ESCOLA BÁSICA DO 2º E 3º CICLOS MARQUÊS DE POMBAL EDUCAÇÃO FÍSICA
UNIDADE DIDÁCTICA DE GINÁSTICA DOCUMENTO DE APOIO
BREVE HISTÓRIA DA MODALIDADE
A evidência mais antiga da existência da Ginástica é datada de 2700-1400 antes de Cristo. A palavra Ginástica deriva do grego. Os homens da altura executavam os exercícios nus, daí a palavra "Gymnos" que significa nu. No entanto, a ginástica surgiu na china há milhares de anos. Onde a acrobacia fazia parte integrante do culto religioso. Na Grécia, no ano 400 A.C. a Ginástica englobava a Ginástica de manutenção, o Atletismo e a Esgrima. Estas actividades eram utilizadas como forma de estabelecer o Ser Humano. Na Roma Antiga, um pouco mais tarde, a ginástica era utilizada para ajudar os homens na sua preparação física para a arte de guerrear. Após a vitória do catolicismo e o declínio de Império Romano a Ginástica afundou-se e desapareceu durante mais de mil anos. Na Europa, a acrobacia viria a ser implementada no período da Idade Média, com o aparecimento de grande número de funâmbulos e saltimbancos em jogos de circo que mais se assemelhavam ou prendiam com exercícios no solo. Foi no séc. XIX, que se notou a grande evolução da Ginástica, na Europa, com o aparecimento de três linhas doutrinárias distintas. A linha Doutrinária Francesa, esta doutrina foi impulsionada por um senhor espanhol Francisco Amoros (1770/1847) que tenta pôr a ginástica como desporto e define-a como sendo a prática de exercícios que tornam o homem mais saudável e mais forte. Per Henrik Ling (1759/1839) formou a linha Doutrinária Sueca. Algumas das ideias de Ling não foram aprovadas, pois a sua doutrina estava ainda fortemente ligada a exercícios de malabarismo. No entanto, conseguiu levar as suas ideias para a frente criando uma ginástica ligada à Ginástica dos Gregos, religião e às artes. Era uma forma de Educação e Socialização numa tentativa de criar protótipos de homens, obedecendo a uma enorme rigidez. Mas seria com J.C.Guts Muts (1759/1839), considerado o “Pai da Ginástica Escolar”, que a mesma viria a sofrer um enorme incremento, através da aplicação de um novo conceito de exercício físico com fins educativos. Pela mesma altura e também na Alemanha, apareceu F.L. Yahn (1778/1852), que apresenta como base do seu sistema os aparelhos. Professor num liceu em Berlim, Yahn é animado de um ardente patriotismo, agrupava com um fim semelhante de ressurgimento nacional
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e de desforra contra o estrangeiro, toda a juventude do seu país. É neste espírito nacionalista que nasceu o primeiro, de todos os métodos modernos de Educação Física. O método de Yahn fundamentava-se primeiramente, no adestramento, disciplina e vida ao ar livre, apelidando esta prática de "Turnen". O que lhe deu sucesso perante a juventude foi o facto de exigir movimentos de conjunto rigorosamente ordenados, uma disciplina de ferro e uma subordinação absoluta às ordens do chefe. O seu método baseia-se, principalmente, na força e na destreza exigindo uma atitude rígida e artificial: a cabeça levantada, o corpo direito, a perna estendida. Em finais do séc. XIX, o ensino da Ginástica viria a ser praticado nos estabelecimentos de ensino, onde permaneceu durante muito tempo sob a influência do Método Sueco de Ling. Em 1881, funda-se a Federação Internacional de Ginástica (F.I.G.). A Ginástica já como desporto foi introduzida nos Jogos Olímpicos de 1896, realizados em Atenas, unicamente com cinco modalidades para o sexo masculino. As mulheres começaram a praticar ginástica por volta de 1800, ma foi só em 1909 que uma mulher participou em eventos internacionais. Foi em Luxemburgo e os exercícios incluíam rítmica, ballet e rotinas coreografadas. Nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928 ocorreu a primeira competição de ginástica feminina e, em Budapeste, 1934, ocorreu o primeiro mundial com a participação feminina. Foi em 1903, já no nosso século que se realizou o primeiro campeonato Mundial de Ginástica Desportiva. E é a partir desta altura que se assiste a uma tentativa de melhorar e substituir os aparelhos existentes, por outros melhores e mais modernizados. Mas, só em 1956 se define a Ginástica que dura até aos dias de hoje, ou seja, com seis aparelhos para os homens (argolas, barra fixa, cavalo com arções, salto de cavalo, solo e paralelas simétricas); e quatro para as mulheres (paralelas assimétricas, salto de cavalo, trave, solo); isto no que se refere à Ginástica de competição.
