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EXERCÍCIO FÍSICO COMO CUIDADO PALIATIVO: UMA PRÁTICA ASSOCIADA AO TRATAMENTO DE CÂNCER O câncer configura-se como responsável por mais de 12% de todas as causas de óbitos no mundo, sendo considerado um grande problema de saúde pública tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. As estatísticas apontam que anualmente, 12,7 milhões de casos novos ocorrem, sendo registrados mais de sete milhões de óbitos de pessoas vitimadas pela doença (1). O percentual de casos analíticos por ano da primeira consulta aumentou ao longo do período, passando de 18,3% em 2007 para 21,6% em 2010 (2). Mediante avanços científico-tecnológicos, a medicina tem prosperado de maneira inigualável, investindo, surpreendentemente, em métodos diagnósticos e arsenal terapêutico disponíveis para várias doenças (3). O estudo da vida humana ao seu término tornou-se um tema de elevada importância na sociedade atual, principalmente para os profissionais de saúde, pois que a singularidade do contexto de terminalidade emerge claramente premissas éticas contraditórias. No entanto, na circunstância limite vivida pelo indivíduo, devem ser observados como básicos e incontornáveis os direitos de saber a verdade, dialogar, decidir e não sofrer inutilmente (4). Partindo deste contexto, a vida é direito de todo ser humano, assim como a plenitude de vivê-la de maneira digna, desde o seu nascimento até a sua morte, cultivando os princípios da informação, da autonomia, da assistência integral, do alívio ao sofrimento, da preservação da intimidade e privacidade, da vida, dos cuidados imediatos após a morte e de assistência ao luto (5). Para que tais princípios sejam preservados aos pacientes o cuidado paliativo se faz fundamental (6). Os cuidados paliativos compõem a quarta diretriz constituída pela Organização Mundial de Saúde para o tratamento de câncer, além da prevenção, diagnóstico e tratamento (3)
. Os cuidados paliativos compõem a quarta diretriz constituída pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) para o tratamento de câncer, além da prevenção, diagnóstico e tratamento (3). Trata-se de um tipo especial de cuidado de saúde definido pela OMS como A abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio de prevenção e do alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, a avaliação e o tratamento impecável da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual (3:.370).
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Possui como objetivos, prevenir e reduzir o sofrimento, com base na melhor qualidade de vida possível para o paciente e sua família, de acordo com as necessidades, valores, crenças e culturas, independente do estágio da doença ou a indispensabilidade de outras terapias. Os cuidados paliativos devem ter início no diagnóstico, prolongando-se simultaneamente, com as terapias relacionadas à doença, facilitando a autonomia, o acesso à informação e escolhas. Torna-se o principal foco de atenção quando as terapias, relacionadas a doença, não são mais eficazes, adequadas ou desejadas; devendo ser ampliado através da integralidade do cuidado realizado por profissionais especialistas na área (5;6). Para os casos manifestos de câncer a terapia consiste em radioterapia e/ou quimioterapia (7). Em ambos os procedimentos, um fator colateral deletério é a Síndrome da Fadiga Oncológica (SFO), que pode ser definida como uma sensação persistente e subjetiva de cansaço ou exaustão, relacionada ao câncer e ao seu tratamento, não tendo relação com a atividade recém-executada e que interfere no funcionamento habitual (8). De acordo com pesquisadores
(9) (10) (11) (12)
, é uma das maiores sequelas do câncer no que diz respeito à
capacidade funcional de pacientes submetidos a tratamentos oncológicos e, muitas vezes, após o término destes. Embora seja um sintoma real e incapacitante, de acordo com a maioria dos pacientes em tratamento, seu poder de interferir nas atividades cotidianas é maior do que a dor, seu tratamento ainda não recebe a mesma atenção de sintomas como a própria dor. Porém, ainda não recebe a mesma atenção de sintomas como a própria dor, depressão, náuseas e vômito, interferindo na autoestima, na autonomia e na qualidade de vida (8). Descrevendo a fadiga como uma “sensação de perda de energia”, os autores assumem que para este sintoma uma intervenção promissora é o treinamento físico, referindo-se a atividade física cumulativa, estruturada, planejada e repetida, resultando na manutenção ou melhora de um ou mais componentes do condicionamento físico, incluindo a resistência aeróbica e muscular, força, flexibilidade e composição corporal (13). Em um estudo realizado por Albrecht e Taylor, fora evidenciado que nas pessoas com câncer (incluindo câncer em estágio avançado), o exercício, em uma variedade de intensidades e formas, incluindo yoga, caminhada, ciclismo e natação, apresenta muitos benefícios para a saúde, podendo reduzir a ansiedade, o estresse e a depressão, melhorando os níveis de dor, de fadiga, de falta de ar, de constipação e de insônia
(14)
constituindo uma
importante prática as ser inserida nos planejamentos ou programas cuidados paliativos. A melhora da capacidade física aumenta a sensação de controle, independência e autoestima dos pacientes. Essa autoconfiança majorada resulta em melhor interação social e
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uma redução da ansiedade e do medo
(15)
. Observa-se que pacientes participantes de um
programa de treinamento físico são mais autoconfiantes e melhoram o humor na proporção em que o exercício lhes conduz a melhor capacidade funcional e, a altos níveis de independência física (16) (17) (18) (19). O efeito do exercício sobre o sistema imune relatado por estudos
(20; 21)
apresentou
redução da incidência e severidade de infecções em pacientes com câncer em diferentes estágios, aumentando o número de granulócitos e reduzindo o quantitativo de linfócitos e monócitos; e aumentando os níveis de células destruidoras naturais (natural killer-NK)
(22; 23)
.
