CURSO TÉCNICO ENFERMAGEM VETERINÁRIA
Modulo VI
INTRODUÇÃO Face à crescente preocupação com a saúde dos animais de companhia manifestada pelos proprietários, o clínico deverá ampliar a sua oferta de serviços para ir ao encontro das novas necessidades dos clientes. Atualmente, o Médico Veterinário já não é apenas o profissional que se dedica ao tratamento de animais doentes, mas também o consultor que implementa medidas precoces de prevenção personalizada para proteger e melhorar a saúde dos seus clientes. Ao contrário do que comumente se pensa, a maioria dos proprietários estão dispostos a investir na medicina preventiva, embora esse tipo de cuidado deva ser sugerido procurando sensibilizar o cliente para a importância e eficácia dos mesmos para a saúde do seu animal de companhia. Em virtude de trabalhar lado a lado com o clínico, o Auxiliar de Veterinária encontra-se na posição ideal para promover as medidas de prevenção adaptadas a cada etapa da vida do animal, entre as quais se destaca o papel essencial da alimentação. Os animais saudáveis desempenham um papel muito importante na atividade da clínica Durante um tempo de vida médio de 12 anos, o animal é levado à consulta, 10 a 15 vezes por razões de ordem geral, a variação do número de visitas à clínica está sobretudo relacionada com o primeiro ano de vida, dependendo se o animal fez uma consulta pós-compra, de puberdade e esterilização. - 7 a 20 vezes em caso de doença ou acidente: a variabilidade está associada ao risco de vida, e também à qualidade dos cuidados prestados a animais geriátricos. De fato, os animais saudáveis representam 90% dos clientes da clínica e 40 a 50% do número total de consultas! A medicina preventiva não deve ser subvalorizada. A oferta de serviços de qualidade, bem estruturados, tem um impacto positivo na imagem da clínica. Em contrapartida, se o Médico Veterinário e/ou a sua equipe considerarem este tipo de ação como de baixo valor, de rotina ou sem interesse, a imagem da clínica sofrerá rapidamente os efeitos negativos da mensagem veiculada. As medidas preventivas implementadas no decurso da primeira consulta ajudam a equipe veterinária a estabelecer uma relação privilegiada com o proprietário do animal. Graças ao acompanhamento regular proporcionado, o cliente consegue compreender melhor o leque de equipamentos e serviços que se encontram à sua disposição. Além disso, a realização de consultas regulares facilita a detecção de problemas subclínicos, bem como a preconização de soluções médicas ou cirúrgicas adaptadas a cada caso específco.
A PREVENÇÃO MÉDICA DEVE SER SISTEMATIZADA Os três principais objetivos, em termos de saúde humana e animal, são os seguintes:
Rastreamento e tratamento precoce de doenças associadas à espécie, à raça e ao estado fisiológico do animal, atrav€s de consultas cl•nicas regulares e exames adequados. Por exemplo: detec‚ƒo de doen‚as em filhotes de cƒes e gatos (consulta p„s-compra), detec‚ƒo de artroses ou insufici…ncia card•aca em animais de idade avan‚ada (consulta geri†trica). Proteger o animal contra doenças infecciosas, atrav€s da vacina‚ƒo anual, que permite adaptar a prote‚ƒo imunol„gica ao modo de vida e ao pr„prio animal, ex.: explicar a import‡ncia da vacina contra a raiva frente aos riscos da livre circula‚ƒo. Proteger o animal contra parasitas internos e externos, por meio de um tratamento antiparasit†rio precoce, reajustado no decurso de cada visita em fun‚ƒo do modo de vida do animal.
A prevenção deve incidir também em 4 áreas-chave do bem-estar.
Nutrição: trata-se de uma questƒo fundamental para o cliente. O M€dico Veterin†rio poder† valoriz†-la propondo alimentos de qualidade, adaptados ˆs necessidades espec•ficas de cada animal, saud†vel ou doente, e desta forma multiplicar por 6 a frequ…ncia das consultas. Higiene oral: exames regulares e medidas de higiene evitam a forma‚ƒo de gengivites, pass•veis de afetar a sa‰de e o comportamento do animal. Comportamento: as consultas constituem a ocasiƒo ideal para aconselhar o propriet†rio quanto ˆ educa‚ƒo e ao meio envolvente do animal, bem como detectar sinais precoces de dist‰rbios comportamentais. Reprodução: um m€todo de esteriliza‚ƒo adaptado preserva o bem-estar do animal e do propriet†rio.
A preven‚ƒo € frequentemente encarada apenas sob a perspectiva cl•nica, uma vez que tem como principal prioridade proteger o animal contra as doen‚as ˆs quais se encontra exposto. No entanto, tamb€m deve abranger todas as †reas pass•veis de afetar o bem-estar do animal e o seu relacionamento social. Cada fase da vida requer uma preven‚ƒo adaptada – Durante a fase de crescimento, o animal deve ser examinado pelo menos 4 vezes em 6 meses (consulta p„s-compra, 1 a 3 consultas pedi†tricas, consulta de esteriliza‚ƒo e outra de puberdade). No jovem adulto, a preven‚ƒo centra-se na consulta anual e na vacina‚ƒo. Na fase pr€-geri†trica, de acordo com a predisposi‚ƒo racial, sƒo preconizadas consultas adicionais para detec‚ƒo de doen‚as degenerativas (artrose, patologia card•aca, gengivites, cataratas) No animal s…nior, a preven‚ƒo d† lugar ao tratamento e acompanhamento de doen‚as instaladas.
A prevenção baseia-se numa ampla variedade de produtos e serviços Cada consulta de medicina preventiva deve ter objetivos bem definidos, tendo em conta os riscos em que o animal pode correr. Desta forma, o clínico poderá propor serviços diferenciados:
Sistematização da consulta para novos animais; Consulta pediátrica para filhotes de cães e gatos; Consulta de esterilização; Consulta de puberdade na idade adequada; Consulta anual incluindo os reforços das vacinas; Consulta geriátrica para animais de idade avançada.
A elaboração de uma ficha para cada serviço prestado pela clínica permite que a sua relevância e respectivos métodos sejam compartilhados por toda a equipe. Para favorecer a observação das recomendações, os produtos prescritos durante as consultas deverão estar sempre disponíveis (particularmente alimentos, produtos antiparasitários e de higiene). Em geral, no final de cada consulta o Médico Veterinário indica quando e a razão pela qual se deverá realizar a próxima consulta. Seus auxiliares podem reforçar a recomendação do clínico já agendando a próxima consulta, caso se trate de uma data próxima, ou anotando-a num cartão de marcação para o cliente. Também é fundamental verificar as quantidades e o modo de utilização dos produtos receitados. Além disso, o Auxiliar de Veterinária poderá sugerir o agendamento de uma consulta no caso de animais que não tenham sido observados há já algum tempo.
CONSULTA PÓS-COMPRA: ONDE A PREVENÇÃO COMEÇA Alvo: Animais de qualquer idade, recém adquiridos por compra ou adoção. Vantagens: Controlar a saúde do animal, pesquisa de doenças infecciosas ou contagiosas; Proteger os interesses do proprietário (garantia de venda); Aconselhar o proprietário sobre educação, comportamento, nutrição e higiene do animal. Para o animal, um check-up completo - exame clínico exaustivo, pesagem, colheita de amostras para análise em caso de eventual suspeita de infecção. Para o proprietário, aconselhamento personalizado que dê respostas às suas principais dúvidas: Calendário de vacinações, vermifigações e programa de prevenção contra parasitas externos, cuidados de higiene corporal (pelagem, unhas, olhos, orelhas, higiene oral) CONSULTA PEDIÁTRICA: CRESCIMENTO SEGURO Alvo: filhotes de cães e gatos com idade de 2 a 5 meses.
Vantagens: Proteger o animal contra doenças infecciosas e parasitárias durante o período de maior sensibilidade; Controlar a correta evolução do crescimento; Verificar se os métodos de educação, alimentação e higiene preventiva preconizados estão sendo realizados
Para o animal, check-up completo: exame cl•nico, controle do crescimento (pesagem, curva de crescimento e c†lculo do ganho m€dio di†rio). Se necess†rio, administra‚ƒo de vacinas para completar a imuniza‚ƒo. Para o propriet†rio, aconselhamento personalizado: controle do programa anti-parasit†rio e higiene, conselhos de aplica‚ƒo, altera‚ƒo da prescri‚ƒo de alguns produtos em caso de necessidade. CONSULTA DE ESTERILIZAÇÃO: PREVENÇÃO DA OBESIDADE Alvo: Qualquer animal recentemente esterilizado, a partir de 6 meses de idade. Vantagens: Monitorar a sa‰de do animal ap„s a esteriliza‚ƒo; Evitar os efeitos secund†rios da esteriliza‚ƒo, principalmente o aumento de peso; Sensibilizar o propriet†rio numa ocasiƒo em que se encontre receptivo e sem stress (nƒo deve ser feito nem quando o propriet†rio levar o animal ˆ cl•nica para a interven‚ƒo cir‰rgica, nem quando for busc†-lo ap„s a cirurgia). Para o animal, exame cl•nico completo, controle do peso e monitoramento do •ndice de condi‚ƒo corporal. Para o propriet†rio, aconselhamento adaptado de modo a prevenir os efeitos secund†rios da esteriliza‚ƒo: Alimento espec•fico para animais esterilizados: Quantidade adequada para produzir a sensa‚ƒo de saciedade e com menor teor energ€tico, de modo a evitar o aumento de peso; Teor de minerais controlado para evitar a forma‚ƒo de c†lculos urin†rios (gato) e n•veis elevados de fibras que favorecem o tr‡nsito intestinal. Aconselhamento sobre a transi‚ƒo alimentar, controle da por‚ƒo di†ria e distribui‚ƒo das refei‚‹es. CONSULTA DE PUBERDADE: EQUILÍBRIO COMPORTAMENTAL Alvo:Animais em fase de puberdade, aproximadamente aos 7 meses de idade (entre 6 e 10 meses consoante a raça) Vantagens: Controlar a correta integra‚ƒo social (cƒo, gato) e hier†rquica (cƒo); Corrigir, com a maior brevidade poss•vel, todo e qualquer comportamento indesej†vel; Avaliar o desenvolvimento do animal: crescimento, erup‚ƒo dos dentes definitivos; Ajustar o programa de preven‚ƒo Para o animal: Check-up completo - exame cl•nico exaustivo, controle do crescimento (tamanho, peso); Testes comportamentais para avaliar a socializa‚ƒo e integra‚ƒo (iniciativa dos contatos, n•vel de atividade, autonomia, adaptabilidade, agressƒo, obedi…ncia, …) Para o propriet†rio: Educa‚ƒo: debater os h†bitos (acesso ˆ alimenta‚ƒo, local de repouso, …) e o comportamento do animal (demarca‚ƒo, …); conselhos para corrigir eventuais comportamentos indesej†veis. CHECK-UP ANUAL: PROMOVER A ESPERANÇA DE VIDA Alvo: Animais adultos, por ocasião da vacinação anual. Vantagens:
Controlar o estado de saúde do animal, pesquisa de doenças subclínicos; Promover a esperança de vida através de medidas adaptadas de prevenção.
Para o animal: exame clínico exaustivo, controle sistemático do peso, exames complementares caso seja necessário (ex.: predisposição racial); reforço de vacinação anual de forma a adaptar a proteção do animal ao respectivo modo de vida.
Para o proprietário: controle da alimentação preventiva adotada ou, se necessário, conscientização da presença de excesso de peso (silhueta, comportamento, baixa resistência a exercícios) ou qualquer risco médico específico. Aconselhamento sobre alimentação adaptada: Alimento adulto ou para animais idosos. Cães de raças grandes prevenção de problemas articulares e digestivos Cães de raças pequenas prevenção de problemas dentários, urinários e cutâneos Gato evitar a formação de cálculos urinários e bolas de pêlo Animais esterilizados ou com excesso de peso prevenção da obesidade CONSULTA GERIÁTRICA: AVALIAÇÃO E BEM-ESTAR Alvo: Animais em fase pré-geriátrica ou geriátrica, a partir dos 8 anos de vida (6 anos para raças gigantes, 9 anos para raças de pequeno porte). Vantagens: Investigação e tratamento precoce de doenças degenerativas associadas ao envelhecimento (doença periodontal, artrose, tumores, depressão, insuficiência cardíaca, hipertensão, doença renal crônica, problemas endócrinos); Promover o bem-estar do animal de idade avançada. Para o animal: check-up completo (incluindo avaliação sensorial) e exames complementares: análise de urina, exames hematológicos e bioquímicos, pressão arterial (gatos), radiografia torácica; tratamento de doenças diagnosticadas. Para o proprietário: Questionário relativo às alterações observadas no animal; Aconselhamento sobre alimentação específica: Alimento sênior manutenção do peso ideal: apetência e valores energéticos adaptados; manutenção da massa muscular: proteínas de elevadíssima qualidade incorporadas em teores controlados;
Prevenção de problemas articulares, renais, cardíacos e digestivos; combater o envelhecimento celular (antioxidantes).
O PAPEL DOS AUXILIARES DE VETERINÁRIA NO PROGRAMA DE PREVENÇÃO De acordo com as prioridades estabelecidas pelo clínico, compete aos seus auxiliares:
A disposição, manutenção e organização da recepção, assim como dos espaços destinados à venda de produtos (imagem profissional);
A comunicação sobre o tema de prevenção mensal (linha contínua) e produtos associados;
A sensibilização dos clientes cujos animais sejam abrangidos por uma ação de prevenção específica, sugerindo o agendamento da consulta e/ou a compra do produto adaptado: Animais recém-adquiridos
Animais em fase de crescimento Animais em fase pré-esterilização Cães com 7 meses de idade Animais com excesso de peso Animais adultos que devam ser vacinados Animais de idade avançada
O esclarecimento dos clientes após cada consulta com o seguinte objetivo: Reformular as conclusões do Médico Veterinário e respectiva prescrição (plano de prevenção); Fornecer os produtos e explicar o seu modo de utilização; Detalhar o valor total cobrado; Providenciar documentos informativos. O agendamento da consulta seguinte ou a coleta de dados para envio de um lembrete de acordo com o cliente. A atualização da ficha do animal em cada consulta. Atualmente, os proprietários de animais de companhia desejam não só tê-los durante o maior tempo possível, nas melhores condições de saúde como também que estes conservem sua alegria, um aspecto físico agradável, e continuem a ocupar uma posição social harmoniosa junto à família. Para dar resposta a esta nova procura, a equipe veterinária deverá desenvolver programas individuais de prevenção, investindo amplamente na área da comunicação, aconselhamento e vendas. Os Auxiliares do Serviço Veterinário já tiveram oportunidade de demonstrar a importância do seu papel neste campo, seja despertando o interesse dos proprietários (comunicação no balcão da recepção e na sala de espera), seja na verificação da correta utilização dos produtos.
OBESIDADE CANINA: COMO MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO PODEM AJUDAR A EVITÁ-LA Muitos proprietários utilizam a alimentação para expressar o seu afeto pelo cão porque os consideram um membro da família. No entanto, para o animal os alimentos não possuem o mesmo significado que para o homem. Embora apenas pretendam agradar seu animal, os proprietários cometem erros comportamentais que favorecem o desenvolvimento da obesidade canina. Quando o Médico Veterinário e sua equipe estão ajudando o cão reduzir ou preservar o seu peso ideal, a ação deverá incidir prioritariamente sobre o comportamento do proprietário. A obesidade evolui lenta e insidiosamente, ao ponto da maioria dos proprietários não ter consciência do aumento de peso do animal. O seu tratamento é bastante difícil na medida em que a doença resulta de desequilíbrios há muito tempo instalados. Por causa disto, é muito importante alertar os proprietários para a prevenção da obesidade. A obesidade é resultado do excesso de energia obtido pela alimentação, em relação ao gasto energético do animal. Este desequilíbrio pode ter origem no próprio animal (doença, problemas comportamentais), mas também em fatores associados ao proprietário.
