A TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO

2 ÂNGELA MILANEZ RONCHI A TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Monografia apresentada à Diretoria de Pós-...

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC UNIDADE ACADÊMICA DE HUMANIDADES, CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

ÂNGELA MILANEZ RONCHI

A TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

CRICIÚMA, JULHO DE 2010

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ÂNGELA MILANEZ RONCHI

A TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de especialista em Educação Física Escolar. Orientador: Ferreira

Prof.ª

Ma.

CRICIÚMA, JULHO DE 2010

Robinalva

Borges

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Dedico este trabalho aos meus pais, Delso e Luiza, verdadeiros educadores que com muito amor e coragem, tornaram esse momento possível. A minha irmã, Emilene, e ao meu namorado, Renato, recebidos.

pelo

carinho

e

compreensão

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AGRADECIMENTOS A Deus pelo dom da vida e por ter permitido percorrer

esse

caminho

com

saúde

e

perseverança. A minha família, não somente pelo esforço financeiro, mas por ter servido de apoio para minha chegada até aqui. A

professora

Robinalva

Ferreira,

pela

orientação e apoio fornecidos para a execução deste trabalho.

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“Educar é preparar para a participação social. Educar

é

propor mudanças

positivas na

conduta dos cidadãos. Por isso a escola deve assumir toda a sua importância e deve oferecer o esporte como instrumento e não como fim; um instrumento para alcançar um fim: a formação útil à sociedade.” Sávio Assis

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RESUMO

Tendo em vista a importância assumida pelo esporte como elemento hegemônico na cultura de movimento da sociedade contemporânea, torna-se cada vez mais necessário pensá-lo em todas as suas dimensões e manifestações. O fenômeno esporte é um dos conteúdos e em muitas vezes o único, mais abordado na Educação Física escolar. De acordo com o contexto em que hoje encontramos o esporte nas instituições escolares, uma re-significação ou uma re-estruturação do mesmo se faz necessária, considerando a importância e riqueza desse conteúdo para as aulas de Educação Física e para a formação dos alunos. O esporte poderia ser encarado como um importante elemento, não mais que os outros, como a dança, a ginástica e as lutas, com uma significância pedagógica, desde que não reproduza os valores do esporte-espetáculo. Portanto, devido a relevância das considerações acima citadas, desenvolvemos o estudo por meio da pesquisa bibliográfica intitulado “a transformação didático-pedagógica do esporte na Educação Física escolar”, tendo como problema: qual a importância de uma transformação didático-pedagógica do esporte na Educação Física escolar? e como objetivo: analisar a importância de uma transformação didático-pedagógica do esporte da escola. Por meio deste estudo constatamos que o esporte necessita sim, ser transformado, discutido e compreendido, no sentido de proporcionar a formação do cidadão crítico e autônomo, necessário a uma sociedade em constantes transformações. É imprescindível também que a formação acadêmica inclua em seu currículo disciplinas que busquem a aprendizagem da leitura, reflexão e ressignificação de tudo que é apresentado na mídia referente a cultura de movimento e esportiva. Aos professores cabe refletir sobre a prática da Educação Física, intervindo sempre que necessário para que se construa uma Educação Física comprometida com a cultura corporal do homem e não somente com o esporte de rendimento. Sendo assim, novas possibilidades se abrem para a Educação Física escolar, oportunizando ao professor trabalhar outras culturas de movimento e outros esportes que não sejam os hegemônicos, tais como o futebol americano, freesbe, squach, rugby, o boliche, o beisebol e muitos outros.

Palavras-chave: Educação Física. Esporte. Transformação. Escola.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 2 EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................................... 9 2.1 Educação física como componente curricular .............................................. 10 2.2 Conteúdos da Educação Física ....................................................................... 12 2.2.1 Esporte ........................................................................................................... 14 3 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ................................... 17 3.1 Educação Física higienista .............................................................................. 17 3.2 Educação Física militarista .............................................................................. 17 3.3 Educação Física competitivista....................................................................... 18 3.4 Educação Física popular ................................................................................. 18 4 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO FÍSICA ................................ 19 4.1 Concepção das aulas abertas ......................................................................... 19 4.2 Atividade física para promoção da saúde ...................................................... 19 4.3 Construtivista-interacionista ........................................................................... 20 4.4 Crítico-superadora............................................................................................ 20 4.5 Desenvolvimentista .......................................................................................... 21 4.6 Educação Física plural ..................................................................................... 21 4.7 Humanista ......................................................................................................... 22 4.8 Psicomotrista .................................................................................................... 22 4.9 Sistêmica ........................................................................................................... 23 4.10 Crítico-emancipatória ..................................................................................... 23 5 TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................................................................... 26 6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 34

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente parece que o esporte é o conteúdo predominante nas aulas de Educação Física, impedindo assim, que outros diversos temas da cultura corporal, como a dança, a luta e a ginástica, sejam trabalhados na Educação Física escolar. O esporte trabalhado na escola reproduz a idéia da competição, do treino e do rendimento esportivo, enfatizando assim o respeito incondicional e irrefletido às regras do jogo, tornando-as inquestionáveis, sem que ocorra a reflexão e o questionamento, do contrário, levando ao acomodamento, reforçando assim a ideologia capitalista. Tal idéia diminui as possibilidades para uma discussão referente às normas do esporte e impede a criação de novas possibilidades para o ensino deste. Devido a essa crítica, Elenor Kunz, em um de seus trabalhos, propõe uma transformação didático-pedagógica do esporte. Transformação esta que deve fazer com que o esporte, na Educação Física escolar, torne-se uma realidade educacional potencializadora de uma educação crítica e emancipada, e não somente uma cópia irrefletida do esporteespetáculo. Partindo deste pressuposto, este estudo surgiu da necessidade de discutir como realizar estas transformações e qual seriam as formas mais adequadas e satisfatórias, tanto para o professor quanto para o estudante, garantindo assim, entre outras coisas, a participação de todos nas aulas de Educação Física. E consequentemente, tornando as aulas mais cooperativas, interessantes e coeducativas. O interesse pelo tema proposto, manifestou-se perante as discussões sobre o assunto feitas em sala de aula durante o decorrer do curso de graduação e também por meio dos estágios, em que pudemos observar a necessidade e dificuldade de se trabalhar um esporte diferente, a esporte da escola, que não seja o institucionalizado. O presente trabalho tem como tema: a transformação didáticopedagógica do esporte. Como problema: qual a importância de uma transformação didático-pedagógica do esporte na Educação Física escolar? E como objetivo

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geral: analisar a importância de uma transformação didático-pedagógica do esporte na escola. Tendo também como objetivos específicos: ·

Identificar de que maneira a transformação didático-pedagógica do esporte pode

ser feita; ·

Evidenciar que benefícios a transformação didático-pedagógica do esporte pode

trazer para as aulas de Educação Física. Apresentamos como questões norteadoras: ·

Por que é necessário uma transformação didático-pedagógica do esporte na

Educação Física? ·

De que maneira estas transformações devem ser feitas?

