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Números reais: Um passéio pelos fundamentos da Análise
Fernando Auil
São Paulo 2014
Números reais: Um passéio pelos fundamentos da Análise c 2014 Fernando Auil Copyright
Catalogação-na-Publicação
Bibilioteca Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
Auil, Fernando
Números reais: Um passéio pelos fundamentos da Análise / Fernando Auil. São Paulo, 2014. 548 f. : il. Tese (Livre-Docência) Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. 1. Teoria quântica de campo. 2. Modelo de Ising. 3. Mecânica estatística. I. Título.
CDD 22.ed. 530.143
AT X Typeset by the author in L E
Naturalmente, o Spivak Considero cada homem como um devedor da sua prossão, e já que dela recebe sustento e proveito, deve assim procurar mediante o estudo lhe servir de ajuda e ornamento. Francis Bacon
O
Calculus
1
de Michael Spivak [14] é sem dúvida nenhuma um dos melhores livros de Cálculo
que já vi. E agora que apresto-me a transcrever nestas páginas o testemunho dos eventos mirícos e formidáveis a que na minha juventude de estudante me foi dado assistir, encontro-me, como Adso de Melk, repetindo verbatim quanto vi e ouvi daquele texto notável. Constato também agora, como aquele cronista pode perceber, que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si.
Com uma notável diferença, certamente: a con-
versa intertextual ca reduzida aqui a uma vaga evocação de recordações memoravéis.
Pois, se
mergulhado naquele espetacular contexto, o presente opúsculo poderia, no máximo, constituir apenas mais uma ilustração do repetido aforismo relativo ao o plágio como a mais sinceira forma de homenagem. descabida.
Mas inclusive esse modesto anelo poderia ser considerado desde já uma pretensão
Portanto, também como aquele escriba el que num Eco nos fala, não me aventuro
a tirar disso um desenho, deixando para a posteridade signos de signos, para que sobre eles se exercite a prece da decifração.
2
Foi na contemplação das innitas nuances da imponente obra de Spivak, durante minhas frequentes peregrinações pelo seu
Calculus,
que surgiu a idéia do presente livro, nada mais do que
um relatório de viagem através daquelas páginas maravilhosas, e que por mais longe que esteja da medida dos meus desejos, submeto nalmente à curiosidade e à imparcialidade do leitor.
1 In: 2 Cf.
[14, p. VI]. Prólogo in: [5, p. 21]; Quarto dia, Terceira in [5, p. 330].
16.6 Parábola com ramos ascendentes. 16.7 Parábola com ramos descendentes. 16.8 Gráco da função quadrática
f (x) = ax2 + bx + c.
16.9 Gráco da função original, sem o módulo.
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
188
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
189
16.10 Gráco por cima do eixo horizontal, inalterado.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16.11 Gráco por baixo do eixo horizontal, reetido para acima. 16.12 Justaposição dos dois últimos grácos.
189
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
189
16.13 Gráco da função original, sem o módulo.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16.14 Gráco por cima do eixo horizontal, inalterado.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16.15 Gráco por baixo do eixo horizontal, reetido para acima. 16.16 Justaposição dos dois últimos grácos.
(a, b) e raio r. . . . . (−c, 0) e (c, 0). . . focos em (−c, 0) e (c, 0).
189
. . . . . . . . . . . . .
190 190
. . . . . . . . . . . . .
190
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
190
16.17 Círculo de centro
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
191
16.18 Elipse com focos em
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
192
16.19 Hipérbole com
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
193
Prolegômenos
Introdução I.1
Números
No princípio era o Número e o Número estava junto a Deus, e o Número era Deus. Ele estava no princípio junto a Deus e dever do matemático el seria repetir cada dia com salmodiante humildade o único evento imodicável do qual se pode conrmar a incontrovertível verdade.
2 devemos conar, no princípio eram junto a Deus
Se em Kronecker
apenas
1
os números
naturais.
Acreditando ou não na teogonia numerológica de Kronecker, encontra-se, com efeito, que a contagem é, do ponto de vista matemático, uma das mais antigas atividades humanas, e os números naturais 1,2,3,... são precisamente os números de contar. Segundo Rey Pastor
et al.
[8], embora as sociedades menos desenvolvidas tribos isoladas da
África e Austrália, possuam apenas uma noção muito vaga e embrionária do
conceito
de número,
podem, contudo, realizar a contagem de determinados conjunto de objetos cabeças de gado, lhos, ou esposas, das mais diversas maneiras. Os pigmeus sabem contar até cinco e, quando interrogados sobre a cardinalidade de conjuntos com mais objetos, a eles se referem dizendo que têm muitos elementos. Observe-se de passagem que, embora possa parecer elementar e primitiva, essa atitude na verdade está universalmente generalizada, diferindo culturas.
apenas em grau
entre as diferentes
Qualquer indivíduo, digamos, ocidental, cristão e ariano, quando interrogado sobre a
quantidade de estrelas que consegue enxergar no céu noturno, também responderá muitas, embora a quantidade requisitada seja obviamente nita em número. Um exemplo revelador da gênese do conceito do número na mente humana é fornecido por algumas tribos australianas nas que, quando os lhos vêm ao mundo, recebem, na ordem do seu nascimento, nomes com signicado numérico, variando na terminação conforme o gênero do recém nascido. Tais nomes diferenciam desde o primeiro até o nono lho, e embora esses australianos não possuam número cardinal além do três, o pai australiano de nove lhos saberá muito bem dizer se a sua família está completa, quando pretende contá-la, sem ter a idéia abstrata de número, nem cardinal, nem ordinal. Não sabe contar até nove, mas é perfeitamente capaz de diferenciar qualitativamente os termos que a nossos olhos comporiam uma sequência ordenada abstrata. Ou seja, a numeração é substituida pela
enumeração, [8].
A correspondência biunívoca entre conjuntos também aparece naturalmente nas questões comerciais que envolvem, por exemplo, os indígenas do estreito de Torres, no norte da Austrália, e
1 Cf. Adso de Melk In: [5, p.21]. 2 Leopold Kronecker (7 de dezembro
de 1823 29 de dezembro de 1891) foi um matemático e lógico alemão
que sosteve que a aritmética e a análise deveriam ser baseadas nos números inteiros, expresando que Deus fez os números inteiros; o resto é obra do homem (Bell 1986, p. 477). In: [18]. Tradução livre do autor.
3
4
Introdução
efetua-se recorrendo a equivalentes concretos da numeração ordinal. Podem contar até 31 tomando sucessivamente como referências o dedo mínimo da mão esquerda, os outros dedos, o pulso, cotovelo, axila, ombro, clavícula, tórax, e depois, na ordem inversa, ao longo do outro braço, nalizando no dedo mínimo da mão direita. Resulta uma extensão do conceituado e útil método de contar com os dedos. Na primeira infância se começa também pelo aprendizado da contagem. Apenas mais tarde coordenam-se conjuntos prescindindo da ordem. Isso parece justicar, como mais intuitivo e direto, e mais adaptado à natureza da mente humana, a introdução do número natural através da formulação axiomática que evidencie os fundamentos da operação de contagem, como no sistema axiomático de Peano, por exemplo. O uso do zero como número aceitou-se na Europa apenas a partir do século XIII, por Leonardo de Pisa, também conhecido como Fibonacci, quem parece ter se inspirado na escola arábica espanhola, cujo representante mais proeminente foi Juan de Sevilla. A palavra zero foi introduzida posteriormente, no século XV, e também provem do árabe
sifr, vazio.
Os indianos, no seu sistema
de numeração decimal, representavam o zero com um símbolo oco, o que signica o notável avanço de representar a ausência de unidades, o nada, através de um símbolo concreto. Resulta oportuno destacar que os maias zeram coisa parecida, valendo-se do seu notável sistema de numeração vigesimal. Os números negativos não foram aceitos sem polêmicas até o século XVII. Os gregos nunca consideraram como solução de um problema uma quantidade negativa ou irracional. Até as próprias frações não eram números para os matemáticos gregos, mas quocientes de números, o que não impedia que o
logístico, calculador experiente, entre os gregos, ou o escreva, entre os egípcios,
operasse prosionalmente com elas como se fossem números, sem preocupação nenhuma em justicar rigorosamente suas regras de cálculo, indiferente às críticas irônicas de Platão. A comprovação da insuciência dos pontos racionais para representar a totalidade das magnitudes e relações que aparecem ainda na geometria elementar, muito cara aos gregos, marca uma época na história da Matemática antiga, e data de aproximadamente vinte e cinco séculos, quando o renome do lósofo Pitágoras de Samos e da sua seita de seguidores percorria as ilhas do mar Egeu.
Ao santo e herói desta seita atribue-se o famoso resultado conhecido como Teorema de
Pitágoras, que paradoxalmente teve consequências bem anti-pitagóricas.
Resulta oportuno sali-
entar que esse resultado já era conhecido muito antes, por exemplo, pelos antigos egípcios, que o usavam de maneira muito engenhosa para construir ângulos retos com cordas na demarcação de terrenos após as enchentes sazonais do rio Nilo. A descoberta dos números irracionais é atribuida, mais especicamente, ao pitagórico Hippasus de Metapontum, nascido aproximadamente em 500 A.C. na Magna Græcia, quem parece ter desenvolvido uma prova, com argumentos principalmente geométricos, da irracionalidade da raiz quadrada de 2, na sua tentativa de representá-la como uma fração. Observe-se de passagem que esse tipo de acontecimento constitui uma caraterística típica e notável da Matemática, onde fracassos são revertidos em Teoremas de Impossibilidade e onde regras transgredidas originam novas regras, melhores e mais abrangentes que as anteriores. Contudo, Pitágoras acreditava no caráter absoluto dos números inteiros e não poderia aceitar facilmente a existência de números que fugissem do mundo perfeito e ordenado que criara para si mesmo e sua seita de seguidores. Mais ainda, nenhuma viagem para outra galáxia era necessária para subverter a harmonia do seu esquema de números inteiros, mas pelo contrário, o defeito podia ser encontrado na diagonal de um singelo quadrado qualquer. Para cúmulo de males, o seu próprio resultado, o Teorema de Pitágoras, era usado para tal efeito. Ele não podia negar a existência de números irracionais pela via da lógica formal, mas na sua ilusória crença não poderia nunca aceitar a sua existência. Diante de tão abrumadoras circunstâncias, ele não teve melhor idéia que con-
5
I.1 Números
denar Hippasus à morte por afogamento. Assim, após este ter revelado a irracionalidade daquele número, os demais membros da seita pitagórica deram-lhe morte. Alega-se também que Hippasus foi um notável pioneiro da pesquisa experimental em acústica e o fenômeno da ressonância, mas pouquísimos dos seus trabalhos originais chegaram até os dias de hoje.
A criação dos números reais representa a abstração suprema da mente humana. Embora eles possam ser representados gracamente de maneira simples e notável por meio de uma linha reta extendendo-se
ad innitum,
a idéia, e a efetividade, dessa representação recai não na linearidade,
nem na innitude, mas na noção de
continuidade
subjacente à reta. Mesmo os gregos, sendo bri-
lhantes pensadores e intelectuais, tiveram grande diculdade em formalizar rigorosamente a idéia de continuidade. Talvez eles nem se sentissem na necessidade de fazê-lo, mas provavelmente resultaria difícil atingí-la com um esquema de pensamento atrelado a formas estáticas, viciado em geometria. Idéias embrionárias do Cálculo podem ser encontradas no método de Arquimedes de Siracusa para a determinação da área de certas guras curvas, mas com a destruição da cultura helenística por parte do Império Romano, quase mil e quinhentos anos deveriam passar até o Renascimento europeu testemunhar o surgimento do Cálculo propriamente dito.
Mesmo assim, os
lósofos ocidentais que séculos depois acenaram em direção da análise da noção de continuidade nem chegaram perto de arranhá-la, pois dizer que constitui um a priori da mente humana não constitui mas do que uma variante da dúvida erudita socrática, somente que menos modesta e, por motivos óbvios, totalmente desprovida de qualquer originalidade.
Apesar da sua irreversível inuência no informatizado mundo de hoje, computadores não podem usufruir dos números reais. Os números reais não podem ser introduzidos em computadores, nem a noção de continuidade. Computadores não podem representar os números reais irracionais. Por menor que seja o espaço de armazenamento na memória de um simples
bit, a representação de
innitos decimais requer innito espaço. Portanto, nenhum computador nunca poderá trabalhar com números reais. Embora a sua incrível velocidade e outros truques mecânicos e estatísticos, os computadores nunca poderão superar a mente humana, a menos que se considere o próprio cérebro humano como uma espécie de computador biológico, aliás, de altíssima eciência, ou que se considere, alternativamente, o próprio computador como uma extensão das faculdades mentais humanas.
Os números podem ser usados como patamares na edicação de estruturas abstratas que fagocitam qualquer vestígio da sua individualidade, assim sacricada pela primazia da forma, que impera nos domínios da abstração da mesma forma que imponentes catedrais o fazem no mundo dos homens: construções austeras, sólidas e frias, resultam em lugar de culto onde supostamente as limitações terrenas são sublimadas em prol do inatingível. Isso é a Álgebra. Os números podem, alternativamente, ser dissecados, radiografados, entrevistados seus vizinhos, amigos e parentes... Em outras palavras, podem ser abordados biogracamente. O estudo da forma ca então subordinado à contextualização das suas diferentes manifestações e matizes, prevalecendo a individualidade. Essa é a abordagem da presente obra e na Matemática recebe genericamente o nome de Análise: do grego
,
αν α˙ (ana),
separação, através, e
λυσις (lysis),
dissolução, destruição, ou seja, sepa-
ração pela dissolução ou através da destruição, denotando a idéia da decomposição de uma
3 A escolha desse nome para denominar
coisa em seus princípios ou componentes fundamentais.
3 Compare-se
com anatomia (ana = separação; tomé = cortadura): disseção do corpo humano; anagrama (ana
= separadamente): formação de uma palavra tomando ou separando as letras de uma outra; aneurisma (ana = através; euro = dilatar): ruptura de una artéria pela sua dilatação transversal; anatema (ana = separação; tithemi = colocar): colocar uma pessoa fora de algum lugar, por suas idéias ou crenças, excomungar. Com maior precisão, além de separação, através, o prexo
ana
também é usado para denotar a idéia de repetição (anabaptista), entre
(analogia), elevação (anagogia), no meio, fora (anacronismo), a parte (anacoreta).
6
Introdução
o estudo dos números reais, principalmente os irracionais, provavelmente também seja de origem (anti-)pitagórica. Com efeito, os pitagóricos representavam os números como pontos que, além de ter uma posição determinada, consideravam como sendo estaria assim constituído por uma quantidade
nita
extensos.
Ou seja, um segmento de reta
de pontos. Pelo fato da raiz quadrada de 2 ser
irracional, como provara Hippasus, decorre do próprio Teorema de Pitágoras, que em um triângulo retângulo de catetos iguais a 1, para poder posicionar exatamente a hipotenusa de modo tal a formar o triângulo de maneira correta, seria necessário quebrar destruir, separar, esses pontos extensos, por menores que sejam.
I.2
Funções
As origens da noção de função e da sua inuência signicativa na evolução da ciência podem ser xadas no século XVII. O conceito de função aparece explicitamente em Leibniz em 1692, sendo utilizado pelos irmãos Bernoulli desde 1694. símbolo
f (x),
e Clairaut
f x.
Leonhard Euler (1707-1783) introduz em 1734 o
O conceito geral de função algébrica, inclusive não expressável por
radicais, foi claramente denido por Euler, que denominava trascendentes às funções denidas por algorítmos indenidos, o que não é atualmente correto, mas deve ser sobrentendendido que se refere às funções denidas por séries de potências e que não são algébricas.
y dependente de x, ou função de x, coincidia expressão aritmética formada com a variável x e certos números xos, ou constantes. A palavra contínua signica para Euler função denida por apenas uma expressão. O conceito bernouilliano e euleriano de variável
com o de
O problema da corda vibrante, resolvido por D'Alembert em 1747, induz Euler a admitir funções arbitrárias denidas gracamente, dado que a forma inicial da corda pode ser arbitrária, sem necessidade de uma expressão aritmética explícita. Por outro lado, Bernoulli forneceu uma expressão trigonométrica para a forma da corda, denida para todo tempo, e em face disso foi evidenciada a necesidade de suprimir a diferença entre função matemática, denida explicitamente por uma expressão aritmética, e função arbitrária, dado que estas últimas também são suscetíveis de serem expressas através de operações aritméticas. Tudo isso levou a prescindir da maneira de explicitar a correspondência entre os valores de e os de
y,
x
para atender apenas à correspondência em si mesma, cando assim estabelecido por
Dirichlet em 1854 o conceito geral de função como correspondência arbitrária entre duas variáveis.
I.3
Continuidade
O teorema sobre a existência de valores extremos, máximos e/ou mínimos, de funções limitadas, geralmente atribuido a Weierstrass, assim como também o critério geral de convergência que costuma denominar-se de Cauchy, são de Bolzano (1817). Bernard Bolzano (1781-1848) foi um dos primeiros a introduzir o conceito moderno de rigor nas demonstrações da Análise. No seu trabalho
Paradoxien des Unendlichen,
publicado em 1850, é reconhecido pela primeira vez que muitos
enunciados aparentemente óbvios sobre funções contínuas podem e devem ser
demonstrados.
Um
exemplo característico é seu teorema sobre a existência de zeros. Ainda em épocas mais recentes, diversos autores adotaram como condição equivalente à continuidade, ou bem como a denição da mesma, que uma função não passe de um valor a outro sem tomar todos os valores intermediários,
7
I.3 Continuidade
o que resulta falso, a partir de exemplos bem simples e elementares. A idéia de fundamentar a Análise sobre uma base aritmética desenvolve-se em começo do século XIX, principalmente pelo trabalho de Agustin Louis Cauchy (1789-1857), dotando de rigor lógico a extraordinária obra do século XVIII, em que os conceitos da Análise operavam-se sobre uma base intuitiva do resultado correto, que não estava completamente livre de associações místicas, particularmente a dos innitamente pequenos.
f (a + o), como o.
deriva da notação de Dirichlet innitésimos, que designava
A notação
f (a + 0)
para o limite pela direita
originada pela sua vez na notação de Newton para os
Segundo Dini-Lüroth (1840), Heine clasicou a continuidade de uma função em um intervalo em uniforme e não-uniforme, e Cantor conseguiu demostrar a equivalência de ambos conceitos (em intervalos
fechados e limitados, ou seja, compactos).
Notações Usam-se signos e signos de signos apenas quando nos fazem falta as coisas.
William de Baskerville 1
When I use a word, Humpty Dumpty said, in rather a scornful tone, it means just what I choose it to mean neither more nor less. Lewis Carroll
2
Todo lenguaje es un alfabeto de símbolos cuyo ejercicio presupone un pasado que los interlocutores comparten. Jorge Luis Borges
N.1 ∀ ∃ @ : ∈ ∈ / ∧ ∨ =⇒ ⇐⇒ ∴
N.2
3
Lógica Proposicional quanticador universal (para todo) quanticador existencial (existe) negação do quanticador existencial (não existe) tal que notação alternativa para tal que pertence a não pertence a e ou inclusivo implica se e somente se (condição necessária e suciente) portanto
Teoria de Conjuntos
Os termos
conjunto e família serão tidos como sinônimos, usados ambos para designar coleções classe que designa coleções mais amplas das quais os con-
restritas de objetos (por oposicão a
1 In: [5, p. 43], 2 [4]. 3 El Aleph. In:
Primeiro dia, Terceira. [3].
9
10
Notações
juntos são casos particulares). Se
A
e
B
denotam dois conjuntos quaisquer, subconjuntos de um conjunto universal xo
X,
serão utilizadas as seguintes notações:
P (A) P F (A) |A| Ac A\B A−B A4B
família de subconjuntos, ou família de subconjuntos cardinal de
A
(relativo a
notação alternativa para
diferença simétrica de
A\B A com B ,
(A \ B) ∩ (B \ A)
{1, 2, 3, . . . }
conjunto dos números reais conjunto dos números complexos
e
bem-ordenado,
N.3
não inclui o zero.
Além disso,
N
é um conjunto
duas propriedades que serão utilizadas sob a forma de demonstrações
por indução. Por outro lado,
Z
é um anel de integridade,
C
Q
é um corpo ordenado,
R
é um corpo
é um corpo completo e algébricamente fechado.
Álgebra
é uma função, se denotará:
Dom f Img f Se
A
domínio de imagem de
f f
é um subconjunto de um espaço vetorial, se denotará:
span A spanA
N.4 X
ou seja,
conjunto dos números racionais
ordenado e completo, entanto que
Se
X)
conjunto dos números inteiros
indutivo
f
A
A
A ∩ Bc
Observe que o conjunto dos números naturais
Se
de
A
complemento de
conjunto dos números naturais
N Z Q R C
partes, de
nitos
espaço vetorial gerado por espaço vetorial
fechado
A
gerado por
A
Topologia e
Y
são espaços topológicos, se denotará:
C(X, Y ) C(X) X0 considerando em
conjunto de funções contínuas de
C(X, C) conjunto de funcionais
C(X)
em
Y
e contínuas, ou
espaço dual, de
a estrutura métrica induzida pela seguinte norma:
kf k∞ = sup |f (x)| x∈X
lineares
X
X
11
N.4 Topologia
quando
X
é compacto.
C ∞ (Rn ) D(Rn ) S(Rn )
considerando em
funções innitamente diferenciáveis em
Rn
funções innitamente diferenciáveis e de suporte compacto espaço de Schwarz de funções rapidamente decrescentes
S(Rn )
a transformada e anti-transformada de Fourier respectivamente como:
Z 1 e−i λ.x f (x) dx (2π)n/2 Rn Z 1 ˇ f (λ) = ei λ.x f (x) dx. (2π)n/2 Rn fb(λ) =
O produto escalar num espaço de Hilbert
linear
no
primeiro
H
se denotará
h . , . iH
convencionando-se que é
anti-
argumento e linear no segundo. O subíndice fazendo menção ao espaço será
dispensado quando não houver risco de confusão. Se denotará também:
L(H) B(H)
conjunto de operadores
lineares
em
conjunto de operadores lineares e
H
limitados
em
H
considerando neste último a estrutura de espaço de Banach induzida pela norma:
kT kB(H) = sup {kT xk : x ∈ H ∧ kxk = 1}
Porém, no caso particular de dimensão nita, se denotará:
Mn (F) Dn (F)
conjunto de matrizes
n×n
com coecientes no anel
F
subálgebra das matrizes diagonais
sendo que usualmente, o anel (comutativo com unidade) considerado será o corpo real ou complexo. Neste último caso, as matrizes diagonais serão expressadas na forma:
denotam duas proposições quaisquer, convencionaremos em
que:
P
:= Q
signica P é
por denição
igual a
Q.
Em certas ocasiões convém manter a ordem invertendo o
signicado, assim:
P
=:
Q
signicará Q é
P
:=:
Q
por denição
:= R,
ou alternativamente:
P
:= R =:
Q,
igual a
P .
Também, com menor freqüência, revela-se útil denotar:
13
N.6 Metanotações
signicando em ambos casos P e/ou
Q
são
por denição
iguais a
R,
do qual constituem notações
alternativas.
♣
nal de uma denição, observação, ou exercício nal do enunciado de um lema, proposição ou teorema
O H
nal do enunciado de uma armação intermediária dentro de uma demonstração nal da prova de uma armação intermediária dentro de uma demonstração nal de uma demonstração
Finalmente, estas e todas as outras denições, símbolos e notações usadas no presente trabalho constam no índice remissivo, ao nal.
Parte I
Álgebra
Dado que todos os termos são denidos através de outros, é claro que o conhecimento humano deve se conformar sempre com admitir alguns termos inteligíveis sem denição, para ter um ponto de partida nas suas denições. Não é evidente que devam existir termos que
não possamos denir: é possível que, por mais que possamos fazê-lo ainda mais. Por outro lado,
adentremos pelo caminho da denição, sempre
também é possível que, quando a análise tenha sido sucientemente aprofundada, possamos obter termos que sejam realmente simples e, portanto, que não exijam, logicamente, esse tipo de denição analítica. Esse é um problema sobre o qual não é necessário nos pronunciar; para o nosso propósito é suciente observar que, sendo o poder humano limitado, as denições conhecidas devem começar em algum lugar com termos
não denidos, por enquanto, embora talvez não denitivamente. B. Russell
1
O matemático e o físico devem excluir, tanto no campo cientíco abstrato como no didático, o problema da origem psicológica das idéias primitivas. J. Rey Pastor
1 [13, p. 2]; 2 [8, Vol. I,
[12, Cap. I, p. 13]. p. 14].
et al. 2
Capítulo 1
Corpos There was a most ingenious architect, who had contrived a new method for building houses, by beginning at the roof, and working downward to the foundation. Jonathan Swift
1.1
Denições Básicas
1.1.1 Denição:
Um
(produto) denidas em
1.
1
F
corpo é um conjunto
F
com duas operações binárias
+
(soma) e
.
satisfazendo as seguintes propriedades:
Associatividade da soma:
(a + b) + c = a + (b + c), ∀ a, b, c ∈ F. 2.
Elemento neutro para a soma: Existe um elemento
0∈F
tal que
a + 0 = a, ∀ a ∈ F. 3.
Inverso aditivo: Para todo
4.
Comutatividade da soma:
a∈F
existe algum elemento
b∈F
tal que
a + b = 0.
a + b = b + a, ∀ a, b ∈ F. 5.
Associatividade do produto:
(a.b).c = a.(b.c), ∀ a, b, c ∈ F. 6.
Elemento neutro para o produto: Existe um elemento
1 ∈ F,
com
1 6= 0,
tal que
a.1 = a, ∀ a ∈ F. 1 [16],
Part III. A Voyage to Laputa, Balnibarbi, Luggnagg, Glubbdubdrib, and Japan. Chapter V [The author
permitted to see the grand academy of Lagado. The academy largely described. The arts wherein the professors employ themselves.]
19
20
Corpos
7.
Inverso multiplicativo: Para todo que
8.
a∈F
com
a 6= 0
existe algum elemento
b∈F
tal
a.b = 1.
Comutatividade do produto:
a.b = b.a, ∀ a, b ∈ F. 9.
Propriedade distributiva:
a.(b + c) = a.b + a.c, ∀ a, b, c ∈ F.
1.1.2 Exemplo: (b)
(a)
Os conjuntos
Q, R
Tráta-se de um corpo um conjunto
F
e
♣
C
com a soma e produto usuais são corpos.
com apenas dois elementos,
F = {0, 1},
e as operações
denidas pelas seguintes tabelas:
(c)
+
0
1
.
0
1
0
0
1
0
0
0
1
1
0
1
0
1
Uma maneira um tanto trivial de um obter um corpo a partir de um outro dado em deni-lo como o conjunto
{(a, a) : a ∈ F }
F,
consiste
com as operações:
(a, a) + (b, b) = (a + b, a + b); ♣
(a, a).(b, b) = (ab, ab).
1.1.3 Lema:
(a)
Seja
F
um corpo. Então:
O inverso aditivo é único. Ou seja:
∀ a ∈ F (a + b = 0 ∧ a + c = 0 ⇒ b = c). Observe-se que este mesmo resultado pode ser parafraseado dizendo que todo elemento de pode ser inverso de apenas um outro elemento de
(b) −(−a) = a, ∀ a ∈ F . (c) a.0 = 0, ∀ a ∈ F . (d) (−a).b = −(a.b), ∀ a, b ∈ F . (e) (−a).(−b) = a.b, ∀ a, b ∈ F . (f ) −a = −b ⇐⇒ a = b, ∀ a, b ∈ F . (g) a.a = a ⇒ a = 0 ∨ a = 1, ∀ a ∈ F .
F.
F
21
1.1 Denições Básicas
Demonstração : 1.
(b)
(a)
Sejam
a, b, c ∈ F
tais que
b=b+0
a+b=0
e
a + c = 0.
1.1.1(2)
2.