A obesidade canina é diagnosticada através do peso e da silhueta
Por definição, um cão obeso apresenta um acúmulo de gordura responsável pelo aumento do peso em pelo menos 15 a 20%, em relação ao seu peso ideal.
Na espécie canina é difícil definir um peso ideal, uma vez que este apenas foi estabelecido para os cães de raça. Dessa forma, nos basearemos, principalmente, na observação e na palpação das costelas: Costelas palpáveis, mas não visíveis: peso ideal Costelas dificilmente palpáveis:excesso de peso Costelas não palpáveis: obeso
A obesidade requer o diagnóstico por parte do Médico Veterinário São três as principais causas da obesidade canina: Uma afecção sistêmica, como o Diabetes mellitus, a disfunção da tireóide ou das supra-renais (bastante raro) ou, com maior frequência, a administração contínua de progestágenos, utilizados para prevenção ou interrupção do cio das cadelas. É fundamental fazer o diagnóstico e tratamento destas afecções antes de iniciar um programa de emagrecimento do animal, sendo por isso essencial o acompanhamento Médico Veterinário.
Um distúrbio comportamental grave, passível de aumentar consideravelmente a ingestão alimentar (bulimia), ou problemas como a agressividade, a desobediência ou comportamentos destrutivos, que levam o proprietário a manter o animal em casa, diminuindo assim o exercício físico deste. Em casos desta natureza recomenda-se a consulta à um clínico especializado em Medicina Veterinária Comportamental. Fatores relacionados ao proprietário, que por falta de disponibilidade para passear ou brincar com o cão, induz involuntariamente a um comportamento alimentar inadequado. É muito importante detectar e corrigir estes fatores de modo a restabelecer o peso ideal de forma duradoura.
A obesidade pode ser bastante precoce. O excesso de peso durante a fase de crescimento se agrava progressivamente e pode comprometer a saúde do animal no futuro. A esterilização constitui também um fator predisponente: 32% dos cães e cadelas esterilizados são obesos, contra 15% dos animais não esterilizados. A obesidade prejudica a saúde. A obesidade é responsável pela infiltração de gordura nos órgãos e por um maior esforço mecânico do corpo, devido ao excesso de peso. É por este motivo que surge muitas vezes associada a doenças orgânicas como o Diabetes mellitus, problemas de pele,
intoler‡ncia ao esfor‚o, doen‚as cardiovasculares e respirat„rias e, sobretudo, a afec‚‹es osteoarticulares dolorosas (artrose, ruptura de ligamento cruzado, h€rnia discal...). Como um animal com dores realiza menos exerc•cio, ter† ainda maior tend…ncia para engordar! A obesidade afeta igualmente o bem-estar ps•quico do animal, pois a falta de movimentos diminui os seus contatos sociais. A obesidade potencializa as hip„teses de complica‚‹es no decurso de interven‚‹es cir‰rgicas: aumenta o risco anest€sico e o tempo operat„rio, maior dificuldade na realiza‚ƒo de exames complementares devido ˆ presen‚a de tecido adiposo, retarda a cicatriza‚ƒo e diminui as defesas imunol„gicas, fatores respons†veis por um acr€scimo do risco de infec‚‹es p„s-operat„rias.
As rela‚‹es sociais do cƒo sƒo reguladas pelo controle das principais fontes de recursos, como € o caso da alimenta‚ƒo. Assim, € fundamental introduzir desde muito cedo regras claras e consistentes no acesso ˆ alimenta‚ƒo para estabelecer uma hierarquia est†vel e uma estrutura social s„lida. Se este enquadramento nƒo for corretamente aplicado, o comportamento alimentar do cƒo pode tornar-se anormal. O apetite e a saciedade dependem da aprendizagem, gra‚as ˆ mƒe, antes dos 3 meses de vida o filhote adquire a capacidade de autocontrole. Esta qualidade permite a ele controlar a sua atividade f•sica, controlar a for‚a da mordida e reconhecer a sensa‚ƒo de saciedade. Durante o desmame, o cƒo aprende a lidar com a frustra‚ƒo de nƒo obter sistematicamente alimentos em resposta aos seus pedidos. Um filhote separado muito cedo da mƒe, sem a aprendizagem do autocontrole, corre o risco de ser hiperativo, de nƒo conseguir controlar sua for‚a de mordida (observ†vel nas mƒos dos propriet†rios!) e de solicitar constantemente o fornecimento de alimentos. Al€m disso, um filhote criado num ambiente pobre em est•mulos pode tornar-se medroso ou ansioso, fatores pass•veis de influenciar o seu apetite. O acesso ˆ alimenta‚ƒo favorece o estabelecimento da hierarquia. Os cƒes regem-se por regras muito claras que regulam o acesso aos recursos enquanto evitam conflitos em potencial. O fato de se alimentarem em primeiro lugar, de ter acesso aos melhores alimentos ou de comer diante dos outros sƒo elementos que caracterizam os indiv•duos com uma posi‚ƒo dominante na matilha e que provavelmente ajudam a estabelecer a hierarquia. O filhote reconhece a posi‚ƒo privilegiada do propriet†rio devido ao fato deste controlar o acesso aos alimentos e nƒo permitir que o animal ingira a sua refei‚ƒo. Alguns rituais constantes em termos de alimenta‚ƒo desempenham uma “previsibilidade”, indispens†vel para conferir seguran‚a ao filhote e para que ele se torne um adulto equilibrado. Os alimentos possuem um significado distinto para o propriet†rio e para o seu cƒo. Para o homem, partilhar a alimenta‚ƒo constitui um sinal de amizade atrav€s do qual procura conquistar o cƒo. Do ponto de vista do animal, a aus…ncia de controle alimentar representa uma fonte de desestabiliza‚ƒo. Isto encoraja as manifesta‚‹es de comportamentos que chamem a aten‚ƒo, refor‚adas pelo propriet†rio atrav€s do fornecimento de alimentos.
“PETISCOS” UM ERRO ALIMENTAR Para o homem ocidental, a alimenta‚ƒo constitui uma forma de intera‚ƒo e de expressar afetos. Por esse motivo € freq•entemente encarada como o meio mais f†cil de estabelecer contato com um animal (ex. dar alimentos aos animais dos zool„gicos). A alimenta‚ƒo tamb€m pode ser uma forma de pedir desculpa ao animal ou de lidar com a pr„pria sensa‚ƒo de culpa, por exemplo, quando o propriet†rio se sente culpado por deixar o cƒo sozinho durante todo o dia. Na perspectiva do cƒo, este sistema de comunica‚ƒo nƒo tem o mesmo significado. Com efeito, se lhe for dada uma guloseima sem ser como recompensa a um determinado comportamento, essa oferta ir† confundir o animal, uma vez que nƒo constitui nem um ritual previs•vel nem corresponde aos seus c„digos sociais. O cƒo pode tornar-se ansioso e desenvolver altera‚‹es comportamentais, como por exemplo, uma atitude provocativa de solicita‚ƒo de alimentos - insistente e por vezes agressiva – que adota como um novo meio de comunica‚ƒo com o propriet†rio. “Alimento-recompensa” consolida comportamentos O fato de se obter uma recompensa logo que concretiza um certo comportamento, no espa‚o de alguns segundos, incentiva o cƒo a repeti-lo, sendo que a recompensa condicionamento do animal. A recompensa € bastante ‰til nos processos de aprendizagem (obedi…ncia, higiene, agilidade...), por isso o adestramento de animais recorre frequentemente a esta pr†tica. No entanto, tamb€m pode ocorrer um refor‚o independentemente da vontade do propriet†rio quando este induz a repeti‚ƒo de comportamentos esquecendo-se de recompens†-los. O alimento utilizado no processo de aprendizagem deve funcionar sempre como uma recompensa e n‚o como uma oferta ou incentivo. ƒ muito importante explicar ao propriet„rio de um filhote a melhor forma de proceder para n‚o induzir comportamentos indesej„veis Recompensas ocasionais ajudam no aprendizado A alimenta‚ƒo pode ser utilizada como “isca” para o adestramento do animal. Por exemplo, para a aprendizagem do comando “senta”, o propriet†rio pode colocar um petisco entre os dedos, mantendo-o em frente ao nariz do cƒo. Em seguida, movimenta lentamente a mƒo para cima e para baixo de forma a que o cƒo incline a cabe‚a para tr†s. Esta posi‚ƒo obriga o cƒo a sentar, entƒo o alimento € liberado, e o comportamento foi reconhecido e recompensado. Para que o cƒo repita os comportamentos esperados (“senta”, “deita”, “de p€”, “quieto”), a recompensa dever† ser oferecida imediatamente. Se o propriet†rio temer nƒo ser suficientemente r†pido, pode recorrer a um sinal verbal (“Bom menino!”), ou sonoro (como um “clicker”) para anunciar a recompensa no momento exato em que a ordem € executada, e entƒo entregar a recompensa. Caso se utilize uma recompensa alimentar, esta dever† ser adequada. Em geral, € suficiente um croquete retirado do alimento fornecido diariamente. • medida que o processo de aprendizagem avan‚a, € importante passar de uma recompensa sistem†tica (sempre que uma tarefa € corretamente executada) para uma recompensa intermitente (um pr…mio apenas em algumas ocasi‹es). Este esquema de refor‚o descont•nuo permite aumentar a motiva‚ƒo do cƒo e evita ˆ extin‚ƒo progressiva do comportamento. Utiliza‚ƒo de alimentos na terapia comportamental Uma vez que a alimenta‚ƒo constitui est•mulo positivo, o M€dico Veterin†rio pode aconselhar a sua utiliza‚ƒo em condi‚‹es espec•ficas de modo a combater algumas situa‚‹es de medo. Por exemplo, no caso de um cƒo que tenha medo de viaturas, o cl•nico poder† sugerir recompens†-lo primeiro pela aproxima‚ƒo ao autom„vel e, em seguida e, de forma gradual, aliment†-lo dentro deste. Da mesma forma, um petisco pode facilitar a aceita‚ƒo da coleira e guia, alterando a percep‚ƒo que o animal tem destes objetos. Utilizar a alimenta‚ƒo como recompensa para corrigir problemas comportamentais € um processo sens•vel que deve ser sempre acompanhado por um M€dico Veterin†rio especializado em comportamento animal. P…r em pr„tica uma dieta constitui sempre uma tarefa dif†cil. Por isso ‡ prefer†vel estabelecer como objetivo a prevenˆ‚o da obesidade. Um aconselhamento precoce, adaptado a cada caso, pode
ajudar o propriet„rio a estabelecer um trin…mio equilibrado “propriet„rio-c‚o-alimento” logo na fase de crescimento Mostrar a responsabilidade do propriet†rio no sucesso do tratamento - Frequentemente os propriet†rios de cƒes obesos nƒo t…m consci…ncia do excesso cal„rico administrado ao animal. Para alterar este comportamento € imprescind•vel demonstrar a eles at€ que ponto os petiscos podem desequilibrar a dieta do animal - Explicar o esquema ”alimento – recompensa”, para lev†-los a entender de que forma eles pr„prios induzem esse ciclo vicioso. - Cƒes obesos freq•entemente recebem quantidades insuficientes de est•mulos f•sicos e ps•quicos, e o propriet†rio precisa entender sua responsabilidade sobre isso avaliando seu modo de interagir com o animal. Modificar as expectativas do cƒo Na maioria dos casos, um cƒo obeso est† acostumado a receber alimentos em resposta ˆs suas solicita‚‹es por aten‚ƒo, comportamento repetido a ponto de se ter estabelecido uma nova rotina. Assim, para cessar a administra‚ƒo de petiscos sem frustrar o animal, o propriet†rio deve adotar outros tipos de intera‚‹es, como brincar com o cƒo, acarici†-lo, lan‚ar brinquedos... Envolver toda a fam•lia nesta nova rotina Todos os membros da fam•lia deverƒo respeitar o ritual das refei‚‹es para proporcionar ao animal uma informa‚ƒo clara sobre a sua posi‚ƒo hier†rquica no grupo social. Tratar os problemas comportamentais subjacentes O animal dever† ser examinado pelo M€dico Veterin†rio para detectar e tratar eventuais dist‰rbios ps•quicos pass•veis de alterar a sensa‚ƒo de saciedade e aumentar a ingestƒo alimentar. Como por exemplo, as oscila‚‹es de apetite associadas ˆ depressƒo,o consumo de alimentos como atividade de substitui‚ƒo em casos de ansiedade, ou bulimia devido ˆ aus…ncia de saciedade num cƒo hiperativo.
Todos os Auxiliares do Serviˆo Veterin„rio devem estar bem familiarizados com o processo psicol‰gico de motivaˆ‚o do cliente de forma a que as suas respostas constituam um reforˆo das indicaˆŠes do M‡dico Veterin„rio. A motivaˆ‚o do propriet„rio ‡ fundamental para o sucesso da dieta e passa sempre por diversas etapas bem definidas. Para incentivar o propriet„rio a adotar um programa de emagrecimento, o M‡dico Veterin„rio e seus auxiliares dever‚o adaptar a respectiva atitude em funˆ‚o de cada fase psicol‰gica alcanˆada. 1 • PRƒ-CONTEMPLAŒ•O O propriet†rio ainda nƒo pensa que o seu cƒo tem excesso de peso ou, se j† reconhece, nƒo encara o fato como um problema (“Estamos no inverno, € normal que esteja mais pesado”; “Foi esterilizado”; “‘ um Labrador”; “‘ muito peludo”; “‘ um cƒo de guarda, € natural que seja mais forte!”). Esta fase prolongase at€ ao momento em que o propriet†rio percebe realmente o problema. Atitudes do M€dico Veterin†rio e de sua equipe para motivar o propriet†rio
Demonstrar a exist…ncia do problema de sobrepeso, salientar a sua gravidade e eventuais conseq•…ncias. Fazer coment†rios sobre o aumento de peso como “A Tina engordou bastante desde a ‰ltima consulta, deve se cansar muito mais agora...” Pedir ao propriet†rio que escolha a silhueta correspondente ao seu cƒo, compar†-la com a silhueta ideal e debater a questƒo. Perguntar se observou alguma diferen‚a no n•vel de atividade do animal Pedir ao propriet†rio que o compare com outros cƒes Comparar o peso atual com o peso registrado durante as ‰ltimas consultas; destacar a diferen‚a em termos percentuais (“O Rex ganhou 3 kg de peso no espa‚o de dois meses, o que representa 20%
do peso anterior”) e apresentar uma imagem equivalente para uma pessoa (“‘ como se o(a) senhor(a) tivesse engordado 13kg!”). Solicitar ao propriet†rio uma descri‚ƒo detalhada dos alimentos consumidos pelo animal.
