20 e Disciplina: Dinâmica de Grupos - PÓS-GRADUAÇÃO

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20 e 21/10/2012

Disciplina: Dinâmica de Grupos [Este material é roteiro de estudo da Pós em Dinâmicas de Grupo, do curso de especialização em PSICOPEDAGOIA E EDUCAÇÃO INFANTIL, Desenvolvidos para faculdade Ajes.

Docente: Profª Esp. Marli Pegorini

Profª Marli Pegorini

Disciplina: Dinâmica de Grupos Pós em Psicopedagogia e Educação Intantil

1.1 – Ementa Ementa:

Origem e desenvolvimento da administração de recursos humanos; Motivação no trabalho; Fundamentos da Gestão de pessoas. Gestão Estratégica de Pessoas. Cultura e Clima Organizacional. Trabalho em equipe. Recrutamento e Seleção de pessoas. Treinamento, desenvolvimento e educação. Relações trabalhistas. Segurança no trabalho e Qualidade de Vida. Planejamento e desenvolvimento de carreira. Síndrome de Burnout 1.2 – Carga horária - 20 HORAS 1.3 – Objetivos  Propiciar aos participantes a aquisição de conhecimentos sobre dinâmica grupal, visando o sua participação e desenvolvimento de vivências e atividades.

1.4 – Conteúdo programático

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Dinâmica de grupo: Origem, precursores, conceito e objetivos Classificação da dinâmica de grupo: Apresentação, integração & Conhecimento, recreação e aprendizagem O que é jogo, vivencia, vitalizador e técnica Compreendendo o ciclo de aprendizagem vivencial O facilitador na condução de grupos; Dinâmicas de grupo e competências comportamentais: O que avaliar? Músicas, filmes, histórias e fábulas: Recursos complementares ao facilitador de grupo.

1.5 – METODOLOGIA • Aulas teórico-expositivas • Apresentação e discussão de textos; • Seminários Aulas práticas (Atividades em Sala, Produções individuais e em grupo, Cases, Dinâmica de Grupo, discussão e pesquisas). 1.6 – CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO Avaliações sistemáticas, trabalhos escritos e seminários O grau total que pode ser atribuído ao aluno obedecerá à seguinte ponderação: 50% por meio de organização, apresentação em seminário e trabalhos em grupo– dia 21/10 (sábado) 50% avaliação individual - 22/10 (domingo)

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1.7 – BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

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A Dinâmica do trabalho de grupo. Áurea Castilho – RJ – Qualitymark, 1994. Andrade, Sueli Gregori. (1999). Teoria e Prática de Dinâmica de Grupo: Jogos e Exercícios. São Paulo: Ed. Casa do Psicólogo. • Anzieu, D. (1971). La dinamica de los grupos pequeños. Buenos Aires: Kapelusz. • Barreto, Maria Fernanda Mazzotti (2003). Dinâmica de Grupo: história, prática e vivências. São Paulo: Editora Átomo. • Dinâmica de grupo – Cartwright e Zander – Spaulo. Ed. Pedagógica e Universal Ltda. • Comportamento Organizacional – RJ – LTC – Stephen P. Rolbins, 1999. • David e Zimerman – Luiz Carlos-Os´sorio e colaboradores. “Como trabalhamos com grupos – Porto Alegre-RS – Artes Médicas – 1997. • O processo Grupal- Enrique Pichon-Riveire - São Paulo – Martins fontes – 1982 • Aubry, Jean-Marie. Dinâmica de Grupo, São Paulo: ed. Loyola, 1978. • Bion, W.R. (1975). Experiências em grupos. São Paulo: Imago/Edusp. • Broich, Josef. Jogos para crianças, São Paulo, Edições Loyola, 1999 • Série Seminários: GRUPO - Indivíduo, saber e parceria malhas do conhecimento, Madalena Freire e colaboradores, Espaço pedagógico –onde ensinar é aprender, 2a. ed. 1997. • Cartwright, D. & Zander, A. (1967). Dinâmica de grupo. São Paulo: Herder. • Caviédes, Miguel. Dinâmica de Grupo para uma Comunidade. São Paulo: Edições Paulinas. • Dimitrius, Jo-Ellan e Mark Mazzarella. Decifrar Pessoas. Rio de Janeiro: Campus. • Gonçalves, Camila Salles(org.). Psicodrama com Crianças: Uma psicoterapia possível, São Paulo: Agora, 1988. • Gillig, Jean-Marie. O Conto na Psicopedagogia, Porto Alegre: Artes Médicas Sula, 1999. • Fernandez, Alicia. Psicopedagogia em Psicodrama: Morando no brincar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. • Friedmann, Adriana. Brincar: crescer e aprender: O resgate do jogo infantil. São Paulo: Ed. Moderna, 1996. • Lapassade, G. (1977). Grupos, organizações e instituições. São Paulo: Francisco Alves. • Lewin, K. (1970). Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix. • Liebmann, Marian. (2000). Exercícios de arte para grupos: um manual de temas, jogos e exercícios. São Paulo: Summus Editorial. • Luft, J. (1968). Introdução à dinâmica dos grupos. Lisboa: Moraes. • MAILHIOT, Gérald B. Dinâmica e Gênese dos grupos. Livraria duas cidades, SP, 1991 • Mailhot, G.B. (1985). Dinâmica e gênese dos grupos: atualidades da descobertas de Kurt Lewin. São Paulo: Duas Cidades. • Marx, Roberto. (1998). Trabalho em grupos e autonomia como instrumentos de competição. São Paulo: Atlas. • MATTA, João Eurico. Dinâmica de grupo e desenvolvimento de organizações. SP, 1975. • MILITÃO, Albigenor & Rose. Jogos, dinâmicas e vivências grupais, RJ: Qualitymark Editora 2000. • MILITÃO, Albigenor & Rose. S.O.S, DinÂMICA DE GRUPO, Rio De Janeiro: Qualitymark Editora 1999.

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MILITÃO, Albigenor & Rose. Histórias e fábulas aplicadas a treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora 1999. • MILITÃO, Albigenor & Rose. Vitalizadores. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora 2001. • Minimucci, Agostinho. (2002). Dinâmica de Grupo: Teorias e Sistemas. São Paulo: Atlas. • Minimucci, Agostinho. (2001). Técnicas do Trabalho de Grupo. São Paulo: Atlas. • MINICUCCI, Agostinho. Dinâmica de Grupo. Atlas, SP, 1997. • Moscovici, F. (1998) Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: José Olympio. • Moscovici, F. (1994). Equipes dão certo. Rio de Janeiro: José Olympio. • Pagès, M. (1976). A vida afetiva dos grupos. Petrópolis: Vozes. • Pichón-Riviére, E. (1988). O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes. • TELES, Maria Luiza Silveira. Psicodinâmica do desenvolvimento humano, Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. • Yozo, Ronaldo Yudi K. - 100 JOGOS PARA GRUPOS: Uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas, ed. Agora, 6 ª edição. 1996. •

1.8 -CURRÍCULO RESUMIDO PROFª ESP. MARLI PEGORINI Marli Pegorini é professora, graduada em Letras pela UFMT. Especialista em Dinâmica dos Grupos pela SBDG – Soc Brasileira de Dinâmicas dos Grupos (Porto Alegre-RS) e em Pedagogia Empresarial. Atuou como Gerente de Intermediação de Mão de Obra do SINE - Sistema Nacional de Emprego, como Professora do Colégio Albert Einstein e Instituto de Linguagens da UFMT. Atuou 7 anos como profissional de Recursos Humanos na franqueada da Coca-Cola em Mato Grosso e como Coordenadora de Treinamento & Desenvolvimento. Nesta função foi responsável pelo Programa T & D dos funcionários e pela comunicação interna, coordenou e ministrou treinamentos comportamentais e técnicos, atuou na implantação da universidade corporativa do grupo, sede e filiais. Atualmente cursa Psicologia na UFMT, ministra cursos pelo SESI/MT, atende empresas com treinamentos e palestras e ministra aulas de pós-graduação em diversas áreas do conhecimento.

