Dicionário de nomes próprios - PDF Leya

quências para a vida social do nomeado, seja possível pôr-se a uma criança o nome que se quiser, mesmo que pura invenção vocabular. Com isto, se se ga...

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BREVE APRESENTAÇÃO Nomear é fazer existir. De facto, em tempos mais recuados, o nome tinha um significado que individualizava a pessoa. Para os Egípcios, «o homem era corpo, alma e nome», sendo este último, mais do que um sinal objectivo de identificação, a dimensão essencial do indivíduo, «uma coisa viva». Nomear um ser, qualquer que ele fosse, era adquirir poder (Adão ficou encarregado de dar nome aos animais — Génesis, 2, 19 — e com isso assumir poder sobre eles). O nome implicava uma forma e um som (este, atributo fundamental), e o seu conjunto criava um símbolo a que se transmitia um sentido – ao pronunciar o nome de uma pessoa faziam-na viver ou sobreviver, dinamizavam-na. Por isso, o nome era um presságio (nomen, omen) do destino desejado ao nomeado. Esta visão do nome, como pressuposto de um futuro, foi-se perdendo e materializando. Por exemplo, os Gregos consideravam o nome uma metáfora, Helena seria o brilho do Sol, André, viril, Nicolas, a vitória do povo. Para os Hebreus, o nome era indicado por força de uma circunstância do próprio nascimento, Moisés, salvo (das águas), Isaac, Deus sorriu (por ele nascer). Nos Celtas, o nome ligava-se a funções ou a acontecimentos reais. Mas, à medida que as populações aumentavam, tornava-se difícil distinguir as pessoas por um só nome que, por vezes, se teria de repetir. Por isso, os Romanos foram obrigados a complicar o processo,

passando a nomear os cidadãos com três ou quatro vocábulos: o «gentílico», ou seja, o nome da gens (grupo de famílias cujos chefes descendiam de um antepassado comum, que podia até ser um deus), o «cognome» ou nome da família e o «prenome» ou nome próprio, a que, em determinadas circunstâncias, se aditava o «agnome», normalmente concedido na idade adulta, referente ao que fora a vida do indivíduo, «vencedor», «augusto», etc. Na Idade Média, a fonte originária dos nomes passou a ser, majoritariamente, as nomenclaturas dos santos e mártires entre os primitivos cristãos. Eram legados de pais para filhos através da alteração da grafia, Fernandes, porque era filho de Fernão ou Fernando, Gonçalves, filho de Gonçalo, ou pela intercalação da partícula bar, também com o significado de filho, no caso dos Hebreus, Barrabás, Bartolomeu, nos Árabes de bin, ben ou ibn, Osama ben Laden, nos Russos de vitch ou vicz para os homens e ovna, para as mulheres, nos Romenos de escu ou esco, nos Britânicos, de son, etc. A pouco e pouco, com o vertiginoso aumento populacional, os nomes perderam unicidade e simbolismo. Quando, a partir do século VI, o baptismo se institucionalizou definitivamente, aos nomes dos nobres justapunham-se vários outros nomes próprios, costumeiramente, dos pais, avós e parentes, acrescentando-se as designações dos seus bens imóveis, casas, quintas, terras senhoriais, etc. Já entre as classes inferiores o hábito era o da escolha de um nome próprio seguido de nomes de árvores, animais, profissões, aspectos físicos pessoais, alcunhas. Hoje, dir-se-á que a atribuição dos nomes, podendo ter ainda algo a ver com a hereditariedade e os laços familiares, é, praticamente, arbitrária, mais dependente do «gosto» de quem o dá, seja por motivos eufónicos, religiosos, imitativos ou reverenciais. O que deixou de ter, quase em geral, foi o carácter de presságio ou símbolo, salvo quando procurados nos nomes de personagens históricos. Também os limites legais se tornaram mais amplos, sendo relativamente raras as proibições. Daí que, com maior ou menor imaginação, singularidade, extravagância ou falta de senso das conse-