= b + (a + c)
Hipótese
3.
= (b + a) + c
1.1.1(1)
4.
= (a + b) + c
1.1.1(4)
5.
=0+c
Hipótese
6.
=c+0
1.1.1(4)
7.
=c
1.1.1(2)
Se
a ∈ F,
Então:
a+c=0
a+b=0
então:
1.
0 = a + (−a)
1.1.1(3)
2.
= (−a) + a
1.1.1(4)
a é um inverso aditivo para (−a) e, pela unicidade provada a = −(−a).
Desta última identidade segue que no item (a) anterior, segue que
(c)
Se
1.
(d)
a ∈ F,
então:
a.0 = a.0 + 0
1.1.1(2)
2.
= a.0 + (a.0 + −(a.0))
1.1.1(3)
3.
= (a.0 + a.0) + −(a.0)
1.1.1(1)
4.
= a.(0 + 0) + −(a.0)
1.1.1(9)
5.
= a.0 + −(a.0)
1.1.1(2)
6.
=0
1.1.1(3)
Se
1.
a, b ∈ F ,
então:
a.b + (−a).b = (a + (−a)).b
1.1.1(9)
2.
= 0.b
1.1.1(3)
3.
= b.0
1.1.1(8)
4.
=0
Item (c)
Desta última identidade segue que
(−a).b é um inverso (−a).b = −(a.b).
provada no item (a) anterior, segue que
aditivo para
a.b
e, pela unicidade
22
(e)
Corpos
Se
a, b ∈ F ,
1.
então:
−(a.b) + (−a).(−b) = (−a).b + (−a).(−b)
Item (d)
2.
= (−a).(b + (−b))
1.1.1(9)
3.
= (−a).0
1.1.1(3)
4.
=0
Item (c)
Desta última identidade segue que
(−a).(−b)
−(a.b) e, pela uni(−a).(−b) = −(−(a.b)) = a.b, onde a última
é um inverso aditivo para
cidade provada no item (a) anterior, segue que igualdade segue do item (b) já provado acima.
(f )
Sejam
1.
a, b ∈ F .
Para provar a parte
(⇒),
suponha-se que
a=a+0
−a = −b.
1.1.1(2)
2.
= a + (b + (−b))
1.1.1(3)
3.
= a + (b + (−a))
Hipótese
4.
= a + ((−a) + b)
1.1.1(4)
5.
= (a + (−a)) + b
1.1.1(1)
6.
=0+b
1.1.1(3)
7.
=b+0
1.1.1(4)
8.
=b
1.1.1(2)
Reciprocamente, para provar a parte
1.
(⇐),
suponha-se que
b + (−a) = a + (−a)
a = b.
Então:
Hipótese
=0
2.
Então:
1.1.1(3)
−a é um inverso aditivo para b e, pela unicidade provada −a = −b. Observe-se que a equivalência que se acabou a aplicação a → −a é um isomorsmo.
Desta última identidade segue que no item (a) anterior, segue que provar, estabelece, de fato, que
(g)
Seja que
a−1 . 1. 2. 3.
a∈F a 6= 0.
tal que
a.a = a.
Se fosse
a=0
não existe nada a provar. Suponha-se portanto
Em tal caso, a propriedade 1.1.1(7) implica que
a
Portanto:
a = a.1
1.1.1(6)
−1
= a.(a.a
)
1.1.1(7)
−1
= (a.a).a
1.1.1(5)
−1
4.
= a.a
Hipótese
5.
=1
1.1.1(6)
Ou seja, sob a hipótese
a.a = a,
tem-se
a = 0,
ou
a = 1.
possui inverso multiplicativo
Exercícios para o Capítulo 1 1.2 Seja
Diferenças de Potências F
um corpo.
1.2.1 Exercício: 2
Prove as seguintes identidades em
F:
2
(a)
a − b = (a − b)(a + b).
(b)
a3 − b3 = (a − b)(a2 + ab + b2 ).
(c)
a3 + b3 = (a + b)(a2 − ab + b2 ). ♣
Sugestão: Porque este é um caso particular do item anterior?
Os casos particulares acima diferem do caso geral apenas pela complexidade notacional:
1.2.2 Exercício: n
a, b ∈ R
Sejam
n
a − b = (a − b)(a = (a − b)
n−1
n−1 X
e
n−2
+a
n ∈ N.
Então:
n−3 2
b+a
b + · · · + abn−2 + bn−1 )
bn−k−1 ak
♣
k=0
1.2.3 Exercício: n
a, b ∈ R
Sejam
n
n−1
a + b = (a + b)(a = (a + b)
e
n−2
−a
n ∈ N impar. n−3 2
b+a
Então:
n−4 3
b −a
b + · · · ± abn−2 ± bn−1 )
n−1 X
(−1)n−k−1 bn−k−1 ak
♣
k=0
1.3
Relax
1.3.1 Exercício:
Simplique as seguintes expressões no corpo
niente lembrar a regra dos sinais. 23
F.
Em alguns casos será conve-
24
Corpos
(a)
−(a − b).
(b)
(−a)(−b + c).
(c)
1 − (1 − (1 − (1 + 1))).
(d)
(−a)(−a + a(1 − a)).
(e)
−(a − (−a + 1)).
(f )
(−a + 1)(−a)(a + 1).
R:
1.3.2 Exercício:
R:
b − a.
ab − ac. R: R:
a3 .
1 − 2a.
R: R:
−1.
a3 − a.
♣
Produtos de Binômios
Idem que o exercício anterior.
(a)
(a + b)2 = (a + b)(a + b).
R:
a2 + 2ab + b2 .
(b)
(a − b)2 = (a − b)(a − b).
R:
a2 − 2ab + b2 .
(c)
(b + a)(b − a).
(d)
(a − b)(b − a).
(e)
(a + b)3 = (a + b)(a + b)(a + b).
R:
a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 .
(f )
(a − b)3 = (a − b)(a − b)(a − b).
R:
a3 − 3a2 b + 3ab2 − b3 .
(g)
(a + b)(a + b)(a − b).
(h)
(a + b)(a − b)(a − b).
1.3.3 Exercício:
R: R:
−(b − a)2 = −b2 + 2ab − a2 .
R: R:
b2 − a2 .
a3 + a2 b − ab2 − b3 .
a3 − a2 b − ab2 + b3 .
Qual é o erro na seguinte demonstração? Seja
a ∈ F.
♣
Então:
a2 = a2 a2 − a2 = a2 − a2 (a − a)(a + a) = a(a − a) (a + a) = a
Após entendida a demonstração, tire alguma conclusão losóca, se possível.
1.3.6 Exercício:
Determinar o conjunto solução para as seguintes equações. Ou seja, determine
em cada caso o conjunto dos
(a)
2 + 3x = 5 − x.
(b)
(x − 1)(x + λ) = 0.
(c)
x2 − 4 = 0.
x∈F
que satisfazem cada uma das seguintes relações: R: R: R:
{−2, 2}.
{3/4}.
{1, −λ}. ♣
Capítulo 2
Corpos Ordenados 2.1
Corpos Ordenados
2.1.1 Denição: 10.
Um corpo é dito
Tricotomia: Para cada (a)
a = 0;
(b)
a ∈ P;
(c)
−a ∈ P .
ordenado se existir um subconjunto
a∈F
Se
a
e
b
estão em
P,
então
a+b
12.
Se
a
e
b
estão em
P,
então
a.b
Seja
F
tal que:
é satisfeita uma e apenas uma das seguintes condições:
11.
2.1.2 Lema:
P ∈F
está em
está em
P. ♣
P.
um corpo ordenado. Então:
(a) a.a ∈ P, ∀ 0 6= a ∈ F . (b) 1 = 1.1 ∈ P . (c) 1 + 1 ∈ P . (d)
Em particular,
1 + 1 6= 0
em um corpo ordenado.
∀ a, b ∈ F (a.b ∈ P ∧ a ∈ P ⇒ b ∈ P ).
(e) a ∈ P ⇒ a−1 ∈ P, ∀ a ∈ F . (f ) 0 < a < b ⇒ 0 < b−1 < a−1 , ∀ a, b ∈ F .
Demonstração :
(a)
Se a 6= 0, então, pela propriedade 2.1.1(10), deve ser a ∈ P ou −a ∈ P . a.a ∈ P é consequência direta da propriedade 2.1.1(12). No segundo caso, resultado do Lema 1.1.3(e), tem-se que −a ∈ P ⇒ a.a = (−a).(−a) ∈ P ,
No primeiro caso, utilizando o
utlizando mais uma vez a propriedade 2.1.1(12).
(b)
Como
1
é o neutro do produto, tem-se que
1 = 1.1 ∈ P ,
27
pelo item (a) provado acima.
28
(c)
Corpos Ordenados
Como
1∈P
pelo item (b) provado acima, pela propriedade 2.1.1(11) tem-se que
Em particular, deve ser
(d)
reductio ad absurdum,
1 + 1 ∈ P.
pela propriedade 2.1.1(10).
b = 0 ou −b ∈ P . No primeiro caso, ou a.b = a.0 = 0 o que junto com a propriedade 2.1.1(10) contradiz a hipótese que a.b ∈ P . No segundo caso, ou seja se −b ∈ P , pelo Lema 1.1.3(d) tem-se que −(a.b) = −(b.a) = (−b).a ∈ P , pela hipótese que a ∈ P e a propriedade 2.1.1(12), o que junto com a propriedade 2.1.1(10) contradiz a hipótese que a.b ∈ P . Por
seja, se
(e)
1 + 1 6= 0,
b = 0,
se
b∈ / P,
então deve ser
pelo Lema 1.1.3(c), tem-se que
Observe-se que
a.a−1 = 1 ∈ P ,
pelo item (b) provado acima, e que
a ∈ P
por hipótese.
Portanto, o resultado segue diretamente do item (d) anterior.
(f )
0 < a < b ⇒ a, b, b − a ∈ P . Em particular, pelo item (e) provado a−1 , b−1 ∈ P e, pela propriedade 2.1.1(12), a−1 .b−1 ∈ P . Portanto:
Observe-se que tem-se que
acima,
a−1 − b−1 = a−1 1 − b−1 1 = a−1 (bb−1 ) − b−1 (aa−1 ) = a−1 (b−1 b) − b−1 (a−1 a) = (a−1 b−1 )b − (b−1 a−1 )a = (a−1 b−1 )b − (a−1 b−1 )a = (a−1 b−1 )(b − a) > 0; onde a última desigualdade segue da propriedade 2.1.1(12). Assim,
−1
b
> 0.
2.1.3 Exemplo: (b)
a−1 − b−1 > 0 ⇒ a−1 >
(a)
Os corpos
Q
e
R
com a ordenação usual são ordenados.
O corpo
C não pode ser ordenado. Com efeito, se fosse ordenado, pelo Lema 2.1.2(b) teria-se 1 ∈ P . Por outro lado, −1 = i2 = i.i ∈ P , pelo Lema 2.1.2(a), pois i = (0, 1) 6= (0, 0) = 0 ∈ C. Ou seja, ±1 ∈ P , o que contradiz propriedade 2.1.1(10). que
(c)
O corpo do Exemplo 1.1.2(b) também não pode ser ordenado. Com efeito, nesse exemplo tem-se
(d)
1+1=0
(vide tabela da soma), o que contradiz o Lema 2.1.2(c).
O corpo do Exemplo 1.1.2(c) é ordenado, com a ordem denida por:
a < b.
2.2
(a, a) < (b, b) ⇐⇒ ♣
Módulo ou Valor Absoluto
2.2.1 Denição: Seja absoluto |a| de a por:
|a|
:=
( a −a
se se
F
a > 0, a < 0.
um corpo ordenado. Para cada
a∈F
dene-se o
módulo ou valor
♣
29
2.2 Módulo ou Valor Absoluto
2.2.2 Lema:
Seja
F
corpo ordenado. Então:
(a) |a| = |−a| , ∀ a ∈ F . (b) a 6 |a| , ∀ a ∈ F . (c) −a 6 |a| , ∀ a ∈ F . (d) − |a| 6 a 6 |a| , ∀ a ∈ F .
Demonstração : Caso
(a)
Os três casos da propriedade 2.1.1(10) serão considerados por separado.
a > 0: |a| = a = −(−a) = |−a|,
onde a última igualdade segue do fato que
−a < 0
neste caso.
a = 0: Observe-se em primeiro lugar que, pelo fato de ser 0 neutro para a soma, tem-se 0 + 0 = 0. Assim, 0 é um inverso aditivo de 0 e, pela unicidade de tal inverso provada Lema 1.1.3(a), deve ser 0 = −0. Portanto: |a| = a = 0 = −0 = |−0| = |−a|.
Caso que no
Caso
a < 0: |a| = −a = |−a|,
(b)
Se
(c)
−a 6 |−a| = |a|,
a>0
então
a = |a|.
−a > 0
onde a última igualdade segue do fato que
Caso contrário,
neste caso.
a < 0 < −a = |a|.
onde a primeira e segunda relações provêm dos itens (b) e (a) anteriores,
respectivamente.
(d)
A primeira e segunda desigualdades provêm diretamente dos itens (c) e (b) anteriores, respectivamente.
2.2.3 Lema:
Seja
F
corpo ordenado. Então:
|a| 6 b ⇐⇒ −b 6 a 6 b, ∀ a, b ∈ F.
Demonstração :
(⇒) Observe-se que
Lema 2.2.2(c), tem-se (⇐) Se
a > 0,
então
|a| 6 b ⇒ − |a| > −b ⇒ −b 6 − |a|. −b 6 − |a| 6 a 6 |a| 6 b.
|a| = a 6 b.
Caso contrário, tem-se
2.2.4 Lema (Desigualdade Triangular):
|a + b| 6 |a| + |b| , ∀ a, b ∈ F.
Seja
F
Portanto, usando o
−b 6 a ⇒ b > −a = |a|.
corpo ordenado. Então:
30
Corpos Ordenados
Demonstração : |a| − a > 0
e
Pelo Lema 2.2.2(b) tem-se que
|b| − b > 0.
a 6 |a|
e
b 6 |b|,
ou seja, equivalentemente,
Portanto:
|a| + |b| − (a + b) = (|a| − a) + (|b| − b) > 0 ⇒ |a| + |b| > a + b. Ou seja:
a + b 6 |a| + |b| .
(2.2.1)
Por outro lado, pelo Lema 2.2.2(c) tem-se que
|a| + a > 0
e
|b| + b > 0.
−a 6 |a|
e
−b 6 |b|,
ou seja, equivalentemente,
Portanto:
|a| + |b| + (a + b) = (|a| + a) + (|b| + b) > 0 ⇒ |a| + |b| > −(a + b) ⇒ a + b > −(|a| + |b|). Ou seja:
−(|a| + |b|) 6 a + b.
(2.2.2)
Desta maneira, para obter a Desigualdade Triangular basta combinar as relações (2.2.1) e (2.2.2) com o Lema 2.2.3.
Exercícios para o Capítulo 2 2.3
Denição Alternativa de Corpo Ordenado
2.3.1 Exercício: uma relação
<
Um corpo ordenado pode ser denido alternativamente como um corpo
F
com
tal que:
10'. Para cada
a, b ∈ F
(a)
a = b,
(b)
a < b,
(c)
b < a.
é satisfeita uma e apenas uma das seguintes condições:
11'.
a < b ∧ b < c ⇒ a < c,
12'.
a < b ⇒ a + c < b + c,
13'.
a < b ∧ 0 < c ⇒ a.c < b.c,
para quaisquer
para quaisquer
a, b, c ∈ F .
Ou seja,
<
é uma relação transitiva.
a, b, c ∈ F .
para quaisquer
a, b, c ∈ F .
Com efeito, pode ser provado que:
(a)
Partindo das propriedades (1)-(12) e denindo
<
por:
a < b ⇐⇒ b − a ∈ P, então as propriedades (10')-(13') podem ser deduzidas como teoremas.
(b)
Reciprocamente, partindo das propriedades (1)-(9) e (10')-(13') e denindo
P
:= {a
Desigualdades
2.4.1 Exercício:
como:
∈ F : a > 0},
então as propriedades (10)-(12) podem ser deduzidas como teoremas.
2.4
P
Provar o seguinte:
(a)
Se
a < b,
então
(b)
Se
a
e
a + c < b + c,
c < d,
então
para todo
c ∈ F.
a + c < b + d. 31
♣
32
Corpos Ordenados
(c)
Se
a < b,
então
(d)
Se
a
e
c > 0,
então
a.c < b.c.
(e)
Se
a
e
c < 0,
então
a.c > b.c.
(f )
Se
b.c > 0
então
b>0
e
c > 0,
ou
b<0
e
c < 0.
(g)
Se
b.c < 0
então
b>0
e
c < 0,
ou
b<0
e
c > 0.
2.4.2 Exercício: (a)
a2 > 0,
(b)
Se
(c)
a2 + b2 = 0
para todo
a2 = 0,
Se
♣
Provar o seguinte:
então
a ∈ F.
a = 0,
para todo
se e somente se
2.4.3 Exercício: (a)
−b < −a.
a ∈ F.
a = b = 0,
para todo
a, b ∈ F .
♣
Provar o seguinte:
0 6 a < b,
então
a2 < b2 .
Sugestão: Use o Exercício 2.4.1(d).
(b)
Se
a2 < b2 ,
então
b>a
ou
Sugestão: Observe-se que
b < −a.
a2 < b2 ⇒ 0 < b2 − a2
e use os resultados dos Exercícios 1.2.1(a)
e 2.4.1(f ).
(c)
Se no item (b) acima acrescenta-se a condição
b > 0,
então
Sugestão: Use redução ao absurdo. Quando considerar
(d)
O que acontece no item (b) acima se
a>0
Sejam
a, b ∈ F
com
a < b.
a > b(> 0)
use o item (a) acima.
sem nenhuma condição sobre
Sugestão: Considerar, por exemplo, os casos
2.4.4 Exercício:
a < b.
a=5
e
b = ±10.
b? ♣
Prove que:
{x ∈ F : a < x < b} = {λa + (1 − λ)b : 0 < λ < 1} .
♣
33
2.5 Módulo ou Valor Absoluto
2.5
Módulo ou Valor Absoluto
2.5.1 Exercício:
Provar o seguinte:
(a)
|a| = 0
(b)
|a − b| = |b − a|.
se e somente se
a = 0.
Sugestão: Use o Lema 2.2.2(a).
(c)
2 a = a2 . Sugestão: Use o Exercício 2.4.2(a).
(d)
|a.b| = |a| . |b|. Sugestão: Quando é positivo ou negativo o produto de dois números? Considere cada caso separadamente, usando o Exercício 2.4.1 itens (f ) e (g), respectivamente.
(e)
2
|a| = a2 . Sugestão: Use os itens (d) e (c) acima.
(f )
Se
a 6= 0,
1 = 1 . a |a|
então
1 .a = 1 a
Sugestão: Observe-se que
(g)
Se
b 6= 0,
então
e use os itens (a) e (d) acima.
a |a| . = b |b| ♣
Sugestão: Isso é consequência direta de (d) e (f ).
2.5.2 Exercício:
Prove que
a2 < b2 ⇐⇒ |a| < |b|.
Este exercício é uma espécie de continuação do Exercício 2.4.3. Para a parte ( ⇒ ) use o critério do Lema 2.2.3. Esse critério envolve provar duas desigualdades; para tanto, use os itens (a) e (b) do Exercício 2.4.3 apropriadamente. A parte ( ⇐ ) é consequência direta do Exercício 2.4.3(a).
2.5.3 Exercício:
♣
Decida se a fórmula bem formada abaixo:
|a| < |b| ⇐⇒ a < b ∨ b < −a é um teorema ou não. Sugestão: Para provar que
não
é um teorema basta exibir um contra-exemplo. Por outro lado,
provar que a fórmula é um teorema consiste em fornecer uma demostração da mesma e, para tanto, devem ser provadas as implicações nos dois sentidos. Tanto em um caso como no outro, é oportuno observar que a parte ( ⇒ ) é verdadeira. Com efeito,
b > 0 ⇒ b = |b| > |a| > a; b < 0 ⇒ |a| < |b| = −b ⇒ −(−b) < a < −b ⇒ a < −b ⇒ b < −a.
por outro lado,
♣
34
Corpos Ordenados
2.5.4 Exercício:
O Máximo e o Mínimo
O máximo de dois números
x
e
y
denota-se por
max(x, y).
Assim, por exemplo:
max(−1, 3) = max(3, 3) = 3; max(−1, −4) = max(−4, −1) = −1. O mínimo de
||a| − |b|| 6 |a − b|. Sugestão: Pelo Lema 2.2.3 isso é equivalente a provar que:
− |a − b| 6 |a| − |b| 6 |a − b| . Agora, a segunda desigualdade é o item (b) acima. A primeira desigualdade é equivalente a
|b| − |a| 6 |a − b|,
mas isso também é o item (b) acima com
a
e
b
intercambiados, o que pode
ser feito pelo Exercício 2.5.1(b).
(d)
|a + b + c| 6 |a| + |b| + |c|. Sugestão: Escreva
a + b + c = (a + b) + c
de maneira apropriada.
e use a desigualdade triangular duas vezes seguidas
♣
35
2.7 Desigualdades com Formas Quadráticas
2.7 Seja
Desigualdades com Formas Quadráticas F
um corpo ordenado.
2.7.1 Exercício: (a)
n
Se
Sejam
é ímpar e
x, y ∈ F .
xn = y n ,
então
Sugestão: Reduza tudo ao caso
Prove que:
x = y. x, y > 0.
Prove depois que tanto
x < y como x < y conduzem
a uma contradição.
(b)
Se
n
é par e
xn = y n ,
2.7.2 Exercício:
Sejam
então
x=y
ou
x = −y .
♣
x, y ∈ F não simultaneamente nulos.
(a)
Usando o Exercício 1.2.1(b) e o Exercício 2.7.1(a) anterior, prove que deve ser
(b)
De fato, prove que deve ser
x2 +xy+y 2 6= 0.
x2 + xy + y 2 > 0.
x2 + xy + y 2 6 0 conduz a uma contradição. Com efeito, em primeiro lugar observe-se que se fosse x = 0 ou y = 0, digamos x = 0, para xar idéias, se teria y 2 = x2 + xy + y 2 6 0 o que é possível apenas se fosse também y = 0, contradizendo o fato de serem x e y não simultaneamente nulos. Portanto, x 6= 0 e y 6= 0. Isso tem duas
Sugestão: A suposição
consequências. Em primeiro lugar, segue que:
x2 + y 2 > 0.
(2.7.1)
Em segundo lugar, tem-se que
xy 6= 0.
Mais especicamente, observando que:
0 6 (x + y)2 = x2 + 2xy + y 2 = x2 + xy + y 2 + xy 6 xy, segue que
xy > 0
e como
xy 6= 0
deve ser:
xy > 0.
(2.7.2)
Agora, combinando as relações (2.7.1) e (2.7.2) segue que
x2 + xy + y 2 > 0
2.7.3 Exercício: (a)
Sejam
o que contradiz
♣
a suposiçao original.
x, y ∈ F não simultaneamente nulos.
Prove que:
4x2 + 6xy + 4y 2 > 0.
reductio ad absurdum suponha que 4x2 + 6xy + 4y 2 6 0, ou, equivalentemente 2x + 3xy + 2y 2 6 0, e reproduza mutatis mutandi a prova do item (b) do exercício anterior.
Incidentalmente, observe-se que a combinação desta desigualdade com a
do item (b) do exercício anterior fornece uma outra prova da relação do item (a) do presente exercício, pois a soma de dois números positivos deve ser positiva. Sugestão: Por
reductio ad absurdum suponha que 3x2 +5xy+3y 2 6 0 e repita mutatis mutandi
a prova do item (b) do exercício anterior. Em algum ponto, será conveniente observar que:
x4 + x3 y + x2 y 2 + xy 3 + y 4 6 0 conduz a uma contradição. Com efeito, em primeiro lugar observe-se que se fosse x = 0 ou y = 0, digamos x = 0, para xar 4 4 3 2 2 3 4 idéias, teria-se y = x + x y + x y + xy + y 6 0 o que é possível apenas se fosse também y = 0, contradizendo o fato de serem x e y não simultaneamente nulos. Portanto, x 6= 0 e y 6= 0. Isso tem duas consequências. Em primeiro lugar, segue que: Sugestão: A suposição
x4 + y 4 > 0. Em segundo lugar, tem-se que
(2.7.3)
xy 6= 0.
Mais especicamente, observando que:
0 6 (x + y)4 = x4 + 4x3 y + 6x2 y 2 + 4xy 3 + y 4 = x4 + x3 y + x2 y 2 + xy 3 + y 4 + (3x3 y + 5x2 y 2 + 3xy 3 ) 6 3x3 y + 5x2 y 2 + 3xy 3 = xy(3x2 + 5xy + 3y 2 ), e que, pelo Exercício 2.7.3(b), sabe-se que
xy 6= 0
(3x2 + 5xy + 3y 2 ) > 0,
segue que
xy > 0
e como
deve ser:
xy > 0.
(2.7.4)
Da relação (2.7.4) e o Exercício 2.7.2(b) seque que:
xy(x2 + xy + y 2 ) > 0.
(2.7.5)
Finalmente, combinando as relações (2.7.3) e (2.7.5) obtem-se a contradição desejada:
0 < x4 + xy(x2 + xy + y 2 ) + y 4 = x4 + x3 y + x2 y 2 + xy 3 + y 4 .
2.8
Quando
2.8.1 Exercício:
(x + y)n = xn + y n
?
Prove as seguintes identidades em
F:
♣
2.8 Quando
(x + y)n = xn + y n
(a)
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2 .
(b)
(a − b)2 = a2 − 2ab + b2 .
37
?
Sugestão: Este é um caso particular do item anterior.
(c)
Prove que
(a + b)2 = a2 + b2
2.8.2 Exercício:
somente quando
a=0
Prove as seguintes identidades em
(a)
(a + b)3 = a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 .
(b)
(a − b)3 = a3 − 3a2 b + 3ab2 − b3 .
ou
♣
b = 0.
F:
Sugestão: Este é um caso particular do item anterior.
(c)
Prove que
(a + b)3 = a3 + b3
2.8.3 Exercício:
somente quando
a=0
Prove as seguintes identidades em
(a)
(a + b)4 = a4 + 4a3 b + 6a2 b2 + 4ab3 + b4 .
(b)
(a − b)4 = a4 − 4a3 b + 6a2 b2 − 4ab3 + b4 .
ou
b=0
ou
a = −b.
♣
F:
Sugestão: Este é um caso particular do item anterior.
(a + b)5 = a5 + 5a4 b + 10a3 b2 + 10a2 b3 + 5ab4 + b5 .
(b)
(a − b)5 = a5 − 5a4 b + 10a3 b2 − 10a2 b3 + 5ab4 − b5 . Sugestão: Este é um caso particular do item anterior.
(c)
Determine quando
(a + b)5 = a5 + b5 .
Sugestão: Em tal caso, não resulta nem um pouco difícil provar que:
a3 + 2a2 b + 2ab2 + b3 = 0, ab 6= 0. Esto implica que (a + b)3 = a2 b + ab2 = ab(a + b). Portanto, se fosse (a + b) 6= 0 se teria (a + b)2 = ab, ou seja, a2 + ab + b2 = 0, contradizendo o resultado do Exercício 2.7.2(b). ♣
quando
38
Corpos Ordenados
2.9
A Função Quadrática
2.9.1 Exercício: (a)
Sejam
a, b, c ∈ F ,
com
ax2 + bx + c a 6= 0.
Prove completando quadrados que:
ax2 + bx + c =
i 1 h 2 (2ax + b) − b2 − 4ac 4a
b2 − 4ac < 0
ax2 + bx + c > 0
(b)
Em particular, se
(c)
Use o item anterior para fornecer uma outra prova de que se
então
para todo
x
e
x ∈ F, y
não são simultaneamente
y = 0 então a relação é óbvia, pois em y 6= 0, então com a = 1 > 0, b = y e c = y 2 ,
x 6= 0, resultando y 2 − 4y 2 = −3y 2 < 0.