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Introdução “Eu ouço e esqueço. Eu vejo e eu lembro. Eu faço e compreendo”. Confúcio (cerca de 450 a,C.)

A dinâmica é a atividade que leva o grupo a uma movimentação, a um trabalho em que se perceba, como cada pessoa se comporta em grupo, como é a comunicação, o nível de iniciativa, a liderança, o processo de pensamento, o nível de frustação, se aceita bem o fato de não ter sua idéia levada em conta. As dinâmicas de grupo tem sido cada vez mais utilizadas nas organizações, não apenas pelos profissionais de Recursos Humanos – RH (ou seres Humanos – SH, ou Talentos Humanos – TH)), como por todos os que lideram e/ou participam de grupos. É um poderoso facilitador de mudanças. Mas, não faz milagres. Acreditamos que o termo mais adequado para denominar o profissional que dirige, ministra, aplica e conduz dinâmicas de grupo é facilitador, pois profissional – humana e tecnicamente preparado – pode facilitar momentos e/ou processos de tomada de consciência e consequente mudança atitudinal e comportamental (novos aprendizados).

1. GRUPOS 1.0 O que é um grupo ? Segundo Pichon-Riviere, é quando um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes se reúnem em torno de uma tarefa especifica, ou seja um grupo com um objetivo mútuo, porem cada participante é diferente, tem sua identidade. Segundo Zimmerman, “O individuo desde o nascimento participa de diferentes grupos numa constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social” Todo individuo passa a maior parte do tempo de sua vida em grupos – convivendo e interagindo. Todo educador ensina à seu grupo, mas só sabe o que vai ensinar quando conhece o seu grupo. Para Wallon o individuo é um ser geneticamente social Há dois tipos de grupos: primário e secundário.

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A família é um grupo primário. Secundários, são os grupos de trabalho, estudo, instituições, etc. Segundo Pichon, a estrutura dos grupos se compõem pela dinâmica dos 3D. O depositado, o depositário e o depositante. O depositado é algo que o grupo, não pode assumir no seu conjunto e o coloca am alguém, que por suas características permite e aceita. Estes que recebem nossos depósitos, são nossos depositários; nós que nos desembaraçamos destes conteúdos, colocando-os fora de nós, somos os depositantes. Este movimento de deposito começa na família, com o projeto inconsciente dos pais. Os componentes do grupo são cinco: Líder de mudança, Bode expiatório, Porta-voz, Líder de resistência e Representantes do silencio. O Lider de mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas, enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo. Líder de resistência, sempre puxa o grupo para trás, freia avanços; Líder de mudança e o líder de resistência não podem existir um sem o outro. Os dois são necessários para o equilíbrio do grupo. O bode expiatório é quem assume as culpas do grupo. Serve-se de depositário a esses conteúdos, livrando o grupo do que lhe provoca mal-estar, medo, ansiedade, etc. Os silenciosos são aqueles que assumem as dificuldades dos demais para estabelecer comunicação, fazendo com que o resto do grupo se sinta obrigado a falar. O porta-voz é quem se responsabiliza em ser a “chaminé” por onde emergem as ansiedades do grupo. Através da sensibilidade apurada do porta-voz, ele consegue expressar, verbalizar, dar forma aos sentimentos, conflitos que muitas vezes estão latentes no discurso do grupo. O porta-voz é como uma antena que capta de longe o que está por vir.

1.1 CARACTERISTICAS DO GRUPO

1. procura de um objetivo comum, que motiva sua participação na atividade do grupo. 2. múltiplos intercâmbios entre si (sorrisos entre si, cumplicidade), interação psicológica. 3. Existência própria (através de objetivo comum e da inter-relação psicológica.

O grupo => dinamismo, tem seus problemas, suas dificuldades, seus fracassos, seus sucessos e suas alegrias.

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GRUPO => Dinamismo próprio => Afastamento ou chegada ( 1 membro ) => pode modificar profundamente.

INTEMPESTIVO / PASSIVO / INTEMPESTIVO EQUILIBRIO CONFLITOS Para se tornar um grupo é necessário que tomem consciência de que buscam um mesmo objetivo comum e que haja entre eles um inter-relação psicológica autentica ( aceitar o trabalho comum, participar das responsabilidades coletivas e conjugar seus esforços na realização deste trabalho. GRUPO: Uma entidade moral, dotada de finalidade, existência e dinamismo próprios, distinta da soma dos indivíduos que a constituem, mas se estabelecem entre estes diferentes indivíduos.

MICROGRUPOS => não ultrapassa a 25 membros, se ultrapassar, os canais de comunicação ficam mais difíceis. MACROGRUPOS => mais que 25 membros e se divide em sub grupos. OBJETIVOS DO GRUPO => dividir em grupos de : trabalho, de formação e mistos. Grupo de Trabalho => preocupa-se com um trabalho a realizar, busca do objetivo comum. Grupo de formação => preocupa-se com o funcionamento do grupo como tal => laboratório para analisar o próprio processo. O grupo de formação faz emergir à consciência para estuda-los => trabalho de equipe. Grupo Misto => intermediário, procura assegurar um entendimento real entre as pessoas do plano social ( grupo 1) e o emocional ( grupo 2), une a eficiência do grupo de trabalho, o realismo psicológico do grupo de formação => sua preocupação principal => solução de seus problemas de trabalho. FORMAÇÃO DO GRUPO => Dinamismo do grupo => 2 fatores:

1. circunstancias nas quais se forma o grupo; 2. as relações que se estabelecem entre seus membros.