2 • CONTEMPLAŒ•O O propriet†rio tem consci…ncia do problema, analisa-o pormenorizadamente, mas pode a qualquer momento retroceder para a etapa anterior (“O meu cƒo € feliz assim.”; “O meu outro cƒo tamb€m era gordo e viveu muito tempo” ; “Nƒo € a mesma situa‚ƒo do que em seres humanos”...). Atitudes do M€dico Veterin†rio e de sua equipe para motivar o propriet†rio
Confirmar para o cliente que a obesidade € perigosa e que a perda de peso ser† ben€fica para o cƒo. Procurar nƒo reagir ˆ resist…ncia do cliente (evitar o efeito “ping-pong”) e manter um discurso positivo. Descrever as consequ…ncias cl•nicas da obesidade (diagramas, fotografias, etc.). Comparar a obesidade com o cigarro (bem-estar atual, mas risco em longo prazo). Indicar consequ…ncias da obesidade em que o propriet†rio possa imaginar (redu‚ƒo da atividade esportiva, risco card•aco...) Comparar a obesidade do homem com a obesidade do cƒo Insistir numa consulta sobre todas as causas cl•nicas poss•veis
3• PREPARAR A MUDANŒA O propriet†rio est† prestes a aceitar a solu‚ƒo, mas pode levantar algumas obje‚‹es ao tratamento: “O animal nƒo vai gostar do alimento”; “Vai se sentir infeliz”; “Tenho dois cƒes”, etc.
Atitudes do M€dico Veterin†rio e de sua equipe para motivar o propriet†rio O M€dico Veterin†rio deve propor altera‚‹es simples e facilmente aplic†veis. Frente ˆs eventuais resist…ncias do propriet†rio, deve-se demonstrar a ele que as medidas propostas sƒo acess•veis. Mudan‚a poss•vel: os alimentos terap…uticos sƒo palat†veis e reduzem a sensa‚ƒo de fome; Os procedimentos das etapas tornam as mudan‚as mais f†ceis (relembrar o propriet†rio que o objetivo, o planejamento e os m€todos sƒo muito precisos); Permitir a administra‚ƒo de recompensas (retiradas da dose di†ria), mas salientando que as brincadeiras e carinhos podem substitu•-las de forma mais vantajosa.
4 • AŒ•O O propriet†rio j† aceitou realizar o programa de emagrecimento. Tratasse da etapa de mais dif•cil concretiza‚ƒo porque requer muita disciplina e disponibilidade de tempo. Por vezes, o propriet†rio sentese tentado a interromper a dieta (“O meu cƒo est† infeliz”), devendo ser dado um apoio regular. Atitudes do M€dico Veterin†rio e de sua equipe para motivar o propriet†rio Tranquilizar e assegurar ao propriet†rio que ele nƒo ser† considerado culpado pelo eventual fracasso da dieta. Falar sobre a possibilidade de insucesso Insistir sobre os obst†culos a superar (por exemplo, um cƒo habituado a alimentos muito apetitosos pode recusar o alimento de tratamento de in•cio, adaptando-se a este ao longo de alguns dias);
Recordar os objetivos estabelecidos pelo M€dico Veterin†rio (1 a 3% de perda de peso semanal) e o prazo previsto para atingir o peso ideal, uma vez que um per•odo de tempo deter minado aumenta a motiva‚ƒo; Verificar se o propriet†rio compreendeu quais as recompensas autorizadas; Insistir na import‡ncia de brincadeiras e passeios; - Mostrar ao propriet†rio fotografias que ilustrem como o cƒo ficar† com o peso ideal; Fotografar o cƒo a cada retorno para visualizar os progressos alcan‚ados; Sugerir o recurso do apoio telef’nico para motiv†-lo; Marcar consultas regulares para controlar a evolu‚ƒo do peso; Nunca criticar nem ridicularizar qualquer insucesso;
5 • MANUTENŒ•O O processo de perda de peso deve ser mantido durante um longo per•odo de tempo. Deve-se evitar que o propriet†rio retome os seus antigos h†bitos logo que o animal atinja o peso ideal (“Agora, j† chega!”), porque pode dar origem a um r†pido retorno ao excesso de peso (efeito sanfona). Atitudes do M€dico Veterin†rio e de sua equipe para motivar o propriet†rio
Dar informa‚‹es gerais sobre as solu‚‹es poss•veis e nƒo pressionar o propriet†rio. Ajud†-lo a estabelecer um novo caminho de equil•brio para manuten‚ƒo do peso do animal com um alimento com baixo teor de gordura, como prescrito pelo M€dico Veterin†rio. Transformar a manuten‚ƒo do peso num o modo de vida, e o relacionamento com o cƒo no maior objetivo para o propriet†rio (ajudar a consolida‚ƒo de boas pr†ticas comportamentais); Nƒo esquecer que € normal ocorrerem pequenas oscila‚‹es de peso durante a fase de manuten‚ƒo
6 • RECAŽDA A reca•da representa um passo para tr†s, e € uma situa‚ƒo poss•vel ocorrer em cada est†gio do processo de mudan‚a. Atitudes do M€dico Veterin†rio e de sua equipe para motivar o propriet†rio De modo geral, a reca•da resulta de um programa de redu‚ƒo de peso que se tornou muito dif•cil, ou entƒo resultado da resist…ncia do propriet†rio pela demanda do programa. No caso de uma reca•da, o M€dico Veterin†rio dever† rapidamente receber o propriet†rio para lhe propor solu‚‹es mais simples e de mais f†cil aceita‚ƒo. A manuten‚ƒo do peso ideal do cƒo contribui nƒo s„ para a preven‚ƒo de in‰meras doen‚as, como tamb€m para o aumento da esperan‚a de vida e do seu bem-estar. Nos ‰ltimos anos, a redu‚ƒo da atividade f•sica e o aumento do n‰mero de animais esterilizados tem levado ao acentuado aumento de problemas com a obesidade, situa‚ƒo que afeta atualmente 1 em cada 3 cƒes na Europa ocidental! Assim, o M€dico Veterin†rio disp‹e de uma oportunidade de prestar um novo servi‚o aos seus clientes, proporcionando apoio especializado no caso de cƒes com maior predisposi‚ƒo para a obesidade, nƒo s„ em termos de preven‚ƒo como tamb€m de terapia nutricional. A manuten‚ƒo do peso ideal do cƒo contribui nƒo s„ para a preven‚ƒo de in‰meras doen‚as, como tamb€m para o aumento da esperan‚a de vida e do seu bem-estar. Nos ‰ltimos anos, a redu‚ƒo da atividade f•sica e o aumento do n‰mero de animais esterilizados tem levado ao acentuado aumento de problemas com a obesidade, situa‚ƒo que afeta atualmente 1 em cada 3 cƒes na Europa ocidental! Assim, o M€dico Veterin†rio disp‹e de uma oportunidade de prestar um novo servi‚o aos seus clientes, proporcionando apoio especializado no caso de cƒes com maior predisposi‚ƒo para a obesidade, nƒo s„ em termos de preven‚ƒo como tamb€m de terapia nutricional.
MANEJO DE BOVINOS LEITEIROS ADULTOS O conceito de manejo abrange todas as tarefas desempenhadas diretamente com os animais, no intuito de cri†-los, mant…-los e faz…-los produzir. Atualmente, inclui-se nesta conceitua‚ƒo a m†xima produtividade e a efici…ncia do uso de instala‚‹es e equipamentos. V†rios autores descrevem a vaca de leite como sendo uma “criatura de h†bito”. Dentro desta premissa, qualquer altera‚ƒo que se fa‚a em sua rotina, estabelecida por manejo, ir† refletir negativamente em suas respostas produtivas. O manejo de bovinos leiteiros adultos (vacas) nƒo deve ser estabelecido por normas padronizadas e destinadas a qualquer tipo de rebanho; elas variam de acordo com o tipo de gado, o local, o est†gio tecnol„gico atingido pelo criador etc. Assim, para um plantel de gado holand…s puro ou de alta cruza as normas aconselhadas sƒo diferentes daquelas preconizadas para um rebanho cruzado ou para um rebanho onde predomine o gado zebu. Nƒo seria poss•vel dentro do espa‚o dispon•vel apresentar normas de manejo para todos os tipos e est†gios de explora‚ƒo leiteira ser† abordado os problemas de manejo do gado leiteiro mais numeroso, representado por animas cruzados e mesti‚os, respons†veis pela maior parcela da nossa produ‚ƒo leiteira. Analisaremos, portanto, o manejo de um rebanho leiteiro em um sistema de produ‚ƒo com gado cruzado, ordenhado 2 vezes ao dia em presen‚a da cria e cuja alimenta‚ƒo, durante as †guas, seja proporcionada pelas pastagens e, durante a seca, receba uma suplementa‚ƒo de volumosos e concentrados. Instalações H† necessidade de um est†bulo adequado ˆ ordenha manual ou mec‡nica, com piso imperme†vel, †gua corrente e cochos para fornecimento de ra‚ƒo. Deve existir um local para guarda dos bezerros, um c’modo para guarda de ra‚ƒo, um pequeno escrit„rio, instala‚‹es, sanit†rios e local para instala‚ƒo de desintegradora de forragem. A presen‚a de um tronco para vacina‚‹es, exames de animais e insemina‚ƒo artificial € tamb€m necess†ria. Deve-se construir um ou mais cochos no caminho que leva aos pastos das vacas, destinados ao fornecimento de volumosos, principalmente na seca. Se o produtor optar por silagem, os silos preferencialmente do tipo trincheira, deverƒo estar nas proximidades. Cuidados com as vacas Para que uma vaca possa externar todo seu potencial leiteiro € necess†rio que inicie a lacta‚ƒo em boas condi‚‹es f•sicas e bem nutrida e, para tanto, deve-se proporcionar, principalmente nos 2 ‰ltimos meses de prenhes, um arra‚oamento especial. ‘ conveniente que as vacas nesse est†gio de prenhes fiquem separadas em um piquete onde receberƒo uma suplementa‚ƒo de volumosos e concentrados. Durante o 8“ m…s de gesta‚ƒo dever† ser efetuada a vacina‚ƒo contra o paratifo dos bezerros. Ap„s o parto, que dever† ser realizado em local pr„ximo ao est†bulo, a vaca e o bezerro e este mame o colostro. No dia seguinte a vaca dever† ser levada ao est†bulo onde se encontrar† duas vezes ao dia com a cria para que a mesma possa mamar e seja feito o esgotamento do excesso de colostro que o bezerro nƒo conseguir mamar. Ap„s 6 a 7 dias o leite j† dever† estar em condi‚‹es de ser aproveitado para o consumo humano. As ordenhas a mƒo ou ˆ m†quina serƒo precedidas da lavagem do ‰bere e seu enxugamento com pano limpo ou papel toalha. Dever† ser deixada uma quantidade conveniente de leite para o bezerro e temos observado que o fato do bezerro mamar, retirando todo o leite que resta ap„s a ordenha, diminui a incid…ncia de mamites, as quais, muitas vezes, sƒo muito freq•entes em est†bulos onde as crias nƒo t…m contato com as mƒes e nƒo sƒo tomados cuidados en€rgicos de preven‚ƒo das mamites. As vacas devem ser observadas diariamente quanto ˆ sua vida reprodutora, recomendando-se que, 60 dias ap„s o parto, sejam cobertas ou inseminadas quando em cio. O nƒo aparecimento de cios deve ser motivo para exame veterin†rio. Nos rebanhos onde o touro nƒo acompanha as vacas no pasto, deve ser providenciada a presen‚a de um rufiƒo para indicar as f…meas em cio. As vacas que atingirem 305 dias de lacta‚ƒo dever† ter a lacta‚ƒo interrompida pela secagem, pois deverƒo estar prestes a parir novamente, desde que tenham sido fecundadas no 3“. m…s de lacta‚ƒo.