·

Que benefícios estas transformações podem trazer para as aulas de Educação

Física? O tipo de pesquisa utilizado foi a bibliográfica, que segundo Oliveira (2001, p. 119), “a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno”. Já para Rauen (1999, p. 55), a pesquisa bibliográfica “opera a partir do material já elaborado, que constitui o acervo bibliográfico da humanidade. A vantagem da busca do acervo é a amplitude de assuntos possíveis de estudo [...].” O

trabalho

está

estruturado

da

seguinte

forma:

primeiramente

abordaremos o conceito de Educação Física. Em seguida iremos verificar quais fatores contribuíram para a inserção da Educação Física no currículo escolar e quais os conteúdos que são trabalhados na mesma, destacando entre eles o esporte. No capítulo seguinte, avaliaremos então as abordagens pedagógicas em Educação Física e realizaremos um aprofundamento da abordagem críticoemancipatória. Por fim será discutido sobre a importância de uma transformação didáticopedagógica do esporte na Educação Física escolar. Consta ainda conclusão e referências.

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2 EDUCAÇÃO FÍSICA

Definir o conceito de Educação Física não é uma tarefa fácil, há muito tempo vem-se discutindo sobre o que realmente é a Educação Física. Questões sobre o que é ou tem sido a Educação Física, qual o seu objeto de estudo e quais fatores a sustentam no currículo escolar, tem sido fortemente questionados desde então. Oliveira (2004, p. 86) ao definir a Educação Física, nos diz que ela é “cultura no seu sentido mais amplo, fertilizando o campo de manifestações individuais e coletivas. É transmissora de cultura, mas pode ser acima de tudo, transformadora de cultura.” É considerada, ainda, como cultura do físico, designando-se como parte da medicina, sendo criadora de requintadas técnicas esportivas e veiculadora de ideologias. Já para o Coletivo de Autores (1992, p. 50): [...] a Educação Física é uma prática pedagógica que no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal.

Ou seja, significa o ensino dos mais diversos temas da cultura corporal de movimento, tendo como objetivo o desenvolvimento de cidadãos críticos e emancipados, capazes de refletir criticamente acerca de tudo que o rodeia e de interferir quando necessário. Bracht (1997), aponta dois sentidos para melhor esclarecer a terminologia da expressão Educação Física. Um deles seria um sentido “restrito”, onde o termo Educação Física abrangeria as atividades pedagógicas que tem como tema o movimento corporal e que estaria expresso na instituição educacional. O outro sentido seria um sentido “amplo”, que estaria sendo utilizado para nomear todas as manifestações culturais aliadas à ludomotricidade humana. Tal movimento humano, a que se refere Bracht (1997) como tema da Educação Física escolar, não é qualquer movimento, nem todo movimento. É na realidade o movimento humano que possui determinado significado/sentido e que

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lhe é atribuído pelo contexto histórico-cultural, ou seja, é o movimento que se exprime na forma de jogos, de exercícios ginásticos, etc. A seguir abordaremos como a Educação Física foi inserida no contexto escolar, bem como quais os conteúdos que a compõem.

2.1 Educação física como componente curricular

O surgimento da Educação Física como componente curricular remonta à origem da escola moderna, ou seja, a escola da sociedade burguesa. A Educação Física foi inserida no currículo escolar devido a uma junção de vários fatores, estando estes condicionados pela urgência de uma nova ordem social nos séculos XVIII e XIX. Movimentos da medicina ligados ao progresso da ciência e a constituição do Estado Nacional e dos sistemas educacionais foram determinantes para que isso ocorresse. (BRACHT, 2001). O discurso médico do século XVIII serviu de referência para justificar a importância da Educação Física. É neste cenário que a mesma é legitimada no contexto escolar. (BRACHT, 2001). A Educação Física une-se então à um entendimento de corpo próprio da modernidade, o corpo era visto como uma máquina, na qual seu funcionamento não poderia ser conhecido pelo método científico e assim, necessitaria ser controlado e aperfeiçoado. (BRACHT, 2001). Tal entendimento tem sustentado a Educação Física no currículo escolar durante os últimos duzentos anos, sofrendo apenas algumas modificações ou variações no decorrer dos anos. (BRACHT, 2001). Algumas condições determinaram e deram origem a este entendimento de Educação Física. Primeiramente, foi a importância da aptidão física para a melhoria da produtividade no trabalho, pois como o trabalho exigia muito esforço físico, a educação física serviria como preparação para o trabalho. Outro fator a ser considerado, diz respeito à relação do Estado com as questões da saúde, incentivando a prática dos exercícios físicos o Estado pretendia diminuir os gastos do sistema de saúde. O terceiro fator seria a prevalência da visão médica do corpo,

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ou seja, o corpo visto como máquina e o conceito de saúde interligado com este entendimento. E por último, a idéia do trabalho como dever, sendo o lazer mera recompensa do trabalho. O povo teria que assumir a idéia de que o que realiza o homem é o trabalho. (BRACHT, 2001). A Educação Física sofre mudanças significativas em relação a estes fatores que a sustentavam na escola. A aptidão física em função do desenvolvimento tecnológico, torna-se cada vez menos importante na produtividade do trabalho. O estado retira-se da função de incentivar a prática de atividades físicas e iniciativas privadas passam a prestar tais serviços. Em relação ao conceito de saúde, a educação física se relativizou, em função da complexidade deste conceito. E a questão do lazer como recompensa do trabalho também decai, pois o lazer torna-se tão importante quanto o trabalho. (BRACHT, 2001). Souza Junior (2001), afirma que ao longo de sua história, a Educação Física vem ostentando atribuições que a caracterizam como componente curricular responsável pelas questões relacionadas ao corpo. Mais recentemente, o esporte, devido à sua legitimidade social e importância política, torna-se sustentador da importância da Educação Física. Um dos fatores que sustentaria hoje a Educação Física na escola, segundo Bracht (2001, p. 76), é a idéia de que “a Educação Física seria responsável por introduzir os indivíduos no universo da cultura corporal e movimento de maneira que nele eles possam agir de forma autônoma e crítica.” É necessário assim, que se reconheçam como legítimos outros saberes que não sejam os de caráter conceitual ou intelectual, para que a Educação Física se afirme no currículo escolar. (BRACHT, 2001). Ao longo da história da educação e da própria Educação Física, tanto em âmbito geral como no Brasil, a educação física vem assumindo atribuições que de maneiras diferentes a caracterizam como componente curricular responsável pela educação das questões afetas ao corpo. (SOUZA JUNIOR, 2001, p. 83).