Sugestão: Se
tal caso deve ser
x2 > 0.
tem-se
(d)
Determine o valor mínimo de
(e)
Seja
a > 0.
a > 0.
x2 + xy + y 2 > 0.
nulos tem-se
Se
quando
Prove que
ax2 + bx + c
ax2 + bx + c > 0
quando
para todo
a > 0.
x∈F
se e somente se
b2 − 4ac < 0.
Sugestão: Para a parte ( ⇐ ) use o item (b) anterior. Para a parte ( ⇒ ), observe-se que se fosse
b2 − 4ac > 0
então o valor mínimo do item (d) anterior é negativo ou nulo e portanto
a identidade do enunciado deixa de ser válida para o
(f )
Determine os valores de
α
tais que
x
onde tal mínimo é atingido.
x2 + αxy + y 2 > 0 quando x
e
y
não são simultaneamente
nulos.
♣
Sugestão: Use o item (e) anterior.
2.10
A Desigualdade de Schwarz
Segundo Spivak [14], o fato que
a2 > 0
para todo
a ∈ F,
por mais elementar que possa parecer, é
contudo a idéia fundamental na que se baseiam em última instância a maior parte das desigualdades. Uma das primeiras desigualdades famosas, com nome e sobrenome, é a
desigualdade de
Schwarz: 2
(a1 b1 + a2 b2 ) 6 a21 + a22
b21 + b22 .
As duas provas da desigualdade de Schwarz que se indicam nos seguintes exercícios têm apenas uma coisa em comum: ser baseadas no fato de que
Use agora o resultado do Exercício 2.9.1(e) para completar a prova da desigualdade de Schwarz.
(e)
Como corolário da demonstração conclua que na desigualdade de Schwarz vale a igualdade se e somente se
b1 = b2 = 0
ou existe
λ∈F
tal que
a1 = λb1
e
n
números
a1 , a2 , . . . , an
A generalização da segunda prova para o caso de
♣
a2 = λb2 .
e
b1 , b2 , . . . , bn
desenvolvida no Exercício 3.12.2. Se o leitor aceita sem demonstração a existência de
dradas,
é
raízes qua-
fato que não será provado rigorosamente até o Capítulo 11, então poderá consultar ainda
uma terceira demonstração da desigualdade de Schwarz pulando até o Exercício 11.5.2.
2.11
A Continuidade das Operações de Corpo
A presente seção foi tomada de Spivak [14]. Com relação às desigualdades haverá três fatos que terão crucial importância. Embora as demonstrações estarão no lugar apropriado do texto, uma tentativa pessoal de abordagem a esses problemas terá mais valor ilustrativo que o estudo detalhado de uma prova completamente elaborada. Os enunciados das proposições encerram alguns números estranhos, mas a sua mensagem básica é bem simples: se
y está sucientemente próximo de y0 , então x + y xy estará próximo de x0 y0 e 1/y perto de 1/y0 .
Substituir os sinais de interrogação do seguinte enunciado por expressões de maneira tal que a conclusão seja válida:
y0 = 6 0 e |x − x0 | < ? x x0 − < . y y0
e
|y − y0 | < ?,
então
y 6= 0
e:
Sugestão: O problema segue trivialmente dos Exercícios 2.11.2 e 2.11.3. Observe que
x/y = x(1/y).
O ponto aquí consiste em não se confundir: decida qual dos resultados haverá de se aplicar primeiro
♣
e não que com medo se a solução parecer improvável.
2.12
Relax
2.12.1 Exercício:
Determinar o conjunto solução para as seguintes equações.
termine em cada caso o conjunto dos
x ∈ F
Ou seja, de-
que satisfazem cada uma das seguintes relações.
Observe-se que os primeiros dois casos já foram considerados no Exercício 1.3.6(b,c) respectivamente, e o problema na presente seção consiste em determinar porque
não
podem existir
outras
soluções além das indicadas nas respectivas respostas.
(a)
(x − 1)(x + λ) = 0.
R:
{1, −λ}.
(b)
x2 − 4 = 0.
R:
{−2, 2}.
(c)
3(x2 + x) = −5 + 2x2 − x.
2.12.2 Exercício:
Determine o conjunto dos elementos
(in)equações e represente-o gracamente.
R:
∅.
x ∈ F
♣
que satisfazem as seguintes
41
2.12 Relax
(a)
10 + 2(3 − 4x) < 2x − 6.
(b)
3 − 2x 6 5x + 9 < 16. √ (c) (x + 2)(x − 5) < 0.
(d)
x2 + 3x > −2.
♣
2.12.3 Exercício: distância menor que
(a)
0.
(b)
−1.
(c)
5.
Determine em cada caso, o conjunto de pontos em
6
R: R:
(a)
{x ∈ F : |x + 1| < 6} = {x ∈ F : −7 < x < 5}.
{x ∈ F : |x − 5| < 6} = {x ∈ F : −1 < x < 11}.
Está
−4
mais próximo de
1
ou de
R: De
(b)
Está
−78
mais próximo de
68
R: Não, pois
2.12.5 Exercício:
que se encontram a
{x ∈ F : |x| < 6} = {x ∈ F : −6 < x < 6}.
R:
2.12.4 Exercício:
F
com relação a:
1,
♣
−10? |−4 − 1| = 5 < 6 = |−4 − (−10)|.
pois
−14 está de −100? |−78 − 68| = 146 > 86 = |−14 − (−100)|.
do que
♣
Determinar o conjunto solução das seguintes relações:
(a)
|2x + 5| = 3.
(b)
|2x − 3| <
(c)
|1 − 2x| > 2.
(d)
|−x + 4| = |3 + 2x|.
R:
5 3.
R: R: R:
{−1, −4}.
{ 23 < x < 37 }.
c
{− 12 6 x 6 32 } = {x < − 21 } ∪ { 32 < x}.
{−7, 1/3}.
♣
Capítulo 3
Naturalmente, os Naturais Deus fez os números naturais. O resto é obra do homem. L. Kronecker
3.1
1
Conjuntos Indutivos
3.1.1 Denição:
Um conjunto
1.
1 ∈ A;
2.
n ∈ A ⇒ n + 1 ∈ A.
3.1.2 Exemplo: (b)
O conjunto
(c)
Seja
r∈F
(a)
P
O corpo
A⊆F
é dito
indutivo se:
♣
F
é indutivo.
de elementos positivos no corpo
F,
0 < r < 1. Então o conjunto Ar := {x ∈ F : x > 0 ∧ x 6= r} é indutivo. r∈ / Ar . De fato, Ar difere de P do item (b) precisamente na exclusão de um saber, o r .
tal que
Observe-se que único ponto, a
(d)
Se
(e)
A interseção de todos os sub-conjuntos indutivos de
A
e
B
é indutivo.
são indutivos, então
\
A∩B
também é.
F,
A,
A⊆F
A indutivo é um conjunto indutivo. De fato, é o menor conjunto, com relação à inclusão, contido em com essa propridade.
1? 43
F ♣
44
Naturalmente, os Naturais
3.2
Números Naturais
3.2.1 Denição:
O conjunto de
sub-conjuntos indutivos de
NF
\
:=
F,
números naturais é denido como a inteseção de todos os
sendo denotado por:
A,
A⊆F
A indutivo ou simplesmente
N
♣
quando não houver lugar a equívoco.
3.2.2 Observação:
(a)
NF
é indutivo. De fato, é o menor conjunto, com relação à inclusão,
com tal propriedade. Vide Exemplo 3.1.2(e).
(b)
Com efeito se existir fato de
Portanto,
(c)
NF não possui sub-conjuntos indutivos próprios. A ⊆ NF , então NF ⊆ A pela denição de NF e o A ⊆ NF ⊆ A, de onde A = NF .
Em particular, indutivo com
NF > 1,
pois se
1 > r ∈ NF ,
então
r
A
pertenceria a todo conjunto indutivo mas
r∈ / Ar
os naturais
k
e
Demonstração : k < s < k + 1. Ak,s
:=
é inductivo e seja,
k ∈ NF então k + 1 ∈ NF , Ak,s denido por:
Ou seja, não existem naturais entre
pela Observação 3.2.2(a). Seja agora
s∈F
tal que
O conjunto
{x ∈ F : x > 0 ∧ x ∈ / {s − k, s − k + 1, . . . , s − 1, s}} , s∈ / Ak,s .
Portanto,
s
não pode pertencer à interseção de todos os tais conjuntos, ou
NF .
3.3 Seja
∀ k ∈ NF {x ∈ F : k < x < k + 1} ∩ NF = ∅. k + 1. Se
do
♣
Exemplo 3.1.2(c).
3.2.3 Lema:
A
ser indutivo.
O Princípio de Indução e Equivalentes F
corpo ordenado. Considere as seguintes condições sobre um sub-conjunto
3.3.1 Princípio da Boa Ordenação (PBO):
Todo sub-conjunto não vazio de
elemento mínimo. Ou seja:
∅= 6 A ⊆ B ⇒ ∃ m ∈ A : m 6 n, ∀ n ∈ A.
3.3.2 Princípio de Indução Completa (PIC):
1. 1 ∈ A;
B ⊆ F:
Se
A⊆B
satisfaz:
B
possui um
45
3.3 O Princípio de Indução e Equivalentes
2. {1, 2, . . . , n} ⊂ A ⇒ n + 1 ∈ A; então
A = B.
3.3.3 Princípio de Indução (PI): Ou seja, se
A⊆B
O conjunto
B
não possui sub-conjuntos indutivos próprios.
satisfaz:
1. 1 ∈ A, 2. n ∈ A ⇒ n + 1 ∈ A; então
A = B.
3.3.4 Proposição:
(a)
Considere
B = NF .
Então:
As três condições acima, PBO, PIC e PI, respectivamente, são todas equivalentes.
(b) NF
satisfaz PI e portanto também PBO e PIC.
Demonstração :
O item (b) do enunciado é simples consequência da Observação 3.2.2 e do item
(a). Portanto, a prova do resultado será focalizada no item (a). (PBO ⇒ PIC). Seja
A⊆B C
Em tal caso, o conjunto
C
−A
:= B
:=:
satisfazendo 3.3.2(1,2). Por
B\A
:= B
é não vazio e está contido em menor elemento de em que
C.
∩ Ac ,
B,
∅ = 6 C ⊆ B . Portanto, o PBO implica que existe m m > 1, pois 1 ∈ A. Também, como m é o menor elemento {1, 2, 3, 4, . . . , m − 1} ⊂ A. Mas então, por 3.3.1(2), teria-se
ou seja,
Agora, deve ser
B que não pertence m ∈ A, obtendo-se
a
A,
deve ser
uma contradição. Observe que este é o único ponto na prova da parte 1
onde é utilizada a hipótese (PIC ⇒ PI). Seja
reductio ad absurdum, suponha que A 6= B .
denido como:
A⊆B
B = NF .
satisfazendo 3.3.3(1,2). Observe que 3.3.3(1) implica 3.3.2(1). Também
3.3.3(2) implica 3.3.2(2), pois
{1, 2, . . . , n} ⊆ A ⇒ n ∈ A ⇒ n + 1 ∈ A. A = B.
Ou seja, 3.3.3(1,2)
implica 3.3.2(1,2) e, pelo PIC tem-se (PI ⇒ PBO). Seja
∅= 6 A ⊆ B.
mínimo. Considere o conjunto
C
:= {k
Por
C
suponha-se que
A
não possua elemento
∈ B : 1, 2, . . . , k ∈ / A}.
Observe que
C ⊆ B.
Armação 1:
1 ∈ C.
Com efeito, pois, caso contrário, Armação 2:
reductio ad absurdum,
denido como:
O 1∈A
k ∈ C ⇒ k + 1 ∈ C.
e então
A
teria elemento mínimo, a saber:
1.
H O
46
Naturalmente, os Naturais
Com efeito, por
1, 2, . . . , k ∈ /A k + 1.
reductio ad absurdum, suponha que k ∈ C , mas k + 1 ∈/ C .
e portanto
k+1 ∈ / C ⇒ k + 1 ∈ A.
Portanto,
Portanto, pelas Armações 1 e 2 e o PI, tem-se que
∅,
absurdo.
A
Observe que
k∈C ⇒
teria elemento mínimo, a saber:
H C = B ⇒ 1, 2, . . . , n ∈ / A, ∀n ∈ B ⇒ A =
Exercícios para o Capítulo 3 3.4
Paridade n ∈ N é denominado par se n = 2k k ∈ N ∪ {0}.
Um número natural para algum
3.4.1 Exercício:
Prove que todo número natural
Sugestão: use indução em
3.4.2 Exercício:
Seja
⇒ n2
(a)
n
par
(b)
n
ímpar
(c)
n2
par
(d)
n2
ímpar
⇒ n
♣
n.
n ∈ N.
Então:
ímpar.
♣
ímpar.
Prove que
n
é ímpar se e somente se
n = 2k − 1
para algum
k ∈ N.
♣
Números Naturais e o Princípio de Indução
3.5.1 Exercício: (a)
é ou par ou ímpar.
par.
3.4.3 Exercício:
3.5
k ∈ N ou ímpar se n = 2k + 1
par.
⇒ n2
⇒ n
n
para algum
Soma Geométrica de Razão
r
Demostrar por indução que:
1 + r + r2 + · · · + rn = se
r 6= 1.
1 − rn+1 , 1−r
Observe-se que no caso
r = 1,
o cáclulo da soma certamente não representa
problema nenhum.
(b)
Deduzir este resultado escrevendo
r
e eliminando
Sn
Sn = 1 + r + r2 + · · · + rn ,
entre as duas equações. 47
multiplicando esta equação por
♣
48
Naturalmente, os Naturais
3.5.2 Exercício:
A
seqüência de Fibonacci
a1 , a2 , a3 , . . .
dene-se como segue:
a1 = 1, a2 = 1, an = an−1 + an−2 ,
para
n > 3.
Esta seqüência, cujos primeiros termos são
1, 1, 2, 3, 5, 8, . . . ,
foi considerada no ocidente primeira-
mente por Leonardo de Pisa, ou Leonardo Pisano, também conhecido como Fibonacci,
llius
de
Bonacci, (c. 1175-1250). Conta a lenda, que Fibonacci houve de considerar um suposto problema de coelhos. Fibonacci supôs que um casal de coelhos procriava um novo casal a cada mês e que após
an de casais nascidos no n-ésimo mês é an−1 +an−2 , dado que nasce um casal por cada casal nascido no mês anterior e, além dois meses cada novo casal comportava-se da mesma maneira. O número
disso, cada casal nascido dois meses atrás produz agora um novo casal. Resulta verdadeiramente surprendente o número de resultados interessantes relacionados com esta seqüência, até o ponto de existir uma Associação Fibonacci que publica uma revista,
an =
The Fibonacci Quaterly.
Prove que:
√ !n √ !n 1+ 5 1− 5 − 2 2 √ . 5
3.5.3 Exercício:
Explique qual é o
♣
erro
Proposição: Dado um conjunto de
n
na seguinte demonstração por indução: pessoas quaisquer, se pelo menos uma delas for
loira, então todas elas são loiras.
Demonstração:
n = 1. Para ilustrar a valin = 3 para o caso n = 4. Para tanto, suponha que a proposição é verdadeira para n = 3 e sejam P1 , P2 , P3 , P4 quatro pessoas tais que pelo menos uma delas é loira, digamos, P1 . Considerando P1 , P2 , P3 conjuntamente e fazendo uso do fato que a proposição é verdadeira para n = 3, resulta que também P2 e P3 são loiras. Repetindo esse mesmo processo mas agora com P1 , P2 , P4 , encontra-se analogamente que P4 é loira. Portanto, as quatro são loiras. Um raciocínio análogo permite a passagem de k para k + 1 no caso geral. A proposição é evidentemente certa para
dade do paso indutivo, considere a passagem do caso
Corolário: Toda pessoa é loira.
Demonstração:
Dado que existe pelo menos uma pessoa loira, pode-se aplicar o resul-
tado precedente ao conjunto formado por todas as pessoas. Este exemplo foi adaptado de um outro devido a G. Polya [10], quem sugere ao leitor a vericação experimental da proposição, cf. [1, p. 45].
3.6
Somas de Potências de Números Naturais
3.6.1 Exercício: (a)
n X k=1
Demostrar por indução as seguintes fórmulas:
k = 1 + 2 + ··· + n =
n(n + 1) . 2
♣
49
3.6 Somas de Potências de Números Naturais
(b)
n X
k 2 = 12 + 22 + · · · + n2 =
n(n + 1)(2n + 1) . 6
k 3 = 13 + 23 + · · · + n3 =
n2 (n + 1)2 . 4
k=1
(c)
n X k=1
3.6.2 Exercício:
(a)
n X
♣
Encontrar uma fórmula para:
(2k − 1) = 1 + 3 + 5 + · · · + (2n − 1).
k=1
(b)
n X
(2k − 1)2 = 12 + 32 + 52 + · · · + (2n − 1)2 .
♣
k=1
A fórmula para
12 + 22 + · · · + n2
pode ser deduzida como segue. Começa-se com a identidade:
(k + 1)3 − k 3 = 3k 2 + 3k + 1. Escrevendo esta fórmula para
n = 1 é trivialmente válido e o caso n = 2 é o exercício anterior. Para n, mas observe que quase tudo o trabalho já foi feito nos itens (a) e organizar isso da maneira apropriada. Considere os casos n par e n ímpar ♣
Sugestão: O caso
n>2
use indução em
(b). Agora é só separadamente.
3.7.3 Exercício:
Este exercício fornece uma prova alternativa da relação P(n) do Exercício
anterior.
(a)
k
Sugestão: O caso
k=1
corresponde ao Exercício 3.7.1. Para
não se confunda: do caso
(b)
k ∈ N.
Prove que P(2 ) vale para todo
2k
deve-se passar para
Prove que P(n) vale para todo Sugestão: dado aos
k
2
n ∈ N,
seja
k
k>1
use indução em
k,
mas
2k+1 = 2.2k .
n ∈ N.
tal que
2k > n.
Aplique agora o resultado do item (a) acima
números:
a1 , a2 , . . . , an , An , An , . . . , An ; | {z } 2k − n vezes
onde
An =
a1 + a2 + · · · + an . n
Um importante corolário deste exercício será fornecido no Exercício 11.2.2.
♣
51
3.8 Coecientes Binomiais
3.8 Se
Coecientes Binomiais
0 6 k 6 n,
coeciente binomial
dene-se o
n k n n = 0 n
:=
n k
como:
n(n − 1) · · · (n − k + 1) n! = , k!(n − k)! k!
se
k 6= 0
e
k 6= n;
:= 1.
Observe-se que a segunda denição vira caso particular da primeira denindo
3.8.1 Exercício: (a)
0!
:= 1.
O Triângulo de Pascal
Demonstre que:
n+1 k
=
n n + . k−1 k
Sugestão: A prova segue diretamente da denição e não requer nenhum argumento de indução.
(b)
Use o item (a) anterior para provar por indução (em
n)
que
n k
é sempre um número
natural.
(c)
Uma outra demostração de que
n k
é um número natural pode ser obtida observando que
n é o número de sub-conjuntos de {1, 2, . . . , n} que têm exatamente k k
3.8.2 Exercício:
O Teorema do Binômio
a e b são dois números quaisquer, n X n n−k k (a + b)n = a b k k=0 n n−1 n n−2 2 n n =a + a b+ a b + ··· + abn−1 + bn . 1 2 n−1
Demonstre o teorema do binômio: se
3.8.3 Exercício:
(a)
k=0
(b)
n X k=0
k
n n n n = + + ··· + + = 2n . 0 1 n−1 n
(−1)k
então:
Use o Teorema do Binômio do exercício anterior para provar as seguintes
identidades:
n X n
elementos cada um.
n n n n = − + ··· ± = 0. k 0 1 n
52
Naturalmente, os Naturais
n X n = 2n−1 . k
(c)
♣
k=0
k ímpar
3.9
Para uma Estimativa do Número
3.9.1 Exercício:
Prove que
2n < n!
se e somente se
e
n > 4.
Sugestão: Para a parte ( ⇐ ) use indução. Para a parte ( ⇒ ) verique a relação entre os valores de
2k
e
k!
para
♣
k = 0, 1, 2, 3.
3.9.2 Exercício:
Usando o Teorema do Binômio, prove que:
n X n k n 1 1 = 1+ k n n k=0 " # n k−1 X 1 Y r =1+ 1− . k! r=1 n
♣
k=1
3.9.3 Exercício:
2+
1 1 − < 2 2n
Verque que para
1+
1 n
n <3−
N3n>4
tem-se:
5 1 − . 24 2n
Sugestão: Usando os dois exercícios anteriores, observe-se que:
n k n k X 1 n−1 n−1 X n 1 n 1 1 − =1+1+ <1+1+ + = k k 2 2n 2n 2n n n k=3 k=0 n 1 = 1+ n "k−1 # n X 1 Y r =1+ 1− k! r=1 n
2+
k=1
<1+
n n n X X X 1 1 1 1 1 1 1 1 1 =1+ + + + <1+ + + + . k! 1! 2! 3! k! 1! 2! 3! 2k
k=1
k=4
k=4
A utilização da relação deste exercício para obter uma estimativa do número
e
será explorada em
♣
capítulos posteriores.
3.10
Para uma Prova da Irracionalidade de
3.10.1 Exercício: (a)
2 n > n2 ,
Prove por indução que:
para todo
n > 3.
er ,
com
r∈Q
53
3.11 Algumas Relações Importantes
(b)
2n > n2 ,
para todo
n > 4. ♣
A prova dos dois itens é basicamente a mesma, com exceção de um pequeno detalhe.
3.10.2 Exercício:
Prove que dado qualquer número real
a∈R
sempre existe
k ∈N
tal que
2k > a. Sugestão: como
k = max{4, n}.
R
é arquimediano, dado
a∈R
sempre existe
n ∈ N tal que n > a. Seja então 2k > k 2 > k > n > a. Observe-
Então, pelo item (a) do exercício anterior tem-se:
se que também poderia ter sido usado o item (b) do exercício anterior, escolhendo neste caso
♣
k = max{5, n}.
3.10.3 Exercício:
Seja
1 an an+k < k , (n + k)! 2 n!
a∈R
para todo
n∈N
tal que
n > 2a.
Prove que:
k ∈ N. ♣
Sugestão: use indução em
k.
3.10.4 Exercício:
a∈R
Seja
arbitrário. Seja
arbitrário. Prove que para todo
>0
existe
m∈N
tal que:
am < . m! Sugestão: pela arquimedianeidade de existe
k∈N
tal que
an 2 > n! k
R sempre existe n ∈ N tal que n > 2a.
Pelo Exercício 3.10.2,
e pelo exercício anterior tem-se:
an+k 1 an < k < . (n + k)! 2 n! Assim, basta escolher
3.11
Algumas Relações Importantes
3.11.1 Exercício: (a)
Para cada
np < (b)
♣
m > n + k.
Para cada
Seja
p∈N
n ∈ N.
Então:
tem-se:
(n + 1)p+1 − np+1 < (n + 1)p . p+1 p∈N
tem-se:
(n + 1)p+1 − 1 > np+1 .
54
(c)
Naturalmente, os Naturais
Para cada
n−1 X
p∈N
tem-se:
n
X np+1 < (k + 1)p . p+1
kp <
k=1
k=1
p∈N 6.
Se em lugar de subtituída por
3.12
for permitido
p ∈ N ∪ {0},
então a segunda desigualdade
Prove que se
n X
Considere-se um conjunto de
a2i = 0
deve ser
♣
A Desigualdade de Schwarz em
3.12.1 Exercício:
<
então deve ser
i=1 por indução da presente seção.
ai = 0
n
Rn
números reais quaisquer
para todo
i = 1, 2, . . . , n.
Observe-se de passagem que os casos
a1 , a2 , . . . , an ∈ R.
Esta é a única prova
n = 1
e
n = 2
já foram
considerados no Exercício 2.4.2, nos itens (b) e (c), respectivamente. De fato, o presente exercício fornece uma prova alternativa do Exercício 2.4.2(c) (mas naquela altura as provas por indução
♣
eram desconhecidas!).
3.12.2 Exercício: Sejam agora
A Desigualdade de Schwarz
a1 , a2 , . . . , an ∈ R
e
b1 , b2 , . . . , bn ∈ R
dois conjuntos de
n
números reais quaisquer.
Então, vale a seguinte relação:
n X
!2 ai bi
6
i=1
3.12.3 Exercício:
n X
! a2i
i=1
n X
! b2i
♣
.
i=1
Neste exercício será vericada uma condição necessária e suciente para ter
igualdade na Desigualdade de Schwarz.
(a)
Suponha-se que existe
ai − λbi = 0
igualdade. (b)
para todo
λ ∈ R tal que bi − λai = 0 para todo i = 1, 2, . . . , n, ou tal que i = 1, 2, . . . , n. Então na Desigualdade de Schwarz vale, de fato, a λ ∈ R tal que ai − λbi = 0 para todo i = 1, 2, . . . , n. Neste exercício que abre a presente seção. ♣
Reciprocamente, se na Desigualdade de Schwarz vale a igualdade, então existe
bi − λai = 0 para todo i = 1, 2, . . . , n,
ou tal que
ponto será usado mais uma vez o resultado do
3.13
O Problema de Collatz O Tao gera o Um. O Um gera o Dois. O Dois gera o Três. O Três gera todas as coisas. Lao Tzu
2
55
3.13 O Problema de Collatz
O Algoritmo
3x + 1.
Dene-se uma seqüência de números naturais pela seguinte regra: começa-
se por qualquer natural arbitrariamente escolhido, digamos,
an+1
então
a0 .
Agora, supondo conhecido
an ,
é denido da seguinte maneira:
( an+1 =
an /2 3an + 1
an an
se se
Por exemplo, escolhendo
é par, é ímpar.
a0 = 7,
gera-se a seqüência:
7, 22, 11, 34, 17, 52, 26, 13, 40, 20, 10, 5, 16, 8, 4, 2, 1. Se fosse
100, 50, 25, 76, 38, 19, 58, 29, 88, 44, 22, 11, 34, 17, 52, 26, 13, 40, 20, 10, 5, 16, 8, 4, 2, 1. A seqüência é deliberadamente truncada ao chegar ao número um ciclo fechado: do
3.13.1 Exercício: (b)
1
passa para o
(a)
deste para o
Prove que se
Prove que o seguinte
an+1
4,
k∈N
2
1,
pois se continuar, ela entra em
e aí novamente para o
é ímpar então
3k + 1
1.
também é.
mapa de Terras denido por:
a an − n 2 = an + an + 1 2
se
an
é par,
se
an
é ímpar.
♣
é equivalente ao mapa de Collatz anteriormente denido.
3.13.2 Exercício:
γ = 2n α − 1,
com
Prove que todo número
n∈N
e
α
N3γ
ímpar pode ser escrito
Sugestão: Isso é equivalente a dizer que todo número par
γ + 1 = 2n α
forma
3.13.3 Exercício: Seja
(a)
m ∈ N.
com
α
Seja
T
T k a0
é ímpar para todo
3m T a0 = a0 + (a0 + 1) m − 1 . 2 XLII].
γ+1
pode ser escrito univocamente na
o mapa de Terras introduzido no Exercício 3.13.1. Seja
Prove que:
2 [17,
na forma
ímpar, o que segue do Teorema Fundamental da Aritmética.
Suponha-se que
m
univocamente
ímpar.
k = 0, 1, 2, . . . , m − 1.
Então:
a0 ∈ N
♣
dado.
56
Naturalmente, os Naturais
(b)
Em tal caso, deve ser Sugestão:
a0 = 2m α − 1,
Observe-se que
T m a0
para algum
α ∈ N.
deve ser um número natural.