quências para a vida social do nomeado, seja possível pôr-se a uma criança o nome que se quiser, mesmo que pura invenção vocabular. Com isto, se se ganhou liberdade, ter-se-á perdido a etimologia e o significado nos nomes mais modernos. De certo modo, regressa-se aos Egípcios: é o som, a forma e o carácter tendencialmente único que determina certos nomes, ainda que, por vezes, as raízes estejam em factos, situações ou heróis novos (os da música, da moda, do desporto, do cinema, etc.). Não significa isto, por enquanto, que a onomástica (em sentido etimológico, «a arte de nomear», melhor, «coisa própria do homem») ou, preferentemente, a antroponímia (a aplicação da onomástica ao estudo de nomes de lugares — toponímia — e de objectos concretos) tenham perdido interesse popular. Em todas as línguas pululam as recolhas de nomes próprios, dia a dia actualizadas com a inclusão da avalancha de novos nomes. Todavia, a quem analisar essas recolhas deparar-se-lhe-ão não só os nomes mais estrambóticos, mas, principalmente, uma diversidade infindável de opiniões quanto às suas origens etimológicas ou até históricas. De resto, mesmo nos nomes tradicionais não são muito garantidas as certezas, nessas matérias. No português, a maioria dos nossos nomes baseia-se nas línguas latina, grega, hebraica e nos germanismos. Excepto os casos óbvios, já firmados, quase sempre a etimologia é discutível, por misteriosa. Igualmente, de uma perspectiva histórica (os nomes bíblicos, por exemplo, que têm, também muitas vezes, simultaneamente, raízes lendárias) grande é a confusão e o desconhecimento, para já se não falar das várias mitologias. Mas a curiosidade permanece: rara é a pessoa que não procura saber o significado e a origem do seu nome próprio. À selecção que se fez nesta obra depararam-se-lhe todas essas dificuldades. Quando são variadas e, em certos casos contraditórias as opiniões, o autor optou pela que lhe pareceu mais próxima das regras etimológicas, não sem que resumisse algumas das outras. Cada entrada obedeceu a um esquema (nem sempre cumprido...): etimo-

logia, brevíssimos dados biográficos de uma personalidade religiosa ou mitológica (fosse qual fosse a religião ou a mitologia), indicação, tão-só exemplificativa, de personagens literárias, plásticas, musicais, teatrais ou cinematográficas em que o nome em causa é usado e, por fim, curto rol de personalidades mais ou menos famosas que tiveram ou têm esse nome. Complicada foi a escolha dos santos. As hagiografias e os martirológicos cristãos incluem milhares de nomes, muitos deles envoltos em lendas com raros fundamentos históricos. Preferiu-se que a escolha seguisse duas vias: a dos santos mais conhecidos, sem qualquer intuito de exaustividade, atendendo às dimensões que o livro teria de ter e a dos santos ou mártires, legendários ou não, que, na sua biografia, traziam algum facto extraordinário, controvertido ou, de qualquer forma, interessante. (A data que surge entre parênteses no final de cada menção de um santo é a do dia e do mês em que a Igreja o festeja.) Evidentemente, um dicionário deste tipo obedece ao critério subjectivo do seu autor. Seria impossível inserir todos os nomes usados em português — é provável que, hoje em dia, ultrapassem os vinte mil, e o fenómeno da imigração de africanos e de naturais dos países de Leste vai, dentro em pouco, aumentar, significativamente, esse número. Mas os cerca de três mil incluídos são já motivo para demorada leitura. Orlando Neves