Tal entendimento exime a Educação Física de uma educação dita intelectual, ou seja, a Educação Física assume a função de desenvolver e aprimorar o físico, sem haver uma reflexão em torno de um conjunto de conhecimentos que a mesma pode englobar, tais como o conhecer, o pensar, refletir e teorizar. (SOUZA JUNIOR, 2001).

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Segundo a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p. 153): O desafio que se apresenta para a Educação Física é de que dentro de qualquer processo educacional ela possa ser percebida como um componente curricular, nem mais nem menos importante que os demais, e que busque, junto com eles, fazer com que os objetivos educacionais sejam alcançados.

Sendo assim, perceber a Educação Física como uma disciplina tão importante quanto as demais, é o primeiro passo para percebê-la como componente curricular e traçar seus objetivos, trabalhando para que os mesmos sejam alcançados.

2.2 Conteúdos da Educação Física

Para o Coletivo de Autores (1992, p. 64) “os conteúdos são conhecimentos necessários à apreensão do desenvolvimento sócio-histórico das próprias atividades corporais e à explicitação das suas significações objetivas. De acordo com Santa Catarina (1998, p. 154), “a função social da Educação

Física

está

movimento/corporeidade,

na

aprendizagem

através

da

dança,

de

temas

ginástica,

relacionados jogo

e

ao

esporte,

conhecimentos estes produzidos historicamente pela humanidade [...].” Nos Parâmetros Curriculares Nacionais os conteúdos estão organizados em três blocos. Tal organização tem o intuito de evidenciar quais os objetivos de ensino e aprendizagem estão sendo priorizados, cabendo ao professor distribuí-los de maneira equilibrada e adequada. O primeiro bloco diz respeito aos conhecimentos sobre o corpo, ou seja, aos conhecimentos e conquistas individuais que auxiliam as práticas expressas nos outros dois blocos, dando também amparo para que o indivíduo dirija sua atividade corporal de forma autônoma. O segundo bloco seria os esportes, jogos, lutas e ginásticas. O esporte será abordado no capítulo a seguir. Os jogos podem ser exercidos com caráter competitivo, cooperativo ou recreativo, nas mais diversas situações.

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Incluem-se entre os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e ainda, brincadeiras infantis de modo geral. (BRASIL, 2000). As lutas são caracterizadas como disputas em que os oponentes devem ser abatidos mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão e imobilização, que combinem ações de ataque e defesa. (BRASIL, 2000). E, por fim, as ginásticas são entendidas como técnicas de trabalho corporal que, ostentam um caráter individualizado com finalidades diversas. Podendo envolver ou não a utilização de materiais e aparelhos. O terceiro e ultimo bloco diz respeito às atividades rítmicas e expressivas. Incluem-se manifestações da cultura corporal que têm como característica a intenção de expressão e comunicação, por meio de gestos e da presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal. (BRASIL, 2000). Para a Proposta Curricular de Santa Catarina (1991, p. 69), Os conteúdos e conhecimentos só adquirem significados, se vinculados à realidade existencial dos alunos, se estiverem voltados para a resolução de problemas colocados pela prática social e forem capazes de fornecer instrumentais teórico-práticos para questioná-la.

Frente a isso, a escola deve selecionar e organizar cada conteúdo, procurando analisar a origem de tal conteúdo e conhecer o que determinou a necessidade de seu ensino. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Para que isto se efetive é necessário analisar a origem do conteúdo e conhecer o que determinou a necessidade de seu ensino. Outro aspecto a ser considerado na seleção de conteúdos é a realidade material da escola, pois a apropriação do conhecimento da Educação Física considera a adequação de instrumentos teóricos e práticos. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Cabendo assim, ao professor estudar cada conteúdo profundamente, desde sua origem histórica até seu valor educativo para os propósitos e fins do currículo. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). A Proposta Curricular de Santa Catarina (1998) ao se referir sobre os conteúdos a serem utilizados nas aulas de Educação Física, relata que “devem ser os mais representativos, selecionados entre os bens culturais disponíveis a partir de seu valor histórico e formativo.” Considera também alguns itens como essenciais na seleção dos

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conteúdos pelo professor de Educação Física: a participação dos educandos no planejamento, na execução e avaliação das atividades; a valorização da cultura popular; traçar seus objetivos diante dos alunos e programar as atividades coerentes com a realidade na qual a criança esta inserida; levar em consideração o ritmo de cada aluno; incentivo à pesquisa, à observação, ao exercício da reflexão e a expressão crítica; o desestímulo à competição que visa a supervalorização do vencedor e a superação do outro; relacionar a Educação Física com as demais disciplinas; e por fim, selecionar conteúdos que privilegie atividades motivadoras, alegres, lúdicas, onde todos tenham a oportunidade de participar, de se expressar e relacionar-se com os outros. Ressalta ainda que não basta somente listar os conteúdos, faz-se necessário definir para que servem, ou porque a escolha deste conteúdo e qual o significado deste na vida dos alunos.

2.2.1 Esporte

Sem dúvida o esporte é o conteúdo mais trabalhado na Educação Física escolar nos dias de hoje. Por isso relevada atenção deve ser dada ao seu estudo. O esporte tem suas raízes etimológicas do francês “desport”, mas foi modificado pelos ingleses para “sport”. O termo significava prazer, divertimento e descanso. (OLIVEIRA, 2004). Brasil (2000, p. 48), conceitua o esporte como sendo: [...] as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional. Envolvem condições espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios, etc.