Em particular, o segundo
termo do membro à direita na expressão do item anterior deve ser natural. Mas ímpar e, portanto, deve ser
3.13.4 Exercício:
(a)
par, então deve ser
(b)
(a0 + 1)
T k a0
Prove que se
n
a0 = 2 α − 1,
múltiplo de
a0 = 2n α − 1, k = 0, 1, 2, . . . , n − 1 e T n a0 é par.
N3α
para algum
3m − 2m
é
♣
.
é ímpar para todo
para algum
Reciprocamente, se
2
m
k = 0, 1, 2, . . . , n − 1
e
T n a0
é
ímpar.
N3α
ímpar, então
T k a0
é ímpar para todo
m = n. Para a parte (b), primeirak 6 n tal que T k a0 é par. Para tanto, use redução ao absurdo, usando o Exercício 3.13.3(a) com m = n para obter uma contradição. Se k0 é o mínimo de tais k , então prove que deve ser k0 = n. Para isso, use o item (a) anterior com n = k0 e o resultado de unicidade do Exercício 3.13.2. ♣
Sugestão: Para o item (a) use o Exercício 3.13.3 anterior, com mente prove que deve existir algum
3.13.5 Exercício: (a)
Prove que
Seja
a0 = 2n α − 1,
T n a0 = 3n α − 1.
para algum
n∈N
e
N3α
ímpar.
Observe-se que, pelo Exercício 3.13.4(b), resulta
T n a0
par.
Portanto, tem-se:
T n+1 a0 =
3n α − 1 . 2 3n > 2n+1
(b)
Seja
(c)
Determine condições necessárias e sucientes sobre
n ∈ N.
n=1
e
Prove que
se e somente se
n > 2. n
e
α
para que
1.
Resposta:
♣
α > 3.
Observe que nos exemplos exibidos de seqüências de Collatz, o número De fato, em
T n+1 a0 < a0 .
todos
1 resulta sempre atingido.
os exemplos até hoje conhecidos, tarde ou cedo a seqüência sempre acaba no
Contudo, não existe nenhuma prova rigorosa desse fato. A conjectura de que esse sempre será
o caso, para qualquer número de partida arbitrário, é conhecida como Problema de Collatz, ou alternativamente como Problema
3x + 1,
ou de Hasse, ou de Syracuse, ou de Kakutani, e até de
Ulam.
3.13.6 Exercício: (a) (b)
Com relação ao problema de Collatz, observe-se que:
Basta prová-lo para os números ímpares. Na verdade, basta prová-lo apenas para os números ímpares da forma
N3α
a0 = 2 α − 1,
com
ímpar.
Sugestão: Use os resultados dos Exercícios 3.13.2 e 3.13.4.
♣
57
3.13 O Problema de Collatz
3.13.7 Exercício:
a0 = 2 α − 1,
com
N3α
ímpar,
α > 3,
se e somente se
a0 = 4k + 1,
k ∈ N.
com
♣
Os Exercícios 3.13.6(b) e 3.13.5(a) inspiram as seguintes denições.
Sejam
γ
e
β
funções
denidas por:
− 1; 3α − 1 β(α) := . 2 γ(α)
:= 2 α
Observe-se que se
a0 = γ(α)
com
α
ímpar, então, pelo Exercício 3.13.5(a) com
n = 1,
tem-se
T 2 a0 = β(α).
3.13.8 Exercício: (a)
γ(α)
(b)
γ n (α) > 1
(c)
β(α) < γ(α),
(d)
βγ = γβ .
Prove que as funções
n ∈ N,
para todo
Ou seja,
γ
e
e
β
satisfazem as seguintes propriedades:
α ∈ N.
é ímpar, para todo para todo
γ
se
α > 1.
α > 1.
β
comutam.
γ n (α) = 2n (α − 1) + 1, para todo α. n (α − 1) + 1, para todo α. (f ) β n (α) = 32
(e)
Usando as propriedades do Exercício anterior, resulta facil provar o resultado a seguir.
3.13.9 Exercício: := 2n ρ
Seja
a0 ∈ N
da forma
a0 = 4n ρ + 1,
T 2k a0 = γ n−k (β k (α)),
com
n ∈ N 3 ρ.
(a)
Seja
(b)
T 2k a0 com k = 0, 1, 2, . . . n, constituem uma sequência estritamente decrescente. T a0 < T 2(n−1) a0 < · · · < T 2 a0 < a0 .
α
+ 1.
Prove que
para todo
k = 0, 1, 2, . . . , n.
Os
Ou seja,
2n
α := 2n ρ + 1, então a0 = γ n (α). k = 0, 1, 2, . . . , n − 1 tem-se:
Sugestão: Para o item (a), observe que se na hipótese do exercício, para todo
Observe também que,
β k (γ n−k−1 (α)) = 4n−k−1 (3k 2ρ) + 1, que é um número ímpar (maior ou igual que 3, o que será necessário para provar o item (b)).
3.13.10 Exercício:
Em particular, se
a0 = 4n ρ + 1,
com
n ∈ N 3 ρ,
tem-se:
♣
58
Naturalmente, os Naturais
T 2n a0 = β n (α) = 3n ρ + 1. n 3 (b) a0 − T 2n a0 = (a0 − 1) 1 − . 4 (a)
(c)
Portanto:
n 3 a0 − T 2n a0 = 1− −−−−→ 1. n→∞ a0 − 1 4
♣
Capítulo 4
Inteiramente Inteiros 4.1
Divisibilidade
O objetivo do presente capítulo consiste em provar o assim denominado
da Aritmética,
Teorema Fundamental
que estabelece que todo número inteiro pode ser completamente fatorizado como
produto de primos e de maneira esencialmente única. Salvo menção explícita em contrário, todos os números deste capítulo são inteiros.
4.1.1 Denição: algum Se
k∈Z
a | b,
tal que
Seja Z 3 a 6= 0. Se diz que a divide b = ka, o que se denota por a | b.
costuma-se dizer que
4.1.2 Lema:
Seja
a
é um
Z 3 a 6= 0.
a um número inteiro
divisor de b, ou, igualmente, que
b
é um
b∈Z
se existe
múltiplo de
a. ♣
Então:
(a) a | b ∧ a | c ⇒ a | (b + c). (b) a | b ⇒ a | bc. (c) ac | bc ⇒ a | b. (d)
Se
a|b
com
b 6= 0,
então
|a| 6 |b|.
Em particular, todo número inteiro não nulo possui uma
quantidade nita de divisores.
(e) a | b ⇒ a | −b. (f ) a | b ⇐⇒ a | |b|. (g) a | b ⇒ −a | b. (h) a | b ⇐⇒ |a| | b.
59
60
Inteiramente Inteiros
Demonstração :
(a) Se a | b, (k + l)a ⇒ a | (b + c).
então
b = ka
e se
(b)
a | b ⇒ b = ka ⇒ bc = kac = kca ⇒ a | bc.
(c)
Por hipótese,
ac 6= 0.
Portanto
c 6= 0.
a | c,
então
c = la.
Portanto
b + c = ka + la =
Assim:
ac | bc ⇒ ∃k ∈ Z : bc = kac ⇒ b = ka ⇒ a | b. b 6= ka, então b < ka ou b > ka. No primeiro caso, ou seja, b < ka, c 6= 0 ⇒ bc < kac ou bc > kac, o que contradiz bc = kac. Analogamente, b > ka uma contradição. Portanto deve ser b = ka.
(e) provado acima. Para a parte ( ⇐ ) observe-se que Se
(g) (h)
|b| = −b,
|b| = ±b. Se |b| = b, então a | |b| = b. a | |b| = −b ⇒ a | −(−b) = b.
então pelo item (e) anterior tem-se
a | b ⇒ b = ka = (−k)(−a) ⇒ −a | b. Para a parte ( ⇒ ) observe-se que
|a| = ±a.
Portanto o resultado segue trivialmente do item
(g) provado acima. Para a parte ( ⇐ ) observe-se que Se
4.2
|a| = −a,
então pelo item (g) anterior tem-se
O Algoritmo da Divisão
4.2.1 Proposição:
b = qa + r; Mais ainda,
q
e
r
b = 0:
b 6= 0: |b| ∈ A.
Caso
Seja
Z3a>0
e
b ∈ Z.
q, r ∈ Z
tais que:
estão unívocamente determinados por essa condição.
Como
Seja
A
a>0
:=
{n ∈ N : na > b}.
por hipótese, tem-se
Como neste caso deve ser
Desta maneira, existe
min A.
|b| > 0,
Observe-se que deve ser
Observe-se que
1.a = a > 0 = b. tem-se
A⊆N
e
A 6= ∅.
Portanto,
Com efeito:
1 ∈ A.
a > 0 ⇒ a > 1 ⇒ a |b| > |b| > b.
Portanto,
Seja então:
q
q < min A.
Então, existem
0 6 r < a.
Demonstração : Caso
|a| = ±a. Se |a| = a, então a = |a| | b. −a = |a| | b ⇒ a = −(−a) | b.
qa 6 b,
:=
min A − 1.
pois caso contrário teria-se que
Dene-se:
r
:= b
− qa > 0.
q ∈ A,
contradizendo o fato que
61
4.3 Mínimo Múltiplo Comum
Com esta denição, obviamente
b = qa + r.
Além disso:
r − a = b − qa − a = b − (q + 1)a = b − (min A)a < 0 ⇒ r < a. Isso prova a existência. Para provar a unicidade, suponha-se que existam
qi , ri ∈ Z
com
i = 1, 2
satisfazendo:
b = qi a + ri , 0 6 ri < a; ∀i = 1, 2. Em tal caso, teria-se que:
q1 < q2 ⇒ q1 6 q2 − 1 ⇒ r1 = b − q1 a > b − (q2 − 1)a = (b − q2 a) + a = r2 + a > a o que contradiz o fato que deve ser
q1 = q2 =: q .
r1 < a.
Analogamente,
q2 < q 1
conduz a uma contradição. Portanto,
Desta maneira, tem-se:
r1 = b − q1 a = b − qa = b − q2 a = r2 .
4.3
Mínimo Múltiplo Comum
Sejam
a
e
b
inteiros
M (a, b)
:= {n
positivos, Z 3 a > 0 e Z 3 b > 0.
Observe-se que o conjunto denido por:
∈ N : a | n ∧ b | n}
ab ∈ M (a, b). Com efeito, obviamente a | ab a > 0 e b > 0, segue que ab > 0 e assim ab ∈ N. Portanto, pela Proposição 3.3.4 M (a, b) possui um elemento mínimo. Isso motiva a denição a seguir.
é um conjunto não-vazio de números naturais, pois e
b | ab
e como
segue que
4.3.1 Denição: o número natural
4.3.2 Lema:
Dene-se o
[a, b]
Se
mínimo múltiplo comum de dois inteiros
dado pelo mínimo do conjunto
m ∈ M (a, b). a e b.
Então,
[a, b] | m.
positivos a e b como ♣
M (a, b).
Ou seja, o mínimo múltiplo comum divide a
todo múltiplo comum de
Demonstração :
Para simplicar a notação, seja
α
Portanto, a Proposição 4.2.1 implica na existência de
:= [a, b]. q, r ∈ Z,
α ∈ N ⇒ α > 0. m = qα + r com 0 6 r < α.
Observe-se que tais que
Observe-se que:
α ∈ M ⇒ a | α ⇒ a | αq ⇒ a | −αq. m ∈ M ⇒ a | m. Portanto, a | m − αq = r. Analogamente, prova-se 0 < r, teria-se que r ∈ M , o que contradiz o fato que r < α = min M . r = 0, ou seja m = qα, o que signica que α | m.
b | r.
Por outro lado,
que
Agora, se fosse
Portanto,
deve ser
62
Inteiramente Inteiros
4.4
Máximo Divisor Comum
Para qualquer
D(a)
a∈Z
:= {n
4.4.1 Lema:
(a) D(a)
dene-se o conjunto
D(a)
como:
∈ N : n | a}.
a ∈ Z.
Seja
Então:
é sempre um conjunto não-vazio de números naturais.
(b) D(0) = N. (c) D(a) = D(|a|). (d)
Se o inteiro
Demonstração :
a
for não nulo,
(a)
Z 3 a 6= 0,
1 ∈ D(a),
Observe-se que
(b)
Observe-se que
(c)
Segue trivialmente do Lema 4.1.2(f ).
(d)
Se
Z 3 a 6= 0,
n | 0,
para todo
max{n ∈ N : n ∈ D(a)} = |a|.
então
para todo
a ∈ Z.
n ∈ N.
então, pelo Lema 4.1.2(d),
D(a)
é um conjunto
nito.
Em tal caso, usando o
item (c) anterior, tem-se:
max{n ∈ N : n ∈ D(a)} = max{n ∈ N : n ∈ D(|a|)} = |a| .
Observe-se que se algum dos conjuntos
aeb D(a)
são inteiros e/ou
D(b)
não simultaneamente nulos, pelo Lema 4.1.2(d), segue que
deve ser nito. Portanto, o conjunto
D(a) ∩ D(b)
é nito.
Isso motiva a denição a seguir.
4.4.2 Denição: nulos
a
e
b
Dene-se o
máximo divisor comum de dois inteiros não simultaneamente
como o número natural
4.4.3 Lema:
Sejam
a, b ∈ Z
(a, b)
dado pelo máximo do conjunto
D(a) ∩ D(b).
não simultaneamente nulos. Então:
(a) d ∈ D(a) ∩ D(b) ⇒ d | (a, b).
Ou seja, todo divisor comum de
a
e
b
divide o máximo divisor
comum.
(b)
Se adicionalmente fossem
Demonstração : Caso
α | ab ⇒
a>0
e
b > 0,
então
Para simplicar a notação, seja
a > 0, b > 0:
Como obviamente
ab =: k ∈ Z. α
♣
α
ab ∈ M (a, b),
[a, b] (a, b) = ab.
:= [a, b].
pelo Lema 4.3.2 tem-se que:
63
4.4 Máximo Divisor Comum
d ∈ D(a) ∩ D(b)
tem-se:
d ∈ D(a) ⇒ d | a ⇒
a ∈ Z. d
Agora, se
Analogamente:
b ∈ Z. d
d ∈ D(b) ⇒ d | b ⇒ Observe-se também que:
a|a ⇒ a|a ou seja,
b ab = , d d
ab ∈ M (a, b). d
α = [a, b] |
b|b ⇒ b|b
a ab = , d d
Portanto, usando o Lema 4.3.2 tem-se:
ab ab/d ab ab/α k ⇒ Z3 = = = ⇒ d | k. d α dα d d
(4.4.1)
Por outro lado, tem-se:
b|α ⇒ ou seja,
k|a
a α = ∈ Z, k b e
k | b.
a|α ⇒
Observe-se que
b α = ∈ Z, k a
k>0
neste caso. Portanto,
k ∈ D(a) ∩ D(b).
Da relação
(4.4.1) anterior tem-se:
d ∈ D(a) ∩ D(b) ⇒ d | k ⇒ d = |d| 6 |k| = k ⇒ d 6 k. Portanto
k = max D(a) ∩ D(b) = (a, b).
Ou seja,
ab = αk = [a, b](a, b).
Isso prova o enunciado (b)
do presente lema, como também (a) neste caso. Caso
a 6= 0, b 6= 0: Por um resultado anterior sabe-se que D(a) = D(|a|) e D(b) = D(|b|).
Portanto:
(a, b) = (|a| , |b|). Agora,
a 6= 0 ∧ b 6= 0 ⇒ |a| > 0 ∧ |b| > 0.
Portanto, usando o caso anterior já provado tem-se:
d ∈ D(a) ∩ D(b) = D(|a|) ∩ D(|b|) ⇒ d | (|a| , |b|) = (a, b). Isso prova (a) nesse caso.
a 6= 0 ou b 6= 0: Para D(a) = D(0) = N, e assim:
Caso
xar idéias, suponha-se que
a = 0
e
b 6= 0.
Em tal caso, tem-se
D(a) ∩ D(b) = N ∩ D(b) = D(b) = D(|b|). A relação acima tem as seguintes consequências. Em primeiro lugar:
(a, b) = max D(a) ∩ D(b) = max D(|b|) = |b| , pois
b 6= 0 ⇒ |b| > 0.
Por outro lado:
d ∈ D(a) ∩ D(b) = D(|b|) ⇒ d | |b| = (a, b) ⇒ d | (a, b), o que prova (a) neste caso.
64
Inteiramente Inteiros
4.4.4 Lema:
Se
Demonstração : Caso
b = 0:
a | bc
e
(a, b) = 1,
então
a | c.
Observe-se que por hipótese,
a = ±1
Neste caso deve ser
a 6= 0.
e, dessa maneira,
a | c,
trivialmente. Com efeito, tem-se:
D(b) = D(0) = N ⇒ D(a) ∩ D(b) = D(a) ⇒ 1 = (a, b) = max D(a) ∩ D(b) = max D(a) = |a| ⇒ a = ±1 ⇒ a | c. b 6= 0: Seja α := [|a| , |b|]. Observe-se que α está 0 ∧ |b| > 0. Assim, utilizando o Lema 4.4.3, tem-se:
Caso
bem denido, pois
a 6= 0 ∧ b 6= 0 ⇒ |a| >
α = α.1 = α.(a, b) = [|a| , |b|].(a, b) = [|a| , |b|].(|a| , |b|) = |a| . |b| . Por outro lado, tem-se:
a | bc ⇒ |a| | bc ⇒ bc = k |a| , ou seja,
bc
é múltiplo de
|a|.
Também, obviamente
b | b ⇒ b | bc ⇒ |b| | bc, ou seja,
bc
também é múltiplo de
|b|.
Como
bc
é então um múltiplo comum de
|a|
e
|b|,
pelo Lema
4.3.2, tem-se:
|ab| = |a| . |b| = α = [|a| , |b|] | bc ⇒ ab | bc ⇒ a | c.
4.4.5 Lema:
1),
Seja
N 3 n > 2.
Se
a | a1 a2 · · · an−1 an
com
(a, ai ) = 1
para todo
i = 1, 2, . . . , (n −
a | an .
então
Demonstração : vale para
n−1
Por indução no número de fatores
n.
O caso
n = 2 é o Lema 4.4.4.
Se o resultado
fatores, então:
a | a1 a2 · · · an−1 an ∧ (a, ai ) = 1, ∀ i = 1, 2, . . . , n − 1 ⇒ a | (a1 )(a2 · · · an ) ∧ (a, a1 ) = 1. Assim, do Lema 4.4.4 decorre que:
a | a2 · · · an ∧ (a, ai ) = 1, ∀ i = 2, . . . , n − 1. | {z } n − 1 fatores
Portanto, pela hipótese indutiva, tem-se que
4.5
Números Primos
4.5.1 Denição: que
1
a | an .
Z3a>1
é denominado
primo se
D(a) = {1, a}. 1 e a.
é primo se tiver apenas dois divisores positivos, a saber,
Os primeiros números primos são
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19.
Ou seja, um inteiro maior
♣
65
4.5 Números Primos
4.5.2 Lema:
Se
Z 3 a > 1,
então existem
n∈N
p1 , p2 , . . . , pn
e
primos tais que:
a = p1 p2 · · · pn . Ou seja, todo inteiro
Demonstração :
a>1
pode ser escrito como um produto (nito) de números primos.
2 já é a for primo, então o resultado é obviamente válido para a. Se a não for primo, então deve ser a = a1 .a2 , com 1 < a1 < a e 1 < a2 < a. Portanto, a1 , a2 ∈ {2, 3, . . . , a − 1} e o resultado é válido para a1 e a2 , primo.
Seja
a.
Por indução em
a > 2
Se
a = 2,
o resultado é trivialmente válido, pois
e suponha-se que o resultado é válido para
2, 3, . . . , a − 1.
Se
em virtude da hipótese indutiva:
a1 = p1 · · · pn , a2 = q1 · · · qm . Portanto,
a = a1 .a2 = p1 · · · pn .q1 · · · qm
4.5.3 Lema:
Seja
p
primo. Se
Se
p
é primo, então
Demonstração :
D(p) ∩ D(a) = {1}
4.5.4 Lema:
p
então
a.
(p, a) = 1.
D(p) = {1, p}. Se p não divide a, então p ∈ / D(a). (p, a) = max D(p) ∩ D(a) = max{1} = 1.
e obviamente
Seja
p - a,
e o resultado vale para
primo. Se
p | a1 a2 · · · an ,
então existe
i0 ∈ {1, 2, . . . , n}
tal que
Portanto,
p | ai0 .
Demonstração :
então pelo Lema 4.5.3 teria-se
que
teria-se que
Se p não divide ai para todo i = 1, 2, . . . , n − 1, (p, ai ) = 1, para todo i = 1, 2, . . . , n − 1, e pelo Lema 4.4.5, bastaria tomar i0 = n.
4.5.5 Lema: tal que
Sejam
p
e
p1 , p2 , . . . , pn
primos. Se
p | p1 p2 · · · pn ,
então existe
p | an .
Portanto,
i0 ∈ {1, 2, . . . , n}
p = pi0 .
Demonstração : deve ser
p=1
ou
Pelo Lema 4.5.4 existe i0
p = pi0 .
Mas se
p
∈ {1, 2, . . . , n} tal que p | pi0 . Agora, como pi0 p > 1. Portanto, p = pi0 .
é primo,
é primo, deve ser
4.5.6 Teorema (Fundamental da Aritmética):
Seja
Z 3 a > 1.
Se
a = p1 p2 · · · pn = q1 q2 · · · qm , onde n, m ∈ N e p1 , p2 , . . . , pn e q1 , q2 , . . . , qm são todos primos com p1 6 p2 6 · · · 6 pn e q1 6 q2 6 · · · 6 qn , então m = n e pi = qi para todo i = 1, 2, . . . n. Ou seja, a fatorização em primos do Lema 4.5.2 é única, salvo a ordem dos fatores.
Demonstração : n=1
e
p1 = p.
Armação: Se
p
é primo, a fatorização é única e dada pelo próprio
p.
Ou seja,
O
66
Inteiramente Inteiros
p = p1 p2 · · · pn , então obviamente p | p = p1 p2 · · · pn . Portanto, do Lema 4.5.5 segue p = pi0 para algum i0 ∈ {1, 2, . . . , n}, que podemos supor, sem perda de generalidade, como i0 = 1, trocando a ordem dos pi 's se for necessário. Ou seja, p = p1 . Portanto deve ser n = 1 e p = p1 . H Com efeito, se
que
a = 2 é primo, a unicidade a = 2. (Observe-se que pi > 1 ⇒ pi > 2 ⇒ a = p1 p2 · · · pn > 2n > 2, onde a última desigualdade vale no caso n > 1. Portanto, deve ser n = 1.) Seja a > 2 e suponha-se que o resultado é válido para 2, 3, . . . , a − 1. Se a for primo, então o resultado é válido para a pela Armação anterior. Seja então a não-primo e suponha-se
Seja agora
a > 1.
A prova da unicidade é por indução em
a.
Como
segue da Armação anterior, e portanto o resultado é válido para
que:
a = p1 p2 · · · pn = q1 q2 · · · qn com
p1 6 p2 6 · · · 6 pn
e
q1 6 q2 6 · · · 6 qn .
Pelo Lema 4.5.5 tem-se que:
q1 | a = p1 p2 · · · pn ⇒ q1 = pi0 para algum
i0 ∈ {1, 2, . . . , n}.
Analogamente:
p1 | a = q1 q2 · · · qm ⇒ p1 = qj0 para algum
j0 ∈ {1, 2, . . . , m}.
Portanto,
p1 6 pi0 = q1 6 qj0 = p1 ,
ou seja:
p1 = q1 . Agora, como
1 < p1 < a
(4.5.1) e
p1 | a
1
tem-se:
a a = p2 p3 · · · pn = q2 q3 · · · qn = < a, p1 q1 a 1 < q1 ∧ a > 0 ⇒ a < aq1 ⇒ < a. Portanto, a hipótese indutiva pode ser aplicada q1 a a a (ou , pois são iguais). Assim, dado que = p2 · · · pn = q2 · · · qn , deve ser ao número p1 q1 p1 n − 1 = m − 1, ou seja, n = m e pi = qi para todo i = 2, . . . , n, o seja, pi = qi para todo i = 1, 2, . . . , n, por (4.5.1). pois
1 Observe-se
que em geral seria
p1 6 a,
mas é
p1 < a,
pois
a
não é primo, segundo suposição
ad hoc.
Exercícios para o Capítulo 4 4.6
Existem Innitos Primos
4.6.1 Exercício: Sugestão:
Prove que existem innitos números primos.
Por redução ao absurdo, começe supondo que existe um conjunto nito de primos,
{p1 , p2 , . . . , pn } e considere-se o número a := 1 + p1 p2 · · · pn . Obviamente, a > 1. Por outro lado, a não pode ser um daqueles primos, pois segue da denição que a > pi para todo i. Finalmente, se a fosse um número composto, pelo Lema 4.5.2 deveria ser divisível por algum dos pi 's, digamos pi0 . Mas então, como pi0 | a e obviamente pi0 | p1 p2 · · · pn , pelo Lema 4.1.2(a,e), segue que pi0 divide a a − p1 p2 · · · pn = 1. Então pelo Lema 4.1.2(d) deveria ser pi0 6 1, o que contradiz o fato de ser pi0 > 1, pois pi0 é primo. Este argumento chegou até nós através de Euclides. In: Elementos, IX, 20, apud [14]. ♣ digamos
4.7
Números de Fermat
Os números da forma: n
Fn = 22 + 1, para
n = 0, 1, 2, . . . ,
4.7.1 Exercício: (b)
são denominados
(a)
Prove que, para
n−1 Y
números de Fermat.
Calcule os primeiros cinco números de Fermat
n > 1,
F0 , F1 , . . . , F4 .
tais números satisfazem a seguinte relação de recorrência:
Fk = Fn − 2.
k=0
(c)
Deduça da relação anterior que
(Fn , Fm ) = 1
se
n 6= m.
Ou seja, dois quaisquer números
de Fermat diferentes não possuem divisores comuns (exceto o número também costuma ser expressada dizendo que tais números são
1).
Essa propriedade
primos entre si ou co-
primos. Sugestão: Por redução ao absurdo, suponha a existência de um divisor comum a relação de recorrência do item anterior verique que deve ser
d=2
que o primeiro caso é impossível pela denição de Número de Fermat. 67
ou
d = 1,
d.
Usando
observando
68
(d)
Inteiramente Inteiros
Use o resultado do item (c) anterior para dar uma outra prova de que existem innitos números primos.
♣
Capítulo 5
Raciocinando nos Racionais 5.1
Uma Prova de Irracionalidade
A insuciência dos racionais para representar relações que aparecem ainda na geometria elementar marca uma época na história da Matemática antiga e data de aproximadamente vinte e cinco séculos, quando o renome do lósofo Pitágoras de Samos e da sua seita de seguidores percorria as ilhas do mar Egeu. A descoberta dos números irracionais atribui-se, mais especicamente, ao pitagórico Hippasus de Metapontum, nascido aproximadamente em 500 A.C. na Magna Græcia, quem parece ter desenvolvido uma prova, com argumentos principalmente geométricos, da irracionalidade da raiz quadrada de 2, na sua tentativa de representá-la como uma fração. Pitágoras acreditava no carater absoluto dos números inteiros.
Ele não podia negar a existência de números irracionais
pela via da lógica formal, mas a sua ilusória crença não poderia nunca aceitar a sua existência. Ante tão abrumadoras circunstâncias, ele não teve melhor idéia que condenar Hippasus à morte por afogamento. Assim, após este ter revelado a irracionalidade daquele número, os demais membros da seita pitagórica deram-lhe morte. Alega-se também que Hippasus foi um notável pioneiro da pesquisa experimental em acústica e o fenômeno da ressonância, mas pouquísimos dos seus trabalhos originais o sobreviveram.
5.1.1 Lema:
Não existe nenhum
Demonstração :
Por
a∈Q
tal que
reductio ad absurdum,
a2 = 2.
suponha-se que existe
Q3p=
p2 = 2. Sem perda de generalidade pode-se supor que os inteiros m e (m, n) = 1, cancelando os fatores primos comuns se for o caso, o que não
tal que seja
m , com m, n ∈ Z, n n são co-primos, ou altera o quociente.