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2. Concepções da dinâmica grupal Há diversas concepções para a Dinâmica Grupal. Observamos que, no geral, cada uma delas reflete uma posição particular do que seja, e para que serve essa especialidade do conhecimento que trata das relações humanas quando em grupos sociais. O interesse científico pela Dinâmica Grupal é recente — trata-se de uma ciência do século XX. No entanto, já no século XVIII que, por ter sido caracterizado por enormes avanços no conhecimento humano e pelas grandes revoluções políticas da Inglaterra, da França e da Independência Americana, foi chamado de Século das Luzes, viveu Giambattista Vico (1688-1744), um pensador italiano que hoje é reconhecido por sua aura de precursor das ciências humanas. Vico, em sua obra: "Princípios de uma ciência nova", estabeleceu a diferença entre Ciências Naturais e Ciências Humanas, e propôs, como base de estudo dessa última, um princípio epistemológico considerado fundamental para o desenvolvimento dos diversos campos do conhecimento humanista — quais sejam, Antropologia, Sociologia, Psicologia e a Dinâmica Grupal, um ramo da psicologia social. Esse princípio está expresso na fórmula latina: verum ipsum factum — isto é, só o feito é verdadeiro; ou, só posso demonstrar logicamente o que é obra minha [13: contracapa]. Nos termos da Dinâmica Grupal, esse preceito implicou diretamente na contemporânea metodologia científica denominada de pesquisa-ação — nessa, o sujeito pode demonstrar logicamente um fenômeno grupal que também é feito, verdadeiramente, por ele enquanto membro desse grupo em estudo. Ou seja, ele torna-se sujeito-objeto da pesquisa. Há também uma notável pertinência epistemológica dessa proposição com a Teoria da Espontaneidade de Moreno. A palavra espontâneo, um termo central na teoria moreniana, etimologicamentederiva do latim sua sponte: ‘de livre vontade’; o que se produz por iniciativa própria do agente, sem ser o efeito de uma causa exterior. Dado que se demonstra a relação dos estados espontâneos com as funções criadoras [4: p. 53], então pode-se presumir que, em verdade, só o que é criado de maneira espontânea, ‘de livre vontade’, pode ser considerado como obra minha; e também disso inferir que só o espontaneamente feito é verdadeiro. Basicamente, pode-se classificar todas as concepções de três maneiras: ideológica, tecnológica, fenomenológica. Concepção Ideológica. Considera que a Dinâmica Grupal é uma forma especial de ideologia política na qual são ressaltados os aspectos de liderança democrática e da participação de todos na tomada de decisões. Também ressaltam-se as vantagens, tanto para a sociedade como para os indivíduos comuns, das atividades cooperativas em pequenos grupos. Foi cientificamente experimentada por Kurt Lewin. Com as pesquisas sobre o fenômeno da boa liderança, Lewin demonstrou que, quando os seres humanos participavam de atividades em grupos democráticos, não somente sua produtividade era intensificada, como também o seu nível de satisfação era elevado e as suas relações com os outros membros baseavamse na cooperação e na redução das tensões (...) nessas circunstâncias, o

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grupo tornava-se suficientemente autônomo para prosseguir sua tarefa mesmo quando o líder se ausentava [2: p. 98]. Concepção Tecnológica. Conforme essa concepção, a Dinâmica Grupal refere-se a um conjunto de métodos e técnicas usadas em intervenções nos chamados grupos primários, como famílias, equipes de trabalho, salas de aula etc. A rigor, o uso de qualquer uma dessas técnicas objetiva aumentar a capacidade de comunicação e cooperação e, consequentemente, incrementar a espontaneidade e a criatividade dos seres humanos quando em atividade grupal. Todas elas podem, didaticamente, ser enquadradas em duas variantes de intervenção: uma, dos Jogos Dramáticos; outra, do Psicodrama. Jogos Dramáticos. Essa variante privilegia o jogo espontâneo, muitas vezes sem regras pré-estabelecidas, para dinamizar a grupalidade humana. Essa variante de concepção da Dinâmica Grupal é universalmente difundida, isso se dá basicamente pelo fato de que a necessidade lúdica do jogo é inerente ao crescimento e desenvolvimento humano, e também porque é especialmente aplicada na área da educação. - Nos países anglo-saxônicos o jogo dramático espontâneo é uma atividade comum nas escolas de primeiro e segundo grau, sendo incluído na disciplina conhecida como Teatro na Educação, pois é reconhecido como um meio efetivo de aprendizagem tanto para o conteúdo das matérias quanto para a própria vida [3: p. XI/XII]. Psicodrama. Assim como o seu corolário o Sociodrama, o Psicodrama historicamente se originou noTeatro Espontâneo ou Teatro da improvisação fundado por Moreno em Viena no ano de 1921. Do Teatro Espontâneo que pretendia pôr fim à repetição da conserva dramática do teatro convencional e dos clichês de papéis, permitindo uma contribuição inteiramente criadora e espontânea para que assim pudesse desenvolver novos papéis, nasceu o Psicodrama. Essa variante tecnológica que é centralizada na noção de papéis sociais, e que enfatiza a ação corporal, tem sido utilizada de uma maneira muito especial no campo terapêutico. Para isso, foram desenvolvidas múltiplas técnicas direcionadas especialmente para treinamento de papéis (role playing) caracterizados como saudáveis. Entre as técnicas criadas por Moreno, as mais usadas são: solilóquios, inversão de papéis, duplos, espelhos, realização simbólica, psicodança. Concepção Fenomenológica. Aqui estão autores que priorizam suas atividades em torno da idéia de que os fenômenos psicossociais que ocorrem nos pequenos grupos é resultado de um sistema humano articulado como um todo, uma gestalt. Entre esses fenômenos, citam-se: coesão, comunicação, conflitos, formação de lideranças etc. Nessa concepção, também pode-se observar duas formações teóricas: uma, a Psicologia da Gestalt, que é descritiva, pois centra seus postulados na descrição dos fenômenos que ocorrem no aqui-agora do mundo grupal — por exemplo, a configuração espacial adotada regularmente por uma unidade grupal; a outra, a Psicanálise, que é explicativa por que procura explicar a unidade do grupo através da idéia de uma ‘mentalidade grupal’ (instinto social), muitas vezes inconsciente para os membros do próprio grupo.

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Psicologia da Gestalt. Dessa escola da Psicologia, o grande impulsionador da Dinâmica Grupal foi Kurt Lewin. Lewin, em sua Teoria de Campo, desenvolveu um esquema sui-generis para explicar as interações humanas: baseando-se nos princípios da topologia — ramo da geometria que trata das relações espaciais sem considerar a mensuração quantitativa, estabeleceu uma teoria dinâmica da personalidade centrada na idéia de campo psicológico [5: p. 83] que mantém interpendência com múltiplas forças sociais; daí, desenvolveu uma metodologia de trabalho: pesquisa-ação (action research), na qual o indivíduo é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto da ação em estudo; e criou o primeiro laboratório de Dinâmica Grupal, onde em estudos realizados com grupos primários (face to face groups) introduz conceitos retirados da física do campo magnético para descrever os fenômenos da existencialidade social do ser humano — entre os termos os mais comuns são: coesão, locomoção em direção a objetivos, procura de uniformidade, atração e equilíbrio de forças; e a partir deles concebe a idéia do grupo como um todo dinâmico, uma gestaltque não é só resultado da soma dos seus integrantes, mas é possuidor de propriedades específicas enquanto ‘um todo’ . Enfim, para Lewin, esse grupo como uma totalidade dinâmica, busca formas de equilíbrio no seio de um campo de forças sociais, sendo isso, por exemplo, o que explica a emergência delideranças, fenômenos que aparecem como que reunindo um campo social de alto privilégio, e funciona como centro de atração de todos os movimentos coletivos. Psicanálise. A utilização dos postulados da Psicanálise para explicar a Dinâmica Grupal foi inicialmente tentada por Freud em sua obra "Psicologia de grupo e análise do ego". No entanto, o esquema conceitual, referencial e operativo no qual ele desenvolvia sua tarefa, estava referido não propriamente ao que atualmente se concebe como grupo humano (microgrupo; grupo primário; face to face groups), mas sim a fenômenos sociológicos como raças, castas, profissões, multidões etc. Wilfredo Bion, partindo das proposições formuladas por Melanie Klein em suas pesquisas na clínica psicanalítica com crianças, esclareceu, com o termo mentalidade de grupo, o significado desse instinto social - esse termo designa uma atividade mental coletiva que se produz quando as pessoas se reúnem em grupo (...) a hipótese de sua existência deriva do fato de que o grupo funciona em muitas oportunidades como uma unidade, ainda que seus membros a isto se proponham nem disto tenham consciência. A mentalidade grupal seria assim uma espécie de continente, ‘um todo’ que englobaria todas as contribuições feitas pelos membros do grupo. Conforme a concepção bioniana, esse fenômeno comporta dois níveis: nível da tarefa; nível dos pressupostos básicos — o primeiro, mais ou menos relacionado com algo consciente, designado; o segundo, menos evidente, mas está rotineiramente presente sob forma dos três processos que podem ser inferidos da dinâmica grupal, ou seja, dependência, acasalamento e luta-fuga. [11: p. 23]. Enrique Pichon-Rivière, um psicanalista argentino da escola kleiniana, desenvolveu, com sua teoria e técnica do Grupo Operativo, esse esquema de Bion. Pichon-Rivière inicia com uma definição de grupo - conjunto de pessoas ligadas entre si por