O esporte, como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 70). Para Bracht (2003, p. 13), “o esporte moderno refere-se a uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo surgida no âmbito da cultura européia por volta do século XVIII, e que com esta, expandiu-se para o resto do

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mundo.” É necessário remir os valores que prerrogam o coletivo sobre o individual, os valores que defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano. O esporte como fenômeno social e tema da cultura corporal, necessita um questionamento sobre suas normas e condições de adaptações à realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Se expressa como uma realidade socialmente construída e mostra-se como um campo de ação socialmente estabilizado, com diferentes estruturas, com objetivos predeterminados, formas de movimento e instituições e também como possibilidade aberta para uma ação alternativa, livre e autodefinida. (STRAMANN, 2003). É apresentado aos alunos num sistema de regras das modalidades desportivas, das diretrizes institucionalizadas, de formas de ação e instrumentos de avaliação que se desenvolvem historicamente no campo desportivo fora da escola. (STRAMANN, 2003). Stramann (2003, p. 135), nos diz que “o esporte é trazido às escolas como um sistema já existente em suas formas de ação e regras, isto é, cuja existência é partilhada intersubjetivamente por todos.” Sendo assim, o esporte é encarado na escola como uma prática na qual os indivíduos interagem e se comunicam sem problemas e sem obstáculos. (STRAMANN, 2003). O esporte desenvolvido atualmente com o objetivo do alto rendimento, possui uma série de problemas, como a sobrepujança e as comparações objetivas. (KUNZ, 1994). Peters (1927 apud KUNZ, 2006, p. 36) define a sobrepujança como sendo a “superação de um desempenho pelo outro.” Já Pires (2002), ao se referir a sobrepujança diz que o significado da mesma é sobrepor-se a algo ou alguém. Quanto à comparação objetiva, Kunz (2006), relata que no esporte de alto rendimento o individuo que o pratica é comparado como um simples material de teste para ser avaliado objetivamente, tudo isso em busca de rankings, recordes, etc. Para tanto, os atletas são preparados como máquinas para que suportem a treinamentos cada vez maiores.

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Para Kunz (1994, p. 119) “o esporte ensinado nas escolas enquanto cópia irrefletida do esporte competição ou de rendimento, só pode fomentar vivências de sucesso para uma minoria e o fracasso ou vivência de insucesso para a grande maioria.” Sem contar que é, atualmente, um produto cultural muito valorizado mundialmente, pelo menos economicamente. (KUNZ, 1994). Há investimentos enormes para que resultados cada vez melhores sejam alcançados, formando as chamadas “fábricas de campeões”, onde os praticantes do esporte são somente atletas de elite, que nada mais são do que máquinas de rendimento. (KUNZ, 1994). Devido a este processo de racionalização do esporte, os movimentos se reduzem a ações regulamentadas e padronizadas. O movimento torna-se tão padronizado que é realizado independente das vivências subjetivas de medo, esperança, alegria e outros sentimentos dos praticantes. STRAMANN,2003). Por estes motivos alguns aspectos devem ser discutidos no esporte de hoje. Seriam eles o rendimento, a representação (institucional), o tempo livre e o comércio e seus efeitos no esporte. (STRAMANN,2003). Deve ser estudado a partir do instrumental teórico das ciências humanas, a fim de que se possa reconhece-lo como prática social e fenômeno sociocultural. (CASTELLANI FILHO, 2002). Na escola os esportes mais conhecidos e muitas vezes os únicos a serem trabalhados, são os esportes conhecidos como hegemônicos, seriam eles: o futebol, o voleibol, o basquetebol e o handebol. O livro “Todos os esportes do mundo” do autor Orlando Duarte traz mais de 100 opções de modalidades esportivas, conhecidos por todo o mundo, alguns pouco difundidos no Brasil, mas que podem e devem também ser trabalhados na Educação Física escolar. Dentre eles estão o Frisbee, o paddle, o futebol americano, o badminton, o beisebol e o rúgbi. A questão a ser levantada é quais as condições e de que forma o esporte deve ser trabalhado na escola. Afinal todos os alunos devem ter possibilidades de atualizar experiências em movimento esportivos, independente do talento de cada um. É isso que deve permanecer no ensino dos esportes, tornando-o mais atrativo para todos. (KUNZ, 1994).

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3 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA

3.1 Educação Física higienista

A Educação Física higienista dá ênfase a questão da saúde, colocando-a em primeiro plano. De acordo com esta concepção, o papel principal da Educação Física é a formação de homens e mulheres sadios e fortes. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). A ginástica, o desporto, os jogos, etc., servem assim para disciplinar os hábitos das pessoas a fim de afasta-las de práticas sedentárias. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). Tal concepção visa a possibilidade de resolver o problema da saúde pública por meio da educação. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988).

3.2 Educação Física militarista

Não podemos confundir a Educação Física militarista com a Educação Física militar, apesar das duas possuírem ligações, esta concepção não se resume a uma prática militar de preparo físico. Mais que isso, é a concepção que visa impor a sociedade padrões de comportamento estereotipados, frutos da conduta disciplinar própria ao regime de caserna. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). O objetivo principal é a obtenção de uma juventude preparada para suportar o combate, a luta e a guerra. Para isso entende que a Educação Física deve ser rígida à ponto de elevar a nação à condição de servidora e defensora da Pátria, selecionando homens e mulheres capazes de atuar nas atividades sociais e profissionais, eliminando os fracos e premiando os fortes. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). Na Educação Física militarista, a ginástica, o desporto, os jogos, etc., só tem utilidade se buscam eliminar os incapacitados físicos. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988).

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3.3 Educação Física competitivista

Assim como a concepção militarista, a educação Física competitivista também trabalha para uma hierarquização e elitização social. Seu papel principal é a caracterização da competição e da superação individual como valores essências a uma sociedade moderna. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). Em outras palavras, a educação Física se reduz ao esporte de alto nível, desenvolvendo o treinamento esportivo baseado nos estudos da fisiologia do esforço e da biomecânica, afim de melhorar a performance atlética. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). A Educação Física adquiri assim um caráter tecnicista, trabalhando temas relacionados ao treinamento e as questões ligadas a medicina esportiva. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988).