Como medidas higiênico-sanitárias não devem ser esquecidas a vacinação contra o paratifo dos bezerros, a vacina contra a aftosa de 6 em 6 meses e os teste periódicos para brucelose e tuberculose. É conveniente que para cada animal seja feita uma ficha ou folha de caderno onde serão anotados todos os dados dos animais, tais como data do nascimento, raça, filiação, coberturas, doenças e as produções leiteiras no caso de fêmeas. As produções leiteiras serão conhecidas através do controle leiteiro que deverá ser feito mensalmente. O controle leiteiro, além de permitir a avaliação correta da vaca, possibilita que o arraçoamento seja feito baseando-se na produção leiteira. Alimentação das vacas leiteiras Como foi dito anteriormente, estamos tratando de um sistema onde a produção leiteira das águas é obtida principalmente através das pastagens e a produção da seca é feita mediante a suplementação das pastagens pelo fornecimento de volumosos e concentrados. A utilização de concentrados nas águas dependerá do potencial das pastagens e do potencial de produção das vacas, devendo ser assinalado que nossas pastagens, principalmente de colonião ou napier, quando bem manejadas, podem fornecer, nas águas, nutrientes para a manutenção e para os primeiros 8 a 10 kg diários de leite. No caso de pastagens de gramíneas de qualidade inferior ou de gramíneas nobres, porém mal manejadas, mesmo nas águas há necessidade de suplementação com volumosos e concentrados para se obter uma produção leiteira razoável. Durante a seca a suplementação com volumosos e concentrados é obrigatória, pois nossas pastagens contribuem com poucos nutrientes nessa época do ano. Como volumosos principais podemos considerar a silagem de milho, de sorgo, as capineiras e a cana-de-açúcar. A melhor silagem é a de milho e se constitui no melhor volumoso para vacas leiteiras e, quando se espera produções diárias médias acima de 15 kg de leite por cabeça o uso da silagem de milho se torna praticamente obrigatório, na seca. As capineiras e a cana-de-açúcar são também meios valiosos que o criador dispões para oferecer volumosos ao gado. Para que as capineiras forneçam alimentos de boa qualidade na seca, é necessário que sejam muito bem manejadas. A cana-de-açúcar quando se corrige sua deficiência protéica através da correta adição de farelo de soja ou de algodão, torna-se um volumoso de boa qualidade. No que diz respeito aos concentrados, vamos nos referir principalmente à ração de produção, ou seja, uma quantidade de concentrado que é fornecida diariamente e destinada a completar a quantidade total de nutrientes necessários para propiciar uma determinada produção de leite. Manejo da alimentação A ração concentrada destinada às vacas em lactação deve ser balanceada qualitativamente e quantitativamente, de acordo com a produção da vaca e fornecida no momento da ordenha, individualmente ou em cochos separados. Esta prática irá favorecer o controle quantitativo da ração e, se a mesma está compatível com a produção da vaca. Apesar de ser considerado errado, têm-se como prática usual entre os criadores e, até técnicos, o fornecimento de quantidades de 1 Kg de ração concentrada para cada 3 Kg de leite produzido. Para as vacas altas produtoras, a quantidade de 1 Kg de ração concentrada para 2-3 Kg de leite produzido, acima de 5 Kg. Esta prática poderá trazer prejuízos consideráveis à exploração leiteira, se a ração fornecida estiver aquém das necessidades de produção do rebanho considerado, sendo o inverso verdadeiro. Logo após a ordenha deve ser fornecido o volumoso. Na época da estação seca, onde os pastos já estão ruins, faz-se-á um manejo alimentar intensivo, isto é, o volumoso disponível na fazenda, será fornecido no cocho. A base para seu fornecimento, em geral, será de 2,5-3,0% do peso vivo do animal, tomando como base a matéria seca. No período da estação chuvosa, se as pastagens estiverem em boas condições, às vacas terão acesso a elas, onde permanecerão até o horário da ordenha seguinte. A água está correlacionada positivamente com a produção de leite. A vaca toma de 4 a 6 litros de água por Kg de matéria seca da ração, ou seja, de 40-60 litros de água. Esta quantidade é influenciada pela temperatura do ambiente, regime alimentar e produção das vacas. Experimentos demonstraram que vacas com acesso à água o dia todo, produzem de 4 a 5% de leite a mais do que aquelas com acesso somente duas vezes, e 6 a 11% do que aquelas com acesso à água uma só
vez ao dia. Nos dias quentes as vacas de alta produ‚ƒo de leite, podem tomar 90 ou mais litros de †gua por dia. O seu fornecimento deve ser artificial, se as aguadas nas pastagens impuserem ˆs vacas longas caminhadas, pois o disp…ndio de energia em movimenta‚ƒo deve ser evitado em vacas leiteiras. O aleitamento artificial € uma pr†tica que deve ser levado a termo. ‘ f†cil de ser adotada e de grande valia aos controles sanit†rios e econ’micos. A sua ado‚ƒo favorece um manejo de mais f†cil e a forma eficiente. A pr†tica quase generalizada, principalmente, nas fazendas de rebanho zebu ou seus mesti‚os, da ordenha com a presen‚a do bezerro ao p€ da vaca, justificando a sua aus…ncia nƒo h† “descida de leite”, podemos contestar a sua validade e, mesmo afirmar a inverdade suposi‚ƒo. Na pr†tica, temos comprovado que os zebu•nos e seus mesti‚os aceitam, at€ com facilidade, a ordenha sem a presen‚a do bezerro, tanto na ordenha normal como na mec‡nica. O controle leiteiro, da reprodu‚ƒo e sanit†rio, deve ser feito rotineiramente e analisado sistematicamente. Atrav€s dos dados de an†lise que o t€cnico e o criador irƒo ter base para tomada de decis‹es posteriores. A baixa efici…ncia reprodutiva € um dos problemas que mais interferem na produ‚ƒo e produtividade da pecu†ria leiteira e, h† uma rela‚ƒo direta com o intervalo entre partos, que compreende o per•odo de servi‚o e o per•odo de gesta‚ƒo. Sendo o per•odo de gesta‚ƒo de pouca varia‚ƒo, o intervalo entre partos est† na depend…ncia direta do per•odo de servi‚o. ‘ necess†rio, pois, que o manejo dispensado a vaca p„s-parto seja eficiente e adequado para que a mesma esteja apta ˆ nova fecunda‚ƒo ao aparecimento do 1 cio, dentro de um prazo ideal, que permitir†, ter um per•odo de servi‚o dentro da norma zoot€cnica preconizada. Este manejo dever† estar relacionado aos fatores higi…nicos, sanit†rios e alimentares. A identifica‚ƒo do cio € de extrema import‡ncia ao manejo reprodutivo. A identifica‚ƒo do cio, o controle alimentar e o exame ginecol„gico de rotina no rebanho, far† com que haja maior efici…ncia reprodutiva, conseq•entemente, maior efici…ncia produtiva. As condi‚‹es higi…nicas para vaca no p„s-parto devem ser observadas. Dois a tr…s dias antes da data prov†vel do parto, deve ser levada a um baia (maternidade) limpa e desinfetada. Ap„s o parto a vaca deve permanecer em observa‚ƒo at€ o final da fase colostral. Manejo das vacas secas Quando se d† um manejo adequado ˆs vacas secas, indubitavelmente, ir† refletir positivamente na futura produ‚ƒo de leite. ‘ no per•odo seco ou per•odo de descanso que o feto do bezerro tem um crescimento maior, sendo de 1/3 at€ aos sete primeiros meses de gesta‚ƒo e, 2/3 do seu crescimento, nos ‰ltimos dois meses. Durante a fase inicial a circula‚ƒo materna tem como prioridade a manten‚a da produ‚ƒo de leite, indo a corrente sangu•nea principal do cora‚ƒo ao ‰bere, levando-o os nutrientes essenciais para a s•ntese do leite. Na fase final, com o ritmo de desenvolvimento do feto e a circula‚ƒo materna, sob influ…ncia de fatores hormonais, direciona-se gradativamente para o ‰tero, onde h† o desenvolvimento embrion†rio. Nesse per•odo a vaca requer nutrientes em quantidades adequadas, nƒo s„ para o desenvolvimento normal do feto, como para a recupera‚ƒo de suas reservas org‡nicas, que irƒo servir como base para produ‚ƒo de leite na pr„xima lacta‚ƒo. Nesta fase deve-se secar a vaca interrompendo o processo de ordenha. Pesquisas demonstram que a vaca seca dever† ganhar de 50 a 120 Kg de peso, para que haja em desenvolvimento fetal adequado e, para que a vaca adquira boas condi‚‹es f•sicas, necess†rio ˆ produ‚ƒo de leite para a pr„xima lacta‚ƒo. Um aumento de 50 Kg de peso na vaca significa uma produ‚ƒo de 500 Kg de leite a mais durante o per•odo de lacta‚ƒo. Foi observado que as vacas secas que permanecem durante 6 a 8 semanas produzirƒo maiores quantidades de leite na lacta‚ƒo, subseq•ente ˆquelas submetidas ˆ ordenha cont•nua. Sugere dividir em grupos as vacas quanto a sua alimenta‚ƒo no per•odo seco. Primeiro grupo, vacas de alta produ‚ƒo, necessitam ganhos em peso 67 a 90 Kg no per•odo seco, para que possam exteriorizar o seu potencial gen€tico para a produ‚ƒo de leite ˆ pr„xima lacta‚ƒo, necessitando de 2,7 a 3,6 Kg de ra‚ƒo concentrada ou apenas 1,8 a 2,7 Kg, quando se disp‹em de pastagem de alta qualidade. Segundo grupo, vacas de m€dia produ‚ƒo de leite, devem ganhar de 22 a 45 Kg de peso corporal e requer 1,8 a 2,7 Kg de ra‚ƒo concentrada ou 0,9 a 1,8, quando se disp‹em de pastagens de alta qualidade. O terceiro grupo, vacas m†s produtoras, que ganham peso durante a segunda metade de lacta‚ƒo. Se dispuserem de boas forragens, necessitarƒo de pouca ou nenhuma ra‚ƒo concentrada. ‘ recomendado um per•odo seco ou de descanso de 60 dias antes do parto, ressaltando que esta pr†tica poder† representar uma perda na produ‚ƒo de leite corrente, mas na subseq•ente obt€m-se maiores ganhos. Intervalos menores, a gl‡ndula mam†ria nƒo se refaz satisfatoriamente da lacta‚ƒo precedente, sendo a produ‚ƒo de
leite da subseq•ente prejudicada. Intervalos maiores torna-se um per•odo demasiadamente longo sem que haja produ‚ƒo de leite. Pesquisa demonstraram que as vacas com intervalos maiores produzem mais leite por hectare, em rela‚ƒo aquelas de intervalos menores. Todavia, a produ‚ƒo di†ria para cada lacta‚ƒo € maior par estas ‰ltimas, alcan‚ando uma produ‚ƒo animal maior. Pesquisas na Universidade de Pundue, USA, com g…meos id…nticos da ra‚a holandesa, observaram que o per•odo seco influencia em aumento substancial do leite, produzindo uma das vacas 2,6% a mais na lacta‚ƒo subseq•ente. A vaca com ordenha ininterrupta resultou em ganhos de peso com conseq•ente diminui‚ƒo em sua produ‚ƒo de leite. De um animal nƒo se explica pela mesma reserva de nutriente, mas sim, com o descanso da gl‡ndula mam†ria e sua recupera‚ƒo. Constataram que em vacas de alta produ‚ƒo e no in•cio da lacta‚ƒo h† uma maior prioridade a s•ntese do leite do que a reserva corporal; nas vacas de baixa produ‚ƒo e no final da lacta‚ƒo sucede ao contr†rio. ‘ sugerido que as vacas de meia condu‚ƒo corporal, alteram o mecanismo de distribui‚ƒo de nutriente no in•cio da lacta‚ƒo, dando premazia a revitaliza‚ƒo das reservas corporais, do que a produ‚ƒo de leite potencial. Para que se seque as vacas com o intuito de atingir o per•odo de descanso desej†vel, € necess†rio que se baseie nos registros de restri‚‹es atrav€s da fichas de acompanhamento reprodutivo, al€m da checagem com exame ginecol„gico “palpa‚ƒo retal ou toque”. Ordenha A produ‚ƒo de leite de uma vaca est† altamente relacionada com o seu potencial gen€tico, com o estado nutricional e o manejo a que est† submetida. Uma das atividades de maior import‡ncia no manejo da vaca em lacta‚ƒo € a pr†tica de ordenha. Esta, quando bem conduzida, proporcionar† maior produ‚ƒo de leite, caso contr†rio, prejudicar† a sua produ‚ƒo e, ainda, poder† favorecer o aparecimento de doen‚as relativas ao ‰bere. A ordenha deve ser feita em ambiente tranq•ilo e higienizado, deve ser r†pida e completa e, obedecer rigidamente ao mesmo hor†rio. A higiene € de import‡ncia fundamental para a conserva‚ƒo do leite, dentro dos padr‹es exigidos, principalmente, nos est†bulos produtores de leite tipo B. A sala de ordenha deve estar limpa e lavada antes da ordenha, como tamb€m, os recipientes de manuseio e armazenamento do leite. O leite assim recolhido e armazenado ter† maior tempo de conserva‚ƒo e menor n‰mero de germes patog…nicos por cm3 . O primeiro passo a ser executado na ordenha, manual ou mec‡nica, € a lavagem do ‰bere, que al€m do objetivo de limpeza, provoca um alto reflexo desencadeador da “descida do leite”. Atualmente, se recomenda apenas a lavagem das tetas, por ser a lavagem total do ‰bere de dif•cil secagem, tendo a possibilidade de levar ao leite, a †gua utilizada nesta lavagem. A lavagem das tetas deve ser feita com toalhas de papel descart†vel individual. Ap„s esta pr†tica, faz-se o teste da “caneca telada”. Instrumento de detecta‚ƒo da mastite subcl•nica. O teste € feito utilizando os dois ou tr…s primeiros jatos de leite de cada teta dirigido ao centro da caneca, para detecta‚ƒo de leite contendo co†gulos ou grumos, o que € indicativo de infec‚ƒo da gl‡ndula mam†ria. Se o teste der positivo, a vaca ser† considerada “vaca problema”, passando a ser ordenhada por ‰ltimo e, j† com o espec•fico tratamento. A ordenha dever† ter hor†rio estipulado e manter o mesmo intervalo entre elas, diariamente, se mais de uma ordenha. O n‰mero di†rio e o intervalo de ordenhas exercem influ…ncia sobre a secre‚ƒo l†ctea. Observaram que os intervalos de 8 a 16 horas nƒo tiveram diferen‚as significativas na produ‚ƒo de leite, sugerindo que o intervalo tradicionalmente usado de 12 horas pode ser usado sem restri‚‹es. Segundo pesquisadores, € poss•vel conseguir aumentos na produ‚ƒo de leite, na ordem de 20%, com o mesmo manejo, ao passar de uma para duas ordenhas di†rias e, de 25 a 30% ao se passar de duas para tr…s ordenhas. Na pr†tica em fazenda do sul de Minas Gerais, constatou uma eleva‚ƒo da produ‚ƒo de leite de 15-30%, com o mesmo manejo, em vacas holandesas x zebu, quando se passou de duas para tr…s ordenhas di†rias. O manejo a ser dado quando se indica tr…s ordenhas para um rebanho, € de que ao decorrer o per•odo de lacta‚ƒo, deve-se ir reduzindo gradativamente o n‰mero de ordenhas, isto €, passar para duas e, posteriormente, para uma, coincidindo com o final do per•odo de produ‚ƒo de leite. A ado‚ƒo de “linha de ordenha” € uma pr†tica oportuna. As vacas consideradas “problemas” serƒo ordenhadas por ‰ltimo. O tempo de ordenha ideal deve ser de 4-5 minutos, tempo este que a pr„pria vaca favorece a eje‚ƒo do leite. A ordenha deve ser completa, isto €, nƒo deixar nenhuma quantidade de leite
no ‰bere ao t€rmino da ordenha, a sua presen‚a, ir† influenciar negativamente as c€lulas secretoras do leite, os acimos alveolares, prejudicando a secre‚ƒo l†ctea. Ao t€rmino da ordenha, todo o leite obtido, ser† pesado, filtrado e registrado em fichas zoot€cnicas espec•ficas. Métodos para secar a vaca em lactação Os principais m€todos sƒo: Ordenha incompleta Significa a nƒo ordenha da vaca por v†rios dias. A quantidade de leite residual, dar† uma pressƒo negativa ˆs c€lulas secretoras do ‰bere, os acimos alveolares, impedindo a secre‚ƒo l†ctea. ‘ um processo pouco recomend†vel, pois a vaca fica propensa ˆ mastite. Ordenha intermitente Ordenha o animal uma vez ao dia e p†ra um dia, em seguida ordenha o animal uma vez ao dia e p†ra dois dias. Por fim, ordenha o animal uma vez ao dia e cessa completamente a ordenha. Cessão imediata Quando o per•odo de lacta‚ƒo chegar ao final desejado, cessar completamente a ordenha. Todo programa de manejo e alimenta‚ƒo da vaca seca, deve ter como objetivo, dar condi‚‹es fisiol„gicas e nutricionais ˆ vaca, de responder satisfatoriamente ao seu potencial gen€tico para produ‚ƒo de leite e lacta‚ƒo subseq•ente e, a um bom desenpenho reprodutivo. Manejo do Touro Por apresentar um alto investimento e, ainda ser o respons†vel por uma maior variabilidade gen€tica do rebanho, € o touro pe‚a de destaque no bom desenvolvimento de um plantel leiteiro. A utiliza‚ƒo de um touro geneticamente inferior, pode trazer graves conseq•…ncias ˆ produ‚ƒo e reprodutividade dos seus descendentes. Para que o touro manifeste todo o seu potencial gen€tico, necessita de ter uma alimenta‚ƒo adequada e condizente ˆs suas exig…ncias de manuten‚ƒo e reprodutoras. Na sua fase de crescimento a sua alimenta‚ƒo pode ser ˆ vontade, com o objetivo de alcan‚ar precocemente a maturidade sexual e produ‚ƒo de s…men. Na fase adulta deve ser feito o controle alimentar, com intuito de resguardar suas caracter•sticas de reprodutor. Touros por demais obscenos tornam-se lentos e pregui‚osos, al€m do ac‰mulo de gordura poder afetar a sua efici…ncia reprodutiva. O fornecimento de forragem de boa qualidade, fenos e pastagem livre “ad libitum”, nƒo podem faltar ao seu quadro di†rio. O consumo da ra‚ƒo concentrada deve variar em fun‚ƒo da intensidade do esfor‚o a que est† sendo submetido. Touros em descanso deverƒo ter a sua disposi‚ƒo 0,5/100 Kg de peso vivo, com a ra‚ƒo contendo o m•nimo de 16% de prote•na e 60% de NDT. Deve-se ressaltar, que para fornecimento das quantidades de ra‚ƒo concentrada, deve ser levado em considera‚ƒo ˆ qualidade do volumoso dispon•vel e o estado corporal do animal. O touro deve ser manejado sozinho. Deve estar separado das vacas, em piquete com abrigo individual, dispondo de cochos para volumoso, concentrado e minerais, e bebedouros. O abrigo individual ou baia, deve ser de constru‚ƒo s„lida, com dimensƒo de 2,5 x 3,0 m/animal e p€ direito de 3 m. A sua localiza‚ƒo deve ser de f†cil acesso para as vacas em cio. O exerc•cio di†rio constitui-se em fator essencial para o seu condicionamento f•sico, devendo ter a sua disposi‚ƒo uma †rea m•nima de 120 a 200 m2/animal, dotado de gram•neas resistente ao pisoteio. As cercas desta †rea, podem ser simples de cordoalha ou arame farpado, com 5 ou 6 fios e, mour‹es a cada 2 m. Em casos de touros bravios, a experi…ncia nos mostrou, que a cerca el€trica conjugada com a cerca supra citada, deu bom resultado. Recomenda-se o seu argolamento, o que facilitar† o seu manejo. Para se obter resultados reprodutivos satisfat„rios, o touro deve iniciar as suas atividades sexuais aos 1518 meses de idade, conjugado a um bom desenvolvimento f•sico. De acordo com sua idade e sistema de cobri‚ƒo, preconiza-se:
Esta relação touro:vaca, acima citada, está correlacionada com a raça, idade para cobrição, topografia das pastagens, quando se considera a monta natural e condições climáticas, quando se compara os taurinos e zebuínos. Há, portanto, divergências consideráveis quanto à relação touro:vaca, ao se levar em consideração os parâmetros citados. Bruschi & Rues (1984) encontraram a idade da puberdade ente 9 a 10 meses e, a maturidade sexual entre 24 e 28 meses para touros mestiços europeu x zebu, criados no Brasil. E preconiza, que o taurino europeu ou mestiço europeu x zebu, pode ser utilizado em monta natural controlada, com a idade de 15-18 meses, desde que se faça duas a três coberturas semanalmente. Já, o tourinho zebu, com a mesma freqüência de cobrições, só deve ser usado após 22 a 24 meses. Ao se pretender adquirir um touro, objetivando um progresso genético para produção de leite, deve-se ater com muito cuidado, aos aspectos sanitários, genéticos, hereditários e de fertilidade. Com a inseminação artificial difundida e usada em longa escala, haverá possibilidades de melhor utilização e aproveitamento de touros comprovados.