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constantes de tempo e espaço, e articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, de forma explícita ou implícita, a uma tarefa que constitui sua finalidade [12: p. 53]. Nessa definição Pichon-Rivière sintetizou as duas condições sine qua non para a existência de todos os grupos humanos: primeira, o termo pessoas articuladas por sua mútua representação interna, pressupõe que essas pessoas tenham algo que as una num nível superior ao que o filósofo francês Jean Paul Sartre definiu como serialidade [12: p. 53]; isto é, quando as pessoas se somam sem efetivamente estabelecerem comunicações que as unam afetivamente como acontece numa fila humana qualquer (em estabelecimento bancário, por exemplo); a segunda condição é a tarefa que constitui sua finalidade. Nessa tarefa, de acordo com a construção bioniana, Pichon-Rivière percebeu dois níveis: explícito, implícito. O explícito está representado pelo trabalho produtivo e planificado cuja realização constitui a razão de ser do grupo - por exemplo, produção material, aprendizagem, cura, lazer etc. Sob essa tarefa explícita, subjaz outra, a tarefa implícita, que consiste na totalidade das operações mentais que devem realizar os membros do grupo, conjuntamente, para constituir, manter e desenvolver a sua grupalidade. [12: p. 53/54]. Os pressupostos básicos de Bion estão assim implicitamente contidos na mentalidade do grupo em tarefa. E aí se colocam como verdadeiros esquemas organizadores do comportamento desse grupo, e que, frequentemente, poderá determinar um funcionamento grupal aberrante - ou excessivamente centrado numa liderança pessoal (na hipótese da dependência); ou excessivamente centrado numa idéia colocada como promessa, esperança para o futuro (na hipótese do acasalamento); ou excessivamente centrado na sua autopreservação, que é mantida como que o grupo reagisse atacando ou fugindo de ameaças internas ou externas (hipótese da luta-fuga). A dinâmica de grupo é usada como ferramenta com fins de aprendizagem nos Estados Unidos desde 1950. No Brasil, imagina-se que ela começou a ser utilizada em escolas e empresas na década de 70, mas não há dados que comprovem isso.

3. Como surgiu a dinâmica de grupo? Por volta de 1912, Jacob Levy Moreno, um jovem estudante de medicina, apaixonado por teatro e música, começou a observar crianças brincando nos jardins de Viena. Acaba de oporse a Sigmund Freud e começou a combater a Psicanálise: era contra o distanciamento do terapeuta, a ausência de relação face a face com o paciente, que ficava no divã, alheio, caracterizando a palpável diferença de status. Moreno volta-se para os problemas de relações profundas, verdadeiras, significativas entre os seres humanos, enfatizando a relação afetiva, viva de compreensão e comunicação completas, nos dois sentidos, baseada na empatia entre o EU e o OUTRO.

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Segundo Moreno, para se conhecer a dinâmica de um grupo, é importante antes determinar a sociometria deste grupo, as características das pessoas que a compõem, o peso (importância) de cada membro, bem como a rede de inter-relações (o nível de afetividade). Carl Rogers foi quem primeiro realizou atividades com grupos, através do processo terapêutico denominada Terapia Centrada no Cliente – ele não diz “PACIENTE”. A esse tipo de trabalho ele chamou de Grupos de Encontro. Nos anos 40, o teórico e pesquisador dos fenômenos de grupo, Kurt Lewin, levou seus estudos sobre grupos para a pesquisa de campo. Tem-se, então, as primeiras informações sobre dinâmicas de grupo: exercícios utilizados pro administradores e outros teóricos nas organizações, tendo como foco as relações interpessoais. Foi com Lewin que surgiu a expressão Dinâmica dos Grupos (Group Dynamics), explicando o conceito de dinâmica no sentido habitual da física, como o oposto à estática. Em 1945, Lewin funda o Centro de Pesquisas para Dinâmica de Grupo, no Instituto de Tecnologia de Massachusets. Em 1946, o Estado de Connectitut (EUA) quis desenvolver um programa pedagógico, visando minimizar os conflitos raciais no país, e convidou Kurt Lewin, Ronald Lippit (psico-sociólogo que trabalhava com Lewin e tinha vasta experiência com escotismo e problemas de jovens), Keneth Benne (filósofo-pedagogo) e Leland Bradford (especialista em educação e formação de adultos). Durante esse encontro, a equipe descobre, por feliz acaso, o efeito benéfico daquilo que se chamaria mais tarde “feedback”, através das discussões surgidas, da exposição de sentimentos, da explanação de cada um sobre conceitos da psicologia social e da contribuição aos trabalhos grupais das Ciências Humanas. Em 1950, também nos Estados Unidos, iniciou-se o uso da dinâmica de Grupo para fins de aprendizagem. A palavra dinâmica, isoladamente, sugere movimento que pode ser intenso (reflexão individual, tomada de consciência) e externo (corpos/forças que produzem movimentos).

DINAMICA, segundo o Dicionário Sacconi, “É um conjunto de forças sociais, intelectuais e morais que produzem atividades e mudança numa esfera específica”.

A expressão dinâmica de grupo é definida de várias formas. A DINÂMICA DE GRUPO como processo facilita a tomada de consciência do indivíduo, amplia seus horizontes de visão, estimula a mudança atitudinal, mas, também, pela “troca” com os demais participantes de um grupo. AMPLIANDO a compreensão dos termos, podemos dizer que dinâmica de grupo engloba um significado tríplice: • É uma ideologia politica, que estuda as formas de organização e direção dos grupos; • É o campo de pesquisa que estuda a natureza e as leis de desenvolvimento dos grupos, bem como suas relações com outros indivíduos, grupos e instituições; • É um conjunto de técnicas utilizadas para o descobrimento e desenvolvimento de habilidades e potenciais individuais e/ou grupais e das relações intra e interpessoais.

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Para enfatizar o conceito de Dinâmica de Grupo, concluímos:

Toda atividade que se desenvolve com um grupo (reuniões, workshops, grupos de trabalho, grupos em escolas, grupo de crescimento ou treinamento, plenário/grandes eventos, etc), que objetiva integrar, desinibir, “quebrar o gelo”, divertir, refletir, aprender, apresentar, promover o conhecimento, incitar à aprendizagem, competir e aquecer, pode ser denominada Dinâmica de Grupo. Ou seja, ainda, o simples encontro de pessoas que se mobilizem para buscar qualquer objetivo grupal é uma Dinâmica de Grupo.