A AARÃO Personagem bíblico, filho de Amram e Joquebede (Números, 26.59), irmão mais velho de Moisés. Escolhido por Jeová, como porta-voz de Moisés e primeiro Sumo Sacerdote dos Hebreus (Êxodo, 4.14, 7.1-2). A origem do nome é incerta. Provavelmente, egípcia, como Moisés. O significado é também inseguro. Jeová considerava Aarão mais eloquente do que seu irmão e daí que uma versão lhe atribua o sentido de «iluminado, brilhante». Por outro lado, pode querer dizer «montanhês», o que se baseia no hebraico har-on, «montanha»; mas outra origem é apontada, de aharôn que, aparentado com arôn, teria o significado de «cofre, arca». Pelo menos, um santo teve este nome: Santo Aarão, originário da Irlanda, que viveu como eremita na Armórica (Bretanha), no local hoje conhecido por Saint-Maio (22 de Junho). Os não-conformistas, dissidentes no século XVII da Igreja Anglicana, adoptaram frequentemente este nome para os seus adeptos. No rito escocês da Maçonaria tem vários significados. Aarão é personagem importante da peça de Shakespeare, Tito Andronico. Personalidades: Aaron Copland (1900-1990), compositor americano; Elvis Aaron Presley (1935-1977), cantor ameri-

cano; Aaron Klug (1926), Prémio Nobel da Química de 1982, lituano; Aarão de Lacerda (1890-1947), escritor, professor de História e Estética, português. Espanhol: Aarón; francês, inglês e alemão: Aaron; italiano: Aarone.

ABEL Nome do filho mais novo de Adão e Eva, morto por seu irmão Caim (Génesis, 4. 1-8). De origem incerta, talvez do assírio habel, «filho», no hebraico hebel (hbl), com o significado de «vapor de água, respiração, sopro de vento», por extensão, «frágil, efémero». De Abel se formou «abeliano, abelita ou abelonita», seita do tempo de Santo Agostinho cujos membros pregaram a castidade absoluta como a teria praticado o filho de Adão (Cristo refere-se-lhe como o «justo Abel» e, em Mateus, 23.35, é invocado como o primeiro mártir pré-cristão). É personagem do melodrama Abel, do poeta italiano Vittorio Alfieri (1749-1803). Há um santo com este nome que viveu no século VII, oriundo da Escócia, eleito bispo de Reims (5 de Agosto); por sua vez, Abel, filho de Adão, é comemorado a 30 de Julho. Personalidades: Abel Gance (1889-1981), cineasta francês; Abel Botelho (1856-1917), escritor, Abel Salazar (1889-1946), cientista, pensador e pintor, Abel Varzim (1902-1964), sacerdote e teólogo, portugueses.

ABELARDO/ABELARDA Variante de Abel, com o sufixo alemão hard, «forte». Santo Abelardo, oriundo da Escócia, viveu no século VIII, regeu na Alemanha, em Trier, a cátedra da Sagrada Escritura e fundou um mosteiro em Ratisbona (5 de Fevereiro). Personalidade: Pedro Abelardo (10791142), teólogo francês de grande prestígio no século XII, a dada al-

tura envolvido em amores com a freira Heloísa, o que lhe originou vários castigos da Igreja, incluindo a castração (a palavra «abelardizar» significa, em português, «castrar o homem»). Espanhol e italiano: Abelardo; francês: Abélard, por vezes, Abeillard, com conotação hipotética com abeille; inglês: Abelard.

ABIGAIL Duas mulheres são mencionadas na Bíblia com este nome, cujo significado em hebraico será «o pai [Deus] está alegre». Uma, era irmã de David (I Crónicas, 2.16-17); a outra, a sua segunda esposa, que as Escrituras atribuem a David (I Crónicas, 3). Na Bíblia, o nome é também usado por homens (Números, 3.35, 0 Livro de Ester, 2.35, I Crónicas, 5.14).

ABÍLIO/ABÍLIA Nome relativamente recente, embora referenciado como o de uma família romana, o que não está provado, tal como a sua etimologia atribuída, sem fundamento muito fiável, ao adjectivo latino habilis, «destro, hábil», podendo ser também uma corruptela de Emilio. Personalidades: Abílio Guerra Junqueiro (1850-1923), poeta, Abílio Campos Monteiro (1876-1934), escritor, portugueses.