Baseado no contexto dos pressupostos teóricos exibidos no presente paper, tendo os cuidados paliativos como sustentação, acredita-se que a prática de exercícios físicos, propostos pelo profissional de Educação Física, deva ser inserida ao tratamento apoiado pela equipe de Cuidados Paliativos, por possuir como premissa “proporcionar alívio da dor e de outros sintomas”(24)p.4, aliado a Filosofia Hospice, que compreende a assistência integral ao ser humano, seguindo o paradigma de cuidado, dentre eles a “qualidade de vida” e a manutenção da “autonomia”(3). REFERÊNCIAS 1. Brasil. Câncer no Brasil: dados dos registros de base populacional. Rio de Janeiro2010. 2. Brasil. Informativo vigilância do câncer: Perfil da assistência oncológica no Brasil. . Rio de Janeiro2015. 3. Souza MRB, Bifulco VA. Planejando o futuro: como os cuidados paliativos podem ajudar o paciente com câncer p.370. In: Bifulco VA, Fernandes Jr HJ, Barboza AB, editors. Câncer: uma visão multiprofissional. Barueri, SP: Minha Editora; 2010. p. 369-90. 4. Silva FL. Direitos e deveres do paciente terminal. Revista Bioética. 1993;1(2). 5. Carvalho RT, Parsons HA. Maual de cuidados paliativos ANCP: ampliado e atualizado: ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos); 2012. 6. Network NCC. Palliative care. National Comprehensive Cancer Network. 2017;http://www.nccn.org. 7. Brasil. A situação do Câncer no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria da Atenção à Saúde, Instituto Nacional do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância. . Rio de Janeiro: INCA; 2006. 8. Network NCC. Cancer-related fatigue. National Comprehensive Cancer Network. 2015;http://www.nccn.org. 9. Dimeo F. Effects of exercise on cancer-related fatigue. Cancer. 2001;92:1689-93. 10. Dimeo F, Schmittel A, Fietz T, Schwartz S, Köhler P, Böning D, et al. Physical performance, depressin, immune status and fatigue in patients with hematological malignacies after treatment. Annals of Oncology. 2004;15:1237-42. 11. Yennruajalingam S, Bruera E. Palliative management of fatigue at the close of life: "It feels like my body is just worn out". JAMA. 2007;297(3):295-304.
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12. Warburton DER, Nicol CW, Bredin SSD. Health benefits of physical activity: the evidence. CMAJ. 2006;174(6):801-9. 13. Puetz TW, O'Connor PJ, Dishman RK. Effects of chronic exercise on feelings of energy and fatigue: a quantitative synthesis. Psychol Bull. 2006;132(6):866-76. 14. Albrecht TA, Taylor AG. Physical activity in patients with advanced-stage cancer: a systematic review of the literature. Clin J Oncol Nurs. 2012;16(3):293-300. 15. Dimeo F. Exercise for cancer patients: a new challenge in sports medicine. British Journal of Sports Medicine. 2000;34:159-61. 16. Mock V, Pickett M, Ropka ME, Lin EM, Stuart KJ, Rhodes VA, et al. Fatigue and quality of life outcomes of exercise during cancer treatment. Cancer Practice. 2001;9(3):11927. 17. Alfano CM, Rowland JH. Recovery issues in cancer survivorship: A new challenge for supportive care. Cancer J. 2006;12(5):432-43. 18. Demark-Wahnefried W. Cancer survival: Time to get moving? Data accumulate suggesting a link between physical activity and cancer survival. J Clin Oncol. 2006;24(22):3517-8. 19. Demark-Wahnefried W, Pinto BM, Gritz ER. Promoting health and physical function among cancer survivors: Potential for prevention and questions that remain. J Clin Oncol. 2006;24(22):5125-31. 20. Shephard RJ, Shek PN. Associations Between Physical Activity and Susceptibility to Cancer: Possible Mechanisms. Sports Med. 1998;26(5):293-315. 21. Pedersen BK, Hoffman-Goetz L. Exercise and the Immune System: Regulation, Integration, and Adaptation. Physiol Rev. 2000;80(3):1055-81. 22. Dimeo F, Knauf W, Geilhaupt D, Böning D. Endurance exercise and the production of growth hormone and haematopoietic in patients with anaemia. British Medical Journal. 2004;38(6):e37. 23. Nieman DC, Henson DA, Austin MD, Brown VA. Immune Response to a 30Minute Walk. Med Sci Sports Exerc. 2005;37(1):57-62. 24. WHO. National Cancer Control. Programme. Manuals for Training in Cancer Control.2005. Autores Jani Cleria Pereira Bezerra Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPBGENFBIO) pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH-UNIRIO E mail:
[email protected] Carlos Soares Pernambuco Docente da Universidade Estácio de Sá Doutor em Enfermagem e Biociências (PPBGENFBIO) pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH-UNIRIO Estélio Henrique Martin Dantas Docente Permanente do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Enfermagem e Biociências (PPGEnfBio) - Doutorado, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Saúde e Ambiente (PSA) da Universidade Tiradentes (UNIT). Como citar este paper (Vancouver): Bezerra JCP, Pernambuco CS, Dantas EHM. Exercício físico como cuidado paliativo: uma prática associada ao tratamento de câncer. [internet]. Rio de Janeiro (br); 2017 [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: http://www...(completar com os dados do site).