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GINÁSTICA EM PORTUGAL
Em Portugal, a Ginástica começou a ser praticada ainda que por um número reduzidíssimo de elementos, a partir da Segunda metade do séc. XIX. Orientada inicialmente no sentido da Ginástica de Amoros, o aparecimento da Ginástica do Método Sueco deu-se, essencialmente, nos princípios do séc. XX, por intermédio da leitura dos manuais Belgas e Franceses e como consequência da viagem à Suécia da António Martins e do Dr. Jorge Santos. A Ginástica iniciou-se nas escolas militares (Exército-1867;Escola Naval-1868) e na Casa Pia de Lisboa, onde já em 1838 havia um professor da especialidade. Em 1875, por iniciativa de Luís Monteiro e alguns amigos, iniciou-se a Ginástica nos clubes, o Real Ginásio Clube Português, que foi a partir desta data o primeiro clube a praticar Ginástica, de maneira metódica e ordenada, sendo o seu grande impulsionador o já referido Luís Maria de Lima da Costa Monteiro. O primeiro português a exercer a profissão de professor de Educação Física. Só em 1902 ela se tornou obrigatória nas escolas portuguesas do ensino secundário, embora em 1894 já tivesse sido aconselhada para a instrução primária.
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CARACTERIZAÇÃO DA MODALIDADE A Ginástica é a base de todos os desportos, desenvolve o equilíbrio, a agilidade, a flexibilidade, a força, a coordenação e o autocontrole. É muito importante para o desenvolvimento das habilidades motoras das crianças. A Ginástica que se pratica na Escola consiste num conjunto de exercícios, com e sem aparelhos, que permite aos alunos conhecer o seu corpo e desenvolver as capacidades físicas e mentais. Em termos competitivos os atletas executam elementos gímnicos em aparelhos variados.
GINÁSTICA ARTÍSTICA A Ginástica Artística implica todo um tipo de trabalho algo distinto se o comparamos com outras modalidades desportivas, tanto de ordem física quer de ordem psicológica. Por outro lado, os exercícios executados nos aparelhos e as diferenças existentes entre estes condizem a um trabalho perfeitamente diferenciado caracterizando-se por movimentos a partir da Suspensão e Apoio. A estética associada à performance conferem-lhe o qualificativo de Artístico. No aspecto competitivo, os exercícios executados nos diferentes aparelhos compõem-se de elementos codificados segundo um determinado valor (Código de Pontuação), e que analisados segundo a sua combinação e execução permitem um julgamento o mais completo possível com um principio e fim perfeitamente definidos.
GINÁSTICA ARTÍSTICA MASCULINA Solo – Superfície com elasticidade formando um quadrado com 12m de lado. Os Ginastas executam
um
demonstrando equilíbrio,
conjunto força,
combinando
de
elementos
flexibilidade
e
a
e
execução
expressão em saltos múltiplos (mortais) e piruetas.
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Cavalo com arções – Colocado a uma altura de 1,05m, os Ginastas executa movimentos contínuos e suaves sem apoiar as pernas, como círculos e tesouras, percorrendo todas as partes do aparelho.
Argolas – Colocadas a uma altura de 2,55m, os Ginastas incluem no seu exercício uma variedade
de
movimentos
demonstrando
apoios em força e equilíbrio e balanços à frente e atrás, terminando com uma saída acrobática.
Cavalo
–
Este
aparelho
é
colocado
longitudinalmente a uma altura de 1,35m. O Ginasta, após uma corrida de aproximação de 25m, executa um salto potente combinando movimentos com uma ou mais rotações finalizando com uma recepção controlada.
Barra fixa – O Ginasta executa contínuos balanços,
combinando
elementos
de
dificuldade superior à frente e atrás soltando e agarrando a barra com as mãos, não devendo tocar com o resto do corpo. Colocada a uma altura de 2,55m, permite uma saída acrobática espectacular.
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Paralelas – Constituídas por dois banzos paralelos a uma altura de 1,75m. O Ginasta executa
exercícios
balanços,
onde
apresentando
predominam
os
combinações
de
elementos de força e equilíbrio. O Ginasta deve percorrer os banzos tanto num plano superior como inferior.
GINÁSTICA ARTÍSTICA FEMININA
Solo – Aparelho igual ao da Ginástica masculina, no entanto a execução tem um acompanhamento combina
musical.
elementos
A
Ginasta
Gímnicos
com
movimentos de dança muito expressivos.
Trave olímpica – Colocada a uma altura de 1,25m, a trave tem 5m de comprimento e 10cm de largura. A Ginasta deve percorrer todo o espaço, executando uma combinação artística de elementos Gímnicos, em corrida, em marcha, sentada e deitada, demonstrando elegância, flexibilidade, ritmo, equilíbrio, confiança e autocontrole. Na saída do aparelho, executa elementos acrobáticos espectaculares.