3.4 Educação Física popular

É a concepção de educação física que historicamente se desenvolveu com e contra as concepções ligadas a ideologias dominante. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). Defende a ludicidade e a cooperação fazendo com que a ginástica, o esporte, a dança, etc., adquiram a função de promover a organização e mobilização de trabalhadores, servindo aos interesses do que os trabalhadores chamavam de solidariedade operária. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). Entende que a educação dos trabalhadores está ligada ao movimento de organização das classes populares para o confronto cotidiano imposto pela luta de classes. (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988).

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4 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO FÍSICA

As abordagens pedagógicas em Educação Física podem ser definidas como movimentos comprometidos com a renovação teórico-prático, com o intuito de estruturar campos de conhecimento que são específicos da Educação Física. (AZEVEDO 2000). Tais abordagens sugerem o objeto de estudo da Educação Física, a operacionalização dos seus conteúdos e a discussão sobre como realizar a avaliação na educação Física. (AZEVEDO, 2000).

4.1 Concepção das aulas abertas

A concepção das aulas abertas baseia-se na vida de movimentos da criança, na sua história de vida e na construção da biografia esportiva dos alunos. Além de apoiar-se na concepção de esporte e movimento que a sociedade vem construindo ao longo da história e na realidade das aulas de Educação Física escolar. (AZEVEDO, 2000). Tal concepção considera a possibilidade de co-decisão no planejamento, objetivos, conteúdos e formas de transmissão e comunicação no ensino. Ou seja, o aluno participa de forma direta nas decisões referente aos objetivos, conteúdos e avaliação das aulas. (AZEVEDO, 2000).

4.2 Atividade física para promoção da saúde

Esta concepção de Educação Física busca a conscientização da comunidade escolar quanto as pesquisas que mostram os benefícios da atividade física. (AZEVEDO, 2000). Considera que os professores devem não somente abordar os desportos em suas aulas, mas também utilizar a promoção da saúde, por meio da seleção,

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organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos alunos, não só tornar-se aptos fisicamente, mas, principalmente, propiciar situações que os conduza a optar por um estilo de vida ativo, durante toda sua vida. (AZEVEDO, 2000). Para tanto, julga necessário a prática prazerosa de atividades que proporcionem o aperfeiçoamento das áreas funcionais, como a resistência orgânica ou cardiovascular, a flexibilidade e a resistência muscular, buscando a melhor qualidade de vida por meio da saúde. (AZEVEDO, 2000).

4.3 Construtivista-interacionista

O objetivo da abordagem construtivista-interacionista é a construção do conhecimento através da interação do sujeito com o mundo, respeitando o universo cultural do educando, utilizando atividades lúdicas, com atividades cada vez mais complexas, buscando assim, a construção do conhecimento. (AZEVEDO, 2000). Segundo Azevedo (2000), além de valorizar as experiências e a cultura dos alunos, esta proposta tem interesse em propor alternativas aos métodos diretivos constituídos na educação Física. Defende que a aquisição do conhecimento é um processo construído pelo indivíduo durante toda sua vida. Ressalta que a Educação Física deve respeitar o universo cultural dos alunos, considerando o conhecimento que a criança já possui. (BRASIL, 1998). Nesta proposta o jogo é visto como instrumento pedagógico, ou seja, a principal maneira de ensinar. (AZEVEDO, 2000).

4.4 Crítico-superadora

A abordagem crítico-superadora baseia-se no discurso da justiça social no contexto da sua prática. Tem como intuito ressaltar questões de poder, interesse

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e contestação, fazendo a leitura dos dados da realidade, através da crítica social dos conteúdos. (AZEVEDO, 2000). Procura entender com precisão o ensinar, o que não significa somente transferir ou repetir conhecimentos, mas também, criar as possibilidades de sua produção crítica, sobre a assimilação destes conhecimentos, valorizando a contextualização dos fatos e o resgate histórico. (AZEVEDO, 2000).

4.5 Desenvolvimentista

Entende que o intuito principal da Educação Física é o movimento ou seja, o ensino da Educação Física deve privilegiar a aprendizagem do movimento, proporcionando aos alunos condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido por meio da interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. (BRASIL, 1998). Esta abordagem privilegia a aprendizagem do movimento, sendo que outras aprendizagens também podem ocorrer devido a prática das habilidades motoras. (AZEVEDO, 2000). Entende que o objetivo da Educação Física é proporcionar ao aluno condições para desenvolver seu comportamento motor por meio da diversidade e complexidade dos movimentos, propondo atividades de acordo com o seu estágio de crescimento e desenvolvimento, para que as habilidades motoras sejam alcançadas. (AZEVEDO, 2000).

4.6 Educação Física plural

Esta proposta entende o movimento humano como técnica corporal construída culturalmente e definida de acordo com as características de determinado grupo social. (AZEVEDO, 2000).

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Trabalha para as diferenças entre os alunos sejam compreendidas, valorizando os movimentos e as expressões de cada um, sem que haja o “certo” e o “errado”. (AZEVEDO, 2000). A abordagem Educação Física plural leva em conta que os alunos são diferentes, por isso aceitar o que os torna iguais é justamente a capacidade deles expressarem-se diferentemente. (AZEVEDO, 2000).

4.7 Humanista

A abordagem Humanista tem seus alicerces nos princípios filosóficos em torno do ser humano e de um crescimento voltado à crescer de dentro para fora. (AZEVEDO, 2000). Considera o professor como agente educador ou melhor, orientador da aprendizagem, e seu papel seria então promover o crescimento pessoal dos alunos, tornando-os participantes ativos na vida social. (AZEVEDO, 2000).

4.8 Psicomotrista

Utiliza

as

atividades

lúdicas

para

estimular

os

processos

de

desenvolvimento e aprendizagem, aprendizagens estas significativas, espontâneas e exploratórias da criança e de suas relações interpessoais. (AZEVEDO, 2000). Busca também analisar e interpretar o jogo infantil e seus significados e seu principal objetivo é a psicomotricidade, onde os mecanismos de regulação entre o sujeito e o meio onde vive, possibilitem o jogo da adaptação. (AZEVEDO, 2000). Esta abordagem busca desatrelar a utilização dos pressupostos do esporte na Educação Física escolar, valorizando o processo de aprendizagem do aluno e não mais a execução de um gesto técnico. (BRASIL, 1998).

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4.9 Sistêmica

Por fim, temos a abordagem Sistêmica, que compreende o conhecimento como sendo um sistema aberto que sofre influência da sociedade. Sustenta-se nos princípios da não exclusão e da diversidade de atividades, sugerindo a Educação Física a valorização de uma maior diversidade de vivencias esportivas, atividades rítmicas e de expressão, considerando o corpo/movimento como meio e fim da Educação Física. (AZEVEDO, 2000).