MANEJO DE BEZERRAS E NOVILHAS INTRODUÇÃO A criação de bezerras deve ser considerada como uma das principais atividades da granja leiteira, uma vez que a melhoria genética do rebanho depende do descarte anual de vacas velhas ou com problemas reprodutivos por animais jovens e de potencial produtivo mais elevado. Nos sistemas de amamentação natural as bezerras são alimentadas diretamente na mãe e pouco exige do criador. Enquanto que nos sistemas de aleitamento "artificial" os aspectos de manejo e higiene assumem importância fundamental para o sucesso da criação. A necessidade de insistir num programa de descarte de vaca é evidente se considerarmos que o produtor deve substituir anualmente de 20 a 30% do rebanho em lactação. Assim, em um rebanho de 100 matrizes com uma taxa de descarte de 20%, 20 novilhas são necessárias para assegurar a manutenção do rebanho estabilizado. Muito pelo contrário do que poderíamos esperar, é muito difícil obter mais de 30 novilhas anualmente a partir de um rebanho de 100 matrizes. Estudos realizados em New Hampshire (USA) mostram que em condições adequadas de manejo reprodutivo, obtem-se 33 novilhas a partir de um rebanho de 100 matrizes. Portanto, falhas no manejo reprodutivo podem muitas vezes comprometer o programa de seleção visando um melhoramento genético dentro do próprio rebanho. A qualidade da transmissão da imunidade passiva colostral depende de vários fatores que podem ser agrupados em três categorias: - Fatores ligados à vaca (qualidade do colostro) (Santos, 1989); - Fatores ligados à bezerra (atitude de mamar, capacidade de absorção intestinal das imunoglobulinas) e; - Fatores ligados ao criador (modalidade de administração do colostro).
FATORES LIGADOS À VACA O colostro bovino consiste em uma mistura de secreções lácteas e constituintes do soro sangüíneo, principalmente imunoglobulinas e outras proteínas séricas, que se acumulam na glândula mamária durante o período final de gestação. A primeira ordenha após o parto é verdadeiramente denominada de
colostro, do ponto de vista da qualidade de anticorpos. O produto obtido nas demais ordenhas subseq•entes € denominado de leite de transi‚ƒo (Tabela 1). S„ a partir da 7a. ou 8a. ordenha que se obt€m o leite inteiro.
A vaca da ra‚a Holandesa pode produzir 15 kg de colostro ou mesmo mais na a primeira ordenha ap„s o parto. Mais importante do que a quantidade de colostro € a riqueza de anticorpos no colostro. No entanto, a concentra‚ƒo de anticorpos € bem maior na primeira ordenha p„s-parto, al€m do que existe uma variabilidade muito grande da concentra‚ƒo de anticorpos (imunoglobulinas) no colostro das vacas. Os principais sƒo as IgG, IgA e IgM, suas fun‚‹es sƒo mostradas na Tabela 2.
FATORES LIGADOS A BEZERRA - MANEJO DA RECÉM-NASCIDA A primeira semana constitui na fase mais cr•tica na vida da bezerra. Em torno de 50% das perdas do 1“ ano de vida, ocorrem neste per•odo, onde a sa‰de da mesma € fortemente influenciada pela higiene ambiental (Santos & Damasceno, 1999). Os cuidados se justificam para evitar os acidentes de parto, tais como: asfixia, compressƒo, etc.… Os rebanhos com baixa incid…ncia de mortalidade utilizam, geralmente, piquetes ou local apropriado para o parto. Para se reduzir parte desta mortalidade neonatal faz-se necess†rio conhecer um pouco da fisiologia da rec€m-nascida e do modo de transmissƒo da imunidade passiva. A placenta sindesmocorial dos bovinos protege a bezerra da maioria das agress‹es bacterianas ou virais, mas impede, igualmente, a passagem de prote•nas s€ricas e principalmente as imunoglobulinas. A rec€m-nascida €, portanto, desprovida de anticorpos e desta forma particularmente sens•vel ˆs infec‚‹es, adquirindo uma verdadeira prote‚ƒo imunol„gica somente ap„s a ingestƒo do colostro (Levieux, 1984). Desta forma, estes animais sƒo classificados no Grupo III (Figura 1), juntamente com su•nos, eq•inos, caprinos e ovinos. J† outras esp€cies como os coelhos e os primatas, devido o contato mais direto entre a mƒe e o feto, permite a passagem de anticorpos antes mesmo do nascimento, constituindo assim o Grupo I, conforme ilustrado na Figura 1. H† ainda um outro grupo intermedi†rio, denominado de Grupo II, onde estƒo enquadrados os roedores e os caninos. Os animais deste grupo se beneficiam tanto da transmissƒo passiva de anticorpos colostrais como recebem estes durante o final da gesta‚ƒo.
Como a regiƒo umbilical, do rec€m-nascido, constitui uma porta de entrada privilegiada de infec‚ƒo, a utiliza‚ƒo de uma solu‚ƒo anti-s€ptica, para o tratamento do umbigo € uma necessidade. Esta simples medida de higiene pode, por si s„, evitar muitas complica‚‹es. Quanto aos outros cuidados a dispensar tais como a retirada do muco da boca e das narinas, secagem da bezerra com pano, lavagem do piso da gl‡ndula mam†ria e dos tetos da vaca antes da primeira mamada, sƒo tƒo evidentes que nos parece desnecess†rio insistir (Santos & Damasceno, 1999). O colostro de uma vaca fornece a bezerra seus primeiros anticorpos, barreira contra a infec‚ƒo, al€m de energia e reservas importantes de vitaminas e minerais. Sem contar seu efeito laxativo que ajuda o jovem animal eliminar o mec’nio. Al€m do que, nas 24 e 36h que segue o nascimento, a bezerra adquire atrav€s do colostro, uma imunidade para fazer face ˆs doen‚as atrav€s da absor‚ƒo de imunoglobulinas em n•vel do intestino delgado. Todavia, esta permeabilidade intestinal permitindo a absor‚ƒo de prote•nas diminui rapidamente ap„s o nascimento. As imunoglobulinas absorvidas durante uma mesma alimenta‚ƒo de colostro sƒo de fato em torno de 50% menos ˆs 20h comparativamente ˆs 2h ap„s o nascimento. Paralelamente, a concentra‚ƒo de imunoglobulinas contidas no colostro, diminui rapidamente, com as mamadas ou ordenhas sucessivas. Tamb€m, a taxa de imunoglobulina sang••nea est† em estreita rela‚ƒo com a quantidade de colostro ingerido durante uma mesma refei‚ƒo. A bezerra rec€m-nascida tem uma forte capacidade de absor‚ƒo e pode ingerir volumes importantes de colostro at€ o limite de 5% do seu peso vivo de uma s„ vez. Por raz‹es de imunidade passiva, o tempo e a quantidade de ingestƒo de colostro sƒo muito importantes (Tabela 5). ‘ pois, recomendado ˆs bezerras, filhas de ra‚as de grande porte (Holandesa e Parda Su•‚a) uma ingestƒo de ao menos 10 kg de colostro nas 12 horas que segue o nascimento, enquanto que para as bezerras de ra‚as de menor porte (Jersey, Girolanda) um consumo de, no m•nimo 7 a 8 litros. A 1” ingestƒo do colostro, segue ˆ administra‚ƒo dos primeiros cuidados. Deve ser imediata ap„s o nascimento e abundante. Como sua influ…ncia € consider†vel, € preciso assegurar a bezerra esta primeira mamada ajudando se necess†rio. Ap„s este per•odo inicial, deve-se continuar fornecendo colostro, pelo menos at€ o 3“ dia do nascimento. Muito embora, sabe-se que a absor‚ƒo intestinal de imunoglobulinas cesse em torno de 24h, a administra‚ƒo do colostro at€ o 3“ dia tem como objetivo a prote‚ƒo do trato gastro-intestinal, conferida pelas imunoglobulinas A (IgA). No caso de vaca que nƒo desce o leite colostral nas primeiras horas ap„s o parto ou que morre dando a luz ˆ bezerra, pode se constituir num bom h†bito guardar no congelador alguns frascos de 1/2 a 1 litro, de colostro obtido da 1” ordenha ap„s o parto de vacas, de prefer…ncia com 3 ou mais lacta‚‹es anteriores. A ingestƒo do colostro € sem d‰vida, primordial, pois nƒo existe nenhum substituto. A vacina‚ƒo da vaca no 8“ m…s de gesta‚ƒo contra a Pneumoenterite, Leptospirose e outras doen‚as de maior incid…ncia na propriedade tem como vantagem FATORES LIGADOS COLOSTRO
AO
CRIADOR -
MODALIDADE
DE
ADMINISTRAÇÃO
DO
O respons†vel pelo atendimento das bezerras rec€m-nascidas tem um papel importante para assegurar uma boa transmissƒo da imunidade passiva colostral. H† que se considerar tr…s possibilidades de manejo das bezerras rec€m-nascidas (conforme Santos & Grongnet, 1990): 1. Perman…ncia da bezerra junto ao “p€ da vaca” durante toda a fase de aleitamento. Este m€todo € o mais natural e neste caso o acesso ˆ gl‡ndula mam†ria deve ocorrer o mais cedo poss•vel. Caso nƒo ocorra nas primeiras 6h do nascimento, deve-se intervir ajudando a bezerra a mamar. A utiliza‚ƒo de uma sonda esof†gica, para administrar o colostro da primeira ordenha p„s-parto at€ o est’mago, € a melhor op‚ƒo em casos extremos da nƒo ingestƒo volunt†ria. 2. Perman…ncia da bezerra junto ao “p€ da vaca” somente nas primeiras 24h. Alguns produtores preferem deixar as bezerras mamarem ˆ vontade o colostro diretamente em suas mƒes, pois como tem sido observado, a bezerra mama, em m€dia, de 8 a 10 vezes no primeiro dia de vida. Todavia, quanto mais especializada for ˆ vaca para produ‚ƒo de leite, menor € a habilidade materna, levando muitas bezerras a nƒo ingerirem colostro nas primeiras horas de vida, contribuindo assim para uma maior incid…ncia de bezerras com baixos n•veis de imunoglobulinas sang••neas. Um n‰mero excessivo de vacas num mesmo piquete contribui tamb€m, para confundir a rec€m-nascida. Para evitar que a rec€m-nascida passe
algumas horas sem executar a 1a. mamada, aconselha-se destinar os piquetes mais pr„ximos da sede da Propriedade, para as vacas secas, que adentrarƒo ai, aproximadamente 30 dias antes do parto. 3. Uma terceira op‚ƒo no manejo das rec€m-nascidas € separ†-las das mƒes logo ap„s o nascimento, recebendo o colostro da primeira ordenha, em balde ou mamadeira. Neste caso, o fornecimento de colostro da primeira ordenha deve ser deve ser fornecido, no m•nimo, tr…s vezes no primeiro dia, de forma a propiciar a bezerra um volume de aproximadamente 10 litros de colostro nas primeiras 12h de vida. Um exemplo t•pico da import‡ncia do criador no manejo de bezerras rec€m-nascidas € relatado por Levieux (1984), em experimentos realizados na Fran‚a. O simples fato de se distribuir as bezerras um “pool” de colostro obtido na primeira ordenha, logo ap„s o nascimento, reduziu de 57,5% para 2,8% a porcentagem de animais com baixos n•veis de imunoglobulinas (hipogamaglobulin…micos). Todavia, no ano subseq•ente, o fato de fornecer uma mistura de colostro da primeira com o da segunda ordenha, elevou para 18% a taxa de animais com hipogamaglobulinemia. PERÍODO DE TRANSFORMAÇÃO DO SISTEMA DIGESTIVO (4º DIA AO DESMAME) Este € o 2“ per•odo cr•tico na vida de uma bezerra. ‘ o momento onde ocorre a mudan‚a r†pida do sistema digestivo devido ˆ passagem gradativa de uma alimenta‚ƒo l•quida para uma alimenta‚ƒo s„lida. A bezerra deixa de ser um animal pr€-ruminante, para ser um ruminante. Desenvolvimento do rúmen ‘ durante os dois primeiros meses que o r‰men mais se desenvolve. Logo ap„s o nascimento, o abomaso ocupa em torno de 50% do volume do complexo g†strico; esta mesma porcentagem € alcan‚ada pelo r‰men-ret•culo em torno da idade de 4 semanas. As mudan‚as anat’micas, fisiol„gicas e metab„licas que ocorrem no sistema digestivo do pr€-ruminante sƒo caracterizadas pela transi‚ƒo de uma digestƒo monog†strica para uma digestƒo do tipo ruminante. Isto ocorre geralmente no per•odo entre o nascimento e o terceiro ou quarto m…s de idade. Cada uma destas mudan‚as pode ser acelerada ou modificada atrav€s da manipula‚ƒo do regime alimentar a que estƒo sujeitos estes animais. Durante este tempo, o fechamento da goteira esof†gica permite a passagem direta do leite para o abomaso. Posteriormente, quando a bezerra passa a consumir alimentos s„lidos, estes passam primeiramente pelo r‰men, provocando uma modifica‚ƒo anat’mica e fisiol„gica dos pr€est’magos. Alimentação Láctea Ap„s os tr…s primeiros dias de ingestƒo do colostro, recomenda-se fornecer leite integral ou de um bom substituto durante 8 a 12 semanas consecutivas. As quantidades servidas por dia em duas refei‚‹es, sƒo em fun‚ƒo do peso; podem representar, 8, 9, 10, 8 e 5% do peso vivo da bezerra ao nascimento, respectivamente, durante 8 semanas do per•odo de aleitamento. Um bom substituto inicial do leite deve conter no m†ximo 0,25% de fibra bruta na MS. Um n•vel mais elevado de fibra indica que o substituto do leite € constitu•do por uma propor‚ƒo mais importante de ingredientes de fontes vegetais, o que pode induzir a uma diminui‚ƒo da digestibilidade conduzindo a um ganho inferior durante as tr…s primeiras semanas de idade. Desmame precoce: 8 a 12 semanas ‘ durante este per•odo que dever† se efetuar o desmame da bezerra, o que significa a passagem de um regime ˆ base de leite para o de ruminante (Roy, 1980; Lucci, 1989). Dois aspectos podem justificar o desmame precoce: • A economia realizada pela substitui‚ƒo do leite por um alimento mais barato. Pois, nƒo h† nenhuma desvantagem de desmamar precocemente, a bezerra, uma vez que, ap„s o desmame, ocorre ganho de peso compensat„rio, e aos 180 dias as diferen‚as observadas no desmame desaparecem; • O desenvolvimento mais precoce do volume do r‰men, gra‚a a ingestƒo, desde a 2” semana, de alimentos secos (concentrado e feno). Al€m destes dois fatores, € a considerar a redu‚ƒo das horas de trabalho e uma diminui‚ƒo das incid…ncias de diarr€ias e de problemas digestivos. Na fase final do per•odo de aleitamento, se fornece ˆ bezerra quantidades menores de leite, durante uma semana, a fim de promover uma maior ingestƒo de alimentos