Observe-se que:
2 = p2 = ou seja,
k ∈ Z.
m2
m2 ⇒ m2 = 2n2 , n2
é par e, pelo Exercício 3.4.2(c), tem-se que
m
é par, digamos,
m = 2k ,
para algum
Portanto:
2n2 = m2 = (2k)2 = 4k 2 ⇒ n2 = 2k 2 , ou seja,
n2
também deve ser par, e pelo Exercício 3.4.2(c), tem-se que 69
n
é par, digamos,
n = 2l,
70
Raciocinando nos Racionais
para algum
l ∈ Z.
Mas isso diz que
2
é um fator comum de
m
e
n,
o que contradiz a suposição
original de que eram co-primos.
5.1.2 Lema:
Sejam
A
e
B
os subconjuntos de
A
:= {r
∈ Q : 0 < r ∧ r2 < 2};
B
:= {r
∈ Q : 0 < r ∧ 2 < r2 }.
Q
denidos respectivamente por:
Então:
(a)
Dado qualquer
p∈A
existe
q∈A
com
p < q.
(b)
Dado qualquer
p∈B
existe
q∈B
com
q < p.
Demonstração : h
:=
(a)
p ∈ Q,
Dado
seja
h
denido como:
2 − p2 2(2p + 1)(p + 1)2
Observe-se que
h∈Q
Armação 1: Se
se
p ∈ A,
p ∈ Q.
então
0 < h < 1.
O
Com efeito, observe-se que:
p ∈ A ⇒ p2 < 2 ⇒ 2 − p2 > 0. Também:
p ∈ A ⇒ p > 0 ⇒ p + 1 > 1 > 0 ⇒ (p + 1)2 > (p + 1) > 1 > 0.
(5.1.1)
Por outro lado:
p > 0 ⇒ 2p + 1 = p + p + 1 > p + 1 > 1 > 0. h > 0. Agora, utilizando p > 0 ⇒ p 6= 0, tem-se:
Das três últimas relações decorre que além do fato que
q > 0, pois p > 0 ⇒ 1/p > 0 e 2 = 1 + 1 > 0 ⇒ 1/2 > 0 ⇒ p/2 > 0, p/2 + 1/p > 0. Observe-se igualmente que q < p, pois p − q = (p2 − 2)/2p > 0, 2 2 que p ∈ B ⇒ p > 2 ⇒ p − 2 > 0 e p > 0 ∧ 2 > 0 ⇒ 2p > 0 ⇒ 1/2p > 0. Ou seja:
Observe-se que portanto dado
0 < q < p. Tem-se também:
q2 =
p−
p2 − 2 2p
2
= p2 − 2p
Das duas últimas relações segue que
p2 − 2 + 2p q∈B
e
p2 − 2 2p
q < p.
2
> p2 − p2 + 2 = 2.
Exercícios para o Capítulo 5 5.2
Números Racionais
5.2.1 Exercício: (a)
Densidade dos Racionais
Prove que dado um número racional positivo que
r > 0,
sempre existe um número racional
r = m/n com m e n inteiros positivos, m/(n + k) também funciona, para todo k > 1.
Sugestão: Se fato,
(b)
Prove que dados dois números racionais
c
tal que
tal
a
e
b
com
então
a
t = m/(n + 1)
sempre existe um número racional
r = b−a
é um número racional
positivo
e pode ser aplicado o item
♣
anterior.
5.2.2 Exercício:
Prova Alternativa do Lema 5.1.2
Suponha-se que
2<
faz o serviço. De
a < c < b.
Sugestão: Em tal caso,
(a)
t
0 < t < r.
m2 /n2 < 2.
Prove que:
(m + 2n)2 . (m + n)2
Além disso, em tal caso tem-se:
m2 (m + 2n)2 − 2 < 2 − . (m + n)2 n2 (b)
Prove as relações do item (a) anterior com todos os sinais de desigualdade virados ao contrário. Ou seja, suponha-se agora que
2 < m2 /n2
(m + 2n)2 < 2; (m + n)2 como assim também que:
2−
m2 (m + 2n)2 < − 2. n2 (m + n)2 73
e prove que:
74
(c)
Raciocinando nos Racionais
Combinando os itens (a) e (b) acima, forneça uma outra prova do Lema 5.1.2.
♣
r2 = a,
a menos que
5.2.3 Exercício:
a
já seja da forma
Prove que para qualquer
a = k2
para algum
k
a ∈ N,
não existe
r∈Q
tal que
inteiro.
a = m2 /n2 , sem perda de generalidade, com m, n 2 2 2 co-primos, ou seja (m, n) = 1. Em tal caso, teria-se que m = an = (an)n, ou seja, n | m , de onde segue que n | m, usando o teorema de decomposição em primos. Como obviamente n|n, tem-se que n é um divisor comum de m e n, e portanto n | (m, n) = 1. Disso segue que n = 1, ou obteria-se uma contradição. ♣
Sugestão: Por redução ao absurdo, suponha que
Capítulo 6
Corpos Ordenados Arquimedianos 6.1
Corpos Ordenados Arquimedianos
6.1.1 Denição:
a∈F
Um corpo ordenado é dito
existe um inteiro positivo
6.1.2 Lema:
Seja
F
existem inteiros
m, n
tais que
n
tal que
arquimediano se para todo
b∈P
e para todo
♣
nb > a.
corpo ordenado arquimediano.
a < m/n < b.
Então, para todo
a, b ∈ F
com
a < b
Ou seja, em um corpo ordenado arquimediano os
elementos racionais são densos.
Demonstração :
Observe-se que:
a < b ⇒ b − a > 0 ⇒ (b − a)−1 > 0. Por outro lado, como
F
é arquimediano, dado
1>0
existe
n∈N
tal que
n = n1 > (b − a)−1 > 0.
Portanto:
0 < n−1 < b − a. Considere-se o conjunto
S
denido como:
S Observe-se que, como
S 6= ∅.
F
:= {k
∈ Z : kn−1 > a}.
é arquimediano, dado
Pelo mesmo argumento, existe também
n−1 > 0 existe k ∈ N tal que kn−1 > a. Ou p ∈ N tal que pn−1 > −a. Em particular:
seja,
a > −(pn−1 ) = (−p)n−1 ⇒ −p ∈ / S. Também:
0 < n−1 = 1.n−1 = (0 + 1).n−1 = (−p + p + 1).n−1 = (−p)n−1 + (p + 1)n−1 ⇒ −(p + 1)n−1 < (−p)n−1 < a ⇒ −(p + 1) ∈ / S. Analogamente, prova-se que
−(p + r) ∈ /S
menor elemento, digamos
m.
r ∈ N. Portanto, S é um conjunto não vazio −p. Desta maneira, o conjunto S deve ter um
para todo
de inteiros limitado inferiormente, no mínimo por Observe-se que:
m ∈ S ⇒ mn−1 > a. 75
76
Por outro lado,
Corpos Ordenados Arquimedianos
m−1∈ / S ⇒ (m − 1)n−1 6 a.
Portanto:
mn−1 = (m − 1)n−1 + n−1 6 a + n−1 < a + (b − a) = b. Combinando as duas últimas relações, segue que
a < mn−1 < b.
Exercícios para o Capítulo 6 6.2
O Sub-Corpo dos Racionais
6.2.1 Exercício:
Seja
F
corpo ordenado.
Então o sub-corpo dos elementos racionais QF é a/b ∈ QF 3 m/n > 0, pode-se supor, sem perda de generalidade, b > 0. Assim, de bm > 1 segue que bm(|a| n + 1) > |a| n + 1, pois |a| n + 1 > 0.
arquimediano. Com efeito, se que
m > 0, n > 0
e
Portanto:
N3k Ou seja,
6.3 Seja
:=
|a| n + 1 >
|a| n + 1 |a| n an > > . bm bm bm ♣
k(m/n) > a/b.
Um Corpo Ordenado Não-Arquimediano H
denido como o conjunto de funções racionais. Ou seja,
H
é formado por funções reais que
são quocientes de polinômios.
6.3.1 Exercício:
Considere em
H
as operações de soma e produto usuais de funções:
(f + g)(x) = f (x) + g(x), (f g)(x) = f (x) g(x). Prove que com tais operações o conjunto
6.3.2 Exercício:
f /g
Seja
P
H
o subconjunto de
H
denido como o conjunto de funções racionais
não-nulas, tais que os coeciêntes das potências de maior ordem de
Prove que com o conjunto
6.3.3 Exercício:
P
assim denido, o corpo
Prove que o corpo ordenado
Sugestão: Observe que
♣
é um corpo.
H
H
f
e
g
têm o mesmo sinal.
é ordenado.
♣
não pode ser arquimediano.
é constituído pelas funções racionais cujo numerador é um polinômio
NH
de grau zero com valor natural e cujo denominador é o polinômio de grau zero igual a 1, ou seja:
NH =
1 2 3 , , ,... 1 1 1
. 77
78
Corpos Ordenados Arquimedianos
m x P 3 b = , com m ∈ N qualquer e considere a função racional a = ∈ H . 1 1 n todo n = ∈ NH tem-se: 1 Seja
nb − a = Ou seja,
Observe que para
n m x −x + nm − = ∈ / P. 1 1 1 1
nb − a < 0
para todo
n ∈ NH .
Portanto,
H
não é arquimediano.
♣
Capítulo 7
Sequentiæ 7.1 Seja
Denições e Resultados Básicos F
um corpo ordenado.
7.1.1 Denição:
sequência em
Uma
conjunto dos números naturais, ou seja, Para sequências, denota-se a sequência
{xn }n∈N
a(n)
an .
por
F é uma função a : N 7−→ F Dom a = N.
Por abuso de notação e linguagem, costuma-se expressar
a(n) = xn , ∀ n ∈ N.
querendo signicar a sequência denida por
7.1.2 Observação:
Não confundir a
cujo domíno é igual ao
♣
sequência {xn }n∈N com o conjunto {x1 , x2 , . . . }, pois trata-
se de conceitos diferentes. Por exemplo, os conjuntos:
{1, 2, 3, . . . }, {2, 1, 3, . . . }, ♣
são iguais, mas as sequências não são.
7.1.3 Denição: Seja tende para innito se:
l ∈ F.
Se diz que a sequência
{an }n∈N converge para l quando n
∀ > 0 ∃ N () ∈ N : n > N () ⇒ |an − l| < . Em tal caso, denota-se
7.1.4 Denição:
an < an+1 , ∀ n ∈ N
lim an = l,
n→∞
ou alternativamente
Uma sequência e
an −−−−→ l. n→∞
{an }n∈N é dita crescente an 6 an+1 , ∀ n ∈ N.
ou
♣
estritamente crescente se
não-decrescente se
Analogamente dene-se
decrescente e não-crescente. 79
♣
80
Sequentiæ
7.1.5 Denição: tal que
Uma sequência
{an }n∈N
limitada superiormente se existe
é dita
M ∈F
an 6 M, ∀ n ∈ N.
Analogamente dene-se
7.1.6 Denição:
M, ∀ n ∈ N.
limitada inferiormente.
Uma sequência
{an }n∈N
♣
é dita
limitada se existe
M ∈ F
tal que
|an | 6
Equivalentemente, será limitada se for simultaneamente limitada superior e inferior-
mente. O conjunto de todas as sequências em
7.1.7 Denição:
{ank }k∈N ,
onde os
7.1.8 Lema:
Uma
nk
F
limitadas será denotado por
B(F ).
subsequência de uma sequência
são números naturais tais que
Toda sequência
{an }n∈N
{an }n∈N é uma nk < nk+1 , ∀ k ∈ N.
♣
sequência da forma
♣
contem uma subsequência que é ou bem não-decrescente
ou bem não-crescente.
Demonstração :
Seja
C
:=
{n ∈ N : am < an , ∀m > n}.
|C| = ℵ0 : Se C = {n1 , n2 , . . . } com n1 < n2 < n3 < · · · , {anj }j∈N é uma sequência não-crescente.
Caso
|C| < ℵ0 :
então
an1 > an2 > an3 > · · ·
e
|C| = 0, neste caso. Como C possui uma n1 maior que todo elemento de C . Observe-se que n1 ∈ / C ⇒ ∃n2 ∈ N : n2 > n1 e an2 > an1 . Como n2 ∈ / C , pois n2 > n1 maior que todo elmento de C , tem-se que existe n3 ∈ N tal que n3 > n2 e an3 > an2 . Dessa maneira, é possível construir uma sequência {anj }j∈N que é não-decrescente. Caso
Observe-se que
C
pode ser de fato vazio,
quantidade nita de números naturais, seja
7.2
Sequências de Cauchy
7.2.1 Denição:
Uma sequência
{an }n∈N
é dita
de Cauchy se:
∀ > 0 ∃ N () ∈ N : n, m > N () ⇒ |an − am | < . O conjunto de sequências de Cauchy em
F
será denotado por
C(F ).
♣
Os resultados mais relevantes, por enquanto, sobre sequências de Cauchy podem ser conferidos no seguinte par de lemas:
7.2.2 Lema:
Toda sequência
{an }n∈N
de Cauchy é limitada.
81
7.2 Sequências de Cauchy
Demonstração :
Dado
= 1 > 0,
existe
N ∈N
tal que
m, n > N ⇒ |an − am | < 1.
Portanto:
n > N ⇒ |an | − |aN | 6 |an − aN | < 1 ⇒ |an | < 1 + |aN | , ∀n > N. Desta maneira, tem-se que
Se uma subsequência de uma sequência de Cauchy é convergente, então a sequência
original é convergente (a ao mesmo limite).
Demonstração :
Seja
{an }n∈N
de Cauchy e suponha-se que
{anj }j∈N
é uma subsequência tal que:
lim anj =: a.
j→∞ Seja
> 0.
Como a subsequência é convergente, existe
J ∈N
tal que:
j > J ⇒ anj − a < . 2 Como a sequência é de Cauchy, também existe
N ∈N
tal que:
m, n > N ⇒ |an − am | <
j0 > J ∧ nj0 > N . Observe-se que um tal j0 sempre deve existir. Com j > J e se por ventura fosse nj < N , então denindo k := N − nJ , tem-se nJ+k > nJ+k−1 > · · · > nJ , e assim nJ+k > nJ + k = nJ + (N − nJ ) = N . Portanto, basta tomar j0 = max{j, J + k}. Com um tal j0 tem-se:
Seja
j0 ∈ N
. 2
tal que
efeito, basta tomar
n > N ⇒ |an − a| 6 an − anj0 + anj0 − a < + = . 2 2 Portanto:
lim an = a.
n→∞
Exercícios para o Capítulo 7 7.3
Resultados Gerais sobre Sequências
7.3.1 Exercício:
Seja
{an }n∈N
uma sequência
(a)
O seu limite
(b)
Toda sequência convergente é de Cauchy.
(c)
Toda sequência convergente é limitada.
lim an
os limites
(a) (b)
{sn }n∈N e {tn }n∈N lim tn =: t. Então:
Sejam
lim sn =: s
n→∞
e
Então:
é único.
n→∞
7.3.2 Exercício:
convergente.
♣
seqüências convergentes. Ou seja, tais que existem
n→∞
lim (sn + tn ) = s + t.
n→∞
lim sn tn = st.
n→∞
(c)
Se
t 6= 0,
então
(d)
Se
t 6= 0,
então
7.3.3 Exercício: os limites
lim sn
n→∞
(a)
Se
sn > 0
(b)
Se
rn 6 sn
1
lim
n→∞ tn
=
1 . t
sn s = . n→∞ tn t
{sn }n∈N lim tn .
Sejam e
♣
lim
e
{tn }n∈N
seqüências convergentes. Ou seja, tais que existem
n→∞
para todo
n ∈ N,
para todo
Sugestão: Em tal caso
então
n ∈ N,
lim sn > 0.
n→∞
então
lim rn 6 lim sn .
n→∞
n→∞
sn − rn > 0 e pode ser aplicado o resultado do item (a) precedente. ♣
83
84
Sequentiæ
7.3.4 Exercício:
Convergênce à trois
{rn }n∈N , {sn }n∈N e {tn }n∈N seqüências tais que rn 6 sn 6 tn para todo n ∈ N (ou para todo n > N , para algum N ∈ N). Suponha-se que lim rn = l = lim tn . Então {sn }n∈N é convergente n→∞ n→∞ com lim sn = l. ♣ Sejam
n→∞
7.4 Seja
Sub-Sequências a ∈ R.
7.4.1 Exercício: 1.
Considere-se uma sequência
{sn }n∈N
sn > a, ∀ n ∈ N.
2.
lim sn = a.
n→∞
{sn }n∈N contém uma sub-sequência {snk }k∈N snk+1 < snk , para todo k ∈ N.
Então,
7.4.2 Exercício: maior que
1.
a
{sn }n∈N e {rn }n∈N duas seqüências tais que a primeira mantém-se a. Ou seja, tais que:
e a segunda converge para
lim rn = a.
{rn }n∈N
contém uma sub-sequência
{rnk }k∈N
tal que
rnk < sk
para todo
k ∈ N.
♣
Convergência de algumas Sequências
7.5.1 Exercício:
(b)
♣
n→∞
Então,
(a)
Sejam agora
estritamente decrescente. Ou seja, tal que
sn > a, ∀ n ∈ N.
2.
7.5
tal que:
lim
n→∞
F
corpo arquimediano. Então:
1 = 0. n
lim 2−n = 0.
n→∞
Seja
♣
Capítulo 8
Corpos Ordenados Completos 8.1
Limites Superiores Mínimos F
Seja
um corpo ordenado
8.1.1 Denição:
a 6 x, ∀ a ∈ A.
8.1.2 Denição: de
A
o
x
Um elemento
x∈F
limitado superiormente se existe limite superior de A.
é dito
recebe o nome de
é chamado de
x∈F
tal que
♣
limite superior mínimo, ou supremo,
se:
1.
x
2.
x6y
é um limite superior de para todo
8.1.3 Observação: lo
A⊆F
Um conjunto
Um tal
y
A,
que seja limite superior de
♣
A.
O supremo de um conjunto, se existir, é unico, o que justica de denominá-
supremo.
Com efeito, suponha-se que contradizer o fato que
a < x,
b
pois, caso contrário
o fato que
a
a
e
b
são supremos de um conjunto
A.
Se fosse
a
seria um limite superior de
é um limite superior para
A.
A
menor que
Portanto, deve ser
b.
Mas
a > b. Se fosse a = b.
raciocínio análogo obtém-se uma contradição. Portanto, deve ser
8.2
a < b,
então, para não
x ∈ A tal que a < x ∈ A contradiz a > b, através de um ♣
é um limite superior mínimo, deve existir algum elemento
Completeza
8.2.1 Lema:
Seja
F
um corpo ordenado tal que todo conjunto não-vazio e limitado superior-
mente possui supremo em
F.
Então, toda sequência
{an }n∈N
em
F
não-decrescente (respectiva-
mente, não-crescente) e limitada superiormente (respectivamente, inferiormente) é convergente.
85
86
Corpos Ordenados Completos
Demonstração :
Observe-se que o conjunto
A
A,
denido como:
{an : n ∈ N} ,
:=
é um conjunto limitado superiormente, pois a sequência é limitada superiormente. Portanto, por hipótese, deve existir Armação: Existe
α
:=
N ∈N
sup A ∈ F .
tal que
Seja
> 0.
α − aN < .
O
reductio ad absurdum, se fosse α −an > para todo n ∈ N, então an 6 α −, ∀ n ∈ N. Portanto, α − é limite superior para A, obviamente menor que α, o que contradiz o fato que α é o menor de tais limites superiores, por denição de supremo. H
Com efeito, por
Portanto, usando a hipótese que a sequência é não-decrescente, o fato que
an 6 α, ∀ n ∈ N
e a
armação anterior, tem-se:
n > N ⇒ an > aN ⇒ |α − an | = α − an 6 α − aN < .
8.2.2 Teorema:
1.
Seja F um corpo ordenado. Então, as seguintes condições são equivalentes:
Todo conjunto não vazio limitado superiormente possui supremo em
2. F
F.
é arquimediano e toda sequência de Cauchy é convergente.
Demonstração : Armação 1:
F
(1) ⇒ (2).
Esta é a parte facil do Teorema e será quebrada em duas armações.
O
é arquimediano.
b ∈ P e a ∈ F . Suponha-se em primeiro lugar que a 6 0. Em tal caso, tem-se 1 ∈ P ∧ b ∈ P ⇒ 1.b ∈ P ⇒ 1.b > 0 > a. Portanto, basta tomar n = 1 neste caso. −1 Suponha-se agora que a > 0, ou seja a ∈ P . Observe-se que como b ∈ P ⇒ b ∈ P , tem-se que −1 −1 −1 a ∈ P ∧ b ∈ P ⇒ ab ∈ P . Por reductio ad absurdum, se fosse n 6 ab , ∀n ∈ NF , então o Com efeito, sejam que
conjunto:
NF
:= {n
: n
é inteiro positivo em
F}
seria um conjunto limitado superiormente, pelo número
ab−1 .
Portanto, por hipótese, existe
α := sup NF , signicando isto que n 6 α, ∀n ∈ NF . Mas então n + 1 6 α, ∀n ∈ NF , pois NF é indutivo. Portanto, n 6 α − 1, ∀n ∈ NF ⇒ α − 1 é limite superior de NF e α − 1 < α, o que contradiz o fato que α era o menor de tais limites superiores. Portanto, deve existir algum n0 ∈ NF tal que n0 > a.b−1 , ou seja, n0 b > a. H Armação 2: Toda sequência de Cauchy é convergente.
O
Com efeito, pelo Lema 7.1.8, toda sequência contém uma subsequência que é ou bem não-decrescente ou bem não-crescente. Por outro lado, pelo Lema 7.2.2, toda sequência de Cauchy é limitada. Portanto, toda sequência de Cauchy contém uma subsequência, ou bem não-decrescente, ou bem não-crescente, e que também é limitada. Pelo Lema 8.2.1 uma tal (sub)sequência é convergente num corpo que satisfaz a propriedade 1 do enunciado. Finalmente, pelo Lema 7.2.3, a sequência de Cauchy original é convergente.
H
87
8.2 Completeza
(2) ⇒ (1).
Seja F ⊇ A 6= ∅ limitado a ∈ A. Como F é arquimediano por M = M.1 > b e −m = (−m).1 > (−a),
Respire fundo e se prepare para uma viagem e tanto.
superiormente.
Seja
hipótese, dado
1>0
b
A, e M, −m ∈ N tais
um limite superior de
devem existir
seja que
respectivamente. Ou seja:
m < a 6 b < M. Para cada
Sp
p ∈ N,
:= {k
: k
Observe-se que então
seja
Sp
o conjunto denido como:
k 2p
é inteiro e
Sp 6= ∅,
pois
k∈ / Sp . Pelo Princípio p ∈ N dene-se ap
M 2p ∈ Sp .
:=
A}.
Sp é limitado inferiormente, pois se k 6 2p m 3.3.1, Sp tem um elemento mínimo, digamos, kp .
Pela Armação 1 anterior, junto com a hipótese, deve existir
Armação 2:
1 . 2p
lim ap =: c.
p→∞
A.
O
x ∈ A com x > c. Portanto, ap − c = |ap − c| < x − c ⇒ ap < x, o que A, pela denição de ap .
= x − c > 0,
Com efeito, caso contrário, existiria
dado
inteiro positivo tal que
contradiz o fato de ser
limite superior para Armação 3:
c
c0 ,
ap − Portanto,
ap
com
reductio ad absurdum, c0 < c.
Seja
p
H O
suponha-se a existência de um outro limite superior de
inteiro positivo tal que
p
um
é o menor de tais limites superiores.
Com efeito, por digamos
existe
1 < c − c0 . 2p
A,
Então:
1 1 > c − p > c − (c − c0 ) = c0 . 2p 2
ap −
1 2p
é um limite superior de
A,
pois é maior que
c0
que já é um tal limite. Mas isso
contradiz o fato que
ap −
1 kp 1 kp − 1 = p − p = 2p 2 2 2p
não é limite superior de
A
pela denição de
kp .
H
A prova desta última armação conclui a prova do Teorema.
8.2.3 Denição:
Um corpo ordenado é dito
condições do Teorema 8.2.2 acima.
completo se é satisfeita alguma, logo as duas,
♣
Exercícios para o Capítulo 8 8.3
Caracterização das Sequências Convergentes
8.3.1 Exercício:
Em um corpo ordenado com a propriedade 1 do Teorema 8.2.2, uma sequência
é convergente se e somente se é de Cauchy. A parte ( ⇒ ) vale em general e consta no Exercício 7.3.1(b).
Sugestão:
A parte ( ⇐ ) segue
♣
diretamente do Teorema 8.2.2.
8.4
O Corpo Racional não é Completo...
8.4.1 Exercício:
Prove que o corpo ordenado
Q
não pode ser completo.
Para tanto, use os
resultados do Capítulo 5 para exibir um conjunto não-vazio limitado superiormente que não possui supremo em
♣
Q.
e
8.5
...M smo
Na presente seção prova-se de maneira alternativa que o corpo racional uma sequência de Cauchy em sequência
sn
sn
:=
Q
que não possui limite
em Q.
como:
n X 1 1 1 1 = 1 + 1 + + + ··· + . k! 2! 3! n!
k=0 Observe-se que
sn ∈ Q
8.5.1 Exercício: (a)
Se
m > n,
para todo
n ∈ N.
Considere-se a sequência
sn
acima denida.
prove que:
sm − sn <
2 . (n + 1)!
Em particular, a sequência
sn
é de Cauchy. 89
Q não é completo, exibindo
Com efeito, dene-se a seguinte
90
Corpos Ordenados Completos
(b)
lim sn =: e. Use o fato de ser n→∞ crescente e a desigualdade do item (a) anterior para provar que: Suponha-se agora a existência do limite
sn < e 6 sn + Em particular, para
(c)
sn
estritamente
2 , ∀ n ∈ N. (n + 1)! n=2
obtém-se a estimativa
Suponha-se agora que fosse
e = p/q ∈ Q. e∈ / Q.
5/2 < e < 3.
Use a relação do item (b) acima com
n=q
para
♣
obter uma contradição. Ou seja,
Em particular,
e
Q
8.6 Seja
sn
é uma sequência de Cauchy em
Forma de Cauchy do Número F
Q
cujo limite
e
um corpo com a propriedade 1 do Teorema 8.2.2, ou seja, completo.
8.6.1 Exercício:
tn é
não pode ser completo, pois
não é racional.
:=
1+
1 n
Prove que a sequência
tn
dada por:
n
estritamente crescente. ♣
Sugestão: Use o Exercício 3.9.2.
8.6.2 Exercício:
Prove que a sequência
tn
do exercício anterior é limitada e forneça limites
inferiores e superiores para ela. Sugestão: Considere
n>4
e use o Exercício 3.9.3.
R: Por exemplo,
2 < tn < 67/24.
8.6.3 Exercício:
Usando os dois exercícios anteriores e o Lema 8.2.1 prove que a sequência
resulta
Ou seja, existe
convergente.
O limite da sequência alfabeto latino, denota-se
e
:=
tn = e.
n 1 . lim 1 + n→∞ n
lim tn .
n→∞
n 1 1+ n
Ou seja:
♣
tn ♣
é um numerozinho que, não por escasez de letras no
8.6 Forma de Cauchy do Número
8.6.4 Exercício:
Combine o resultado do Exercício 3.9.3 junto com os dos Exercícios 7.3.2(a,b),
7.5.1(a,b) e 7.3.3(b) para vericar a seguinte
5 67 6e6 . 2 24
91
e
estimativa: ♣
Capítulo 9
Corpo e Transguração 9.1
Morsmos de Corpos
Sejam
F1
e
F2
dois corpos.
9.1.1 Denição:
f : F1 7−→ F2 ,
Considere uma aplicação
entre dois conjuntos quaisquer, não
necessariamente corpos.