4.10 Crítico-emancipatória

Tal proposta procura refletir sobre a possibilidade de ensinar os esportes por meio da transformação didático pedagógica dos mesmos, tendo como objetivo transformar ao ensino escolar em uma educação voltada para as competências crítica e emancipada. (AZEVEDO, 2000). Por ser a abordagem idealizadora da transformação didático-pedagógica do esporte, que é tema deste trabalho, esta proposta foi descrita com mais detalhamentos. A abordagem crítico-emancipátoria é baseada na pedagogia libertadora de Paulo Freire, tendo como principal teórico o professor Elenor Kunz, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Orienta-se numa perspectiva educacional crítica, que também é fundamentado em propósitos da teoria social crítica, ta,bem chamada de “Escola de Frankfurt”. (PIRES, 2002). Defende que o ensino da Educação física privilegie situações didáticas que beneficiem a construção da autonomia e que oportunizem aos alunos refletir sobre os reais interesses que orientam sua participação no mundo de movimentos e na cultura esportiva. (PIRES, 2002). O que se pretende é que não sejam utilizados apenas objetivos relacionados ao alcance de habilidades e conhecimentos que somente inserem o aluno no campo do esporte e do exercício físico, mas principalmente que os

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habilitem a serem autores e atores da sua própria cultura de movimento e esportiva. (PIRES, 2002). Tal abordagem busca uma ampla reflexão sobre a possibilidade de ensinar os esportes e demais conteúdos da Educação Física, por meio da transformação didático-pedagógica e de tornar o ensino escolar em uma educação de crianças e jovens para a competência crítica e emancipada. (KUNZ, 1994). Conforme relata seu idealizador Kunz (1994, p. 144) “uma educação mais emancipadora, voltada para a formação da cidadania do jovem, do que mera instrumentalização técnica para o trabalho.” A emancipação, do termo “crítico-emancipatória”, pode ser entendida como um processo contínuo de libertação do aluno das condições limitantes de suas capacidades racionais críticas e até mesmo o seu agir no contexto sociocultural e esportivo. O conceito crítico pode ser entendido como a capacidade de questionar e analisar as condições e a complexidade de diferentes realidades de forma fundamentada, permitindo uma constante auto-avaliação do envolvimento objetivo e subjetivo no plano individual e situacional. (KUNZ, 1994). Atualmente a cultura de movimento, principalmente o esporte, foi colonizada, ou seja, foi apropriada pela lógica do sistema, estando condicionada a interesses econômicos e pela ideologia, o que impede seu questionamento crítico, sendo transmitido desta maneira à sociedade e também aos campos de atuação da Educação Física, como a escola. (PIRES, 2002). Devido ao esporte estar orientado com caráter essencialmente de rendimento esportivo, o processo pedagógico fica limitado à competência objetiva ou técnica. Isso significa uma redução do conjunto de possibilidades de formação cultural que esse componente curricular e as demais culturas de movimento podem proporcionar. (PIRES, 2002). Na visão crítico-emancipatória, uma das tarefas que desafia o profissional de educação física atualmente, seria o desenvolvimento de competências para transformar didaticamente o esporte e a cultura de movimento, afim de recoloca-los na esfera do mundo vivido, onde a veracidade e a adequação de normas sociais possam ser reconstruídas consensualmente pela racionalidade comunicativa. (PIRES, 2004). Esta concepção de ensino sugere que a intervenção do professor deva ser planejada, implementada e avaliada, a partir de um conjunto de estruturas

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universais à formação humana. Seriam elas as três categorias: trabalho, interação e linguagem. (KUNZ, 1994). Para a competência objetiva vale que o aluno precisa treinar destrezas e informações, precisa técnicas racionais e eficientes, precisa aprender certas estratégias para o agir prático de forma competente. Precisa, enfim, se qualificar para atuar dentro de suas possibilidades individuais e coletivas e agir de forma bem sucedida no mundo do trabalho, na profissão, no tempo livre e no caso, no jogo. (KUNZ, 1994). A competência social deverá contribuir para um agir solidário e cooperativo, deverá levar os alunos à compreensão dos diferentes papéis sociais existentes no jogo e fazê-los se sentir preparados para assumir estes diferentes papéis e entender/compreender os outros nos mesmos papéis diferentes. (KUNZ, 1994). Acredita que um processo escolar de ensino-aprendizagem necessita gerar a apropriação da competência social, entendendo e refletindo sobre a constituição das normas das relações sociais e culturais, e também o reconhecimento e respeito as diferenças, identificando e combatendo as discriminações, buscando também a aprendizagem para o agir social solidário, participativo e cooperativo, que é próprio da cidadania emancipada. (PIRES, 2002). Por fim, o desenvolvimento da competência comunicativa exerce um papel decisivo. Saber se comunicar e entender a comunicação dos outros é um processo reflexivo e desencadeia iniciativas do pensamento crítico. Mas, a competência comunicativa na Educação Física, não deve se concentrar apenas na linguagem dos movimentos que precisam, acima de tudo, ser compreendidos pelos integrantes de um jogo ou atividades lúdicas, mas, principalmente a linguagem verbal, deve ser desenvolvida. (KUNZ, 1994). A

concepção

crítico-emancipatória

precisa,

na

pratica,

estar

acompanhada de uma didática comunicativa, que se orienta pelo desenvolvimento de uma capacidade questionadora e argumentativa consciente do aluno sobre os assuntos abordados em aula. (KUNZ, 1994).