3.1. Dinâmica Grupal X Antecedentes e Desdobramentos

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Técnicas, vitalizadores, jogos e vivências ORGANIZACIONAL 3.2 TÉCNICA Todas as pessoas que trabalham com grupos costumam verbalizar: “vou aplicar uma técnica...”,, “Esssa técnica visa...”. A palavra é dita mais como uma forma de variação das expressões “Dinâmica de grupo” ou “vivência”. No sentido lateral, conforme o dicionário de Sacconi, técnica é: •

Método, procedimento, jeito ou maneira especial de ensinar



Grau de excelência em alguma atividade



Forma de desenvolver alguma coisa

No desenvolvimento ou facilitação de trabalho com grupos, a expressão “técnica” é uma maneira de denominar o exercício a ser vivenciado, ou seja, um método de procedimento. Aurea Castilho costuma utilizar a palavra técnica para designar os seus trabalhos, com grupos, e diz: “A técnica utilizada como uma real necessidade do momento de um individuo ou de um grupo, a mim parece uma verdadeira obra de arte, daquela que você, diante dela, pára e ve aflorar um novo mundo. A usada com sentimento e intuição me faz sentir como construindo uma partitura ou criando um quadro ou uma escultura”. Mas se pode utilizar atividade, técnica ou exercício grupal, etc. 3.3 VITALIZADOR

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É uma dinâmica de grupo. É rápido, objetivo eficaz para o que se propõe: aquecer, acender, ascender, “levantar” o grupo, descontrair. A expressão vitalizar sugere dar vida ou tornar vivo. A utilização de um vitalizador não caracteriza necessariamente uma reflexão ou um aprendizado, porém se houver necessidade pode ser feito. Existem vitalizadores recreativos, competitivos ou puramente energizantes. O vitalizador deve ser, também, o mais prático possível, podendo ou não ser utilizado materiais ou acessórios que venham a demandar algum tempo de preparação ou elaboração prévia. Em geral, os recursos são as pessoas e o próprio facilitador.

3.4 JOGO É um processo vivencial, naturalmente: exige relação entre pessoas. É uma competição, cooperação, dinâmica, saudável entre pessoas de interesses comuns, que visa da simples recreação (caráter de gincana) à viabilização de alguma aprendizagem, reflexão ou correlação com a prática do dia a dia. Dizemos que a dinâmica de grupo classificada como “jogo” é um exercício que tem normas pré estabelecidas e, para participar, os integrantes do grupo devem concordar com elas. Pode haver limites do tempo ou espaço, há inicio, meio e fim e pressupõe perdas e ganhos, entre os participantes. As atuais tendências sócio-culturais e empresariais tem considerado principalmente os jogos de empresa que exercitam o ganha-ganha, que é quando as partes tem algum tipo de “lucro”, que pode ser financeiro, de crescimento e aprendizado individual. O ganha-ganha é o melhor resultado que se pode esperar quando se utiliza o jogo em dinâmicas de grupo. A técnica (ou metodologia) do jogo facilita o aparecimento de características como liderança, planejamento, visão estratégica, ambição, competição, respeito a si e ao outro, limites, respeito a regras e normas, etc. A simulação é a teatralização de situações com base no cotidiano nos indivíduos e/ou grupos de trabalho, onde um ou mais participantes assumem os diferentes papéis e conteúdos que estão contidos na situação que se quer vivenciar.

3.5 VIVÊNCIA

“As mudanças pessoais podem abranger diferentes níveis de aprendizagem: cognitiva (informações, conhecimentos, compreensão intelectual), emocional (emoções e sentimentos, gostos, preferências), atitudinal (percepções, conhecimentos, emoções e predisposição para ação integrados) e comportamental (atuação e competência) – afirma Fela Moscovici, em seu livro “Desenvolvimento interpessoal, Quando Fela Moscovici bse refere a VIVÊNCIA, diz que é um processo de ensino-aprendizagem denominado Educação de Laboratório, ou seja “um conjunto metodológico que objetiva o alcance de mudanças pessoais, a partir de aprendizagens baseadas em experiências diretas ou vivencias”, como exemplo temos a educação de laboratório.

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ATIVIDADE: Consiste na vivencia de uma situação através de atividades em que o participante se empenha, tais como resolução de um problema, simulação comportamental, dramatização, jogo, processo decisório, comunicação, exercícios verbais e não verbais. ANÁLISE OU REFLEXÃO: É o momento seguinte. Consiste no exame e na discussão ampla das atividades realizadas, na análise crítica dos resultados e do processo de alcança-los – o como passa a ser mais importante do que o resultado em si. É uma fase muito mobilizadora de energia emocional, pois cada participante deve expor seus sentimentos, idéias e opiniões livremente. Se na primeira etapa houve envolvimento e abertura, nesta, o participante pode praticar maior auto-exposição, espontaneidade, autenticidade, troca de feedback com os companheiros do grupo, possibilitando a elaboração de um processo diagnóstico da situação vivenciada e da participação de cada um e de todos no desenrolar do processo grupal. CONCEITUAÇÃO OU EMBASAMENTO TEÓRICO

Consiste na busca de conceitos esclarecedores, fundamentação, informações, insumos cognitivos. É realizado pelo coordenador/facilitador de forma interativa com os participantes e complementados por leituras individuais, filmes, músicas, que possibilitam a consolidação dos conhecimentos e reflexões. CONEXÃO OU CORRELAÇÃO COM O REAL

É onde se faz as comparações dos aspectos teóricos com práticas de trabalho e da vida real. As conclusões e aprendizagens elaboradas podem servir para uso imediato ou para o futuro, possibilita aos participantes “insight” de novas aprendizagens, além de incitá-los à criatividade, à mudança, inovação de procedimentos e novas formas de conduta. No dicionário de Luiz A Sacconi, ele caracteriza vivência como: 1. Experiência de contato íntimo. 2. Ato de viver ou sentir intensamente. 3. Exteriorização de emoções e sentimentos. Aplicar uma dinâmica de grupo é possibilitar o exercício de uma vivência. É um processo vivencial, é um momento de laboratório, que pode ir além de um simples quebra-gelo a reflexões e aprendizados mais profundos e elaborados.

3.6 FILMES E MÚSICAS: Algumas considerações Em qualquer atividade de grupo, onde têm pessoas (reunião, workshop, simpósio, palestra, recreação, despedida ou recepção, solenidade, etc|), uma música ou um filme (integral ou um trecho) pode funcionar

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didaticamente como recurso de aprendizagem, recreação ou uma simples reflexão. Dependendo do tema ou assunto a ser discutido/estudado, uma cena de um filme ou uma música (apenas a melodia ou mesmo a letra), selecionada, sob critérios técnicos adequados, torna-se uma valiosa contribuição. IMPORTANTE CONSIDERAR: Ao utilizar um filme tradicional (de locadoras), alguns pontos pontos precisam ser quiestionados: •

Qual filme, qual cena, em qual ponto a cena se encontra, onde começar, onde pausar, onde concluir?



Qual o link que será feito entre o filme e o assunto-tema que está sendo abordado?



A cena está explicita ou é interpretativa?