sólidos (feno e concentrado). Quando a ingestão de concentrado atinge de 800 a 1.000 g (para as bezerras de raças de grande porte) e 400 a 600 g (para as bezerras de raças de pequeno porte), por um período consecutivo de 5 dias, se efetua o desmame. Para bezerras da raça Holandesa, o fornecimento de 4 a 5 kg de leite, repartidos em duas refeições/diárias, nos primeiros 30 dias, seguido de 3 a 4 kg até os 45 dias e nos quinze dias subseqüentes 2 kg, normalmente, é suficiente para nos 60 dias de idade desmamar estas bezerras desde que, paralelamente, estejam consumindo por volta de 800 a 1.000 g de concentrado/dia. Este método de arraçoamento permite ao produtor inseminar as novilhas aos 18 meses de idade e portanto, obter o primeiro parto antes dos 28 meses de idade. A administração do concentrado será dividida em, Concentrado Inicial (18 a 20% de PB) nos primeiros 3-4 meses de vida e Concentrado para Crescimento após (16 a 18% de PB) (Tabela 7). O período de fornecimento deverá ser de, no mínimo até o 6 mês de vida, limitando a um consumo máximo de 2,0 a 3,0 kg/diário, em função dos objetivos a serem alcançados. Concentrado, feno e água Os concentrados de excelentes texturas, devem compor parte importante da ração para um desmame precoce. É importante também que se coloque a disposição do animal feno de boa qualidade que ele poderá ingerir quando lhe convier. Assim o feno, além de produzir uma certa quantidade de ácidos graxos voláteis (menos que o concentrado), permitirá um desenvolvimento mais rápido da musculatura do rúmen e a ruminação, graça a uma maior concentração de fibra bruta. Um criador deverá então observar suas novilhas e lhes servir feno, o tanto quanto possível, pois uma novilha de 150 kg, por exemplo, pode ingerir de 3 a 4 kg por dia, além de alguns quilos de concentrado. Como se procura uma ingestão elevada de matéria seca, o fato de picar e revolver o feno ou de adicionar mais contribuirá para se atingir este objetivo; além disso, quando os restos de feno são muito fibrosos, é necessário retirar e colocar um outro de boa qualidade. É importante que a água esteja, constantemente disponível para suprir a falta de saliva na jovem bezerra e assegurar desta forma, uma boa fermentação no rúmen, estimulando assim a ingestão de concentrado. A água fresca deverá estar sempre disponível, principalmente, quando o leite ou seu substituto não fizer mais parte da ração. Muitas vezes, só o fato de limpar o bebedouro propiciará um aumento na ingestão d'água. As novilhas de 4 a 12 meses podem beber entre 10 e 24 litros d'água por dia, quantidade diária equivalente a 10% do peso vivo, dependendo da temperatura e do tipo de alimento que é fornecido. PERíODO DE CRESCIMENTO DO DESMAME A PUBERDADE Ao nascimento, a glândula mamária consiste de um restrito sistema de ductos. A grande parte do aumento no crescimento da glândula mamária do nascimento à puberdade é devida a um aumento no tecido conjuntivo e deposição de gordura. O grau de desenvolvimento da glândula mamária parece ser específico para cada espécie, antes da puberdade. Idade ótima à 1ª cobertura Como o desenvolvimento fisiológico é ligado mais de perto ao peso do que a idade, é recomendado efetuar a cobertura em função do peso do animal. Isso permite as novilhas que herdam um potencial de crescimento mais rápido, atingir as normas de peso para a cobertura e o parto o mais cedo, e de minimizar assim os custos de criação. Os pesos geralmente recomendados a primeira cobertura das novilhas para que tenham o parto de acordo com o padrão da raça é de 340 a 380 kg para as raças de grande porte (Holandês e Pardo Suíça), de 270 a 290 kg para a Girolanda e de 240 kg para a Jersey. Na cobertura, o criador já pode avaliar a qualidade de sua futura produtora, de maneira geral, espera-se que ela tenha as seguintes características: boa produtora; grande capacidade de ingestão; longevidade, tamanho e peso segundo os padrões das associações de criadores. Considerações sobre Desenvolvimento fisiológico Um dos objetivos do desmame precoce além do fator econômico, é permitir que os animais se tornem ruminantes, o mais cedo possível. O fornecimento de concentrado a partir da primeira semana de vida, permite aos animais apresentarem um correto desenvolvimento do retículo-rúmen aos 4 meses de idade.
Todavia, logo após o desmame o tamanho relativo dos órgãos digestivos dos animais ainda não comportam um adequado consumo de forragem para suportar um bom crescimento animal, sendo necessário continuar o fornecimento de 2-3 Kg de concentrado por dia até os 6 a 7 meses de idade, onde estes animais estariam pesando em média 167 a 205 kg. O principal problema enfrentado pelos criadores para a aplicação dos conceitos relativos ao crescimento normal, diz respeito ao fato que as novilhas cobertas precocemente sofrerão bastante na 1ª lactação, perdendo peso acentuadamente, apresentando intervalo de partos prolongados e desenvolvimento corporal prejudicado para o resto da vida. Esses problemas são decorrentes do fato da novilha não ter apresentado crescimento adequado após o estabelecimento da gestação e de não ter sido alimentada de maneira conveniente após o parto. Admite-se que a novilha de raças de grande porte deve ganhar cerca de 200 kg entre o início da gestação e o parto (150 kg para as raças pequenas), o que requer um ganho de peso acima de 650 g por dia, para as raças de grande porte, que pode ser conseguido somente através de alimentação com boas forragens. No atendimento nutricional, a grande limitação é imposta pelo alimento volumoso que, sendo de baixa qualidade, não dá condições para que o animal possa se desenvolver adequadamente. As exigências nutricionais das novilhas crescem conforme a idade, o que pode ser observado na Tabela 11, extraída do NRC (2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Pecuária Leiteira, as jovens fêmeas têm um papel fundamental, pois é através delas que o produtor pode realizar o melhoramento genético do seu rebanho. Recomenda-se garantir aos animais um desenvolvimento satisfatório, sem ganhos de peso exagerados, para que estes iniciem precocemente na vida produtiva, aproximadamente aos 16 a 18 meses de idade, reduzindo o número de animais inativos e elevando o número de fêmeas jovens para reposição, o que permitiria selecionar as melhores novilhas e descartar as demais.
MANEJO DE EQUINOS Ao adquirir um cavalo ou iniciar uma criação de equinos, o proprietário deve preocupar-se com o bem estar de seus animais para que eles desempenhem de forma natural sua função no trabalho das fazendas ou nas competições do segmento. Começar com um planejamento organizacional da hípica e o estabelecimento de um calendário sanitário é o início do processo que garantirá ao criador o sucesso em seu empreendimento. Inicialmente, é preciso atentar para um ambiente espaçoso, o que promoverá o conforto do animal. As cocheiras devem ter dimensões suficientemente grandes, que permitam ao equino movimentar-se. O tamanho recomendado para as baias é de 3,6 m por 3,6m para a maioria das raças. Isto permite uma boa circulação de ar, evitando o excesso de umidade, altas concentrações de gás carbônico e poeira, além de contribuir com a termorregulação do organismo do animal. Outro detalhe importante é a escolha das portas das cocheiras. Elas facilitam a ventilação e a iluminação dos estábulos. O contato do animal com o ar livre diminui a incidência de doenças respiratórias, além de aliviar o tédio dos cavalos e, conseqüentemente, os vícios de estabulação. O cocho deve ser arquitetado de forma que suas dimensões dificultem a ocorrência de ferimentos e permita uma boa preservação do animal. Sendo assim, os materiais ideais para a estrutura são a alvenaria, fibra de vidro e plástico. A madeira não é apropriada pois pode ser roída pelos animais, além de acumular alimentos (fermentação), machucar e dificultar a limpeza. Limpeza do estábulo A cama do cavalo precisa ter bom acolchoamento, possuir absorvência, não fazer poeira, não ser palatável e/ou abrasiva e, ainda, deve cobrir as laterais inferiores da parede. Dentre os materiais disponíveis, a maravalha está mais próxima do ideal por facilitar o manejo. Ela absorve amônia e odores, proporciona piso seguro e facilita a limpeza. A troca da cama deve ser feita diariamente. Uma boa limpeza impede a proliferação de parasitas, insetos e organismos nocivos que causam doenças em cavalos. O estábulo deve ser varrido e os restos de alimento, terra, areia e cama devem ser removidos todos os dias mantendo o ambiente limpo. A água para o consumo deve ser sempre limpa. A escovação da pelagem é outro hábito que traz benefícios à sanidade dos equinos, pois permite a eliminação de ovos de parasitas. Já a coleta de esterco é o método mais eficaz para prevenir problemas. Tanto os excrementos sólidos quanto líquidos devem ser retirados no mínimo duas vezes ao dia e separados em sacos para posterior eliminação. Uma técnica de manejo bastante recomendada é o gradeamento. A idéia é desmanchar os montes de dejetos e destruir os ovos de parasitas ao expô-los aos elementos naturais. Como enriquecimento de pastagens, é um método excelente porque espalha a matéria orgânica e devolve nutrientes ao solo, mas não é ideal para o controle de parasitas, a não ser que o pasto fique em repouso. A vacinação é a maneira mais eficaz para combater e precaver moléstias infecciosas nos equinos. A aplicação programada protege os animais em longo prazo contra novas agressões. No entanto, esta defesa acaba se uma nova dose não for aplicada. O planejamento de um calendário sanitário auxilia neste sentido, pois a vacinação é uma ação periódica. Quando feita de forma coletiva e preventiva permite a limitação da proliferação viral, evitando perdas econômicas ao criador e a morte de animais. A ação deve ser realizada sob a supervisão de um médico-veterinário, pois só este profissional saberá enfrentar eventuais situações adversas. Em todos os estabelecimentos em que á criação, a vacinação é altamente aconselhada e muitas vezes obrigatória. Controle de verminoses Outro problema sanitário e desafiador o controle de verminoses. Todos os equinos são vítimas em potencial,sendo os potros a categoria mais prejudicada. A eliminação constante de ovos nas fezes determina uma intensa contaminação de pastagens e instalações. É importante observar a eficácia dos vermífugos. Ao escolhê-lo, o criador deve estar atento à amplitude da margem de segurança, espectro e grau de dificuldade na aplicação. Há opções em pasta, por exemplo, como Ivermectina, que permite a adoção de um programa regular, intenso e eficaz no controle dos vermes. Ao programar as dosificações para o controle dos helmintos deve ser levado em consideração a população de cavalos, a lotação utilizada, idade, sexo e a carga parasitária. A rotação de pastagem e manejo do esterco deve ser
coordenada com o programa para que o mesmo seja efetivo. O inimigo mais prejudicial entre todos os parasitas internos € o grande estr’ngilo, uma categoria de vermes que se alimenta do sangue do cavalo e afeta principalmente o intestino e paredes das veias e art€rias. O ciclo de vida deste helminto come‚a no interior do cavalo, quando um adulto coloca seus ovos no intestino grosso do animal. Os ovos microsc„picos saem do cavalo por meio das fezes. Ao eclodir dos ovos, os pequenos vermes ainda nƒo representam perigo. No entanto, em menos de uma semana (ou mais tempo durante a €poca de frio), os parasitas se tornam larvas e estƒo em um est†gio que permite a sua volta ao hospedeiro (o cavalo). Esta volta se d† pela alimenta‚ƒo, pois costumam ir para as extremidades das folhas de grama sendo ingeridos durante o pastejo do cavalo. Um tratamento adequado possibilita aos equinos o alcance m†ximo de seu desempenho potencial e, principalmente, em casos de animais atletas, reduz a incid…ncia de c„licas vermin„ticas. Normalmente, estes animais esportistas precisam de cinco a seis tratamentos ao ano. Em plant€is pequenos, mantidos extensivamente, um m•nimo de dois tratamentos ao ano geralmente sƒo suficientes. J† plant€is pequenos mantidos em pequenas †reas podem requerer tr…s ou quatro tratamentos anualmente. Em um programa consorciado de rota‚ƒo de pastagens e boa higieniza‚ƒo que garanta baixa taxa de reinfec‚ƒo, o intervalo entre os tratamentos pode ser aumentado para doses trimestrais (quatro vezes por ano). Potros e éguas Em potros, o tratamento permite um crescimento harmonioso, cont•nuo e compat•vel com os padr‹es raciais. Para tanto, devem ser dosados regularmente a partir de um ou dois meses de idade. Muitos veterin†rios recomendam dosificar potros com intervalo de dois ou tr…s meses at€ que os mesmos atinjam um ano de idade e, posteriormente, a intervalos de tr…s meses. Nas €guas, o principal objetivo do tratamento das matrizes € reduzir a contamina‚ƒo dos potros. O controle dos vermes das f…meas ainda pode contribuir para a redu‚ƒo dos casos de c„lica nessa categoria. Com base nesses objetivos,o ideal € o tratamento um m…s antes da cobertura seguido de tratamentos regulares a cada dois meses at€ o parto. ‘ fundamental que o produto escolhido para a €gua gestante nƒo cause risco de vida ao feto, sendo bem tolerado e aceito pela mƒe. A aplica‚ƒo destes m€todos na cria‚ƒo pode ser decisiva na performance dos cavalos. Os criadores encontram no manejo todas as ferramentas para que sua cria‚ƒo prospere. A participa‚ƒo de um veterin†rio nesta atividade € indispens†vel. A escolha de produtos que garantam a preven‚ƒo e a efic†cia nos tratamentos tamb€m faz parte de bons resultados.
CÓLICAS EM EQÜINOS
Introdução Os eq•inos diferem dos bovinos, especialmente sob dois aspectos: sistema digestivo herb•voro, com c€cum e c„lon funcionais) e funcionalidade (animal de trabalho e lazer). Al€m dessas, diferem no h†bito de pastejo por possu•rem incisivos superiores e grande motilidade labial, procedendo o corte da gram•nea rente ao solo. Os cavalos, durante centenas de anos, mantiveram sua sobreviv…ncia, tendo como fonte alimentar as pastagens naturais, que tinham, por caracter•stica, serem compostas de diferentes esp€cies vegetais, proporcionando aos animais grande capacidade seletiva. Assim, os animais ingeriam dieta completa que satisfazia as suas necessidades nutricionais sem a interfer…ncia humana. Com o processo de domestica‚ƒo, o homem interferiu no h†bito alimentar dos eq•inos , diminuindo a variedade de esp€cies forrageiras e que muitas vezes nƒo fazem parte da dieta dos eq•inos. A conseq•…ncia dessa realidade foi uma mudan‚a nutricional e comportamental desses animais. A c„lica, ou dor abdominal aguda, € um sinal inespec•fico que pode ter origem em disfun‚‹es do trato gastrointestinal ou outras que nƒo envolvam o mesmo, sendo neste caso denominada “falsa c„lica”. A c„lica € respons†vel pelo maior n‰mero de mortes em equinos, ˆ exce‚ƒo de morte por idade avan‚ada.