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5 TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Hoje o esporte é o conteúdo dominante na organização das aulas de Educação Física, o que impede a utilização de outros temas da cultura corporal na Educação Física escolar. (ASSIS, 2001). O esporte acaba tendo na escola, a função de servir a instituição esportiva, trabalhando somente a competição, o treino e o rendimento esportivo. (ASSIS, 2001). Tal crítica teria configurado uma contraposição entre o esporte na escola e o esporte da escola. O primeiro, como dito anteriormente, estaria a serviço da instituição esportiva, servindo apenas para difundir o esporte de rendimento e o segundo estaria a serviço da instituição educacional ou de valores educativos. (ASSIS, 2001). Partindo desse pressuposto, Kunz (1994), propõe que o esporte seja transformado didático-pedagogicamente para ser trabalhado na escola. Acredita que para que o esporte torne-se uma realidade educacional potencializadora de uma educação crítico-emancipatória, é imprescindível sua transformação didáticopedagógica. Na prática, inicialmente esta transformação se dá pela identificação do sentido central do se movimentar de cada modalidade esportiva. (KUNZ, 2000). Devem ocorrer também profundas transformações em relação as insuficientes condições físicas e técnicas do aluno para realizar com “perfeição” certa modalidade esportiva. Essa “perfeição” deve objetivar-se no nível de prazer e satisfação do aluno e não somente no modelo de competição. (KUNZ, 2000). Importante nessa transformação é que ao mesmo tempo que os significados dos movimentos esportivos permanece, o sentido individual e coletivo muda. (KUNZ, 2000). Isso significa dizer, que não é uma transformação prática do esporte que deve ocorrer, mas, especialmente, a compreensão das possibilidades de alteração do sentido dos esportes. Para tanto, faz-se necessário um elemento reflexivo no trabalho pedagógico. (KUNZ, 2000).

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Para que haja a transformação do fenômeno social esporte, é preciso segundo Kunz (1994, p. 28): 1. Ter a capacidade de saber se colocar na situação de outros participantes no esporte, especialmente daqueles que não possuem aquelas “devidas” competências ou habilidades para a modalidade em questão; 2. Ser capaz de visualizar componentes sociais que influenciam todas as ações socioculturais no campo esportivo (a mercadorização do esporte por exemplo); 3. Saber questionar o verdadeiro sentido do esporte e por intermédio desta visão crítica poder analisa-lo.

Compreender o esporte em todos os seus sentidos para conseguir agir com liberdade e autonomia, requer além de saber praticar o esporte, a capacidade de interação social e comunicativa, o que implica em também estudar o esporte e não somente praticá-lo. (KUNZ, 1994). A desportivização deve ser entendida como uma crítica à mentalidade esportiva que prevalece na escola, que faz com que ela se torne a instituição responsável pelos objetivos próprios da instituição esportiva. O que deve ficar claro é que a crítica não é ao esporte como prática social. (CASTELLANI FILHO, 2002). Para Pires e Neves (2004, p.54), uma total desportivização da Educação Física não é recomendada. O correto seria a construção de um esporte escolar, que segundo eles, seria “uma manifestação pedagogicamente modificada dessa específica cultura de movimento, produzida na/para a escola a partir do eixo tencionado entre as dimensões do esporte de rendimento e o de lazer.” O trato diferenciado e crítico do esporte, em suma, não deve afastar os alunos do esporte, mas sim, dirigir esse contato por meio de uma transformação que garanta a preservação do significado, a vivência de sucesso nas atividades e a alteração de sentidos através da reflexão pedagógica. (ASSIS, 2001). O grande problema é que o esporte entra e sai da escola do mesmo jeito, sem modificações, sem alterações, tendo apenas formado atletas e consumidores do espetáculo esportivo. (ASSIS, 2001). É imprescindível no ensino do esporte na escola uma concepção pedagógica capaz de refletir criticamente sobre o conceito deste, possibilitando aos alunos entender o esporte e mudá-lo de acordo com seus interesses, necessidades e seu próprio modo de vida. (STRAMANN, 2003). É interessante que o professor utilize diversos arranjos materiais, para que o ensino do esporte não perca a atratividade e também para que facilite e compense

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certas deficiências na execução dos movimentos. (KUNZ, 2000). Fica claro que não se trata de utilizar jogos educativos para a iniciação esportiva. Do contrário, aqui o ensino dos esportes não tem compromisso nenhum em desenvolver técnicas de um padrão preestabelecido. (KUNZ, 2000). Em outras palavras, ao invés de apenas copiar as possibilidades preestabelecidas do movimento nos esportes, os professores e os alunos são desafiados a transformar didático-pedagogicamente o esporte. (KUNZ, 2000). Porem somente a experiência prática das atividades, não irá promover uma compreensão do sentido e a descoberta de novos sentidos no esporte, é preciso também oportunizar reflexões e diálogos sobre essas práticas para que haja uma verdadeira superação do ensino tradicional. (KUNZ, 2000). O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na sua vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica. (KUNZ, 1994, p. 30).

A

transformação

didático-pedagógica

do

esporte

permite

o

reconhecimento e a resignificação dos conhecimentos e práticas do esporte, por meio de novas compreensões construídas de maneira coletiva e dialógica, “mobilizando práticas corporais capazes de afirmar valores e sentidos que ampliem a cidadania emancipada.” (SOUZA e VAGO, 1999 apud PIRES e NEVES, 2004, p. 66). O esporte na escola precisa ser encarado como um importante recurso didático, capaz de assumir outros valores, como a inclusão de todos na sua prática, o ensino de valores morais e sociais preparando o aluno para a vida, possibilitar situações prazerosas e marcantes e contribuir para a aquisição do gosto pelo esporte e pela atividade física. (KUNZ, 2000). Para Betti (1991 apud ASSIS, 2001, p. 114), o objetivo da Educação Física na escola incluindo o esporte como um de seus conteúdos seria:

29 [...] introduzir o aluno no universo cultural das atividades físicas, de modo a prepará-lo para delas usufruir durante toda sua vida [...]. Devem-se ensinar o basquetebol, o voleibol (a dança, a ginástica, o jogo...) visando não apenas o aluno presente, mas o cidadão futuro, que vai partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física. Por isso, na Educação Física escolar, o esporte não deve restringir-se a um “fazer” mecânico, visando um rendimento exterior ao indivíduo, mas tornar-se um “compreender”, um “incorporar”, um “aprender” atitudes, habilidades e conhecimentos, que levem o aluno a dominar os valores e padrões da cultura esportiva.