ABRAÃO Oitavo descendente de Sem, primeiro patriarca dos Judeus a quem Deus prometeu a terra de Canaã para os seus descendentes. Em hebraico, Avraham (Génesis, 11 e seguintes) significaria biblicamente «pai da multidão» (Génesis, 17.5). São Paulo (Romanos, 4.16) considera-o «pai de nós todos» e daí que cristãos, judeus e muçulmanos

o invoquem. Santo Abraão, cidadão persa, expulso do seu país, fixa-se em Clermont d’Auvergne, tendo o seu eremitério dado origem ao Mosteiro de S. Cyr, perto do qual brotará uma fonte miraculosa conhecida como a «fonte de Santo Abraão». Morreu por alturas de 480 (15 de Junho). Abraão e o sacrifício de seu filho Isaac foram tema do ensaio de Soren Kierkegaard, Temor e Tremor. Personalidade: Abraão Lincoln (1809-1865), presidente dos Estados Unidos da América. Espanhol, francês, inglês, alemão: Abraham; italiano: Abramo.

ABSALÃO Do hebraico Abseialom, «paz de Deus» ou «o pai (Deus) é paz». Filho de David, revolta-se contra este, assassina o irmão Amnon e, após guerra com seu pai, é morto por Joab (II Samuel, 13 e seguintes).

ABÚNDIO/ABÚNDIA Pelo latim, abundans, «abundante, pletórico de graça», é usado desde os primórdios do cristianismo. Santo Abúndio nasceu em Córdova no século IX e foi martirizado naquela cidade em 854 pelos muçulmanos (11 de Julho). Espanhol: Abundio; italiano: Abbondio.

ACÁCIA Nome da flor, assim denominada no século XVI pelos botanistas, provém do grego akakia, «sem maldade», «inocente», pelo latim acacia. Algumas traduções da Bíblia referem que foi com a sua madeira que se construiu a Arca da Aliança (Êxodo, 25.10; 23; 26.15;

27.1). Na arte cristã do período românico a acácia simboliza a imortalidade da alma. Acácia da Paixão, freira franciscana, célebre pelo rigor das suas macerações e penitências, era natural de Alenquer e morreu em 1578. Alguns hagiológios incluem-na como santa.

ACÁCIO Ver Acácia. Santo Acácio, natural da Capadócia, soldado romano do século III, é lançado a um lago com os seus companheiros da 12.2 Legião porque se recusou a apostatar e a sacrificar aos deuses pagãos e foi torturado e decapitado em Bizâncio, no tempo do imperador do Oriente, Lidnio. É invocado contra as dores de cabeça e comemorado a 8 de Maio. Como personagem literário, o Conselheiro Acácio, de O Primo Basílio, de Eça de Queirós, é um simbolo da retórica vazia e incompetente. Personalidade: Acácio Antunes (18531927), jornalista e dramaturgo português.

ACÚRSIO/ACÚRSIA Do latim accuro (adcuro), «diligente, rápido, solícito», através do italiano Accursio. Por alguns considerado natural de Coimbra, Santo Acúrsio, da ordem franciscana, foi mandado por São Francisco de Assis para Marrocos a pregar a fé cristã. Aí foi martirizado a 16 de Janeiro de 1220, dia em que se comemora. Os seus restos mortais repousam na Igreja de Santa Cruz em Coimbra. Foi canonizado por Sisto IV em 1481. Personalidades: Acúrsio das Neves (1766-1834), jurisconsulto, Acúrsio Pereira (1891-1977), jornalista e escritor, portugueses.