4. Aplicações da dinâmica grupal Como está na classificação, a Dinâmica Grupal é uma ciência interdisciplinar. Isso significa que são múltiplas as suas aplicações técnicas, e, por conseguinte, também são múltiplos os campos dos saberes humanos que podem ser beneficiados com seus conhecimentos. Entre os saberes beneficiados, citaríamos um enorme rol: saúde, educação, serviço social, administração de empresas, política, esportes, religião etc. No entanto, para efeitos descritivos, escolhemos apenas os quatro primeiros relacionados acima — Saúde, Educação, Administração e Serviço Social, para fazer uma sucinta descrição sobre os seus termos que são particularmente beneficiados com os conhecimentos da Dinâmica Grupal. 4.1. Saúde. Na área da saúde humana é onde se situam os resultados mais promissores das aplicações práticas da Dinâmica Grupal. Neste sentido o destaque cabe às já apresentadas psicoterapias grupais. No entanto, além desse campo de aplicação, o qual já foi suficientemente relatado em capítulos anteriores, os trabalhos grupais têm se mostrado de grande utilidade em muitas outras áreas da saúde humana. Apresenta-se quatro exemplos: 4.1.1. Grupos Operativos em Doenças Orgânicas. Trabalhos de Grupos Operativos são largamente utilizadas como adjuvantes no tratamento de pessoas com doenças orgânicas consideradas crônicas. Desse modo, em diversas instituições médicas têm sido formados grupos operativos com portadores de diabetes, nefropatias, tuberculoses etc. Esses grupos têm funcionado com objetivos diversos. No nosso meio hospitalar, já funcionam Grupos Operativos formados por esse tipo de clientela, um deles reúne pacientes dialisados do setor de nefropatia do Hospital Geral de Fortaleza. O grupo objetiva melhor prepará-los para enfrentarem as dificuldades inerentes a sua enfermidade, e contribuir para o bom êxito do processo de hemodiálise. Nas reuniões são realizadas atividades para incentivar o acompanhamento rotineiro com nefrologista; para transmitir informações úteis sobre a doença e métodos terapêuticos, para facilitar o estabelecimento de hábitos considerados saudáveis para o nefropata crônico, e, enfim, para melhorar o suporte psicoemocional, e Integrar os familiares no processo terapêutico. 4.1.2. Grupos Balint. Nos grandes Hospitais de Ensino Universitário são aplicadas muitas técnicas grupais para facilitar a formação e o aperfeiçoamento médico. Entre essas técnicas, é imprescindível uma menção aos Grupos Ballint. Esses grupos, cujo nome homenageia o psicanalista inglês Michel Ballint que, nos anos 50-60, desenvolveu essa técnica grupal, consiste, basicamente, em discutir a dinâmica das relações

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humanas contidas no bojo das situações clínicas trazidas pelos médicos participantes do grupo, na medida em que os mesmos experimentavam e reconheciam em sí próprio os dinamismos inconscientes inerentes a essa tarefa Nas reuniões busca-se fazer com que os integrantes do grupo desenvolvam a capacidade de refletir acerca dos fenômenos relacionais inconscientes. Essa capacidade de reflexão implica no desenvolvimento simultâneo das capacidades para perceber, sentir, pensar, agir e, especialmente, o aprender a aprender manejar as diversas situações no dia-a-dia da atividade clínica. 4.1.3. A Comunidade Terapêutica e suas reuniões comunitárias nas quais todos os pacientes e membros do quadro de pessoal de uma unidade de saúde mental se reunem, é o mais complexo dos grupos terapêuticos. A primeira experiência de Comunidade Terapêutica aconteceu no Northfield Military Hospital, na Inglaterra durante a II Guerra Mundial. Nesse hospital militar, onde, entre outros, trabalhavam Bion, Tom Main, Pat de Mare e Sigmund Foulkes, aconteceram, nesse período, mudanças radicais em sua organização social, havendo transformações quanto aos cuidados médicos e ao papel dos pacientes em seu processo terapêutico — com os pacientes buscava-se superar as atitudes de passividade e retraimento estimulando a participação ativa numa comunidade de estrutura grupal Nas décadas que se seguiram a essa primeira experiência em Northfield, a onda de comunidades terapêuticas espraiou-se pelas instituições psiquiátricas do mundo ocidental e, com ela, sua marca distintiva: a reunião comunitária. Quanto a essa modalidades de reunião pode-se dizer que elas, do ponto de vista da terapêutica, apresentam vantagens e desvantagens. Contudo, como é inerente uma índole positiva nesta obra, será dito apenas sobre o que Sigmund W. Karterud, professor de psiquiatria na Universidade de Oslo, considera a função de Foro para Partilha de Informações a vantagem mais óbvia das assembléias de comunidade terapêutica, isto é: a reunião comunitária pode alcançar a todos e informá-los a respeito de acontecimentos que afetam a unidade como um todo. Quem se acha presente, quem não compareceu e por quais razões? Novos pacientes são apresentados, alguns pacientes podem estar indo embora, e membros do quadro de pessoal falam a respeito de suas próprias ausências. Atuações dramáticas — tais como comportamentos grosseiramente aberrantes, rompimento de normas e tentativas de suicídio — são geralmente trazidas ao conhecimento geral na reunião comunitária. Ao lado de seu puro valor informativo, a reunião também fornece oportunidades para avaliar-se a importância dinâmica dos eventos comunitários e corrigir percepções distorcidas. 4.1.4. Grupos de Auto-Ajuda. Um movimento grupal que se universalizou e se diversificou graças a uma imagem modelada por poucas idéias simples mas bastante poderosas: pessoas comuns com um problema comum reunem-se, partilham seus problemas e aprendem umas com as outras, sem utilizarse da ajuda de profissionais, em settings que os membros do grupo possuem e controlam. Atualmente, em todo o mundo, é enorme a quantidade de grupos de auto-ajuda — Morton A. Lieberman, um professor de psiquiatria do San Francisco School of Medicine, realizou um estudo com mais de 3.000 grupos de auto-ajuda somente da Califórnia. Também é enorme a diversidade de suas linhas de ação: alcoolistas, narcóticos, neuróticos, comedores compulsivos, fumantes etc. De todos esses grupos o mais disseminado e popular é o constituído pelo movimento mundial de Alcoólicos Anônimos (AA). O primeiro grupo de AA aconteceu após um encontro casual entre um cirurgião de renome: o Dr. Bob, e um corretor de imóveis conhecido como Bill W., ambos de Nova York e alcoólicos desenganados pela medicina. Eles fundaram o primeiro grupo de Alcoólicos Anônimos no ano de 1935 em Akron, Ohio-EUA. 4.2. Educação. A pedagogia dos grupos permite uma síntese perfeita entre instrução e socialização do indivíduo. Todas as vertentes da Dinâmica Grupal contribuem para essa perfeição, no entanto, foram os achados de Lewin e de Moreno que mais contribuíram para esse objetivo pedagógico. Didaticamente, ao se diferenciar as contribuições entre um e outro desses autores, pode-se dizer que os postulados lewinianos se relacionam mais à apreensão do conhecimento dentro do processo de

