PROCEDIMENTOS CAPILARES Abordagem de permanentes

provocam danos à fibra capilar relacionados com força, brilho, porosidade, cor, textura, entre outros. Figura 1 Representação estrutural da fibra capi...

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PROCEDIMENTOS CAPILARES Abordagem de permanentes, alisamentos, descolorações e tinturas André R. Baby1,Tatiana S. Balogh2, Claudinéia A. S. O. Pinto3, Ricardo T. Villa4, Valcinir Bedin5, Maria Valéria R. Velasco1 (1) (2) (3) (4) (5)

Prof. Dr. - Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP Mestranda em Fármacos e Medicamentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP Mestre em Fármacos e Medicamentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP Médico Dermatologista Coordenador da Fundação Pele Saudável Médico Dermatologista Presidente do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele

INTRODUÇÃO O cabelo humano apresenta valor indiscutível como ornamento pessoal. O seu aspecto pode assinalar diferenças sociais ou profissionais e atender às exigências religiosas ou posicionamentos políticos de acordo com cada cultura. O cabelo pode também expressar características comportamentais, sinalizar formas de encarar a vida e, muitas vezes, importantes mudanças do comportamento pessoal. Apesar de não apresentar funções vitais, sua importância imensurável torna-se evidente nos casos de alopecia. Além das questões estéticas, exerce funções relacionadas com proteção e percepção. O cabelo humano é constituído, principalmente, por queratinas. Além da queratina, apresenta água, lipídeos e pigmentos. A fibra capilar apresenta-se estruturalmente dividida em cutícula, córtex, complexo da membrana celular e, eventualmente, medula, como se pode observar na Figura 1. Traumas químicos ou mecânicos que alterem a estrutura física do cabelo provocam danos à fibra capilar relacionados com força, brilho, porosidade, cor, textura, entre outros.

ALISAMENTOS

O processo de alisamento pode ocorrer mecanicamente através da pressão ou quimicamente através de relaxantes. O primeiro processo, geralmente, envolve metais com alta temperatura que modificam as ligações de hidrogênio mais fracas e o segundo processo é muito semelhante aos permanentes, mas ao invés de resultar em cabelos cacheados, resulta em cabelos lisos. Agentes redutores alcalinos são utilizados para a quebra das pontes de dissulfeto do córtex, o cabelo é mecanicamente alisado com o auxílio de pentes durante a utilização de soluções redutoras alcalinas, as pontes de dissulfeto são reestruturadas de acordo com a nova forma e consolidadas com o uso de agentes oxidantes. Hidróxido de sódio e hidróxido de guanidina são os relaxantes mais efetivos. Da mesma maneira que os permanentes, o processo de alisamento pode provocar diversos danos à fibra capilar devido ao uso de agentes redutores e oxidantes.

DESCOLORAÇÕES

Figura 1 Representação estrutural da fibra capilar Procedimentos capilares apresentam potencial de danificação à fibra capilar. Danos à superfície da mesma podem ocorrer tornando-a áspera e opaca, estes procedimentos capilares envolvem reações químicas que alteram a estrutura da fibra capilar. Permanentes, alisamentos, descolorações e tinturas atingem o córtex da fibra alterando as propriedades físicas do cabelo. Excessivos ou repetitivos tratamentos químicos podem alterar a textura do cabelo e em casos extremos provocar a quebra do mesmo.

PERMANENTES

Descoloração é um processo que altera o conteúdo de melanina natural existente no córtex da fibra capilar. A exata bioquímica do processo ainda não é totalmente compreendida, utilizam-se soluções alcalinas de peróxido de hidrogênio com concentração superior a 12%. Inicialmente, o peróxido de hidrogênio é armazenado em soluções ácidas e adicionado às soluções alcalinas no momento do uso, amônia é a substância mais utilizada nas soluções alcalinas. O grau de descoloração ocorre de acordo com o tempo de contato, cabelos mais escuros exigem maior tempo. A descoloração envolve duas fases, na primeira ocorre dispersão e dissolução dos grânulos de melanina e na segunda ocorre uma lenta descoloração. Na fase de dispersão e dissolução ocorre a destruição de diferentes ligações que mantém a estrutura das partículas de pigmento, na fase da lenta descoloração, as estruturas poliméricas da melanina são quebradas. Diversos danos podem ser causados por este processo, a reação de oxidação não altera somente os grânulos de melanina, ela também destrói algumas pontes de dissulfeto dentro das queratinas provocando o enfraquecimento da estrutura da fibra.