ADA

Origem incerta. Pode ser a variante latina do nome bíblico Adah (Génesis, 4.19) ou uma forma reduzida de Adélia ou Adelaide. No primeiro caso, significaria «adorno, beleza». Duas mulheres têm, na Bíblia, este nome, uma, esposa de Lamech, descendente de Caim, outra, esposa de Esaú (Génesis, 4.19-21, 36.2 e 4, 15-16). Personalidades: Ada Byron (século XIX), filha do poeta Lorde Byron, uma matemática reconhecida, inovadora de conceitos que viriam a ser utilizados na computadorização contemporânea, permanecendo um deles, o «ada», criado em 1979 pelo engenheiro F. Jean Ichbiah para o Departamento de Defesa americano; Ada Negri (1870-1945), escritora italiana.

ADALBERTO/ADALBERTA Ver Alberto. De origem germânica, de adal, «nobre», e berht, «brilhante, ilustre». Santo Adalberto de Praga, ou da Boémia, adoptou este nome por ordem do arcebispo de Magdeburgo, onde estudou, evangelizou a Prússia e aí sofreu o martírio final em 997. Fundara os mosteiros de Brevnov e de Praga, baptizou o primeiro rei da Hungria, Estêvão. Ficou conhecido por São Bela. É comemorado a 23 de Abril, data da sua morte. Personalidades: Adalberto von Chamisso (1781-1838), escritor alemão de ascendência francesa; Adalberto Alves (1939), poeta e arabista português.

ADALGISO/ADALGISA Do alemão adal + gisil, «lança nobre». Assim se chamava o rei dos Lombardos, vencido por Carlos Magno em 775. Adalgisa tornou-se popular como personagem da ópera Norma, de Vincenzo Bellini (1802-1835), estreada em 1831. Personalidade: Adalgisa Nery (19051980), poetisa brasileira.

ADÁLIA Parece ser nome persa, de uma deusa do fogo ou mera aglutinação de Ada + Lia ou ainda A + Dália. Sem acentuação, é nome masculino bíblico, filho de Aman, morto com nove irmãos por ter participado no atentado contra Mardoqueu (O Livro de Ester, 9.8).

ADÃO Vem do hebraico âdâm que significa «homem» ou «humanidade» e nunca foi nome próprio. Adão é, pois, simplesmente, «homem, ser humano», herói e epónimo de toda a humanidade, em todas as suas raças (Génesis). Depois do pecado original, Jeová cominou Adão: «comerás o teu pão com o suor do teu rosto até voltares à terra donde saíste, porque tu és pó e em pó te tornarás» (Génesis, 3.19), ou seja, regressa à «terra», em hebraico, adâmah, origem e fim do corpo do homem (adam) que se personalizou no nome próprio Adão. No século II surgiu a seita dos adamistas ou adamianos, que pretendia o retorno ao primitivo estado do primeiro homem, apresentando-se totalmente nus nas suas assembleias. O aparecimento de Adão na literatura profana vem do século XII, com a sua inclusão em numerosos mistérios medievais e depois em Paraíso Perdido (1667), de John Milton, em A Morte de Adão (1757), tragédia de Gottlieb Klopstock, em Caim (1821), de Byron, em O Diabo-Mudo (1840), de José de Espronceda. Personalidade: Adam Smith (1723-1790), filósofo e economista escocês.

ADELAIDE É de origem germânica, de adal, «nobre» e heid, «casta», ou seja, «de casta nobre». Santa Adelaide, a mulher de Otão, o Grande, fundador do Sacro Império Romano-Germânico, morre em Selta, per-

to de Estrasburgo, em 999, num mosteiro que ela própria fundara. Canonizada pelo papa Urbano II em 1092, comemora-se a 16 de Dezembro, data da sua morte. Santa Adelaide, mulher de Otão é a principal personagem da ópera de Rossini, Adelaide de Borgonha, estreada em 1818. Personalidades: Rainha Adelaide, mulher do rei inglês Guilherme IV, no século XIX, que a homenageou atribuindo o seu nome a uma cidade da Austrália. Adelaide Cabete (1867-1935), médica e publicista, portuguesa. Espanhol: Adelaida; inglês e italiano: Adelaide; francês: Adelaide; alemão: Adelheid.