(a)
A aplicação
f
a 6= b
denomina-se
⇒
injetora, ou 1-1 (léia-se um a um), se:
f (a) 6= f (b).
Observe que, de maneira equivalente, uma aplicação
f (a) = f (b) (b)
A aplicação
f
⇒
f
é injetora se e somente se:
a = b.
denomina-se
sobrejetora, ou sobre, se a sua imagem corresponde ao conjunto
de chegada, ou seja:
Img f = F2 . Em tal caso, se diz que
(c) (d)
A aplicação
f
Se para todo
f
aplica
denomina-se
x ∈ F1 ,
F1 sobre F2 .
bijetora se for injetora e sobrejetora simultaneamente.
tem-se
f (x) = 0,
então a aplicação se diz
identicamente nula, em
cujo caso denota-se:
f ≡ 0. Naturalmente, caso contrário, denota-se
9.1.2 Denição:
f : F1 7−→ F2 ,
Sejam
F1 , F2
f≡ / 0.
corpos. Um
morsmo de
tal que: 93
♣
F1 em F2
consiste numa aplicação
94
Corpo e Transguração
(a)
f (x + y) = f (x) + f (y), ∀ x, y ∈ F1 ,
(b)
f (x y) = f (x) f (y), ∀ x, y ∈ F1 .
9.1.3 Denição:
F1 , F2 , F
Sejam
(a)
Um
isomorsmo de
(b)
Um
endomorsmo em
(c)
Um
automorsmo em
9.1.4 Lema:
Sejam
F1
e
♣
corpos.
F1 em F2 F F
F2
é um morsmo de
é um morsmo de
F
é um isomorsmo de
corpos e seja
F1
em
F
F2
que é bijetor.
F.
em
f : F1 7−→ F2
em
F.
tal que:
f (x + y) = f (x) + f (y), ∀ x, y ∈ F1 . Então:
(a) f (n) = f (11 ) n12 , ∀ n ∈ N. (b) f
1 11 m
= f (11 )
(c) f (r11 ) = f (11 ) r12
Demonstração :
(a)
1 12 , ∀ m ∈ N. m para todo
r∈F
racional positivo
Q 3 r > 0.
Basta observar que:
f (n) = f (11 + 11 + · · · + 11 ) = f (11 ) + f (11 ) + · · · + f (11 ) = nf (11 ) = f (11 ) n12 . | {z } {z } | n vezes
(b)
Analogamente, tem-se:
mf
Portanto,
(c)
n vezes
Se
1 m
1 m
f
m, n ∈ N, f
n m
=f |
=
1 m
+f
1 1 1 1 1 + ··· + f =f + + ··· + m m m m m {z } | {z } m vezes m vezes 1 =f m = f (1). m
f (1) . m
então usando o item anterior tem-se:
=f
1 1 1 1 1 1 + + ··· + =f +f + ··· + f m m m m m m | {z } | {z } n vezes n vezes 1 f (1) n = nf =n = f (1). m m m
♣
95
9.1 Morsmos de Corpos
9.1.5 Lema:
e
F2
corpos e seja
(a) [f (x0 ) 6= 0 ⇒ x0 6= 0]
ou
f ≡ 0.
Sejam
F1
f : F1 7−→ F2
morsmo. Então:
(b) f (01 ) = 02 . (c) f (−x) = −f (x), ∀ x ∈ F1 .
Demonstração : (a) Suponha-se que f ≡ / 0. Em tal caso, existe x0 ∈ F reductio ad absurdum, se fosse x0 = 0, teria-se:
tal que
f (x0 ) 6= 0.
Por
x0 = 0 ⇒ f (x0 ) f (x) = f (x0 x) = f (0.x) = f (0). Como
f (x0 ) 6= 0,
x ∈ F.
a identidade acima implica que
f (0) =: α é constante para todo f (x0 )
f (x) =
Agora:
α = f (x + y) = f (x) + f (y) = α + α ⇒ α = α + 0 = α + (α + (−α)) = (α + α) + (−α) = α + (−α) = 0 ⇒ f (x) = α = 0, ∀x ∈ F ⇒ f ≡ 0. Mas isso contradiz a suposição inicial. Portanto, deve ser
x0 6= 0.
(b)
Se f ≡ 0, então o enunciado é obviamente válido. Suponha portanto que f ≡ / 0. Se fosse f (01 ) 6= 02 , então pelo item anterior teria-se que 01 6= 01 , cuja evidente falsidade implica que deve ser f (01 ) = 02 , neste caso também.
(c)
Usando o item anterior, observe-se que segue que
9.1.6 Lema:
x0 ∈ F1
tal que
f (−x) = −f (x),
0 = f (0) = f (x + (−x)) = f (x) + f (−x), F2 .
de onde
pela unicidade do inverso aditivo em
Sejam F1 e F2 corpos e seja f : F1 7−→ F2 morsmo não nulo. Portanto, existe f (x0 ) 6= 0. Pelo Lema 9.1.5(a), tem-se que x0 6= 0 e portanto existe x−1 0 . Então
tem-se:
(a) f (x−1 0 ) 6= 02 . (b) f (11 ) 6= 02 . (c)
Mais especicamente,
(d)
Mais ainda,
Demonstração :
f (r11 ) = r12 (a)
para todo
r∈F
racional
1 1 1 1 x20 = f (x20 ) f = f (x0 ) f (x0 ) f ⇒ f 6= 0. x0 x0 x0 x0
Tem-se:
f (1) = f
r ∈ Q.
Basta observar que:
0 6= f (x0 ) = f (b)
f (11 ) = 12 .
1 x0 x0
= f (x0 ) f
1 x0
6= 0.
96
Corpo e Transguração
f (x0 ) 6= 0 por hipótese e f (x−1 0 ) 6= 0 pelo item anterior. corpo F2 também fosse ordenado, de fato teria-se que
Na última relação usou-se o fato que De passagem, observe-se que se o
f (1) = f (1.1) = f (1).f (1) > 0. (c)
f (1) = f (1.1) = f (1) f (1), pelo Lema 1.1.3(g) deve ser f (1) = 0 f (1) 6= 0. Portanto deve ser f (1) = 1.
Como
ou
f (1) = 1.
Pelo
item anterior sabe-se que
(d)
Pelo Lema 9.1.4(a) sabe-se que:
f (n) = n f (1), ∀n ∈ N. Assim, se
−n ∈ N
(−n) f (1),
de onde segue que:
então, pelo Lema 9.1.5(c) tem-se que
f (−n) = −f (n) = −(n f (1)) =
f (n) = n f (1), ∀n ∈ −N. Portanto, combinando as últimas duas relações acima, decorre que:
f (n) = n f (1), ∀n ∈ Z. Utilizando agora esta última relação, tem-se:
n n n n + + ··· + =f n f (1) = f (n) = f m m m} | m m {z m vezes n n n n =f = mf +f + ··· + f , ∀n ∈ Z, ∀m ∈ N. m{z m} m | m m vezes
Portanto:
f
n m
=
n n f (1) = , ∀n ∈ Z, ∀m ∈ N. m m
Observe-se que na última igualdade foi usado o resultado do item (c) anterior.
9.2
Morsmos em Corpos Ordenados
9.2.1 Denição: Se F1 e preserva a ordem se x < y
9.2.2 Lema:
Sejam
F1
e
F2 são corpos ordenados, se ⇒ f (x) < f (y), ∀ x, y ∈ F1 .
F2
corpos ordenados e seja
diz que uma aplicação
f : F1 7−→ F2
f : F1 7−→ F2 ♣
tal que preserva a ordem.
Então:
(a) f ≡ / 0. (b) f (c)
é injetora.
Se adicionalmente então
f
F1
é completo,
é sobrejetora.
F2
arquimediano, e
f (r11 ) = r12
para todo racional
r ∈ Q,
97
9.2 Morsmos em Corpos Ordenados
Demonstração : (b)
(a)
Seja x 6= y . f (x) < f (y),
0 < 1 ⇒ f (0) < f (1) ⇒ f (0) 6= f (1) ⇒ f ≡ / 0.
f (x) > f (y), respectivamente, tem-se f (x) 6= f (y).
ou
F1
Adicionalmente, suponha-se agora que para todo
r ∈ Q.
Observe-se que se
f
pois
f
F2
é completo,
morsmo,
fosse
f
estamos supondo apenas que
a ∈ F2
Armação 1:
é arquimediano e
f (r11 ) = r12
Porém, no presente resultado
B ⊆ F1
denido como:
∈ F1 : r ∈ Q ∧ f (r) < a}. B 6= ∅.
O
conjunto dos números racionais em falso.
B
m 12 = f n
m n
11
> a,
para todo
m, n.
Ou seja, o
F2 seria limitado inferiormente (por a), o que é obviamente H O
é limitado superiormente.
Com efeito, como tal que
Portanto,
preserva a ordem.
Com efeito, caso contrário teria-se que
Armação 2:
x > y.
então esta última propriedade segue
arbitrário mas xo. Considere-se o conjunto
:= {r
B
ou
preserva a ordem. Assim, qualquer
automaticamente do item (a) anterior e do Lema 9.1.6(d).
Seja
x < y
Então, pela propriedade de tricotomia, deve ser
que seja o caso,
(c)
De fato,
m 12 > a.
a ∈ F2
e
12 ∈ P2 ,
pela arquimedianeidade de
Portanto, denindo
F1 3 s
F2
tem-se que existe
m ∈ N2
:= m 11 tem-se:
f (s) = f (m 11 ) = m 12 > a > f (r), ∀r ∈ B. s > r, para todo r ∈ B , pois caso contrário, como f preserva a ordem, s < r ⇒ f (s) < f (r) para algum r ∈ B , o que contradiz a relação anterior. Dessa maneira, B é limitado superiormente, por exemplo, por s. H Portanto, deve ser
Como
F1
é completo, existe
Armação 3: Se fosse
F1 3 sup B =: x.
f (x) = a.
f (x) < a,
O
existiria
m 12 n
racional em
racionais serem densos num corpo arquimediano.
f (x) <
m 12 < a, pelo fato dos n m Portanto, denindo µ := 11 teria-se que: n
F2
tal que
f (x) <
m m 12 = f 11 = f (µ) < a, n n
µ ∈ B , contradizendo que sup B = x < µ. Com efeito, se x > µ, então x > µ ⇒ f (x) > f (µ), ou x = µ ⇒ f (x) = f (µ). Portanto, f (x) > f (µ), o que contradiz a
de onde segue que
primeira desigualdade acima. Por outro lado, se fosse
a < f (x),
existiria
m 12 n
racional em
pelo fato dos racionais serem densos num corpo arquimediano. teria-se que:
a<
m m 12 = f 11 = f (µ) < f (x). n n
m 12 < f (x), n m Portanto, denindo µ := 11 n F2
tal que
a<
98
Corpo e Transguração
r ∈ B ⇒ f (r) < a < f (µ), de onde segue que r < µ, para µ seria um limite superior de B , o desigualdade acima, pois f (µ) < f (x) ⇒ µ < x = sup B , pois x é H
Pela primeira desigualdade acima, todo
r ∈ B,
pois
f
preserva a ordem. Isso signica que
que contradiz a segunda o menor de tais limites.
Observe-se que da última armação decorre que dado
f (x) = a.
Portanto,
f
a ∈ F2
arbitrário existe
x ∈ F1
tal que
é injetora.
9.2.3 Denição: Se F1 e F2 são corpos ordenados, um morsmo (respectivamente, isomorsmo, endomorsmo, automorsmo) de corpos ordenados de F1 em F2 é um morsmo (respectivamente, isomorsmo, endomorsmo, automorsmo) de
F1 em F2 que preserva a ordem. ♣
O resultado a seguir mostra que, para certo caso particular de corpo ordenado, a denição acima é um tanto redundante.
9.2.4 Lema:
Sejam
completo, então
f
Demonstração : Armação 1: Se
x > 0,
F1
e
F2
corpos ordenados e seja
f : F1 7−→ F2
morsmo não nulo. Se
é
A prova será quebrada em várias armações.
x > 0 ⇒ f (x) > 0.
da completeza de
particular, como
F1
preserva a ordem.
f
F1
O decorre a existência de
x1/2 ∈ F1
tal que
x = x1/2 x1/2 .
Em
é morsmo de corpo, tem-se:
f (x) = f x1/2 x1/2 = f x1/2 f x1/2 . Observe que a expressão à direita acima é estritamente positiva se
1/2
f x
= 0.
Armação 2:
Portanto, qualquer que seja o caso, tem-se que
f x1/2
6= 0,
ou nula se
f (x) > 0.
H
x < y ⇒ f (x) 6 f (y).
O
O enunciado segue trivialmente da armação anterior. Com efeito, basta observar que:
x < y ⇒ y − x > 0 ⇒ 0 6 f (y − x) = f (y) − f (x) ⇒ f (x) 6 f (y).
Para nalizar, se em
F1 .
F1
Portanto, se
H
é completo, então é arquimediano, de onde segue que os racionais são densos
x < y,
existem
r, s
racionais em
F1
tais que
x < r < s < y.
última armação, tem-se:
f (x) 6 f (r) = r < s = f (s) 6 f (y) ⇒ f (x) < f (y). Observe que nas duas igualdades acima foi usado o resultado do Lema 9.1.6(d).
Em tal caso, pela
99
9.3 Unicidade de Isomorsmos
9.3
Unicidade de Isomorsmos
9.3.1 Proposição:
Seja
F
corpo ordenado e completo e seja
f
endomorsmo não nulo em
F.
Então:
(a) f (x) = x, ∀ x ∈ F . Em particular, tem-se:
(b) f (c)
é automorsmo.
Se um tal endomorsmo existe, então é único.
Demonstração : fosse
(a)
f (x) 6= x,
Pelo Lema 9.2.4 com
F1 = F2 = F ,
tem-se que
f
preserva a ordem. Se
por tricotomia teriam-se os seguintes dois casos:
f (x) < x: Como F r < x. Portanto:
Caso
é completo, logo arquimediano, existe
r∈F
racional tal que
f (x) <
f (x) < r = f (r) ⇒ f (x) < f (r) ⇒ x 6 r, o que contradiz o fato de ser
r
pela escolha de
r.
Na primeira igualdade acima foi usado
o Lema 9.1.6(d). Para justicar o último condicional acima, observe-se que, como a ordem,
x > r ⇒ f (x) > f (r),
Caso f (x) > x: Como F r < f (x). Portanto:
f
preserva
o que contradiz a segunda relação acima.
é completo, logo arquimediano, existe
r∈F
racional tal que
x<
f (r) = r < f (x) ⇒ f (r) < f (x) ⇒ r 6 x, o que contradiz o fato de ser
x
pela escolha de
r.
Na primeira igualdade acima foi usado
o Lema 9.1.6(d). Para justicar o último condicional acima, observe-se que, como a ordem,
r > x ⇒ f (r) > f (x),
f
preserva
o que contradiz a segunda relação acima.
Como os dois casos acima conduzem a contradições, pela propriedade de tricotomia, deve ser
f (x) = x, (b)
para todo
x ∈ F.
Em primeiro lugar, observe-se que
f
é sobrejetora.
Com efeito, basta utilizar o resultado
do Lema 9.1.6(d) combinado com o do Lema 9.2.2(c). Alternativamente, o item (a) provado acima, fornece uma prova autocontida. Com efeito, basta observar que:
x 6= y ⇒ f (x) = x 6= y = f (y) ⇒ f (x) 6= f (y), ∀ x, y ∈ F. Por outro lado, dado Portanto,
(c)
f
é
x ∈ F,
isomorsmo de F
tem-se que em
F,
f (x) = x,
Se existisse um outro endomorsmo não nulo todo
x ∈ F.
9.3.2 Corolário: Então
f
é único.
completos.
Portanto,
Sejam
f (x) = x = g(x),
F1
e
F2
de onde segue que
ou seja, automorsmo em
g,
f
pelo item (a) teria-se que
para todo
x ∈ F,
e assim
corpos ordenados e completos e
é sobrejetora.
F. g(x) = x,
para
f ≡ g.
f : F1 7−→ F2
isomorsmo.
Ou seja, existe no máximo apenas um isomorsmo entre corpos ordenados e
100
Corpo e Transguração
Demonstração :
Se
g
é um outro isomorsmo, então a composição
g −1 ◦ f
é endomorsmo em
F1 : f
g
F1 −−→ F2 ←−− F1 .
Armação:
g −1 ◦ f ≡ / 0.
O
f ≡/ 0. De fato, como num corpo 0 6= 1, deve f (0) 6= f (1) pois f , sendo isomorsmo, é injetora. Assim, como f 6= 0, existe x0 ∈ F1 tal −1 que f (x0 ) 6= 0. Se fosse g (f (x0 )) = 0, então pelo Lema 9.1.5(b) teria-se que 0 = g(0) = −1 g(g (f (x0 ))) = f (x0 ), o que contradiz a escolha de x0 . Portanto, (g −1 ◦ f )(x0 ) 6= 0, e assim g −1 ◦ f ≡ / 0. H Com efeito, em primeiro lugar observe-se que ser
Pela armação acima e a proposição anterior, tem-se que seja,
g
−1
◦ f = id.
(g −1 ◦ f )(x) = x,
para todo
x ∈ F1 .
Ou
Portanto:
g −1 ◦ f = id ⇒ f = g ◦ id ⇒ f (x) = (g ◦ id)(x) = g(id(x)) = g(x), ∀x ∈ F1 . Ou seja,
9.4
f ≡ g.
Existência de Isomorsmos
Sejam
F1
e
F2
dois corpos ordenados e completos.
9.4.1 Denição: racionais em
F2
Dene-se a aplicação
f
do conjunto dos racionais em
F1
no conjunto dos
da seguinte maneira:
f (11 ) = 12 ; f (01 ) = 02 ; f (m11 ) = m12 , ∀ m inteiro; m m f 11 = 12 . n n 9.4.2 Observação:
A aplicação
♣
f
está
bem denida
no conjunto de elmentos
racionais
de
F1 ,
pois:
m k m k = ⇒ ml = nk ⇒ ml12 = nk12 ⇒ 12 = 12 . n l n l
9.4.3 Lema:
A aplicação
f
acima denida nos racionais de
♣
F1
sobre os racionais de
F2
é um
isomorfo que preserva a ordem.
Demonstração :
A demonstração é imediata da denição e ca como exercício para o leitor.
101
9.4 Existência de Isomorsmos
9.4.4 Denição:
f (x)
:=
sup
Por outro lado, se
nm
m 11 , n
dene-se:
o m 11 < x n
12 :
n = sup{f (r) : r
9.4.5 Denição:
F1 3 x 6=
é racional em
F1
e
♣
r < x}.
Para simplicar a notação, para cada
x ∈ F1
seja
Ax ⊆ F2
o conjunto denido
como:
Ax
:=
nm n
12 :
9.4.6 Lema:
Demonstração :
x F1 .
Se
bem denida em
Se
y ∈ Ax ⇒ y =
o m 11 < x . n
♣
é racional, então as duas denições coincidem. Ou seja, a aplicação
F1 3 x m 12 n
f
está
é racional, então: e
m m m 11 < x ⇒ y = 12 = f 11 < f (x). n n n
Na última relação acima, a segunda igualdade segue diretamente da denição de
f
para racionais, no
x y ∈ Ax ⇒ y < f (x), e portanto sup Ax 6 f (x).
entanto que a última desigualdade segue do fato que tal denição preserva a ordem nos racionais e é racional por hipótese. Desta maneira, tem-se que Agora, se fosse
m F2 3 r2 = 12 n
sup Ax < f (x),
pela densidade dos racionais num corpo arquimediano, existe
racional tal que:
sup Ax < r2 < f (x). m 11 racional tal que: n m m sup Ax < r2 = 12 = f 11 = f (r1 ) < f (x). n n
Portanto, existe
F1 3 r1 =
r1 < x, pois f preserva a ordem entre racionais, e portanto r2 6 sup Ax , mas isso contradiz a primeira desigualdade acima. racional deve ser sup Ax = f (x).
Da última desigualdade acima segue que
r2 ∈ Ax ,
em cujo caso deveria ser
Portanto, no caso em que
9.4.7 Lema:
Demonstração : y ⇒ r < y,
x
A aplicação
Se
é
f
preserva a ordem em
F1 .
x, y ∈ F1 com x < y , então para Ax ⊆ Ay , de onde segue que:
todo
r
racional em
F1
tem-se que
r
e portanto
f (x) = sup Ax 6 sup Ay = f (y). Agora, pela densidade dos racionais no corpo arquimediano que
x < r < s < y.
Portanto:
f (x) 6 f (r) < f (s) 6 f (y),
F1 ,
existem
r, s
racionais em
F1
tais
102
Corpo e Transguração
onde a primeira e última desigualdades acima seguem da relação anterior, no entanto que a desigualdade central segue do fato que e assim
f
f
preserva a ordem nos racionais. Ou seja,
9.4.8 Lema:
Demonstração :
f (x + y) = f (x) + f (y), Sejam
x, y ∈ F1
propriedade de tricotomia, deve ser
para todo
x, y ∈ F1 .
f (x + y) = 6 f (x) + f (y). Em tal f (x + y) < f (x) + f (y) ou f (x + y) > f (x) + f (y).
e suponha-se que
f (x + y) < f (x) + f (y): Pela densidade dos racionais m 12 ∈ F2 racional tal que: n m f (x + y) < 12 < f (x) + f (y). n m Portanto, existe r := 11 ∈ F1 tal que: n m m f (x + y) < 12 = f 11 = f (r) < f (x) + f (y). n n Caso
Da primeira desigualdade acima segue que Armação 1: Existem Com efeito, Denindo
x < y ⇒ f (x) < f (y),
preserva a ordem no caso geral.
r2
r1 , r2
racionais em
x + y < r,
F1
tais que
pois
f
no corpo arquimediano
caso, pela
F2 ,
existe
preserva a ordem entre racionais.
r = r1 + r2
com
r1 > x
e
r2 > y .
O
x + y < r ⇒ x < r − y e portanto existe r1 racional em F1 tal que x < r1 < r − y . := r − r1 tem-se que r = r1 + r2 , com x < r1 e r1 < r − y ⇒ y < r − r1 = r2 . H
Voltando agora à prova do Lema, utilizando o resultado da Armação acima tem-se:
f (r) = f (r1 + r2 ) = f (r1 ) + f (r2 ) > f (x) + f (y), onde a segunda igualdade segue do fato que desigualdade segue do fato que provado acima, com
r1 > x
e
f
f
é morsmo para racionais, no entanto que a última
preserva a ordem em geral, segundo establece o Lema 9.4.7
r2 > y .
Mas a relação acima contradiz a relação imediatamente
anterior. Caso
f (x + y) > f (x) + f (y):
no corpo arquimediano
F2 ,
A prova é totalmente análoga. Ou seja, pela densidade dos racionais
existe
m 12 ∈ F2 n
racional tal que:
m 12 < f (x + y). n m Portanto, existe r := 11 ∈ F1 tal que: n m m f (x) + f (y) < 12 = f 11 = f (r) < f (x + y). n n f (x) + f (y) <
Da última desigualdade acima segue que Armação 2: Existem
r1 , r2
r < x + y,
racionais em
F1
pois
tais que
f
preserva a ordem entre racionais.
r = r1 + r2
com
r1 < x
e
r2 < y .
O
103
9.4 Existência de Isomorsmos
Com efeito, Denindo
r2
r < x + y ⇒ r − y < x e portanto existe r1 racional em F1 tal que r − y < r1 < x. := r − r1 tem-se que r = r1 + r2 , com r1 < x e r − y < r1 ⇒ r2 = r − r1 < y . H
Voltando agora à prova do Lema, utilizando o resultado da Armação acima tem-se:
f (r) = f (r1 + r2 ) = f (r1 ) + f (r2 ) < f (x) + f (y), onde a segunda igualdade segue do fato que desigualdade segue do fato que provado acima, com
r1 < x
e
f
f
é morsmo para racionais, no entanto que a última
preserva a ordem em geral, segundo establece o Lema 9.4.7
r2 < y .
Mas a relação acima contradiz a relação imediatamente
anterior. Como os dois casos analisados acima conduzem a contradições, deve ser
9.4.9 Corolário (do Lema 9.4.8):
Demonstração :
Observe-se que
f (−x) = −f (x),
f (x + y) = f (x) + f (y).
x ∈ F1 .
para todo
f (x) + f (−x) = f (x + (−x)) = f (01 ) = 02 ,
onde a primeira
igualdade segue do Lema 9.4.8, no entanto que a última igualdade segue da denição de pela unicidade do inverso aditivo, deve ser
f.
Portanto,
f (−x) = −f (x).
9.4.10 Lema:
Se
Demonstração :
A estratégia da prova é totalmente análoga à da Armação 4. Ou seja, dados
x, y ∈ F1
com
x>0
tricotomia, deve ser
Caso
x, y ∈ F1 ,
com
x>0
e
y > 0,
então
f (xy) = f (x)f (y).
e y > 0, suponha-se que f (xy) 6= f (x)f (y). f (xy) < f (x)f (y) ou f (xy) > f (x)f (y).
f (xy) < f (x)f (y):
Em tal caso, pela propriedade de
Pela densidade dos racionais no corpo arquimediano
F2 ,
existe
racional tal que:
m 12 ∈ F2 n
m 12 < f (x)f (y). n m Portanto, existe r := 11 ∈ F1 tal que: n m m f (xy) < 12 = f 11 = f (r) < f (x)f (y). n n f (xy) <
Da primeira desigualdade acima segue que Armação 1: Existem
r1 , r2
racionais em
xy < r,
F1
pois
tais que
−1
f
preserva a ordem entre racionais.
r = r1 r2
0 < y ⇒ 0 < y , de onde r1 racional em F1 tal que x < r1 < ry −1 . r2 := r1−1 r > 0 tem-se que r = r1 r2 , com x < r1 . ⇒ r1 y < r ⇒ y < r1−1 r = r2 .
Com efeito, observe-se que
r1 > x
com
r2 > y .
Como
Denindo
Mais
Voltando agora à prova do Lema, utilizando o resultado da Armação acima tem-se:
f (r) = f (r1 r2 ) = f (r1 )f (r2 ) > f (x)f (y),
O −1
xy < r ⇒ x < ry e r1 > x > 0, existe r1−1 > 0. ainda, como y > 0 tem-se que H
segue que
portanto existe
r1 < ry −1
e
104
Corpo e Transguração
f é morsmo para os racionais, no entanto que a f preserva a ordem em geral, segundo estabelece o Lema r2 > y . Mas a relação acima contradiz a relação imediatamente
onde a segunda igualdade segue do fato que última desigualdade segue do fato que 9.4.7 provado acima, com
r1 > x
e
anterior. Caso
f (xy) > f (x)f (y):
corpo arquimediano
F2 ,
A prova é totalmente análoga. Ou seja, pela densidade dos racionais no existe
m 12 ∈ F2 n
racional tal que:
m 12 < f (xy). n m 11 ∈ F1 tal que: Portanto, existe r := n m m 11 = f (r) < f (xy). f (x)f (y) < 12 = f n n f (x)f (y) <
Da última desigualdade acima segue que Armação 2: Existem
r1 , r2
Com efeito, observe-se que existe
r1
racional em
F1
r < xy ,
racionais em
F1
(9.4.1)
pois
tais que
f
preserva a ordem entre racionais.
r = r1 r2
com
r1 < x
e
r2 < y .
O
0 < y ⇒ 0 < y −1 , de onde segue que r < xy ⇒ ry −1 < x e portanto ry −1 < r1 < x. Neste ponto, resulta oportuno observar que:
tal que
x > 0, y > 0 ⇒ f (x) > 0, f (y) > 0 ⇒ f (x)f (y) > 0 ⇒ f (r) > f (x)f (y) > 0 ⇒ r > 0 ⇒ ry −1 > 0 ⇒ r1 > ry −1 > 0, onde o primeiro e quarto condicionais seguem do fato que
f
preserva a ordem, no entanto que o
terceiro condicional segue da primeira desigualdade na relação (9.4.1). Portanto, existe
−1 Denindo r2 := r1 r > 0 tem-se que r = −1 ry < r1 ⇒ r < r1 y ⇒ r2 = r1−1 r < y .
r1 r2 ,
com
r1 < x.