TINTURAS

Permanentes têm por objetivo ondular ou encaracolar as fibras capilares, tratase de um processo complexo, ainda não totalmente compreendido que altera a forma da fibra capilar. O cabelo é inicialmente lavado e modelado com rolinhos que visam à formação de cachos, uma vez fixados ao cabelo, aplica-se meticulosamente uma solução com pH em torno de 9,0 capaz de alterar as pontes de dissulfeto, esta solução deve atingir o córtex através da cutícula. Soluções redutoras alcalinas são utilizadas para atingir este objetivo, já que abrem as escamas da cutícula, os agentes alcalinos mais utilizados são a amônia e o hidróxido de amônio, o pH destas soluções varia de 7 a 10. Os agentes redutores (tioglicolatos ou bisulfitos) quebram algumas pontes de dissulfeto numa reação de equilíbrio onde após a quebra de um determinado número de ligações a reação cessa. Logo após, ocorre um rearranjo molecular com novas pontes de dissulfeto formadas de acordo com a nova forma ondulada do cabelo. A solução de pH alcalino é enxaguada e uma solução neutralizante é aplicada visando à solidificação das novas pontes de dissulfeto por oxidação. Peróxido de hidrogênio é frequentemente utilizado com agente oxidante nestas soluções, após a aplicação, as escamas da cutícula retornam para a posição original. Apresentam potencial para significativos danos à fibra capilar, uma vez que envolvem modificações na estrutura das pontes de dissulfeto.

Existem três tipos principais de tinturas capilares, as permanentes, as semipermanentes e as temporárias. As tinturas temporárias são formadas por pigmentos de alta massa molecular solúveis em água, estas tinturas são removidas através de uma única lavagem. As tinturas semipermanentes penetram na cutícula e parcialmente no córtex do cabelo, como resultado, a coloração resultante pode resistir de 5 a 10 lavagens. As tinturas permanentes são classificadas em oxidativas e progressivas, as oxidativas consistem em componentes que são misturados, antes do uso, e que geram a tintura por reações químicas sobre e dentro da fibra capilar. As progressivas utilizam tinturas metálicas como sais de chumbo, bismuto ou prata. As partículas metálicas interagem com os resíduos de cisteína presentes na queratina e acumulam-se nos fios de cabelo, mudando gradualmente a cor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARALDI, J.; GUTERRES, S.S. Tinturas capilares: existe risco de câncer relacionado à utilização desses produtos? Infarma, Brasília, v.17, n.7/9, p.78-83, 2005. BOLDUC C.; SHAPIRO J. Hair care products: Waving, Straightening, Conditioning, and coloring. Clinics in Dermatology v. 19, p. 431-436, 2001. Nogueira A.C.S. Efeito da radiação ultravioleta na cor, na perda protéica e nas propriedades mecânicas do cabelo. Dissertação de mestrado. Universiade Estadual de Campinas 100p, 2003. NOGUEIRA A.C.S.; DICELIO L.E.; JOEKES I. About photo-damage of human hair. Photochem. Photobiol. Sci., 2006, v. 5, 165-169. NOGUEIRA A.C.S.; JOEKES I. Hair color changes and protein damage caused by ultraviolet radiation. Journal of photochemistry and photobiology B : Biology 74 (2004) 109-117. POZEBON D.; DRESSLER V.L.; CURTIUS A.J. Análise de cabelo: Uma revisão dos procedimentos para a determinação de elementos traço e aplicações. Química Nova 22(6), 1999 p. 838-846. SINCLAIR R.D. Healthy hair: what is it? Journal of Investigative Dermatology Symposium Proceedings v. 12, p. 2-5; 2007. TRICOLOGIA. Foto característica da fibra capilar. Disponível em:www.tricologia.com.br . Acesso 20 abr. 2009. WILKINSON, J.B.; MOORE, R.J. Colorantes del cabello. In: _______. Cosmetología de Harry. Madrid: Ediciones Días de Santos, 1990. cap. 27, p. 577-612. WOLFRAM, L.J. Hair cosmetics. In: BAREL, A.O.; PAYE, M.; MAIBACH, H.I. (Eds.). Handbook of cosmetic science and technology. New York: Marcel Dekker, 2001. cap.51, p. 581603.