a partir do preço praticado no mercado. Quando o preço do produto sobe no mercado, os lucros aumentam e os produtores são incentivados a produzir e a vender mais. A relação entre o preço e a quantidade ofertada é dada pela lei de oferta: quando o preço de um bem se eleva, com tudo mais permanecendo constante, a quantidade ofertada do bem também aumenta. No gráfico 3, vemos a inclinação positiva, ou seja, um preço maior (ou menor) leva a uma quantidade ofertada maior (ou menor).

Um aumento no preço aumenta a quantidade ofertada.

Uma redução no preço diminui a quantidade ofertada.

Gráfico 3 – Curva de oferta.

Muitos fatores podem alterar a quantidade a ser produzida pelos empresários. O aumento do preço dos insumos pode inviabilizar o lucro do processo produtivo. A redução da quantidade produzida desloca a curva da oferta de SoSo para S1S1 (gráfico 4). Outro fator muito importante diz respeito à mudança tecnológica que pode aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, incentivando o empresário a aumentar as quantidades ofertadas, deslocando a curva da oferta de SoSo para S2S2 (gráfico 4). O empresário, quando compra uma máquina que produz mais, poderá aumentar a quantidade ofertada, afetando o preço no mercado (os preços caem porque aumenta a oferta do produto).

Gráfico 4 – Deslocamento da oferta.

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Preço e quantidade de equilíbrio Quando juntamos a curva da oferta com a curva da demanda (gráfico 5), temos a quantidade de equilíbrio. Quando as duas curvas se encontram, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada (Qo). Quando isso ocorre, diz-se que o mercado está em equilíbrio – e a quantidade Qo é a quantidade de equilíbrio. E, somente em Po, o número de unidades que os consumidores querem comprar é igual ao número de unidades que os produtores desejam vender. Este é exatamente o preço de equilíbrio. O preço de equilíbrio é a representação do livre mercado, ou seja, no qual se faz uma negociação de preços. O comprador diz quanto quer pagar e o vendedor diz por quanto vale a pena vender.

Gráfico 5 – Preço e quantidade de equilíbrio – excesso de oferta.

Se o preço do produto (P1) for superior ao preço de equilíbrio (Po), tem-se um excesso de oferta, pois, pelo preço (P1), a quantidade ofertada (Qs1) é maior do que a quantidade demandada (Qd1). Quando isso acontece, os produtores preferem fazer liquidações para não ter seu capital parado em estoques, correndo até o risco da obsolescência (depreciação tecnológica – imagine se uma loja comprasse uma quantidade enorme de computadores para um ano de vendas; com certeza, teria prejuízo, porque, a cada mês, os fabricantes lançam computadores mais modernos e mais velozes, por isso, o comerciante jamais poderá fazer estoque). No caso oposto, o preço inicial P2 (gráfico 6) é menor do que o preço de equilíbrio (Po). Nesse caso, existe um excesso de demanda, ou seja, a quantidade demandada (Qd2) é maior do que a quantidade ofertada (Qs2) pelo preço P2. Quando muitas pessoas desejam o mesmo produto, ele pode se tornar escasso no mercado e a tendência é o preço subir. Quando o dono de um apartamento coloca-o à venda por um preço inferior ao de mercado, muitos compradores disputarão a compra do imóvel. Quando o preço de um produto está abaixo do preço de equilíbrio, as forças de mercado tendem a levá-lo de volta ao equilíbrio.

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Gráfico 6 – Preço e quantidade de equilíbrio – excesso de demanda.

Mercado de trabalho e salário de equilíbrio A análise da curva da oferta e da demanda para bens e serviços também pode ser utilizada para determinar o preço dos insumos empregados no processo produtivo. Um dos mais importantes insumos utilizados no processo produtivo é o salário. Os trabalhadores ofertam mão-de-obra no mercado. Quanto maiores os salários, mais os trabalhadores estão dispostos a trabalhar. Quando o salário é muito baixo, não compensa trabalhar. Portanto, a curva de oferta de trabalho tem inclinação positiva. Por outro lado, as empresas demandam mão-deobra. Quanto maior o salário, menos disposição de contratar trabalhadores elas têm. As empresas, nesse caso, preferem substituir trabalhadores por máquinas. Dessa forma, a curva de demanda de trabalho apresenta inclinação negativa. O encontro da curva de demanda e oferta determina o salário de mercado e o número de pessoas empregadas em equilíbrio (gráfico 5).

Mudanças no equilíbrio Os autores Eduardo Andrade e Regina Madalozzo (2003) apresentam a mudança de equilíbrio no mercado por meio de dois exemplos: Exemplo 1: cidades turísticas. No período de férias, as cidades turísticas, como Gramado (RS), ficam lotadas, principalmente em julho, quando há a expectativa de neve. Nessa época, todos os restaurantes, hotéis e passeios turísticos ficam mais caros, dado o número elevado de turistas. Há um excesso de demanda, fazendo com que a curva se desloque de DoDo para D1D1; nesse caso, o preço não é mais o preço de equilíbrio; o novo preço de equilíbrio passa a ser P1.

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Exemplo 2: o dólar. O dólar pode ser considerado um produto qualquer, portanto, sujeito às variações de mercado e cujo preço é determinado pelo encontro da oferta e da procura. Durante a guerra entre os EUA e o Iraque, no primeiro semestre de 2003, houve uma ameaça concreta ao abastecimento de petróleo no mundo. Como o Brasil é importador de petróleo, ocorreria um aumento na demanda de dólares no País, o que, por sua vez, acarretaria o aumento na demanda de dólares para essa importação, ou desva­lorização, do real. De outra forma, quando o Brasil aumenta suas exportações, aumenta a oferta de dólares no mercado interno, ocasionando uma queda no preço, com o novo preço de equilíbrio sendo P1, ou seja, ocorre uma valorização do real. A lei da oferta e da procura é a lei que fundamenta a concorrência no mercado capitalista. Cada vez que o governo interfere na economia, acaba afetando as livres forças do mercado. A capacidade produtiva das empresas define a oferta dos bens e serviços na economia, e a renda das famílias representa a demanda do mercado consumidor. As empresas têm sua concorrência ampliada pela globalização da economia, com a abertura dos mercados mundiais. A ampliação da concorrência é positiva para os consumidores, porque melhora a qualidade e tende a baixar os preços pelo aumento do número de competidores.

Atividades 1.

Fiscalize os preços dos produtos que sua família consome durante um mês e escreva-os numa planilha. Observe o que acontece nos meses seguintes e a influência do mercado na determinação dos preços finais.

2.

Por que quando aumenta o número de pessoas interessadas em alugar um imóvel, automaticamente, sobe o valor do aluguel?

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3.

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O que se entende por preço de equilíbrio? a) Os preços estão estagnados. b) É o ponto de encontro entre a curva da oferta e da demanda. c) É o preço definido pela balança comercial. d) É o preço que agrada produtores e compradores.

4.

Como a curva da demanda influencia no poder de decisão dos empresários, também chamados produtores?

5.

Quais as medidas tomadas numa situação de excesso de oferta num sistema de economia de mercado? a) Liquidando preços. b) Aumentando postos de venda. c) Demitindo funcionários. d) Cortando horas extras de funcionários.

6.

Quando os salários estão em baixa, dizemos que: a) a oferta de MO* é baixa em relação à demanda. b) a oferta de MO é muita alta em relação à demanda. c) a demanda de MO é crescente. d) a demanda de MO está em equilíbrio. MO* = mão-de-obra.

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