A etiologia das doen‚as do trato gastrointestinal dos equinos que levam ˆ c„lica € complexa e diversa. Ainda por explicar permanecem alguns deslocamentos intestinais ou tor‚‹es e impacta‚‹es. Na pr†tica cl•nica di†ria a maioria dos casos de c„lica tem causa desconhecida, mas em geral, resultam da distensƒo do intestino por ingesta, g†s, fluidos ou devido a uma interrup‚ƒo da motilidade normal do intestino (–leo). Os casos mais severos podem tamb€m resultar de danos da parede intestinal por processos de isqu€mia, inflama‚ƒo, edema ou enfarte. No diagn„stico desta afec‚ƒo existem v†rios par‡metros que devem ser avaliados, tais como: grau de dor; distensƒo abdominal; freq•…ncia card•aca, respirat„ria e caracter•sticas do pulso; colora‚ƒo das membranas mucosas; tempo de reple‚ƒo capilar; temperatura retal; motilidade gastrointestinal; refluxo g†strico; achados ˆ palpa‚ƒo retal; hemat„crito; concentra‚ƒo plasm†tica de prote•nas totais; concentra‚ƒo plasm†tica de fibrinog€nio; contagem de leuc„citos; quantifica‚ƒo eletrol•tica; an†lise de gases sangu•neos; quantifica‚ƒo das enzimas s€ricas; concentra‚ƒo de lactato plasm†tico; caracter•sticas do fluido peritoneal recolhido por abdominocent€se; achados ecogr†ficos; achados radiogr†ficos; achados ˆ endoscopia; achados ˆ laparoscopia; e an†lise fecal.
Fatores anatômicos predisponentes do cavalo para a cólica
Impossibilidade de vomitar – devido ˆ disposi‚ƒo das fibras musculares em torno do c†rdia – A muscularis mucosa € formada por duas camadas de m‰sculo liso (circular interna e longitudinal externa) cujas fibras correm em dire‚‹es opostas, juntamente com a espessa muscularis externa tamb€m com duas camadas musculares. Esta constitui‚ƒo da parede do est’mago nesta zona nƒo glandular impede o movimento retr„grado da ingesta por impossibilidade de abertura do c†rdia.
Posi‚ƒo nƒo fixa do c„lon esquerdo Movimento retr„grado de ingesta e estreitamento do l‰men na flexura p€lvica O ceco ser um saco cego Inser‚ƒo do c„lon dorsal direito no estreito c„lon menor
Classificação da cólica De modo a facilitar a abordagem deste tema, € necess†rio proceder ˆ classifica‚ƒo dos diversos tipos de c„licas. Existem v†rios sistemas de classifica‚ƒo poss•veis para a c„lica de equinos sendo, no entanto, o mais comum baseado nas les‹es e altera‚‹es fisiol„gicas:
Obstru‚ƒo simples – o processo de obstru‚ƒo, inicialmente, nƒo € acompanhado de comprometimento vascular. Obstru‚ƒo por estrangula‚ƒo – o processo de obstru‚ƒo do l‰men € tamb€m acompanhado por interrup‚ƒo do fluxo sangu•neo. Enfarte nƒo estrangulado Enterite Peritonite Ulcera‚ƒo Idiop†tica
As c„licas tamb€m podem ser classificadas em categorias gerais de doen‚as, como, cong…nitas, metab„licas, t„xicas, neoplasias ou infecciosas. Quanto à sua duração, podem ser:
Agudas - dura‚ƒo inferior a 24-36 horas. Cr’nicas - prolongam-se por mais de 24-36 horas.
Recorrentes - múltiplos episódios de cólica separados por períodos superiores há dois dias.
Epidemiologia da Cólica Para os clínicos, as principais atividades a desenvolver em qualquer caso de cólica são: determinação dos sinais e da história pregressa; realização do exame físico; seleção e realização dos testes de diagnóstico mais adequados; interpretação dos resultados destes; determinação do plano terapêutico e do prognóstico, e considerar métodos para prevenir as recorrências. O conhecimento da epidemiologia da cólica equina afeta cada um destes passos, e quanto maior este for, melhor se poderá tratar cada caso individualmente.
Prevalência A frequência da cólica na população equina em geral é uma questão frequentemente colocada e, como tal, vários estudos têm-se debruçado sobre esta estatística. A taxa de incidência varia entre 3.5 a 10.6 casos de cólica por cada 100 cavalos no período de um ano. Cerca de 10-15% dos casos de cólica são recorrentes e alguns Mesentério do intestino delgado muito longo cavalos chegam a ter 2-4 cólicas num. Cerca de 80 a 85% destes casos são interpretados como cólicas simples ou íleo sem se chegar a um diagnóstico específico. Trinta por cento destes casos foram identificados pelo dono e diagnosticados como cólica, mas não foram assistidos por um Médico Veterinário devido à dor abdominal ter sido transitória ou resolvida por tratamento instituído pelo dono. Estudos de casos de cólicas identificados em práticas veterinárias revelaram uma predominância das obstruções simples ou cólicas espasmódicas. As impactações constituem 10% dos casos. As obstruções ou lesões estranguladas que requerem cirurgia constituem cerca de 2 a 4 % dos casos de cólicas, embora alguns fatores de risco presentes em determinadas populações possam aumentar esta taxa. A cólica é responsável pelo maior número de mortes, à exceção de morte por idade avançada. A mortalidade associada à cólica varia de 0.5 a 0.7 mortes por cada 100 cavalos num ano, com uma taxa de fatalidade de 6.7%. A incidência de doenças intestinais específicas ainda não é bem conhecida. Quando é possível identificar um segmento do trato gastrointestinal afetado, o cólon maior é apontado como o mais afetado, seguido pelo intestino delgado, ceco e cólon menor, respectivamente. As doenças que estão na origem de cólica obstrutiva por estrangulação têm a maior taxa de fatalidade. Destas últimas a mais frequente é a torção do cólon maior, seguido de estrangulamento do intestino delgado. Fatores de risco Os fatores de risco são fenômenos, eventos ou características de um indivíduo, que foram identificados como sendo mais comuns entre os indivíduos que desenvolveram cólica, ou seja, são atributos associados com aumento do risco de desenvolvimento de cólica. Estes fatores de risco podem ser fatores causais, predisponentes ou simples indicadores de um fator predisponente. Tal como já referido anteriormente, a determinação da causa de uma cólica nem sempre é fácil, e enquanto nalguns casos é evidente, tal como no caso da ingestão excessiva de concentrado, ou de um enterólito, noutros torna-se bastante difícil chegar a uma conclusão definitiva. Ao determinar os fatores de risco a causa pode ser elaborada, e é muitas vezes possível através destes, reduzir a incidência da cólica diminuindo a exposição ao fator de risco suspeito. A quantidade de risco é estabelecida como a probabilidade da incidência da cólica aumentar num grupo de cavalos expostos a um fator particular comparando com um grupo que não foi exposto a esse mesmo fator. Ao longo dos anos, diversos estudos foram realizados na tentativa de se determinar alguns fatores de risco para o desenvolvimento da cólica. No entanto, é mais do que evidente que os fatores de risco para um lipoma são diferentes daqueles para úlceras gástricas, por exemplo, e este fato tem resultado em dificuldades significativas na elaboração dos estudos e na interpretação dos dados obtidos. Os fatores de risco estudados são os seguintes: idade; sexo; raça; atividade ou ocupação; alimentação; maneio (estabulação/pastoreio); história pregressa; parasitismo; fatores meteorológicos; outros.
Idade Tendo em conta um estudo realizado por Gon‚alves, Julliand, e Leblond (2002) em que foram examinados 12 estudos epidemiol„gicos previamente publicados, verificou-se que existe pouca ou nenhuma evid…ncia da influ…ncia da idade no desenvolvimento de c„lica em cavalos. Enquanto que Tinker (1997a) aponta para que os cavalos com idades compreendidas entre 2-10 anos estƒo 2.8 vezes mais em risco de desenvolver c„lica que os com idade inferior a 2 anos, outros estudos realizados nƒo encontraram tal associa‚ƒo. No entanto, cada grupo de idades tem tipos de c„licas mais comuns ou mesmo ‰nicas. As impacta‚‹es de mec’nio sƒo, por defini‚ƒo, uma condi‚ƒo dos rec€m nascidos, enquanto que os poldros de idade inferior a 6 meses sƒo mais suscept•veis a desenvolverem obstru‚‹es do c„lon descendente. Tanto as obstru‚‹es por estrangula‚ƒo do intestino delgado como as invagina‚‹es sƒo mais frequentes em cavalos de idade inferior a tr…s anos. Os cavalos com idade superior a 7 anos sƒo mais predispostos a les‹es por estrangula‚ƒo ou obstrutivas causadas por lipomas , assim como a volvo do c„lon ascendente, encarceramento do intestino delgado no for‡men epipl„ico, impacta‚ƒo do ceco, obstru‚‹es do c„lon descendente, e a rupturas g†stricas. A idade tamb€m poder† estar relacionada com a maior ou menor probabilidade de ser necess†ria a cirurgia na resolu‚ƒo da c„lica. Em dois estudos, a interven‚ƒo cir‰rgica foi significativamente mais comum em cavalos de idade superior a 15 anos. Gênero Quanto ao g…nero do animal, a maioria dos estudos tamb€m nƒo encontrou qualquer evid…ncia de predisposi‚ƒo ao desenvolvimento de c„lica. No entanto, determinadas doen‚as sƒo restritas a um g…nero. Por exemplo, as h€rnias inguinais ocorrem somente em machos, enquanto que o encarceramento do intestino no mesom€trio € obviamente restrito a f…meas. Embora nƒo sustentado por estudos epidemiol„gicos, o deslocamento do c„lon maior parece ser mais comum em f…meas periparturientes, assim como o encarceramento de intestino delgado (ID) no for‡men epipl„ico em machos. No que diz respeito ˆ c„lica simples, f…meas e machos sƒo igualmente afetados, o que provavelmente se justifica por este tipo de c„lica estar mais relacionada com o maneio ou com o tipo de atividade exercida. Raça Diversos estudos t…m sugerido que os —rabes sƒo, de alguma forma, mais suscept•veis ao desenvolvimento de c„lica que outras ra‚as, no entanto, um outro estudo aponta para uma maior predisposi‚ƒo dos Puro-sangue Ingl…s (PSI). Os Trotadores (Standardbred), Cavalos de sela (Saddlebred), “Tenesse Walking horses”, e garanh‹es de sangue quente sƒo predispostos a h€rnias inguinais devido ao maior tamanho dos seus canais inguinais. Os poldros brancos (albinos) nascidos de cruzamento Overoovero de equinos pintos, podem manifestar uma doen‚a recessiva e letal conhecida como agangliose, respons†vel pelo desenvolvimento de uma obstru‚ƒo funcional do intestino por falta de inerva‚ƒo. As discrep‡ncias existentes nos resultados dos estudos efetuados tendo em conta a idade, g…nero e ra‚a podem ser justificadas pelo objeto do estudo (por exemplo, c„lica em geral, ou diferentes tipos espec•ficos de c„licas), por uma rela‚ƒo bastante complexa entre a idade e outros fatores (por exemplo o maneio variar com a idade), e pela popula‚ƒo alvo dos estudos (por exemplo, casos de pr†tica m€dica geral ou casos referenciados). As observa‚‹es que se encontram repetidamente devem ser tidas em maior considera‚ƒo (por exemplo a maior predisposi‚ƒo da ra‚a —rabe).
Práticas alimentares A rela‚ƒo exata entre a dieta e o desenvolvimento de c„lica € dif•cil de determinar devido ˆ grande variedade de alimentos e pr†ticas alimentares usadas pelo mundo inteiro assim como a diferen‚as nas popula‚‹es estudadas. Ainda mais, € dif•cil separar os efeitos da dieta e do hor†rio de alimenta‚ƒo das pr†ticas de maneio que, por sua vez, estƒo tamb€m dependentes da ra‚a e do uso que o cavalo tem. No entanto, diversos estudos realizados nos ‰ltimos anos suportam a id€ia de que a composi‚ƒo da alimenta‚ƒo e as altera‚‹es da mesma sƒo importantes fatores de risco no desenvolvimento da c„lica. A maioria dos fatores de risco identificados nestes estudos apresentam dados conflituosos, principalmente no que diz respeito a diferen‚as em quantidade, tipo, e frequ…ncia da alimenta‚ƒo forrageira: sem
associação com o desenvolvimento da cólica, aumento de incidência de cólica com forragem fibrosa e diminuição da mesma em cavalos alimentados apenas com forragem . A súbita exposição a uma grande quantidade de alimentos ricos em hidratos de carbono, e o excesso de concentrados em relação à alimentação forrageira têm sido, tradicionalmente, considerados como fatores de risco para a cólica. Um estudo reporta que fornecer 2.5 a 5 kg e >5 kg de concentrado por dia aumenta o risco de cólica 4.8 e 6.3 vezes, respectivamente, comparando com cavalos não alimentados com concentrados (Tinker et al., 1997b). Também se considera que o aumento de incidência da cólica que se verifica nos meses de Primavera se deve ao súbito acesso a pastagens frescas, ricas em hidratos de carbono. No entanto, muitas outras variáveis podem também contribuir para este aumento sazonal da prevalência da cólica. Parasitismo Diversos estudos têm relacionado o parasitismo com o aumento do risco de cólica. Têm sido reportados como causas de cólica quer a presença de ascarídeos que causam obstruções, quer infestações por helmintos ou estrôngilo. Existe uma evidência preponderante, sugerindo que a infestação por helmintos está associada ao desenvolvimento de cólica, e mais especificamente associada a doenças do íleo e ceco, havendo um aumento da incidência de invaginações ileocecais e ceco-cólico. No que diz respeito à terapêutica desparasitante, os dados existentes são muitas vezes conflituosos. Pensase que os programas regulares de desparasitação estejam associados a uma diminuição do risco de cólica. Embora não existam estudos sobre a incidência ou prevalência da cólica associada à trombose da artéria mesentérica por Strongylus vulgaris, a diminuição da incidência desta doença encontrada em cirurgia e necrópsia, aparenta ser paralela ao número decrescente de cavalos afetados devido ao uso generalizado de ivermectina desde há 20 anos para cá. No entanto, não se pode afirmar que a administração de desparasitantes não esteja associada a qualquer risco. Quando existem infestações brutais de helmintos, principalmente Anoplocephala spp., a desparasitação pode levar a um aumento do risco de cólica. Este fato também foi verificado em poldros, pois após desparasitação desenvolvem cólica devido a obstruções intestinais resultantes da rápida morte de ascarídeos intraluminais. Em dois outros estudos foi verificado um aumento do risco de cólica associado à administração de antihelmínticos nos 7 dias anteriores ao desenvolvimento da cólica.