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aprendizagem; e os achados morenianos são diretamente aplicáveis no treinamento do papel do educador no processo de sua formação profissional. 4.2.1.Apreensão do Conhecimento. As já relatadas experiências de Lewin permitiram o desenvolvimento de uma nova mentalidade pedagógica em que se destacam três princípios: no primeiro, o grupo (classe) não é concebido como ambiente de competição, mas sim como ele mesmo, um fato de cooperação, sendo por isso um objeto de sua própria instrução; o segundo preceitua que o papel do monitor (professor) é motivar o grupo, controlar seu funcionamento e seus resultados, e ajudá-los a definir suas dificuldades; por fim o terceiro implica num método pedagógico ativo. Ou seja, nele os "alunos", através de suas próprias experiências, devem chegar ao conhecimento. Observar que a tríade ambiente, educador, educando se articula em momentos considerados ideais por alguns educadores, para o processo ensino-aprendizagem, ou seja, momentos fecundos em que se sente no aluno a tensão por conhecer, em que se percebe a ruptura do equilíbrio em sua visão e compreensão do mundo que o rodeia, e com isso, o surgimento do interesse para recuperar esse equilíbrio. Nesses momentos, depois de surpreender-se ou desconcertar-se, o aluno começa a perguntar, e as questões que formula são autênticas, porque são espontâneas e, por essa mesma razão, provocadoras de novos interesses]. Ainda sobre isso, é interessante se ressaltar que na literatura dedicada à educação na perspectiva construtivista não se encontram referências bibliografias relativas a Kurt Lewin. No entanto, foi ele quem demonstrou, pela primeira vez, o valor da principal da tese construtivista: o ser humano nasce com potencialidades para aprender. Mas este potencial só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. Quanto às muitas outras referências bibliográficas do Construtivismo, são principalmente citados os trabalhos em Epistemologia Genética do psicólogo suíço Jean Piaget. Porém, é importante se saber que Piaget apenas propõe um projeto estruturalista e, portanto, gestáltico para o desenvolvimento cognitivo humano; não sendo essa sua proposta, de modo direto como no caso dos trabalhos de Lewin, uma metodologia aplicável aos trabalhos pedagógicos com grupos humanos. 4..2.2. Métodos para Formação de Educadores. A metodologia constitui uma dimensão pedagógica que, provavelmente, poderia ser mais beneficiada com a utilização de técnicas psicodramáticas. A dúvida expressa no "provavelmente poderia ser" se justifica quando escutamos a educadora argentina Maria Alicia Romaña lamentar-se que, em geral, os professores se formam apenas baseando-se em sua intuição, em seu afeto por crianças e adolescentes e nos estereótipos de professores introjetados em suas vivências como alunos. Além disso, lhes são oferecidas fórmulas ou receitas sobre como deve ser um professor, o que deve ou o que não deve fazer. (...). Se em vez desses elementos que, com pequenas variações, intensificam-se nas cadeiras do último ano de formação de educadores, trabalhássemos com role-playing (treinamento de papéis), o futuro professor teria a possibilidade de elaborar suas expectativas e seus temores. Tomaria também conhecimento de suas idealizações com relação à futura profissão, e perceberia, finalmente, com maior objetividade, os limites de sua tarefa como educador . 4.3. Administração. Se é no campo da saúde onde se verificam as mais auspiciosos experiências de aplicabilidade da Dinâmica Grupal, é no campo administrativo onde mais se universalizou a sua ideologia. A história desse processo de universalização tem dupla entrada: uma ocidental, outra oriental. Na cultura ocidental, o primeiro passo para o reconhecimento da importância da Dinâmica Grupal na área da administração de empresas foram as pesquisas realizadas, em 1928, na usina de Hawthorne. Como já historiado, essas pesquisas constataram, cientificamente, que os pequenos grupos de trabalho tendem a engendrar estruturas informais nas suas relações, havendo com isso profundas mudanças quanto ao significado do trabalho, do rendimento e das relações formais e hierarquizadas das áreas de produção empresarial.

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4.3.1. Teoria Z. Do oriente, vem a grandiosa contribuição da cultura Zen, uma sabedoria milenar que humaniza a administração de empresas no Japão. Sobre isso, W. Ouchi, um japonês naturalizado norteamericano, publicou um livro sobre o que ele denominou de teoria Z. Essa teoria serve para explicar alguns dos principais procedimentos que levaram ao proverbial êxito de grandes grupos econômicos japonesas, os quais Ouchi chamou de empresas do tipo Z, por que nelas a "democraticidade" e a integração são considerados um fator de eficiência, e daí estimula-se a participação dos empregados nas decisões da diretoria e acionam-se vários mecanismos para que a competitividade característica do ambiente de trabalho dê lugar à cooperação durante o expediente e ao coleguismo nos momentos de lazer. Esses dois movimentos de orientação geográfica e cultural diferentes implicaram em qualificativas mudanças no campo da administração de empresas na contemporaneidade. Mudanças essas que, tanto do ponto de vista prático como do conceitual, podem representar um conjunto de rupturas de grande relevância em relação ao paradigma clássico de organização empresarial. Desse modo, hoje é trivial afirmar que, do ponto de vista técnico, no setor de recursos humanos do mundo empresarial predominam os postulados do movimento de relações humanas veiculados através da teoria e da prática grupal - por exemplo, contemporaneamente coloca-se como um requisito de eficácia a utilização de métodos da Dinâmica Grupal durante o processo de recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoal em grandes empresas produtivas. Mas não é só na área da administração propriamente dita que a ideologia do trabalho grupal tem predominado, também já acontecem auspiciosas experiências no campo da organização do trabalho socialmente produtivo. Apenas para melhor situar o alcance da afirmativa do parágrafo anterior, apresenta-se dados de uma concepção, a Sociotécnica, e exemplifica-se com um fato referente à aplicabilidade de um dos postulados dessa concepção, qual seja, a de grupos produtivos semi-autônomos. 4.3.2. Sociotécnica. Essa proposta surge a partir da década de 50 com base em estudos realizados por pesquisadores reunidos no Instituto Tavistock de Relações Humanas de Londres. Ao contrário do modelo de produção clássico que, elaborado por Frederick Taylor e Henry Ford no início do século XX, está fundamentado no trabalho individualizado, a escola sociotécnica procura desenvolver projetos conceituais e intervenções práticas com fundamentos nos trabalhos em grupo. O início do desenvolvimento dessa abordagem deu-se na década de cinqüenta, contudo observa-se que somente a partir dos anos 90 é que houve possibilidades de difusão do princípio sociotécnico centrado na idéia de grupos semi-autônomos na produção. Também houve condições para o surgimento de metodologias mais detalhadas e sistemáticas (por exemplo, Total Quality Control-TQC) para implantação dessa modalidade de trabalho em grupo [39: p. 29]. Diversas experiências com aplicação dos princípios sociotécnicos do trabalho em grupo na produção industrial já foram realizadas. Nesse sentido, uma experiência considerada paradigmática acontece com a empresa sueca Volvo. Nessa empresa automobilística, as mudanças no processo social de produção culminaram numa experiência que já se desenvolve desde 1989 e que pode ser resumida no dístico: "Na Volvo, grupos de operários montam carros do começo ao fim". A Volvo é uma empresa que historicamente tem se notabilizado por inovações na área da organização do trabalho. A partir dos anos 70 essas inovações começam a ser implantadas em sua produção automobilística. Nesse período, embora não tenha abandonado as linhas de montagem, introduziu "mini-linhas, separadas por buffers de produtos em processo, como estratégia para possibilitar que grupos semiautônomos pudessem gerir de maneira mais independente cada uma dessas "mini-linhas". No mencionado ano de 1989 foi aberta, em uma de suas unidades produtivas, uma planta industrial com esquema de organização baseado em grupos semi-autônomos. Nessa planta, que atualmente encontra-se