ADELARDO/ADELARDA Do germânico athal + hard, «nobre e forte». Santo Adelardo, neto de Carlos Martel e primo de Carlos Magno, renunciou à vida na corte e entrou para o mosteiro de Córbia. Foi perseguido pelos reis carolíngios por se opor aos privilégios da nobreza. Morreu em 826 (2 de Janeiro).

ADÉLIA/ADÉLIO Também Adela. Proveniente do francês Adele, nome já conhecido na Idade Média, é de origem alemã, forma reduzida de Adelaide (ver) e Adelina (ver). Santa Adélia, filha de Dagoberto II, rei da Austrásia, depois de enviuvar de Alberico, fez-se religiosa (tal como sua irmã Santa Irmina) e fundou o mosteiro de Palaciolo, na cidade de Pfaltz, na Renânia, de que foi abadessa e onde morreu em 735 (24 de Dezembro). Espanhol: Adela; inglês: Adele, Audrey; italiano: Adele; francês: Adele.

ADELINA Diminutivo vindo do francês Adeline, de Adélie, Adélia. Existiu uma santa com este nome, monja cisterciense, primeira abadessa das Dames Blanches, ordem fundada por Guilherme de Mortain, na Normandia, no século XII. Personalidades: Adelina Patti (18431919), cantora lírica italiana; Virgínia Adelina Woolf (1882-1941), romancista inglesa; Adelina Abranches (1866-1945), actriz portuguesa.

ADELINO Ver Adelina. Diminutivo de Adélio. Do germânico adal, «nobre» + lind, «doce». Personalidade: Adelino da Palma Carlos (1905-1992), jurista e primeiro-ministro português depois do 25 de Abril.

ADEMAR E também Adelmar, Adelmaro, Adelmauro, Adomar, Almaro, Almar, Ademaro. Do germânico adal + mar, «nobreza insigne». Personalidades: Ademar de Monteil (século XI), bispo de Puy, pregador da Primeira Cruzada, autor do hino Salve Regina; Aldemar, monge beneditino do século XI, da Abadia de Monte Cassino, com fama de grande taumaturgo.

ADEODATO/ADEODATA Ver Deodato. Santo Adeodato (ou Deodato) foi o sexagésimo oitavo papa, eleito em 615 e morto em Roma a 618. Personalidade: chamava-se assim o filho natural de Santo Agostinho, baptizado com seu pai, em 387, por Santo Ambrósio.

ADÉRITO/ADÉRITA Do grego aderitos, «invencível». Parece ter sido o nome de um santo do século II, também escrito Adheri ou Abderitus.

ADÍLIA Variante de Adela, Adélia (ver).

ADJUTO/ADJUTA Do latim adjutu, «ajudado por Deus». Santo Adjuto foi um frade franciscano e fez parte dos cinco Mártires de Marrocos que ousaram pregar nas mesquitas e chamar impostor a Maomé. Foram torturados e decapitados pelos sarracenos em 1221, ainda em vida de São Francisco de Assis. Comemora-se a 16 de Janeiro, data da sua morte. Santo António de Lisboa, impressionado com o sacrifício destes mártires tomou a decisão de abandonar os Padres do Convento de Santa Cruz e ingressar na ordem franciscana (ver António).

ADOLFO/ADOLFA Do alemão adal + wulf, à letra, «lobo ilustre», metaforicamente «guerreiro forte». Também Adaúlfo e o divergente Ataúlfo. Santo Adolfo, que morreu em 1224 e que se comemora a 11 de Fevereiro, era conde de Teklenburg e ingressou na ordem cistercience sendo cónego em São Pedro de Colónia. Renuncia ao mundo e entra para um mosteiro da ordem, perto de Clèves. Em 1216 é consagrado bispo de Osnabruck na Baixa Saxónia, mas abandona a função para se dedicar à assistência aos pobres e aos doentes, sobretudo aos leprosos. O nome Adolfo foi muitas vezes usado na literatura, espe-