Mais ainda, como
y>0
r1−1 > 0.
tem-se que
H
Voltando agora à prova do Lema, utilizando o resultado da Armação acima tem-se:
f (r) = f (r1 r2 ) = f (r1 )f (r2 ) < f (x)f (r2 ) < f (x)f (y). f é morsmo para os racionais. A primeira desif preserva a ordem em geral, segundo establece o Lema 9.4.7 provado acima, com r1 < x e r2 > 0 ⇒ f (r2 ) > 0. A última desigualdade segue do fato que f preserva a ordem com r2 < y e x > 0 ⇒ f (x) > 0. Mas a relação acima contradiz a primeira desigualdade Aqui, a segunda igualdade segue do fato que gualdade segue do fato que
na relação (9.4.1). Como os dois casos analisados acima conduzem a contradições, deve ser
9.4.11 Lema:
Se
Demonstração :
Para xar idéias, suponha que
x = 0,
ou
y = 0,
então
f (xy) = f (x)f (y).
f (xy) = f (x)f (y). x = 0.
Em tal caso, tem-se:
f (xy) = f (01 y) = f (y01 ) = f (01 ) = 02 = f (y)02 = 02 f (y) = f (01 )f (y) = f (x)f (y), onde a quarta e sétima igualdades acima seguem da denição de mente análoga
mutatis mutandi.
f.
Se
y = 0,
a prova é completa-
105
9.4 Existência de Isomorsmos
9.4.12 Lema:
Se
Demonstração :
Para xar idéias, suponha que
x<0
e
y > 0,
ou se
x>0
e
y < 0, x<0
então
e
f (xy) = f (x)f (y).
y > 0.
Em tal caso tem-se:
−f (xy) = f (−(xy)) = f ((−x)y) = f (−x)f (y) = (−f (x))f (y) = −(f (x)f (y)) ⇒ f (xy) = f (x)f (y). A primeira e quarta igualdades seguem do Corolário 9.4.9, no entanto que a terceira segue do Lema 9.4.10 anterior com análoga
−x > 0,
mutatis mutandi.
pois
9.4.13 Lema:
Se
Demonstração :
Observe-se que
x<0
e
y < 0,
x < 0
então:
e
y > 0.
Se
x > 0
e
y < 0,
a prova é completamente
f (xy) = f (x)f (y).
x < 0, y < 0 ⇒ −x > 0, −y > 0.
Portanto:
f (xy) = f ((−x)(−y)) = f (−x)f (−y) = (−f (x))(−f (y)) = f (x)f (y). A segunda igualdade segue do Lema 9.4.10 anterior com terceira segue do Corolário 9.4.9.
mutandi.
Se
x > 0
e
y < 0,
−x > 0
e
−y > 0,
no entanto que a
a prova é completamente análoga
mutatis
Todos os resultados da presente seção podem ser resumidos no seguinte teorema.
9.4.14 Teorema:
Dois corpos ordenados e completos quaisquer são isomorfos. Ou seja, existe
no máximo esencialmente apenas um corpo ordenado e completo. Em outras palabras, se um tal corpo existe, então é único, salvo isomorsmos.
Demonstração :
Se
F1
e
F2
são tais corpos, basta exibir um isomorsmo
f : F1 7−→ F2
entre
ambos. Tal isomorsmo pode ser denido como nas Denições 9.4.1 e 9.4.4. O Lema 9.4.3 garante que tal denição é consistente. O Lema 9.4.7 estabelece que
f
preserva a ordem.
Portanto, o Lema 9.2.2(b,c) garante que
f
é
injetora e sobrejetora. Com relação à estrutura algébrica, o Lema 9.4.8 estabelece que Lemas 9.4.10, 9.4.11, 9.4.12 e 9.4.13 garante que Portanto,
f
é o isomorsmo procurado.
f
f
preserva a soma. O conjunto dos
também preserva o produto.
Capítulo 10
Completando Corpos Ordenados 10.1
Sequências Nulas e de Cauchy
10.1.1 Denição:
Uma sequência
{an }n∈N
é dita
nula se:
∀ > 0 ∃ N () ∈ N : n > N () ⇒ |an | < . O conjunto de sequências nulas em
F
será denotado por
N (F ).
Em outras palavras, uma sequência é nula se converge para
0.
♣
O Exercício 7.5.1 fornece exemplos
de sequências nulas.
10.1.2 Lema:
Seja
F
corpo ordenado. Então:
(a) N (F ) ⊂ C(F ) ⊂ B(F ).
Ou seja, toda sequência nula é de Cauchy e toda sequência de Cauchy
é limitada.
(b) N (F ) $ C(F ). (c)
Seja
{an } ∈ C(F )\N (F ).
Então existe
F 3 0 > 0
e
S(0 ) ∈ N
tal que:
n > S(0 ) ⇒ |an | > 0 /2.
Demonstração :
(a)
Toda sequência nula é convergente, e portanto de Cauchy, pelo Exercício
7.3.1(b). Toda sequência de Cauchy é limitada, pelo Lema 7.2.2.
(b)
Ou seja, existem sequências de Cauchy que convergem não necessariamente para zero, como, por exemplo, qualquer sequência constante não-nula. Um outro exemplo não-trivial de tal sequência é exibido no Exercício 8.5.1.
(c)
Se
{an } ∈ / N (F ),
F 3 0 > 0 tal ∀ N ∈ N ∃ p(N ) > N : ap(N ) > 0 . então existe
107
que:
108
Completando Corpos Ordenados
{an } ∈ C(F ),
Por outro lado, se
F 3>0
então para todo
existe
N () ∈ N
tal que:
m, n > N () ⇒ |am − an | < . Portanto, se
n > N (0 /2),
tem-se:
0 0 6 ap(N (0 /2)) = ap(N (0 /2)) − an + an 6 ap(N (0 /2)) − an + |an | < + |an | , 2 p(N (0 /2)) > n > N (0 /2) ⇒ |an | > 0 /2, portanto
onde a última desigualdadade segue do fato da sequência ser de Cauchy com
N (0 /2)
n > N (0 /2). Da relação tomar S(0 ) > N (0 /2).
basta
e
10.1.3 Lema:
(a)
Se
{an }
e
Seja
{bn }
F
corpo ordenado. Então:
são sequências de Cauchy em
{an } + {bn } {an }{bn }
:= {an
F,
as operações dadas por:
+ bn },
:= {an bn };
estão bem denidas em
(b)
acima tem-se que
C(F ).
Com as operações de soma e produto acima denidas, o conjunto
C(F ) é um anel comutativo
com identidade. Os elementos neutros para a soma e produto estão dados respectivamente por:
{0}
:= 0, 0, 0, . . .
;
{1}
:= 1, 1, 1, . . .
.
(c) N (F )
é subgrupo abeliano aditivo de
C(F ),
ou seja, subgrupo comutativo com relação à
adição.
(d) N (F ) (e)
é um ideal multiplicativo próprio de
A relação
∼
em
C(F )
C(F ).
denida por:
{an } ∼ {bn } ⇐⇒ {an } − {bn } ∈ N (F ) é uma relação de equivalência.
Demonstração :
(a)
Se
{an } ∈ C(F )
então:
∀ > 0 ∃ N1 () ∈ N : m, n > N1 () ⇒ |an − am | < . Analogamente, se
{bn } ∈ C(F )
então:
∀ > 0 ∃ N2 () ∈ N : m, n > N2 () ⇒ |an − am | < . Dado
> 0,
seja
N3M
:=
max {N1 (/2), N2 (/2)}.
Então:
m, n > M ⇒ |an + bn − (am + bn )| 6 |an − am | + |bn − bm | <
|an | 6 A, ∀ n ∈ N; |an | 6 B, ∀ n ∈ N. A = 0, então 0 6 |an | 6 A = 0, ∀ n ∈ N ⇒ an = 0, ∀ n ∈ N, portanto A por A + 1. Idênticas considerações aplicam-se mutatis mutandi no caso > 0, seja N 3 M := max {N1 (/2A), N2 (/2B)}. Então:
Com efeito, se fosse bastaria substituir
B = 0.
Dado
m, n > M ⇒ |an bn − am bm | = |an bn − an bm + an bm − am bm | +B = + = . 6 |an | |bn − bm | + |bm | |an − am | < A 2A 2B 2 2 Portanto,
{an }{bn } = {an bn } ∈ C(F ).
(b)
Segue trivialmente do item anterior e das propriedades das operações no corpo
(c)
Em primeiro lugar, observe que se
{an } ∈ N (F ),
F.
então:
∀ > 0 ∃ N () ∈ N : n > N () ⇒ > |an | = |−an | , e portanto
−{an } = {−an } ∈ N (F )
também. Agora, se
{an } ∈ N (F )
então:
∀ > 0 ∃ N1 () ∈ N : n > N1 () ⇒ |an | < . Analogamente, se
{bn } ∈ N (F )
então:
∀ > 0 ∃ N2 () ∈ N : n > N2 () ⇒ |bn | < . Dado
> 0,
seja
N3M
:=
max {N1 (/2), N2 (/2)}.
n > M ⇒ |an + bn | 6 |an | + |bn | < Portanto,
Então:
+ = . 2 2
{an } + {bn } = {an + bn } ∈ N (F ). Obviamente, {0} = {0, 0, 0, . . . } ∈ N (F ), > 0, basta tomar qualquer N () ∈ N.
pois
em tal caso, dado
(d)
Se
{an } ∈ C(F ) ⊂ B(F ),
então existe
A>0
tal que:
|an | 6 A, ∀ n ∈ N. Se
{bn } ∈ N (F ),
então:
∀ > 0 ∃ N () ∈ N : n > N () ⇒ |bn | < . Dado
> 0,
tem-se:
n > N (/A) ⇒ |an bn | = |an | |bn | 6 A |bn | < A
= . A
{an }{bn } = {an bn } ∈ N (F ), provando que N (F ), é um ideal em C(F ). Observe-se {1} = {1, 1, 1, . . . } ∈ C(F )\N (F ), e portanto N (F ) $ C(F ). Ou seja, é um ideal próprio.
Portanto, que
(e)
Segue do fato de ser
N (F )
subgrupo abeliano de
C(F ),
segundo o item (c) anterior.
110
Completando Corpos Ordenados
10.1.4 Denição:
Seja
C/N
o conjunto de classes de equivalência de
C(F )
sob a relação acima
denida. A classe de equivalência de um elemento
{an }
será denotada por
[an ].
Observe-se que
{an } + N (F ).
10.1.5 Lema:
(a)
Se
[an ]
e
F
Seja
[bn ]
[an ] = ♣
corpo ordenado. Então:
pertencem a
C/N ,
então as operações de soma e multiplicação denidas res-
pectivamente por:
[an ] + [bn ]
:= [an
+ bn ],
[an ][bn ] := [an bn ]; estão bem denidas em
(b)
C/N . C/N é um corpo. Os elementos neutros [0] = {0} + N (F ) = N (F ) e [1], respectivamente.
Com as operações acima denidas, produto estão dados por
Demonstração : N.
(a)
N é abeliano, tem-se que [an ] = N + {an } = {an } + x = {an } + {cn }, com {cn } ∈ N . Analogamente, se y ∈ [bn ], {dn } ∈ N . Portanto:
{an xn − 1} = a1 − 1, a2 − 1, . . . , as−1 − 1, 0, 0, 0, . . . ; {an xn −1} ∈ N . No entanto, resta ainda provar que {xn } ∈ C . {xn } denida acima é de Cauchy. Para tanto, observe que: 1 1 1 1 2 2 = − |an − am | 6 |an − am | . m, n > s = S(0 ) ⇒ |xn − xm | = an am |an | |am | 0 0
de onde segue obviamente que
Ou seja, provar que a sequência
De onde tem-se:
m, n > max S(0 ), N
10.2
20 4
⇒ |xn − xm | < .
Propriedades do Corpo
10.2.1 Denição:
C/N
letras gregas minúsculas
C/N será F 3 α, β, . . . .
10.2.2 Lema:
corpo ordenado. Considere o subconjunto
P
:= {α
∈F
O corpo
Seja
F
tal que
α 6= 0
∧
denotado por
F
e seus elementos serão denotados por
♣
P ⊂F
denido por:
∃{an } ∈ α : an > 0, ∀ n ∈ N}.
Então:
(a)
Com o conjunto
(b)
A aplicação
a
P,
o corpo
F
resulta ordenado.
F 3 a 7−→ a ∈ F ,
denida por:
:= [a, a, a, . . . ]
é um morsmo injetor que preserva a ordem.
Demonstração :
(a)
Seja
α∈F
n > S(0 ) ⇒ |an | >
0 . 2
α 6= 0 = N . S(0 ) ∈ N tais que:
e suponha-se que
e, pelo Lema 10.1.2(c) existem
0 > 0
e
Em tal caso, existe
{an } ∈ α\N
112
Completando Corpos Ordenados
{an } ∈ C ,
Por outro lado, como
0 > 0
sabe-se que para
existe
N (0 ) ∈ N
tal que:
m, n > N (0 ) ⇒ |am − an | < 0 .
(10.2.1)
M := max{N (0 ), S(0 )}. Como M > S(0 ), aM > 0 /2, ou aM < −0 /2.
Seja ser
Armação 1: Suponha-se que Com efeito,
aM > 0 /2.
Então,
|aM | > 0 /2,
tem-se que
n > M ⇒ an >
e portanto deve
0 > 0. 2
O
n > M > S(0 ) ⇒ |an | > 0 /2. Portanto, deve ser an > 0 /2, ou an < −0 /2. an < −0 /2, teria-se que aM > 0 /2 > −0 /2 > an .
Neste último caso, ou seja, se fosse Portanto:
0 0 |aM − an | − 0 = aM − an − 0 = aM − + − − an > 0 ⇒ |aM − an | > 0 . 2 2 Mas esta última relação contradiz 10.2.1, pois para todo
n > M > N (0 ).
Portanto, deve ser
n > M.
Voltando agora à prova do Lema, suponha-se que
aM > 0 /2.
an > 0 /2 H
Considere-se a sequência
{bn }
denida como:
( aM , bn = an ,
se se
n < M; n > M.
Ou seja:
{bn } = aM , . . . , aM , aM , aM +1 , aM +2 , . . . . {z } | M − 1 vezes
Obviamente,
{bn } ∈ C
e:
{an − bn } = a1 − aM , . . . , aM −1 − aM , 0, 0, 0, . . . ; {an − bn } ∈ N , e portanto {bn } ∼ {an }, ou seja {bn } ∈ α. bn > 0 /2 > 0, ∀ n ∈ N, pela Armação 1. Ou seja, α ∈ P neste caso. de onde segue que
Armação 2: Suponha-se que Com efeito,
aM < −0 /2.
Então,
n > M ⇒ an < −
Além disso,
0 < 0. 2
O
n > M > S(0 ) ⇒ |an | > 0 /2. Portanto, deve ser an > 0 /2, ou an < −0 /2. an > 0 /2, teria-se que an > 0 /2 > −0 /2 > aM .
No primeiro caso, ou seja, se fosse Portanto:
0 0 |an − aM | − 0 = an − aM − 0 = an − + − − aM > 0 ⇒ |an − aM | > 0 . 2 2 Mas esta última relação contradiz (10.2.1), pois
−0 /2
para todo
n > M > N (0 ).
Portanto, deve ser
n > M.
Voltando agora à prova do Lema, suponha-se que
aM < −0 /2.
A sequência
{bn }
denida
anteriormente possui as mesmas propriedades que antes, com a diferença que agora
−0 /2 < 0, ∀ n ∈ N,
pela Armação 2. Ou seja,
−α ∈ P
neste caso.
an < H
bn <
10.2 Propriedades do Corpo
(b)
113
C/N
Observe-se que:
a + b = [a + b] = [a] + [b] = a + b; ab = [ab] = [a][b] = a b. Portanto, a aplicação é um morsmo.
Armação:
a = 0 ⇔ {a} ∈ N ⇔ a = 0.
O
Com efeito, a primeira equivalência é consequência imediata das denições. Para provar a
{a} ∈ N |a| < = |a|, o {a} = {0} ∈ N .
a 6= 0
segunda, se
e fosse
que
que é uma contradição.
teria-se que
|a| > 0.
= |a| > 0 teria-se a = 0 então obviamente H
Tomando então
Reciprocamente, se
a = b ⇒ 0 = b − a = b − a, pois a aplicação é morsmo. Pela armação anterior b − a = 0. Ou seja, a = b, o que prova que o morsmo é injetor. Por outro lado, a < b ⇒ b − a > 0 ⇒ b − a 6= 0, pela Armação anterior. Portanto, b − a ∈ P . Ou seja, b − a > 0 ⇒ b > a, o que prova que o morsmo preserva a ordem. Observe-se que este Agora,
deve ser
fato fornece uma outra prova da injetividade, pois pelo Lema 9.2.2(b), todo morsmo que preserva a ordem é automaticamente injetor.
10.2.3 Lema:
Seja
Demonstração : {an } ∈ C\N
F
corpo ordenado. Se
b∈F
tal que
0 < b < α.
F 3 α > 0, então existe {an } ∈ α : an > 0, ∀ n ∈ N. Observe-se também que α que é não-nula (vide o começo da prova do Lema Lema 10.1.2(c), existem 0 > 0 e S(0 ) ∈ N tais que: Se
n > S(0 ) ⇒ an = |an | > bn
então existe
pelo fato de pertencer à classe
10.1.5(b)). Pelo
Se
F 3 α > 0,
:= 0 /2,
∀ n ∈ N,
0 . 2
então:
α − [bn ] = [an ] − [bn ] = [an − bn ] > 0, onde a última desigualdade segue do fato que
an − bn > 0 pela escolha dos bn .
Observe-se também
que:
1 0 0 1 < ⇒ < , 3 2 3 2
2<3 ⇒
onde o último condicional segue do fato que
0 > 0.
Como a inclusão canônica preserva a ordem,
tem-se:
0
3
<
0
2
⇒ −
0
2
<−
0
3
⇒ α−
0
3
> α−
0
2
Na última relação, a segunda desigualdade decorre do fato que 0 a ordem. Portanto basta tomar
10.2.4 Lema:
Se
F
0 b= . 3
é ordenado arquimediano, então
F
= α − [bn ] > 0 ⇒ α >
0
3
> 0.
> 0 e a inclusão canônica preserva
também é.
114
Completando Corpos Ordenados
Demonstração :
Sejam
α, β ∈ F
tais que
0 < α 6 β.
Pelo Lema anterior, existe
b>0
tal que
0 < b < α. d∈F
Armação: Existe Com efeito,
tal que
β < d.
β > α > 0 ⇒ β > 0,
O C\N 3 {bn } ∈ β
portanto existe
toda sequencia de Cauchy é limitada, existe
M >0
com
bn > 0, ∀ n ∈ N.
Como
tal que:
bn = |bn | 6 M < M + 1 =: d. Observe-se que
d − bn > 0
e
{d − bn } ∈ /N
pois:
(d − bn ) − 1 = (d − 1) − bn = M − bn > 0 ⇒ d − bn > 1, ∀ n ∈ N, 0 6= [d − bn ] = [d] − [bn ] = d − β .
de onde segue que
Portanto,
0 < d − β,
F é arquimediano, existe n ∈ NF tal que nb > d. nα > β , o que prova que F é arquimediano.
Agora, como Ou seja,
10.2.5 Lema:
Seja
F
corpo ordenado. Considere-se
α ∈ F.
Portanto,
ou seja,
β < d.
H
nα > nb > nb > d > β .
Então, para toda
{an } ∈ α, tem-se:
lim an = α.
n→∞
Demonstração : tal que
Seja
0 < e < ε.
{an } ∈ α ∈ F . Suponha-se dado F 3 ε > 0. N (e) ∈ N tal que:
Pelo Lema 10.2.3 existe
e∈F
p0 > N (e),
segue
Também existe
n, m > N (e) ⇒ |an − am | < e. Seja
p0 > N (e)
arbitrário, mas xo. Se
n > N (e),
tem-se:
ap0 − an 6 |ap0 − an | < e; an − ap0 6 |ap0 − an | < e. De onde segue que:
ap0 − α < e < ε; α − ap0 < e < ε. −ε < apo − α < ε. lim ap0 = α.
Portanto, que
Ou seja,
|apo − α| < ε.
Como isso vale para todo
p0 →∞
10.2.6 Lema:
Seja
Demonstração :
Seja
algum
n
F
corpo ordenado. Então o corpo
{αn }
sequência de Cauchy em
F
F.
é completo.
Se
{αn }
fosse constante a partir de
em diante, a sua convergência é imediata. Caso contrário, seria possível construir uma
sub-sequência
{αnk }k∈N
tal que
αnk 6= αnk+1 ,
para todo
k ∈ N,
e em tal caso, pelo Lema 7.2.3,
bastaria provar a convergência apenas para essa sub-sequência. Em resumo, se pode supor, sem
10.2 Propriedades do Corpo
115
C/N
perda de generalidade, que a sequência de Cauchy original
{αn }
satisfaz
αn 6= αn+1 , ∀ n ∈ N.
Em
tal caso, resulta possível denir:
µn
:=
|αn − αn+1 | > 0
Por hipótese, para todo
F 3ε>0
existe
N (ε) ∈ N
tal que:
m, n > N (ε) ⇒ |αm − αn | < ε. Em particular, tem-se:
n > N (ε) ⇒ µn = |αn − αn+1 | < ε. Pelo Lema 10.2.5, para cada Armação 1: A sequência Com efeito, seja
Pelo Lema 10.2.2(b), sabe-se que a inclusão canônica
F 3 α 7−→ α ∈ F
é um morsmo
injetor que preserva a ordem. Pelo item (a) anterior, também é sobrejetor. Com efeito, dada
[αn ] ∈ F
existe
β∈F
tal que
via a inclusão canônica.
[αn ] = [β].
Ou seja,
β = [αn ].
Portanto,
F
e
F
são isomorfos
Exercícios para o Capítulo 10 10.3 Sejam
Relações de Equivalência X, Y
conjuntos.
10.3.1 Denição: subconjunto de Se
R
Uma
relação binária, ou simplesmente relação,
é uma relação e
(x, y) ∈ R,
então denota-se
linguagem, costuma-se dizer a relação No caso em que
R entre X e Y
é um
X ×Y.
X =Y,
10.3.2 Denição: (a)
Reexiva: se
(b)
Simétrica: se
∼
uma relação entre
Sejam
x∼x
X
X
um conjunto e
para todo
x∼y ⇒ y∼x
x ∼ y.
Em tal caso, por abuso de notação e
para referir-se à relação e
X
∼
é denominada
uma relação em
R.
relação em
X.
♣
X.
A relação é dita:
x ∈ X. para todo
x, y ∈ X .
Observe-se que em uma relação simétrica tem-se que
x ∼ y ⇐⇒ y ∼ x
para todo
x, y ∈ X .
Com efeito, basta aplicar a propriedade de simetria duas vezes consecutivas, na segunda vez
(c)
intercambiando
x
Transitiva: se
(x ∼ y) ∧ (y ∼ z) ⇒ x ∼ z
10.3.3 Denição:
e
y.
Uma relação é dita
para todo
x, y, z ∈ X .
♣
relação de equivalência ou simplesmente equivalência
♣
se é reexiva, simétrica e transitiva.
10.3.4 Denição: Seja ∼ uma relação de equivalência em equivalência de x é o subconjunto [x] de X denido por:
[x]
:= {y
∈ X : y ∼ x}.
10.3.5 Observação: relação segue que
x∼x
Dado
X.
Se
x ∈ X,
então a
classe de
♣
x ∈ X , observe-se x ∈ [x].
que
e portanto
117
[x]
nunca é vazia, pois da reexividade da
♣
118
Completando Corpos Ordenados
10.3.6 Lema:
Sejam
x, y ∈ X .
Então,
[x] = [y]
ou
[x] ∩ [y] = ∅.
Em particular, duas classes de
equivalência diferentes são necessariamente disjuntas.
Desta maneira, resulta possível expressar que uma relação de equivalência
∼
quebra
X
em
subconjuntos não vazios disjuntos entre si, a saber, as diferentes classes de equivalência.
10.3.7 Denição:
∼
Seja
∼
uma relação de equivalência em
é o conjunto das classes de equivalência de
X/∼
:= {[x]
10.3.8 Lema:
(a)
A relação
X
sob
∼,
X.
O
quociente de
denotado por
X/∼ .
X
pela relação
Ou seja:
: x ∈ X}.
Seja agora
∼
em
G
♣
G
um grupo e
N
um subconjunto de
G.
Então:
denida por:
a ∼ b ⇐⇒ ab−1 ∈ N é uma equivalência se e somente se
(b)
Em tal caso,
10.3.9 Lema:
[a] = N a
Sejam
10.4
G.
é um subgrupo de
Ou seja, se
G.
: n ∈ N }.
grupo, N subconjunto de G e ∼ a G/∼ denida por [a][b] := [ab] está n ∈ N ∧ g ∈ G ⇒ ng ∈ N .
G
Prove que a operação em direita em
:= {na
N
relação denida no Lema anterior. bem denida se
for um ideal à
O Ideal de Sequências Nulas
10.4.1 Exercício:
Prove que o conjunto de sequências nulas
plicativo no conjunto
B(F )
que
N
{an bn } ∈ N (F ).
de sequências limitadas. Ou seja,
N (F ) também é um ideal multi{an } ∈ N (F ) e {bn } ∈ B(F ) implica
Em outras palabras, o produto de uma sequência que converge para zero
♣
vezes uma sequência limitada também converge para zero.
10.4.2 Exercício: corpo ordenado e
Prove que a sequência do Lema 10.2.5 é de Cauchy.
α ∈ F,
então para cada
{an } ∈ α,
a sequência
{an }
Ou seja, se
é de Cauchy em
F.
F
é um
♣
Capítulo 11
Raízes n-ésimas 11.1 Seja
F
Existência e Unicidade corpo ordenado e completo.
11.1.1 Teorema:
F 3y>0
tal que
Demonstração : A
:= {t
Para cada
F 3 x > 0
n ∈ NF
e cada
inteiro positivo existe um único
y n = x. Dados
F 3x>0
e
n ∈ NF ,
seja
A⊂F
o conjunto denido como:
∈ F : t > 0 ∧ tn < x}. A 6= ∅.
Armação 1:
O
Com efeito, tem-se:
0<1 ⇒ 0
x < 1. x+1
Também:
0
Portanto, se
Armação 2:
:=
A
x , 1+x
1 x <1 ⇒ < x. 1+x 1+x
tem-se que
a>0
e
an < a < x.
Ou seja,
a ∈ A,
provando que
A 6= ∅. H O
é limitado superiormente.
Com efeito, como
x > 0,
se
t0
:= 1
+ x > 1,
tem-se:
t > t0 > 1 ⇒ tn > t > t0 > x ⇒ t ∈ /A Portanto,
A
é limitado superiormente, pois
t0
é um limite superior de
Pelas duas armações anteriores e a completeza de
F,
existe
A.
sup A =: y > 0, pois A é um y > a > 0.
não vazio de números positivos. Mais ainda, pela Armação 1, sabe-se que 119
H conjunto
120
Raízes
Armação 3: A hipótese
yn < x
Com efeito, suponha-se que
n-ésimas O
conduz a contradição.
n
y < x.
