ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO

Redação – Colégio Domus Sapientiae Professor: Alexandre Marques 3 Apresentação de fatos e de opiniões que sustentam a tese. É importante destacar que ...

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Redação – Colégio Domus Sapientiae Professor: Alexandre Marques

ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO

Tópico Frasal Apresentação do tema Problematização do Tópico INTRODUÇÃO

Apresentação da Tese (recorte / perspectiva de análise crítica do tema)

Tópico Frasal (apresentação do argumento)

DESENVOLVIMENTO

Desenvolvimento

Exemplos Comparações Citações/ Definições

Garantia (análise, julgamento pessoal dos dados apresentados)

CONCLUSÃO

Deve constituir uma síntese dos argumentos apresentados no

desenvolvimento.

RESUMINDO: Introdução – apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto. Desenvolvimento – é formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Cabe ressaltar que, de acordo com o paradigma proposto, cada um dos parágrafos de desenvolvimento deve seguir a estrutura apresentada e discutir somente um argumento, de modo a garantir uma discussão madura e aprofundada. Conclusão – retoma a tese, sintetizando as ideias gerais do texto.

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PARÁGRAFO PADRÃO

O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais períodos, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e, logicamente, decorrentes dela. Em geral, o parágrafo-padrão consta de duas e, ocasionalmente, de três partes: a introdução, representada por um ou dois períodos curtos, iniciais, em que se expressa de maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo – o tópico frasal; o desenvolvimento, isto é, a explanação, a explicação dessa ideia-núcleo; e a conclusão em que se encerra a ideia desenvolvida no parágrafo.

Exemplo: Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

Ninguém se enamora se está, mesmo parcialmente, satisfeito com o que tem e com o que é. O enamoramento surge da sobrecarga depressiva, isto é, da impossibilidade de encontrar alguma coisa de valor na vida cotidiana. O "sintoma" da predisposição para o enamoramento não é o desejo consciente de se apaixonar, enamorar, uma forte intenção de enriquecer o existente, mas sentimento profundo de não ser e não ter nada de valor, e a vergonha de não tê-lo. Esse é o primeiro sinal da preparação para o enamoramento: o sentimento da nulidade e a vergonha da própria nulidade. Por essa razão, o enamoramento é mais frequente entre os jovens, pois estes são profundamente inseguros, não têm certeza de seu valor e muitas vezes se envergonham de si mesmos. E o mesmo é válido em outras idades da vida, quando se perde algo do nosso ser; no final da juventude ou quando começa a velhice. Perde-se irreparavelmente algo de si, fica-se privado de valores, degradado, no confronto com o que se foi. Não é a nostalgia de um amor que nos faz enamorar-nos, mas a certeza de que nada temos a perder transformando-nos naquilo em que nos transformamos; é a perspectiva de ter o nada pela frente. Somente então se estabelece dentro de nós a disposição para o diferente e para o risco, a propensão de nos lançarmos no tudo ou nada que aqueles que de alguma forma estão satisfeitos com o próprio ser não poderão experimentar.

(ALBERONI, Francesco. Enamoramento e amor. Trad. Ary Gonzalez Galvão. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. pp. 46-47).

TÓPICO FRASAL

A ideia central do parágrafo é enunciada por meio do período denominado tópico frasal o qual orienta ou governa o desenvolvimento do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos. Desse modo, ele é o roteiro do escritor na construção do parágrafo, porque constitui um meio eficaz de exposição ou explanação das ideias. Enunciando logo de saída a ideia-núcleo, o tópico frasal garante de antemão a objetividade, a coerência e a unidade do parágrafo, definindo-lhe o propósito e evitando digressões impertinentes.

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É importante destacar que o tópico-frasal tem como propósito introduzir o assunto ou argumento a ser discutido e o aspecto desse assunto, ou seja, ele é uma enunciação argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal supõe desdobramento ou explicação e, por isso, deve constituir-se como uma asserção passível de desenvolvimento. Exemplo: A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$ 2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$ 112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$ 10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta.

TEXTO PARA ANÁLISE Solidão

PARÁGRAFO DE INTRODUÇÃO Apresentação do tema de forma ampla

Na sociedade contemporânea, em que barbáries são frequentes, é natural que o medo e a desconfiança dominem o imaginário coletivo, contudo, a forma como os indivíduos reagem a esses fenômenos relaciona-se às influências do meio em que estão inseridos. A solidão, nesse contexto, pode ser entendida como consequência das imposições, sobretudo no contexto profissional, do sistema capitalista (A) e da incapacidade de alguns indivíduos de superar decepções oriundas do convívio em sociedade. (B) PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO 01

Tópico frasal: apresentação do argumento A.

Os indivíduos estão mais solitários atualmente porque no âmbito capitalista a vida profissional é mais valorizada que a pessoal. Os ditames desse sistema são interpretados como dogmas e isso implica desequilíbrio às relações pessoais, uma vez que a preocupação em estabelecer uma posição sólida no mercado de trabalho torna os indivíduos mais frios e pragmáticos no que diz respeito às relações pessoais, que, muitas vezes, acabam relegadas a universos virtuais e menos comprometedores como o popular Orkut. Nota-se, a partir da naturalização desse tipo de comportamento, que está em curso a depreciação de sentimentos coletivos, em favor da supervalorização do individualismo, cuja consequência mais evidente é a solidão deliberada, que faz com que os indivíduos somente se percebam como concorrentes, não como pares.

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Problematização do tema. Tese: definição dos dois argumentos que serão desenvolvidos ao longo do texto (A e B).

Apresentação de fatos e de opiniões que sustentam a tese.

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PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO 02

Tópico frasal: apresentação do argumento B.

As relações humanas pressupõem contato e troca de experiência, assim, na vida em sociedade, decepcionar-se com o próximo é um risco inevitável. Cada indivíduo organiza o mundo a partir de uma perspectiva subjetiva, projeta no outro expectativas que muitas vezes não são atendidas e, em função disso, é natural que haja conflitos. A reação de muitos, em casos como esse, é buscar o isolamento como forma de se confortar, no entanto, é importante observar que, conforme definiu Vinícius de Moraes, a maior solidão é derivada da dor daquele que se recusa a participar da vida humana por medo de se decepcionar. Torna-se evidente, assim, que a falibilidade das relações pessoais não pode fazer do homem um cético, um mero expectador da vida.

Apresentação de fatos e de opiniões que sustentam a tese.

PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO 1º período: retomada de A e B.

A solidão é, sobretudo na sociedade contemporânea, um sentimento que aflige os indivíduos devido à necessidade capitalista de realização profissional (A) e ao medo de se decepcionar com o outro (B). No entanto, diante da efemeridade dos momentos – alegres ou tristes – da vida, permanecer alheio ao mundo não é a melhor opção.

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2º período: “viagenzinha” relacionada o tema.