Ao trabalhar o esporte nas aulas de Educação Física o professor poderá assim auxiliar o aluno a compreender melhor o fenômeno esportivo, avaliar e entender as suas mudanças históricas e também conhecer o mundo dos esportes, que é muito usado atualmente para atender critérios e interesses do mercado. (KUNZ, 2000). O esporte enquanto realidade educacional não deve ser tematizado em sua forma tradicional, mas sim voltado ao desenvolvimento do aluno em relação à algumas competências indispensáveis à formação de sujeitos livres e emancipados. (KUNZ, 1994). Para que o esporte tenha finalidades educacionais é preciso que o professor de Educação Física tenha como intencionalidade pedagógica não somente auxiliar o aluno a melhor organizar e praticar o esporte, mas principalmente, refletir criticamente sobre o mesmo. (KUNZ, 2000). Sendo assim, o objetivo da Educação Física seria proporcionar a intervenção autônoma, crítica e criativa do aluno em sua realidade social, de maneira à modifica-la, tornando-a qualitativamente diferente daquela existente. (CASTELLANI FILHO, 2002). Uma transformação também deve ocorrer na avaliação na Educação Física escolar. A avaliação do processo ensino-aprendizagem deve ser mais do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar os alunos, ela deve informar e orientar para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Para melhor compreender esta questão é preciso considerar que a avaliação está relacionada ao projeto pedagógico da escola e envolve aspectos de conhecimento, habilidades e atitudes, levando em conta as condutas sociais dos alunos em suas diversas manifestações, tendo a expressão corporal como linguagem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

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O significado da avaliação em educação Física seria o de fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que orienta o projeto pedagógico da escola. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Deve-se permitir que o aluno participe do processo de avaliação, oportunizando aos mesmos decidir em conjunto e expressar seus objetivos de ação. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Diante de todo o exposto, fica evidente que não se trata somente de construir um esporte da escola, mas sim problematizar a prática cultural do esporte da sociedade, para então reinventa-lo, recria-lo e reconstruí-lo. Ou seja, a escola é uma instituição da sociedade, por isso uma de suas tarefas é debater o esporte, critica-lo, produzi-lo e também praticá-lo. (VAGO, 1996). A escola precisa ser vista como espaço de intervenção e como local privilegiado para a construção de um novo esporte. (MORENO, 2006). O professor de Educação Física deve entender-se como interventor, preocupando-se e dispondo mais tempo para debates, críticas e problematizações sobre diversas questões que o esporte-espetáculo fornece, possibilitando aos alunos que criem novas formas de jogar, novas regras e ate novas técnicas e táticas das modalidades esportivas. (MORENO, 2006).

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6 CONCLUSÃO

A Educação Física, desde a pré-história, sempre esteve presente na vida do homem. Do caráter utilitário presente nas atividades físicas do homem primitivo, a Educação Física foi evoluindo de acordo com o desenvolvimento cultural de cada povo e os exercícios físicos, os jogos e o esporte, foram tornando-se cada vez mais populares. No Brasil a Educação Física também se fez presente desde os seus primeiros habitantes. A atividade física entre os índios, assim como na pré-história, fazia parte do seu dia-a-dia e era indispensável à sua sobrevivência. Durante sua trajetória no Brasil, sofreu forte influência das áreas médica e militar e foram estas duas instituições que contribuíram para que ela fosse inserida no currículo escolar. Em seguida outros dois fatores condicionaram a presença da Educação Física na escola, inicialmente a importância da aptidão física para a melhoria da produtividade no trabalho e, mais recentemente, o esporte devido sua popularidade. Ao debater sobre o esporte na escola fica evidente que a crítica não é ao esporte em si, mas ao modo como o mesmo é tratado e ensinado na escola. Neste sentido abordamos o esporte como um conteúdo que deve ser trabalhado na Educação Física escolar, desde que transformado didáticopedagogicamente, não sendo pautado no modelo profissional, mas sim valorizando o processo ensino-aprendizagem e as relações pessoais, sem cobranças inadequadas de desempenho atlético, e considerando o aluno em sua totalidade e no contexto social em que está inserido. Fica evidente que a transformação didático-pedagógica do esporte é necessária para a Educação Física escolar, somente assim o aluno poderá vivenciar livremente e aprender as diversas manifestações do fenômeno cultural do esporte, vivenciando também outros esportes que não sejam os hegemônicos. Entendemos que a Educação Física escolar deva preocupar-se com a formação integral dos alunos, atuando nos aspectos motor, cognitivo, afetivo e social. Deve ser um espaço para observação, manifestação e transformação de princípios e valores, permitindo aos alunos transferir tais reflexões para além do ambiente escolar.

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Percebemos que as aulas de Educação Física necessitam assumir um caráter mais crítico, o professor precisa se preocupar e dispor mais tempo para debater questões que o esporte-espetáculo fornece e possibilitar situações-problema para que os alunos busquem com autonomia as possíveis respostas. Evidenciamos que o professor de Educação Física, no trato com o fenômeno esporte no ambiente escolar, não deveria se ater apenas aos conteúdos relacionados à técnica e a tática de diferentes modalidades, mais que isso, cabe a ele contribuir para a formação do cidadão e sua inserção social, tendo no esporte também um conteúdo de fortes possibilidades educacionais. Faz-se necessário então, valorizar o indivíduo em sua totalidade, proporcionando estímulos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, procurando sempre estimular a auto-estima, autoconfiança, iniciativa, autonomia e cooperação, a fim de contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes de sua importância para o seu grupo e capazes de intervir de forma crítica e transformadora na sociedade. Não podemos deixar de acreditar na necessidade de teorizar a prática da Educação Física, refletindo sobre a mesma no nosso dia-a-dia, buscando reconstruir a esperança de que somos sim capazes de intervir na realidade da qual estamos inseridos, a fim de construirmos, pouco a pouco uma Educação Física comprometida com a cultura corporal do homem e da mulher e comprometida com a reestruturação da sociedade. Por isso, é imprescindível que a Educação Física investigue sua própria prática e reflita mais sobre ela. Para tanto, necessita urgentemente, elaborar um programa para sua atuação, assim como as demais disciplinas escolares. Esse programa pode ser construído em conjunto, por profissionais da prática, pesquisadores e coordenadores municipais, estaduais e federais da área, servindo para auxiliar o profissional da Educação Física a re-significar sua prática. Seria importante também que a formação acadêmica incluísse em seu currículo oportunidades sistematizadas e estruturadas para a aprendizagem da leitura, análise e re-significação do conteúdo apresentado na mídia referente a aspectos da cultura de movimento e da cultura esportiva. Parece que a universidade precisa formar professores de Educação Física capazes de esclarecer e intervir no contexto específico e histórico-cultural, por meio de conhecimentos de natureza técnica, científica e sociocultural, em outras palavras, precisa prepará-lo para exercer com competência e criticidade sua

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profissão, proporcionando a formação de cidadãos críticos e emancipados.

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