Observe-se que:
y > 0 ⇒ 1 + y > 0 ⇒ (1 + y)n > 0, e como
F
é arquimediano, existe
k
inteiro
positivo
tal que:
k(1 + y)n > x. Seja
h
denido como:
h Como outro
:=
x − yn . k(1 + y)n − y n
k(1 + y)n > x > y n , tem-se que k(1 + y)n − y n > 0 e x − y n > 0. Ou seja, h > 0. Por n n n n lado, x < k(1 + y) ⇒ x − y < k(1 + y) − y ⇒ h < 1. Portanto 0 < h < 1. Observe-se
também que:
k > 1 ⇒ k(1 + y)n > (1 + y)n ⇒ k(1 + y)n − y n > (1 + y)n − y n ⇒ h 6
x − yn . (1 + y)n − y n
Portanto:
n X n n−m m y h (y + h) = m m=0 n X n n−m m−1 = yn + h y h m m=1 n X n n−m < yn + h y m m=1 n
= y n + h((1 + y)n − y n ) 6 y n + (x − y n ) = x, hm−1 < 1, pois h < 1. Da relação acima, tem-se que (y + h) < x ⇒ y + h ∈ A, pois h > 0 ∧ y > 0 ⇒ y + h > 0. Mas isso contradiz o fato que y = sup A, pois A 3 y + h 6 sup A = y ⇒ h 6 0, mas sabe-se que h > 0. H onde a primeira desigualdade acima segue do fato que
n
Armação 4: A hipótese
yn > x
conduz a contradição.
Com efeito, suponha-se agora que
y n > x.
Como antes, observe-se que:
y > 0 ⇒ y + 1 > 1 ⇒ (y + 1)n > 1 > 0, e como
F
é arquimediano, existe
k(1 + y)n > 2y n − x. Seja
h
denido como:
h
:=
yn − x . k(1 + y)n − y n
k
inteiro
positivo
tal que:
O
121
11.1 Existência e Unicidade
Observe-se que:
k(1 + y)n > 2y n − x ⇒ k(1 + y)n − y n > y n − x > 0 ⇒ 1 > h > 0. Na segunda relação acima, a segunda desigualdade decorre do fato que Observe-se também que, como
n
y − x > 0,
y n > x ⇒ y n − x > 0.
tem-se:
k > 1 ⇒ k(1 + y)n > (1 + y)n ⇒ k(1 + y)n − y n > (1 + y)n − y n yn − x yn − x 6 . ⇒ h= n n k(1 + y) − y (1 + y)n − y n Se fosse
l
y > 1,
então
0 < h < 1 6 y ⇒ h < y.
Portanto, em tal caso existe
l
:= h com
0
e
tal que:
l6
yn − x . (1 + y)n − y n 1 > y > 0, então denindo l := hy , teria-se que 0 < l, pois h > 0 e y > 0, l < y , pois como y > 0, teria-se que h < 1 ⇒ l = hy < y < 1. Além disso, como
Reciprocamente, se fosse e também
h > 0,
l<1
e
teria-se também que:
y < 1 ⇒ l = hy < h 6
yn − x . (1 + y)n − y n
Portanto, qualquer seja o caso, sempre existe
l6
l
com
0
e
l
tal que:
yn − x . (y + 1)n − y n
Portanto, para qualquer
t > y − l > 0,
tem-se:
n X n n−m y (−1)m lm t > (y − l) = m m=0 n X n n−m = yn + y (−1)m lm m m=1 n X n n−m = yn − l y (−1)m−1 lm−1 m m=1 n X n n−m m−1 n >y −l y l m m=1 n X n n−m n >y −l y m m=1 n
n
= y n − l ((1 + y)n − y n ) > y n − (y n − x) = x, onde a segunda desigualdade acima segue do fato que
lm−1 < 1,
pois
l < 1.
Por outro lado, a
última desigualdade é consequência da propriedade de l. Da relação acima, tem-se que
y−l
é um
122
Raízes
limite superior para
A
obviamente menor que
y,
contradizendo o fato que
y = sup A
n-ésimas
era o menor
H
de todos os limites superiores. Pelas duas armações anteriores, deve ser
y n = x,
o que prova a existência.
Para provar a unicidade, suponha-se a existência de Por
reductio ad absurdum,
generalidade, que
y1 < y2 ,
suponha-se que permutando
y1
e
y1
e
y2 , tais que yi > 0 e yin = x, para i = 1, 2.
y1 6= y2 . Em tal caso, pode-se supor, sem perda y2 se for necessário. Sob tal hipótese, tem-se:
cuja existência asegura o Teorema 11.1.1 acima, denota-se por
n-ésima (positiva)
de
a1/n
F 3y >0
e denomina-se
a.
√ n-ésima a1/n denota-se n a. Mais especicamente, √ 1/2 no caso n = 2 denota-se a simplesmente por a, denominando-se raiz quadrada de a. No √ 1/3 3 caso n = 3, a ou a denomina-se raiz cúbica de a. ♣ Alternativamente, com certa freqüência a raiz
11.1.3 Observação:
uma
raiz
(a)
Se
n-ésima positiva,
(b)
11/n = 1,
(c)
a > 1 ⇒ a1/n > 1,
para todo
n ∈ NF
é par então existe mais de uma raiz
n-ésima,
mas
apenas
de acordo com o Teorema 11.1.1.
n ∈ NF .
para todo
n ∈ NF .
a1/n 6 1, teria-se que a1/n a1/n 6 a1/n 6 1, o que pela sua vez conduz a a a a 6a 6 1. Repetindo esse procedimento n vezes, teria-se nalmente que a = |a1/n ·{z · · a1/n} 6 1, contradizendo a hipótese que a > 1. ♣ Com efeito, se fosse
1/n 1/n 1/n
n vezes
1/n
Exercícios para o Capítulo 11 11.2 Sejam
Médias de Potências
p -ésimas
R 3 a1 , a2 , . . . , an > 0 um conjunto de n números reais não negativos. p ∈ Z\{0}, dene-se a média de potências p-ésimas Mp como:
Se
p
é um inteiro
não-nulo
Mp
:=
O número
M1
ap1 + ap2 + · · · + apn n denomina-se a
1/p .
média aritmética,
M2
média quadrática e
a
M−1
a
média
harmônica.
11.2.1 Exercício:
Se
p > 0,
Mp < M2p ,
demonstre que
desde que os
a1 , a2 , . . . , an
não sejam
todos iguais. Sugestão: Aplique a desigualdade de Schwarz com
11.2.2 Exercício:
xi = api
e
♣
yi = 1.
Este exercício é um corolário da relação
P (n)
provada no Exercício 3.7.2 ou,
alternativamente, no Exercício 3.7.3.
(a)
Se
a1 , a2 , . . . , an > 0 √ n
são
a1 a2 · · · an 6
n
números não negativos, então:
a1 + a2 + · · · + an . n
Sugestão: a relação acima é uma consequência direta de P(n).
(b)
Se agora
a1 , a2 , . . . , an > 0
são
n
números
positivos, então:
√ n 6 n a1 a2 · · · an . 1 1 1 + + ··· + a1 a2 an Sugestão: o que acontece na relação do item (a) se trocar cada
A
media geométrica
G
:=
√ n
G
de
n
números reais não-negativos
a1 a2 · · · an . 123
ai
por
1/ai ?
a1 , a2 , . . . , an
dene-se como:
♣
124
Raízes
n-ésimas
Desta maneira, observe que, combinando os dois itens do exercício anterior, prova-se que
G 6 M1 .
M−1 6
Os exercícios a seguir fornecem: uma prova alternativa da segunda desigualdade (os dois
primeiros), uma generalização da dupla desigualdade (o terceiro) e algumas aplicações (o quarto e último).
Seja a1 , a2 , . . . , an > 0 um conjunto de n números reais positivos com produto a1 a2 · · · an = 1. Prove que a1 + a2 + · · · + an > n, com igualdade apenas quando todo k = 1, . . . , n.
11.2.3 Exercício: igual à unidade
ak = 1
para
Sugestão: Considere por separados os seguintes dois casos:
• ak = 1 •
k = 1, . . . , n;
para todo
Não todo
ak = 1.
a1 a2 · · · an+1 = 1, então deve existir algum fator, a1 , maior que 1 e também deve existir algum fator, digamos an+1 , menor que 1. Considere b1 := a1 an+1 e aplique a hipótese indutiva ao produto b1 a2 · · · an , levando em consideração que (a1 − 1)(an+1 − 1) < 0. ♣
No segundo caso, use indução, observando que se digamos
11.2.4 Exercício:
M1
Usando o exercício anterior, produza uma prova alternativa da relação
G6
a1 = a2 = · · · = an .
e verique que a igualdade vale apenas quando
Sugestão: Se algum dos fatores é nulo, então a desigualdade é obviamente válida, com igualdade se todos os fatores são igualmente nulos. Basta então considerar o caso em que todos os fatores são positivos. Em tal caso
G 6= 0, e pode-se supor sem perda de generalidade que G = 1, substituindo, ak por ak /G. Nesse ponto, entra o resultado do exercício anterior. ♣
se for necessário caso, cada
11.2.5 Exercício: então
Usando o exercício anterior prove que se
Mp < G < M q
se os
a1 , a2 , . . . , an
p
e
q
são inteiros tal que
p < 0 < q,
não são todos iguais.
n números aq1 , aq2 , . . . , aqn para obter a segunda |p| |p| |p| números 1/a1 , 1/a2 , . . . , 1/an para a primeira. ♣
Sugestão: Aplique o resultado exercício anterior aos desigualdade e aos
n
11.2.6 Exercício: (a)
Se
a, b, c
Algumas Aplicações
são reais
positivos
tais que
a2 + b2 + c2 = 8,
então
a4 + b4 + c4 >
64 3 .
Sugestão: Use o Exercício 11.2.1.
(b)
Se
a, b, c
são reais positivos tais que
abc = 8,
então
a+b+c>6
e
ab + ac + bc > 12.
Sugestão: Use o Exercício 11.2.4.
(c)
a1 , a2 , . . . , an n X k=1
são reais positivos e
! ak
n X k=1
! bk
> n2 .
bk = 1/ak
para todo
k = 1, . . . , n,
então:
11.3 A Sequência
a1/n
125
Sugestão: Use o Exercício 11.2.4.
(d)
Se
a, b, c
são reais positivos tais que
Sugestão: Use a desigualdade
11.3
A Sequência
11.3.1 Exercício:
Seja
Sugestão: Use a relação
F
a + b + c = 1,
M−1 6 M1
então
(1 − a)(1 − b)(1 − c) > 8abc.
sugerida pelo Exercício 11.2.5 com
a, b
c.
e
♣
a1/n
corpo arquimediano. Seja
M−1 6 G 6 M1
R 3 a > 0.
Então,
lim a1/n = 1.
n→∞
do Exercício 11.2.2, ou 11.2.5, com os
n
números:
a1 = a, a2 = a3 = · · · = an = 1; ♣
e depois o resultado dos Exercícios 7.3.4 e 7.5.1(a).
11.4
Raízes de Equações Quadráticas
11.4.1 Exercício: (a)
Se
Sejam
b2 − 4ac > 0,
a, b, c ∈ F ,
com
a 6= 0.
então os dois números
r1
e
r2
dados por:
√
b2 − 4ac , √2a −b − b2 − 4ac r2 = ; 2a r1 =
−b +
são ambos raizes da equação quadrática
x = r1
ou
ax2 + bx + c.
Ou seja,
ax2 + bx + c = 0
quando
x = r2 .
Sugestão: Utilize a técnica de completar quadrados, ou use diretamente o Exercício 2.9.1(a). Incidentalmente, observe que tal método de demonstração prova também que
(b)
únicas
raízes da equação quadrática. Ou seja,
x = r1
ou
Se
r1
e
r2
são as
quando, e apenas quando,
x = r2 .
b2 − 4ac < 0,
fato, em tal caso todo
ax2 + bx + c = 0
x ∈ F,
ax2 + bx + c não admite nenhuma raiz real. De 2 todo x ∈ F quando a > 0, ou ax + bx + c < 0 para
então a equação quadrática
2
ax + bx + c > 0 a < 0.
para
quando
Sugestão: Idem.
(c)
r1 + r2 = −b/a e r1 r2 = c/a. Portanto, a equação quadrática em a, b, c pode ser rescrita alternativamente em função das raízes como:
A Desigualdade de Schwarz Revisitada a1 , a2 , . . . , an ∈ R
e
b1 , b2 , . . . , bn ∈ R
dois conjuntos de
n
números reais quaisquer. Para
abreviar, denota-se:
kak
n X
:=
!1/2 a2i
,
i=1
kbk
n X
:=
!1/2 b2i
.
i=1 Com essa notação, a desigualdade de Schwarz assume a forma:
n X ai bi 6 kak kbk . i=1
Incidentalmente, observe-se que
k.k = n1/2 M2 , e que a desigualdade de Schwarz pode ser expressada
em termos de médias como:
|M1 (a1 b1 , . . . , an bn )| 6 M2 (a1 , . . . , an ) M2 (b1 , . . . , bn ), mas isso não terá relevância alguma no presente contexto.
11.5.1 Exercício: todo
(b)
(a)
i = 1, 2, . . . , n,
Prove que se
11.5.2 Exercício:
Prove que, em caso de existir algum
b1 = b2 = · · · = bn = 0,
(a)
ai − λbi = 0,
para
então também vale a igualdade.
♣
para todo
x, y ∈ F ,
desigualdade estrita se x 6= y .
Sugestão: Observe que
(b)
tal que
Verique primeiramente a seguinte identidade:
2xy 6 x2 + y 2 ; com
λ ∈ F,
então na desigualdade de Schwarz vale a igualdade.
0 6 (x − y)2 ,
com desigualdade estrita se
bi 's não são simultaneamente nulos ai − λbi = 0, para todo i = 1, 2, . . . , n. Prove que: n X ai bi < kak kbk .
Suponha agora que os
x 6= y .
e que não existe nenhum
λ∈F
tal que
i=1
bi 's não são simultaneamente nulos, tem-se que kbk = 6 0. Por outro lado, a1 = a2 = · · · = an = 0, então se poderia tomar λ = 0. Portanto, também os ai 's devem não ser simultaneamente nulos, de onde tem-se que kak 6= 0. Desta maneira, para i = 1, 2, . . . , n, a relação do item (a) anterior pode ser empregada com x = ai / kak e y = bi / kbk. Some depois as n desigualdades assim obtidas, observando que pelo menos uma delas é estrita. Com efeito, observe que deve existir algum i0 tal que ai0 / kak = 6 bi0 / kbk, pois se todos esses números fossem iguais, teria-se que ai − kak bi / kbk = 0, para todo i, em cujo caso pode-se tomar λ = kak / kbk. ♣
Sugestão: Como os se fosse
127
11.5 A Desigualdade de Schwarz Revisitada
11.5.3 Exercício:
(a)
Como corolário da demonstração, conclua que na desigualdade de
Schwarz vale a igualdade se e somente se que
(b)
ai − λbi = 0
para todo
b1 = b2 = · · · = bn = 0
ou existe
λ ∈ F
tal
i = 1, 2, . . . , n.
Prove que a condição do item (a) anterior é equivalente à seguinte:
α, β ∈ F i = 1, 2, . . . , n.
Existem
não simultaneamente nulos, tais que
para todo
( ⇒ ), no primeiro caso basta tomar α = 0 e β = 1 e no β = −λ. Para a parte ( ⇐ ), se fosse α 6= 0, bastaria tomar λ = −β/α. deve ser β 6= 0, de onde tem-se que bi = 0, para todo i.
Sugestão: Para a parte
α=1 α = 0,
α ai + β b i = 0,
e
segundo, No caso
♣
Capítulo 12
Exponenciais 12.1 Seja
F
Base Arbitrária e Exponente Natural corpo ordenado e completo.
12.1.1 Denição:
am
:=
Seja
a ∈ F.
Para cada
m ∈ NF
dene-se:
♣
a · · · a} . | a{z m vezes
12.1.2 Lema:
Seja
a ∈ F.
Então, para todo
m, n ∈ NF
tem-se:
(a) am+n = am an . (b) (am )n = amn . (c)
Se
a > 0,
Demonstração :
então
(a−1 )m = (am )−1 .
(a)
Observe-se que:
am an = a · · · a} a · · · a} = a · · · a} = am+n . | a{z | a{z | a{z m vezes
(b)
n vezes
m + n vezes
Analogamente:
m m m (am )n = a · · · a} · · · a · · · a} = a · · · a} = amn . | a {z· · · a } = a | a{z | a{z | a{z n vezes m vezes m vezes mn vezes | {z } n vezes
(c)
Finalmente, se
a > 0,
tem-se:
−1 −1 −1 am (a−1 )m = a · · · a} a | a{z | a {z· · · a } = · · · = 1. m vezes
Portanto,
(a−1 )m = (am )−1 ,
m vezes
pela unicidade do inverso multiplicativo.
129
130
Exponenciais
12.2
Base Positiva e Exponente Inteiro am para m −m com m ∈ NF .
Procura-se agora uma denição de
inteiro qualquer, não necessariamente positivo. Um
inteiro negativo é da forma
Se as propriedades (b) e (c) do Lema 12.1.2 fossem
válidas nesse caso também, teria-se:
a−m = a(−1)m = (a−1 )m = (am )−1 , a > 0.
desde que
Por outro lado, se a propriedade (a) do Lema 12.1.2 também fosse válida, teria-se:
a0 = am−m = am a−m = am (am )−1 = 1. Tais observações motivam a denição a seguir.
12.2.1 Denição:
( am
:=
Seja agora
(a−m )−1 1
12.2.2 Lema:
Seja
Demonstração :
Se
ou
n = 0,
se se
F 3 a > 0.
Para cada
m ∈ ZF \NF
dene-se:
m < 0, m = 0.
F 3 a > 0.
♣
Então,
am+n = am an ,
para todo
m > 0 e n > 0 basta aplicar a propriedade m = 0 para xar idéias, tem-se:
m, n
inteiros em
F.
(a) do Lema anterior. Se
m=0
supondo que
am+n = a0+n = an = 1an = a0 an = am an . Se
m > 0
e
n < 0,
n = − |n|,
em cujo caso
serão considerados por separado os seguintes três
sub-casos:
•
Se
m = |n|,
então:
am an = am a−|n| = am (a|n| )−1 = am (am )−1 = 1 = a0 = am−m = am−|n| = am+n . •
Se
m > |n|,
denindo
m n
m −|n|
a a =a a
k
:= m m
− |n| > 0,
|n| −1
= a (a
)
tem-se:
k+|n|
=a
(a|n| )−1 = ak a|n| (a|n| )−1 = ak = am−|n| = am+n .
Na terceira igualdade acima foi utilizada a propriedade (a) do Lema anterior.
•
Se
m < |n|,
denindo
k
:= |n|
− m > 0,
tem-se:
am an = am a−|n| = am (a|n| )−1 = am (ak+m )−1 = am (a−1 )k+m = am (a−1 )m (a−1 )k = am (am )−1 (a−1 )k = (a−1 )k = (ak )−1 = (a|n|−m )−1 = (a−(m−|n|) )−1 = am−|n| = am+n . A segunda igualdade acima segue da denição. Na quarta igualdade foi utilizada a propriedade (c) do Lema anterior, pois Lema, pois
m>0
e
k > 0.
também a propriedade (c), pois
m − |n| < 0.
k + m = |n| > 0.
Na quinta, a propriedade (a) do mesmo
Na sexta, a propriedade (c), pois
k > 0.
m>0
e
k > 0.
Na oitava,
A décima-primeira é consequência da denição, pois
131
12.3 Base Positiva e Exponente Racional
O caso
m<0
e
n>0
é análogo ao caso anterior. Finalmente, se
m<0
e
n < 0,
tem-se:
am an = (a−m )−1 (a−n )−1 = (a−1 )−m (a−1 )−n = (a−1 )−m−n = (a−1 )−(m+n) = am+n . A primeira igualdade acima segue da denição, pois
−m > 0
e
−n > 0.
Na segunda igualdade
foi utilizada a propriedade (c) do Lema anterior, pelo mesmo motivo. Na terceira, a propriedade (a) do mesmo resultado e por idêntica razão. Finalmente, a última igualdade é consequência da
r/s r/s ·{z · · am/n} a · · ar/s} · · · a · · ar/s} | ·{z | ·{z n vezes s vezes s vezes }| {z } n vezes
r = |am ·{z · · am} a · · a}r | ·{z
=a =a
s vezes ms rn
n vezes
a
ms+rn
.
A última igualdade acima segue do Lema 12.2.2. que
am/n ar/s = (ams+rn )1/ns .
Portanto, pela unicidade da raiz tem-se
Ou seja:
ap aq = am/n ar/s = (ams+rn )1/ns = a(ms+rn)/ns = am/n+r/s = ap+q . A terceira igualdade acima segue da Denição 12.3.3.
(b)
Em primeiro lugar, observe que:
a > 1 ⇒ a1/n > 1 ⇒ (a1/n )m > 1 ⇒ am/n = (a1/n )m > 1 ⇒ ar > 1, ∀ Q 3 r > 0.
12.4 Base Positiva
Agora, se
a>1
p < q,
q
p
133
e Exponente Real
então
r+p
a −a =a
q − p =: r > 0 p
r p
e tem-se:
p
− a = a a − a = ap (ar − 1) > 0.
A segunda igualdade acima segue do item (a) anterior. A última desigualdade segue do fato que
(c)
ap > 0,
pela denição, e
ar − 1 > 0,
Em primeiro lugar, observe que
absurdum, tem-se:
pela observação inicial. Ou seja,
0 < a < 1 ⇒ a1/n < 1.
ap < aq .
Com efeito, utilizando
reductio ad
1/n a1/n > 1 ⇒ a1/n a1/n > a1/n > 1 ⇒ · · · ⇒ a ·{z · · a1/n} > 1 ⇒ a > 1. | n vezes
Mas a última relação contradiz a hipótese inicial que
0 < a < 1.
Ou seja, deve ser
a1/n < 1.
Portanto, tem-se:
1/n 0 < a < 1 ⇒ a1/n < 1 ⇒ a1/n a1/n < a1/n < 1 ⇒ · · · ⇒ a ·{z · · a1/n} < 1 | m vezes
⇒ am/n = (a1/n )m < 1, ∀ m ∈ N ⇒ ar < 1, ∀ Q 3 r > 0. Agora, se
p < q,
então
q − p =: r > 0
e tem-se:
ap − aq = ap − ap+r = ap − ap ar = ap (1 − ar ) > 0. A segunda igualdade acima segue do item (a) anterior. A última desigualdade segue do fato que
12.4
ap > 0,
pela denição, e
Base Positiva
12.4.1 Denição:
expa (x)
:=
Seja
1 − ar > 0,
aq < ap .
e Exponente Real
a>1
F 3 a > 1.
pela observação inicial. Ou seja,
Se
x ∈ F,
dene-se:
sup{ar : QF 3 r < x}.
expa (x) está bem denido, pois para qualquer QF 3 s > x tem-se que ar < as para r todo r < x 6 s, pelo Lema 12.3.4(b). Portanto o conjunto {a : QF 3 r < x} está limitado s superiormente por a onde s é qualquer QF 3 s > x. ♣ Observe que
12.4.2 Lema:
expa (x) > 0
para todo
x ∈ F.
Demonstração :
a > 0 implica que am > 0 para todo m ∈ N, e assim 1/am > 0 para todo m ∈ N, ou seja, a > 0 para todo m ∈ Z. Por outro lado, (am )1/n > 0 para todo n ∈ N, pelo Teorema m/n 11.1.1. Assim, a > 0 para todo m ∈ Z e para todo n ∈ N, ou seja, ar > 0 para todo r ∈ QF . m
Portanto:
0 < ar 6 sup{ar : QF 3 r < x} = expa (x).
12.4.3 Lema:
Seja
F 3 a > 1.
Então:
expa (x + y) = expa (x) expa (y),
para todo
x, y ∈ F .
134
Exponenciais
Demonstração :
p, q ∈ Q
Sejam
e
x, y ∈ R
com
p
e
q < y.
Em tal caso,
p+q < x+y
e,
utilizando o Lema 12.3.4(a), tem-se:
expa (x + y) , ∀Q 3 p < x aq expa (x + y) expa (x + y) ⇒ expa (x) 6 ⇒ aq 6 , ∀Q 3 q < y aq expa (x)
ap aq = ap+q 6 expa (x + y) ⇒ ap 6
⇒ expa (y) 6
expa (x + y) . expa (x)
Ou seja:
expa (x) expa (y) 6 expa (x + y). Armação:
(12.4.1)
{t ∈ Q : t < x + y} = {u + v : (u ∈ Q ∧ u < x) ∧ (v ∈ Q ∧ v < y)}.
O
(⊇) é obviamente válida. Para provar a relação (⊆), se Q 3 t < x + y , então t − y < x. Pela densidade dos racionais, existe s ∈ Q tal que t − y < s < x. Em particular, t − s < y e s < x. Portanto, t = (t − s) + s < y + x. Ou seja, basta tomar u = t − s e v = s. H
Com efeito, a relação
Utilizando a Armação anterior, e o fato que
t−s
e
s < x,
tem-se:
at = a(t−s)+s = a(t−s) as 6 expa (y)as 6 expa (y) expa (x), ∀ Q 3 t < x + y. Ou seja:
expa (x + y) 6 expa (x) expa (y).
(12.4.2)
Finalmente, para obter o resultado enunciado no presente lema, basta combinar as relações (12.4.1) e (12.4.2) acima.
= expa (n(m/n)) = expa (m) = (expa (1)) . Portanto, pela unicidade da raiz
m/n
expa (m/n) = (expa (1)) Ou seja,
r
expa (r) = (expa (1))
n-ésima
tem-se:
, ∀ m ∈ Z, ∀ n ∈ N.
para todo
r ∈ Q.
Pelo Lema 12.4.4 anterior, tem-se que todos os valores de
expa (1),
pelo menos no caso de
o valor de
expa (1).
x
expa (x)
estão determinados por
racional. Portanto, surge naturalmente a questão de determinar
Observe que:
expa (1) = sup {ar : r < 1} 6 a, Pois,
r < 1 ⇒ ar < a1 = a,
pelo Lema 12.3.4(b). O valor exato de
expa (1)
Lema 12.4.6, após um resultado auxiliar de caráter meramente técnico.
12.4.5 Lema:
Seja F 3 a > 1. Então: n o sup a1−1/n : n ∈ NF = sup {ar : QF 3 r < 1} .
será estabelecido no
136
Exponenciais
Demonstração :
Para facilitar a notação, sejam
A
e
B
os conjuntos denidos respectivamente
como:
A
:=
n o a1−1/n : n ∈ N
B
:=
{ar : r ∈ Q ∧ r < 1} .
A ⊆ B , trivialmente. Portanto, sup A 6 sup B . Por reductio ad absurdum, se sup A < sup B , então existe Q 3 r0 < 1 tal que sup A < ar0 . Como 1 − r0 > 0, tem-se que (1 − r0 )−1 > 0. Portanto, pela arquimedianeidade, existe n0 ∈ N tal que n0 > (1 − r0 )−1 . Agora,
Observe que
observe que:
n0 > Portanto,
1 1 1 ⇐⇒ 1 − r0 > ⇐⇒ 1 − > r0 1 − r0 n0 n0
sup A < ar0 < a1−1/n0 ∈ A,
12.4.6 Lema:
Seja
Demonstração :
Com efeito, tem-se:
F 3 a > 1.
o que é uma contradição.
Então
expa (1) = a.
n o expa (1) = sup {ar : r ∈ Q ∧ r < 1} = sup a1−1/n : n ∈ N = lim a1−1/n n→∞
= lim
n→∞
a a1/n
a
=
1/n
lim a
=
a = a. 1
n→∞
A primeira igualdade acima segue da denição. A segunda, segue do Lema anterior. A terceira é consequência do fato de
a1−1/n ser uma sequência crescente limitada superiormente (por a, segundo
a observação que precede o Lema 12.4.5. Finalmente, a última igualdade segue do resultado do Exercício 11.3.1.
expa (x) = ax
12.4.7 Teorema:
Seja
x ∈ QF as denições QF para F .
12.4.1 e 12.3.3 coincidem. Em particular,
Demonstração :
12.5
F 3 a > 1.
12.5.1 Denição: :=
x ∈ QF . Ou seja, quando expa (x) é uma extensão de ax de
para todo
Basta combinar o resultado dos Lemas 12.4.4(c) e 12.4.6.