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voltada para a fabricação de carros esportivos, a autonomia e o trabalho em grupos são prioritários, e os produtos, automóveis no caso, são montados do começo ao fim, em fases sucessivas - docas. As principais características dessa planta são os poucos níveis hierárquicos; o reduzido staff na área de serviços de apoio, com grande parte das atividades desses setores sendo desenvolvida pelos próprios grupos; o processo de gestão que se baseia no estabelecimento de metas e resultados de período; e o autocontrole das partes responsáveis pelo dia-a-dia da produção. Enfim, é preciso salientar que essa experiência tem enfrentado algumas dificuldades para sua consolidação. Isso se verifica especialmente quanto ao fato de que a estratégia de sua produção não se coadunou com a dos produtos a ela designada. No entanto, com base em seu desenvolvimento, tem se observado o valor dos grupos semi-autônomos, e apontado para sua viabilidade em outros tipos de sistemas de produção. 4.4. Serviço Social. Essa área foi uma das primeiras a reconhecer explicitamente que os grupos podem ser orientados de forma a obterem dos seus participantes as modificações desejadas Apesar desse pioneirismo, observa-se que, infelizmente, ainda são pouco aproveitados os muitos recursos que a Dinâmica Grupal coloca a disposição do trabalho que o Serviço Social realiza para que os indivíduos e os grupos socialmente necessitados de assistência sejam protegidos e recuperados em sua dignidade. Esse fato é bem evidenciado e criticado especialmente no Trabalho Social realizado na América Latina. Quanto a isso, Ezequiel Ander-Egg, um autor argentino relacionado ao Serviço Social, desvenda uma realidade com os seguintes termos: uma questão que vejo no trabalho social latino-americano é a do uso não-dialético do marxismo. O manualismo e o discurso ideológico oco de alguns trabalhos me parecem deprimentes. Às vezes se debatem em pura tautologia, não acrescentam absolutamente nada ao conhecimento da realidade... Há livros de Trabalho Social escritos por trabalhadores sociais que não citam uma única experência de Trabalho Social e o fazem com abundância no referente a livros marxistas. Querem ser científicos mas (...). Em vez disso, as questões que lhe concernem são tratadas de passagem, ou se inserem em um discurso teórico que nada acrescenta à compreensão da realidade e nem oferece instrumentos para atuar sobre ela. Porém, nos Estados Unidos e Europa as técnicas e esquemas metodológicos da Dinâmica Grupal são incorporadas pelo Serviço Social fazendo parte do seu projeto de ação social e de resolução de problemas coletivos. Um exemplo notável disso está na incorporação da lógica lewiniana da pesquisa-ação nos procedimentos metodológicos do trabalho social. Assim a metodologia da pesquisa-ação tem sido utilizada para: a) identificar problemas relevantes dentro da situação investigada; b) estruturar a explicação dos problemas; c) definir um programa de ação para a resolução dos problemas escolhidos como prioritários; d) acompanhar os resultados da ação. 4.4.1. Serviço Social de Grupos-SSG. O principal representante dessa concepção é Natálio Kisnerman, um trabalhador social da Argentina que, influenciado pelos pioneiros trabalhos sociais de Mary Richmond e tendo como pressupostos os conhecimentos da psicanálise, iniciou, na década de 60, uma investigação operacional sobre os processos de grupo e suas aplicações terapêuticas a nível de comunidades. O esquema teórico e operacional do SSG ainda está em fase de estruturação. Para finalizar este capítulo, apresenta-se uma interessante classificação de grupo formulada por Kisnerman, a qual, certamente é representativa de um grande valor heurístico para a idéia do SSG: aceitamos uma divisão em grupos orientados para o crescimento, pela necessidade de ajuda sentida por seus membros, e grupos orientados para a ação social, nos quais os membros necessitam de auxílio para conseguirem um bom padrão de relacionamento com os outros, em vista dos quais orientam sua ação. Os primeiros são os grupos de tratamento, recreação, discussão, aprendizagem. Os segundos são os grupos de trabalho, de comunidade, institucionais (sociedades de fomento, de vizinhos, comissões etc). O crescimento do grupo ocorre em ambos, no primeiro de forma direta, como objetivo metodológico

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básico; no segundo de forma indireta, pois se procura principalmente o crescimento dos que recebem a ação executada pelo grupo.

Leituras complementares

Texto1: A AGUIA QUE QUASE VIROU GALINHA

O tempo está chegando quando todas as águias se transformarão em galinhas Rubens Alves Era uma vez uma águia que foi criada num galinheiro, foi aprendendo sobre o jeito galináceo de ser, de pensar, de ciscar a terra, de comer milho, de dormir em poleiros… E na medida em que aprendia, ia esquecendo as poucas lembranças que lhe restavam do passado. É sempre assim: todo aprendizado exige um esquecimento…E ela desaprendeu o cume das montanhas os vôos nas nuvens o frio das alturas a vista se perdendo no horizonte o delicioso sentimento de dignidade e liberdade… Como não havia ninguém que lhe falasse essas coisas, ela acabou por acreditar que ela não passava de uma galinha com perturbação hormonal, tudo grande demais, aquele bico curvo, sinal certo de acromegalia e desejava muito que o seu cocô tivesse o mesmo cheiro certo do cocô das galinhas… Um dia apareceu por lá um homem que vivera nas montanhas e vira o vôo orgulhoso das águias. “Que é que você faz aqui?”, ele perguntou. “Este é o meu lugar”, ela respondeu. “Todo mundo sabe que galinhas vivem em galinheiros, comem milho, ciscam o chão, botam ovos e finalmente viram canja: nada se perde, utilidade total …” “Mas você não é galinha”, ele disse. “’E uma águia”

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“De jeito nenhum. águia voa alto, eu nem sequer sei voar. Para dizer a verdade, nem quero. A altura me dá vertigens. É mais seguro ir andando de passo a passo…” E não houve argumento que mudasse a cabeça da águia esquecida. Até que o homem não aguentando mais ver aquela coisa triste, uma águia transformada em galinha, agarrou a águia à força e a levou até o alto da montanha. A pobre águia começou a cacarejar de terror, mas o homem não teve compaixão; jogou-a no vazio do abismo. Foi então que o pavor, misturando com as memórias que ainda moravam em seu corpo, fez as asas baterem, a princípio em pânico, mas pouco a pouco com tranquila dignidade, até se abrirem confiantes, reconhecendo aquele espaço imenso que lhe fora roubado. Ela finalmente compreendeu que o seu nome não era galinha, mas águia…

Texto 2: A pequena jaula

Um Zelador, responsável pelos cuidados dos animais do Jardim Zoológico, observou que o urso passava os dias dando quatro passos para um lado e quatro passos para o outro lado. Durante meses este comportamento foi observado e o zelador sensibilizado pelo reduzido espaço que o urso dispunha para se locomover, passou a sonhar com o espaço ideal para aquele pobre animal: visualizava uma área grande, com árvores, e uma parte descampada onde seria possível ao urso correr, pular, subir em árvores e até dar cambalhotas. Depois de muito planejar, o zelador teve a idéia de ir até ao prefeito para pedir-lhe as providências necessárias para construir a nova residência para o urso. Ao ouvir o zelador, o prefeito lembrou imediatamente que aquele ano era um ano de eleição e que ele poderia tirar proveito daquela situação, para ganhar mais votos. Deu ordens ao zelador para escolher um lugar no zoológico que fosse ideal para a nova residência para urso. Chegou o dia da inauguração, o povo, a banda de música, o prefeito com seu discurso, etc... Todos atentos para o comportamento do urso O que aconteceu, entretanto, com o urso? Ao ser transferido para o novo espaço, continuou a dar quatro passos para um lado e quatro passos para o outro lado, repetindo no resto de seus dias este mesmo comportamento. “É fundamental que não cultivemos o hábito de viver em uma pequena jaula” exemplo: “ eu nunca fiz isto antes, por isso eu não vou tentar...” “eu tenho medo de não dar conta, é melhor não experimentar... Contato: [email protected]

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