Paralelas assimétricas – Constituídas por dois banzos paralelos a alturas diferentes, o superior a uma altura de 2,45m do solo e o inferior a 1,65m. Os balanços predominam
neste
aparelho.
As
ginastas
incluem
movimentos em ambas as direcções, executando elementos com piruetas com passagens pelos dois banzos tanto pela parte superior como inferior. 7
Cavalo – Aparelho e execução iguais ao da ginástica masculina. Colocado transversalmente a uma altura de 1,25m.
GINÁSTICA RÍTMICA É uma disciplina exclusivamente feminina, caracterizada pela superior técnica de manipulação dos aparelhos e o perfeito domínio da expressão corporal. Todos os exercícios têm acompanhamento musical. A música, a Ginasta e o movimento são inseparáveis numa relação de harmonia permanente com o aparelho.
Os aparelhos: Corda Arco Arco
Bola
Fita
Maças
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GINÁSTICA ACROBÁTICA Ginástica de competição praticada em grupo, podendo ser ou não mista. Tem como disciplinas:
Tumbling “saltos acrobáticos” femininos
Tumbling “saltos acrobáticos” masculinos
Grupos femininos (trios)
Pares mistos
Pares femininos
Pares masculinos
Grupos masculinos (quadras)
TRAMPOLINS ELÁSTICOS Ginástica de competição, feminina ou masculina, com aparelhos, cujas disciplinas são:
Tumbling
Trampolim (cama elástica)
Mini-trampolim
Duplo mini-trampolim
A Ginástica encerra uma grande variedade de movimentação/exercitação não só em exercícios no solo e aparelhos da Ginástica Artística e Rítmica, mas também nos Trampolins (Mini, Duplo-mini e Trampolim ou “Cama Elástica”) e a Acrobática.
MODALIDADES GÍMNICAS NÃO DESPORTIVAS
Ginástica de manutenção;
Ginástica jazz;
Ginástica aeróbica
A ginástica aeróbica já possui, hoje em dia, associações, federações e já foi organizado o primeiro campeonato, nos jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 em que foi modalidade de demonstração. Por isto, é uma actividade em vias de desportivização.
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APARELHOS DE GINÁSTICA
Banco sueco
Boque
Plinto
Trampolim sueco
Trampolim Reuther
Barra Fixa
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Trave olímpica
Mini-trampolim
Espaldares
Colchão ou tapete
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REGRAS DE SEGURANÇA
Hoje em dia, a segurança é vista como um ponto fundamental no ensino dos diferentes elementos gímnicos. Encarada como um dos pontos a ter em conta na preparação e elaboração das sessões, apresenta um vasto conjunto de regras que professor e alunos deverão seguir, para que não se coloque em risco a sua integridade física. Actualmente, sabe-se que os materiais a utilizar apresentam um menor risco de acidentes, devido à sua quantidade e, principalmente, à qualidade. No entanto, é necessário que se proceda à sua correcta utilização, não descurando os factores de perigo que poderão estar subjacentes. Utilização: cada aparelho só deve ser utilizado para fins a que se destina, não devendo, portanto, utilizar-se sem respeitar as suas condições de montagem.
Transporte: Os aparelhos devem ser deslocados com cuidado para evitar a sua degradação e para prevenir acidentes. Assim:
Quando têm de ser suportados, devem ser transportados por um número suficiente de alunos para não os arrastarem nem se magoarem; normalmente os aparelhos quadrados são transportados com um aluno em cada extremidade.
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Quando têm rodízios, estes devem ser postos a funcionar e os aparelhos deslocados com moderação.
Quando são muito pesados, devem ser desmontados para se transportarem (se possível), ou então devem ser levados por um maior número de alunos, e com a ajuda/orientação do professor, para salvaguardar os acidentes e a saúde dos alunos.
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BIBLIOGRAFIA
VARREGOSO, Isabel – Sebentas de Ginástica Desportiva - ESEL BORRMANN, Gunter – Ginástica de Aparelhos – Editora Estampa CORREIA, Lício Pereira – Educação Física e Desportiva no Ensino Básico – Porto Editora PEARSON, David – Guia prático da Ginástica, colecção Habitat, Editorial Presença. THOMAS, L.; FIARD, J.; SOILARD, C.; CHAUTEMPS, G. – Gimnastique Sortive , Edition Revue EPS. VIEIRA, Ester de Azevedo – Ginástica Rítmica Desportiva – Editora Ibrasa
Documento compilado a partir de unidades didácticas realizadas no âmbito do estágio do Curso de professores do Ensino Básico – variante de Educação física, da Escola Superior de Educação de Leiria, no ano lectivo de 2002/2003.
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