Outros Transporte - Vários estudos reportam que o transporte de cavalos aumenta o risco de desenvolvimento de cólica. Esta associação pode justificar a prática de administração de laxativos antes das viagens de modo a prevenir cólicas por impactação. O mecanismo ou causa deste aumento de incidência não é conhecido. O ato de transporte em si pode ser importante ou pode ser representativo de um grande número de outras mudanças de maneio que sucedem simultaneamente, como a alimentação, a privação de água, a restrição ao movimento, etc. Etiologia A etiologia das doenças do trato gastrointestinal dos equinos que levam à chamada cólica é complexa e diversa. Exemplos de causas conhecidas são: parasitas, especialmente Strongylus vulgaris e ascarídeos; excessos alimentares; mudanças na dieta; ingestão de areia; enterólito; alguns agentes infecciosos como a Salmonella spp.. Na prática clínica diária a maioria dos casos de cólica tem causa desconhecida, mas de um modo geral, resultam da distensão do intestino por ingesta, gás, fluidos ou devido a uma interrupção da motilidade normal do intestino (i.e. Íleo). Os casos mais severos também podem resultar de danos da parede intestinal por processos de isquémia, inflamação, edema ou enfarte.
Tratamento O tratamento específico de cada caso de cólica varia e depende da natureza e severidade da lesão. Contudo, existem alguns princípios terapêuticos comuns à maioria das cólicas: Analgesia e sedação Reposição de fluidos, correção de desequilíbrios eletrolíticos e ácida-base. Lubrificação gastrointestinal ou administração de laxantes Tratamento específico da doença em causa
Analgesia e sedação A analgesia é muito importante pois alivia o desconforto do paciente, minimiza o efeito inibitório da dor sobre a motilidade GI, possibilita a execução de um exame clínico mais cuidadoso, e reduz a probabilidade do animal se ferir a si mesmo. No entanto a sua administração tem de ser cuidada, pois pode mascarar os sinais clínicos da progressão da lesão. Antiinflamatórios não esteróides Os AINES são do grupo de fármacos mais frequentemente utilizados no tratamento da dor abdominal. Estes fármacos inibem a cicloxigenase, uma enzima integrante da cascata do ácido araquidónico, e que está envolvida na produção de prostanglandinas, muitas das quais são potentes mediadores da dor abdominal nos cavalos. Com efeito, os AINES exercem a sua ação ao reduzirem a concentração de mediadores inflamatórios no local da lesão, diminuindo a percepção da dor pelo sistema nervoso central (SNC), e reduzindo a temperatura corporal. Os AINES mais utilizados são a fenilbutazona, flunixina meglumina, dipirona, e o cetoprofeno (Anexo 3). A fenilbutazona e a dipirona têm um efeito moderado no alívio da dor, enquanto a flunixina meglumina e o cetoprofeno têm uma ação analgésica mais marcada. A flunixina meglumina é o fármaco deste grupo mais potente no controlo da dor visceral. A sua grande desvantagem é a capacidade de mascarar os sinais de endotoxémia, e como tal, pode atenuar as manifestações clínicas de lesões severas, em particular as por estrangulação. Na tentativa de se ultrapassar esta desvantagem, deve-se diminuir a dose e aumentar a frequência das administrações. O cetoprofeno bloqueia a cicloxigenase e também a lipoxigenase, uma enzima responsável pela indução de outros mediadores inflamatórios, capazes de promoverem a quimiotaxia de neutrófilos sendo este um potente mecanismo local de lesão celular. No entanto, o cetoprofeno não é tão eficaz como a flunixina meglumina no alívio da dor abdominal em eqüinos. Opiáceos ou narcóticos Os efeitos analgésicos ou sedativos destes tipos de fármacos resultam da sua interação com receptores opiáceos centrais e/ou periféricos. Este grupo inclui a morfina, oximorfina, meperidina, butorfanol e pentazocina, todos com um potente efeito analgésico e sedativo (Anexo 3). O butorfanol e a pentazocina são os que têm um efeito analgésico mais previsível, tendo ainda a vantagem em relação aos restantes de possuírem menos efeitos secundários. A morfina, oximorfina e meperidina podem causar excitação, aumento atividade/agitação, e uma redução do tempo de trânsito GI. Nos cavalos com dor abdominal severa, pode-se utilizar uma combinação de xilazina (0,2-0,4 mg/Kg EV) com butorfanol (0,02-0,1 mg/Kg EV). Espasmolíticos O aumento da frequência das contrações intestinais na cólica espasmódica, ou os espasmos que ocorrem oralmente às obstruções intraluminais, no caso de impactações, levam a dor que pode ser aliviada pela administração de espasmolíticos. Neste grupo de fármacos estão incluídos a atropina e a hioscina butilbromida (Buscopan®). A atropina não é recomendada no caso de cólicas de equinos devido ao efeito de relaxamento da parede intestinal e de abolição das contrações que pode durar várias horas e até mesmo dias, podendo levar a timpanismo e complicando a patologia inicial com Íleo. A hioscina é um parassimpaticolítico, largamente utilizado em determinadas partes do mundo como o fármaco de eleição
no tratamento inicial da cólica. É frequentemente administrado em associação com a dipirona e é bastante eficaz no tratamento de cólicas moderadas não complicadas. Fluidoterapia O tipo de fluido e a taxa de administração variam grandemente consoante a fase em que se encontra a cólica. A terapêutica inicial é utilizada para corrigir os desequilíbrios eletrolíticos e ácida-base. A terapêutica de manutenção é utilizada para acompanhar os requerimentos dos pacientes. E a terceira categoria de fluidoterapia que consiste na hiperhidratação, que é mais frequentemente empregue nos casos de obstruções intraluminais, principalmente no caso de impactações do cólon maior. Neste tipo de lesões a fluidoterapia tem como objetivo o melhoramento da função cardiovascular, o aumento do volume de fluido no TGI, que por sua vez contribui para a hidratação e maceração da massa impactada, podendo para este fim ser suplementada com KCl (20 mEq/L) ou utilizando Lactato de Ringer (Rose & Hodgson, 1993; Edwards, 1998; Blood et al., 2000). Nos casos em que a obstrução é apenas parcial e não existe refluxo gástrico, a administração de fluidos orais pelo tudo nasogástrico é uma boa opção terapêutica. Um cavalo adulto tolera a administração, através de tubo nasogástrico, de 6 a 8 L de fluido isotónico por hora. Se existir uma condição de obstrução total ou presença de refluxo gástrico, a fluídoterapia deverá ser por via endovenosa. Lubrificantes/Laxantes A hidratação e passagem de impactações/obstruções intraluminais, geralmente, são conseguidas combinando fluidoterapia (EV ou oral) com a administração de agentes inertes lubrificantes. O óleo mineral (parafina líquida) é o lubrificante mais frequentemente utilizado na prática clínica equina e deve ser administrado por entubação nasogástrico. É um agente de superfície que facilita a passagem da ingesta através do TGI pelo seu efeito lubrificante direto e por reduzir a absorção de água do lúmen intestinal levando, deste modo, à hidratação dos conteúdos intraluminais. A eficácia terapêutica do óleo mineral é, contudo, limitado ao tratamento de obstruções moderadas. O psyllium hidrofílico mucilóide absorve água, atuando como um agente laxativo ao aumentar o conteúdo hídrico e o volume da massa fecal. Pode ser administrado com segurança até 4 vezes por dia, sendo particularmente útil em caso de impactações de areia, pois facilita a expulsão da mesma. O dioctil sulfo-succinato de sódio (DSS) é um detergente com propriedades emulsionantes e molhantes, e portanto atua diminuindo a tensão superficial das massas intraluminais permitindo a penetração de água, ions e gordura. O DSS pode causar lesão da mucosa intestinal e aumenta a permeabilidade das células do cólon.. Os agentes laxativos osmóticos como o sulfato de magnésio ou o sal comum podem ser utilizados nos cavalos com cólica, mas devido à possibilidade de poderem causar enterite por lesão osmótica das células da mucosa, cada dosagem de 0,5-1,0 g/Kg deve ser previamente diluída em 4 L de água morna e administrada por tubo nasogástrico.
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA AVALIAÇÃO E INTERVENÇÕES NO TRATAMENTO DE FERIDAS I. INTRODUÇÃO O Tratamento de feridas se refere a prote‚ƒo de les‹es contra a a‚ƒo de agentes externos f•sicos, mec‡nicos ou biol„gicos, tendo com objetivo reduzir, prevenir e/ou minimizar os riscos de complica‚‹es decorrentes Antes da sele‚ƒo e aplica‚ƒo de um curativo, € necess†ria uma avalia‚ƒo completa da ferida, do seu grau de contamina‚ƒo, da maneira como esta ferida foi produzida, dos fatores locais e sist…micos e da presen‚a de exsudato, como forma de agilizar o processo de cicatriza‚ƒo e proteger a ferida. CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS 01. Classificação quanto às causas: 1.1. Feridas Cir‰rgicas: sƒo provocadas intencionalmente e se dividem em: Incisa: onde nƒo h† perda de tecido e as bordas sƒo geralmente fechadas por sutura; Por excisƒo: onde h† remo‚ƒo de uma †rea de pele, ex: †rea doadora de enxerto. Por Cirurgia e procedimentos terap…utico-diagn„sticos (cateterismo card•aco, pun‚ƒo de subcl†via, bi„psia, etc.) 1.2. Feridas Traum†ticas: sƒo aquelas provocadas acidentalmente por agentes: Mec‡nico (conten‚ƒo, perfura‚ƒo, corte); Qu•mico (por iodo, cosm€ticos, †cido sulf‰rico, etc.); F•sico (frio, calor, radia‚ƒo). 1.3. Feridas Ulcerativas: sƒo les‹es escavadas, circunscritas na pele, formadas pela morte e expulsƒo do tecido, resultantes de traumatismo ou doen‚as relacionadas com o impedimento do suprimento sangu•neo. O Termo ‰lcera de pele representa uma categoria de ferimento que inclui ‰lceras de dec‰bito, assim como de estase venosa , arteriais e ulceras diab€ticas. 02. Classificação quanto ao conteúdo microbiano: 2.1. Limpa: condi‚‹es ass€pticas sem microorganismo; 2.2. Limpas – contaminadas: lesƒo inferior a 6 horas entre o trauma e o atendimento, sem contamina‚ƒo significativa; 2.3. Contaminadas: lesƒo ocorrida com tempo maior que 6 horas (trauma e atendimento) sem sinal de infec‚ƒo; 2.4. Infectadas: presen‚a de agente infeccioso no local e lesƒo com evid…ncia de intensa rea‚ƒo inflamat„ria e destrui‚ƒo de tecidos podendo haver pus.
03. Classificação quanto ao Tipo de Cicatrização: 3.1. Feridas de cicatriza‚ƒo de primeira inten‚ƒo: nƒo h† perda de tecidos, as bordas da pele ficam justapostas. Este € o objetivo das feridas fechadas cirurgicamente com requisitos de assepsia e sutura das bordas.
3.2. Feridas de cicatrização por segunda intenção: houve perda de tecidos e as bordas da pele ficam distantes. A cicatrização é mais lenta do que primeira intenção. 3.3. Feridas de cicatrização por terceira intenção: é corrigida cirurgicamente após a formação de tecido de granulação, a fim de que apresente melhores resultados uncionais e estéticos. Classificação quanto ao Grau de Abertura: 4.1. Ferida aberta: tem as bordas da pele afastadas; 4.2. Ferida fechada: tem as bordas justapostas. 05. Classificação quanto ao Tempo de Duração: 5.1. Feridas agudas: são as feridas recentes; 5.2. Feridas crônicas: tem um tempo de cicatrização maior que o esperado devido a sua etiologia. Por exemplo, os pontos epiteliais de uma ferida cirúrgica podem ser retirados com 7 a 10 dias após o procedimento, pois nesse período espera-se ter ocorrido o reparo da lesão, que aguarda apenas a fase de maturação. No caso da ferida não apresentar a fase de regeneração na época esperada, havendo um retardo, a ferida é encarada como crônica. CONCEITO DE CICATRIZAÇÃO Conjunto de processos complexos, interdependentes, cuja finalidade é restaurar os tecidos lesados. A cicatrização da ferida é otimizada em ambiente úmido, isto porque a síntese do colágeno e a formação do tecido de granulação são melhoradas, ocorrendo com maior rapidez a recomposição epitelial e, além disso, não há formação de crostas e escaras. A re-epitelização em feridas expostas ocorre em 6 a7 dias, enquanto em feridas úmidas ela é mais rápida, totalizando 04 dias. Uma vez que a migração celular acontece em meio úmido às células epidérmicas no primeiro caso, necessitam tuneilizar a crosta formada, secretando colagenase, para atingir a umidade. 01. Fases do Processo de Cicatrização: 1.1. Fase Inflamatória: reação local não específica a danos teciduais ou invasões por microrganismos. Seu início é imediato e a duração é 3 a 5 dias. É o processo que ocorre no organismo como defesa à lesão tecidual que envolve reações neurológicas, vasculares e celulares que destroem ou barram o agente lesivo e substituem as células mortas ou danificadas, por células sadias. Tem a função de ativar o sistema de coagulação, promover o debridamento da ferida e a defesa contra microrganismos. Quanto maior a área da ferida, maior será a duração desta fase. Problemas como infecção, corpos estranhos, permanência das fontes causais, podem exacerbar esta resposta e prolongá-la. 1.2 Fase de exsudação ou fase de limpeza inicia-se imediatamente após o aparecimento da ferida. Em termos clínicos estamos diante de um local com inflamação que conduz a um pronunciado exsudato. Nesta fase o organismo inicia a coagulação, limpa a ferida e protege-a da infecção; os tecidos danificados e os germes são removidos (fagocitose). 1.3. Fase de Revascularização (Granulação ou Proliferação): são geradas novas células e forma-se o tecido de granulação (uma espécie de tecido temporário para o preenchimento da ferida). Fibrosblastos penetram na ferida em grandes quantidades, inicia-se a síntese do colágeno e os capilares movem-se para o centro da ferida. E quanto estas transformações ocorrem, reduz-se a quantidade de exsudato. A forma como se apresenta é agora de tecidos vermelho com um bom fluxo sanguíneo.
1.4. Fase de Reparação - Epitelização - fase de cobertura da ferida pelas células epiteliais. A diferença entre os tecidos torna-se cada vez mais evidente. As bordas da ferida deslocam-se para o centro e a ferida fica gradualmente coberta de tecido epitelial. À medida que a ferida se contrai o tecido vai se formando, o processo de cicatrização fica concluído. 1.5. Maturação - leva um ano nas feridas fechadas e mais nas feridas abertas. Nessa fase diminui a vascularização, o colágeno se reorganiza, o tecido de cicatrização se remodela. e fica igual ao normal. A cicatriz assume a forma de uma linha fina e branca. Aumenta a força de distensão local. 02. Fatores que Afetam a Cicatrização:
Idade : nos extremos de idade o funcionamento do sistema imunológico está alterado, ora por imaturidade, ora por declínio de função; Uso de substâncias impróprias para limpeza da ferida: algumas soluções são irritantes e citotóxicas; Uso de substâncias impróprias para anti-sepsia: algumas substâncias são lesivas aos fibroblastos; Compressão exagerada na oclusão ou na limpeza mecânica da lesão: pode promover necrose dos tecidos; Constituição/ peso em relação à altura: na obesidade temos o aumento da espessura do tecido subcutâneo (adiposo), o qual é pobremente vascularizado; Estado de nutrição (alimentação e hidratação): para reconstrução tecidual é necessário aporte de nutrientes, especialmente as proteínas; Diabete: além da diminuição da resposta imunológica, os novos capilares podem ser lesados devido à hiperglicemia; Uso de drogas : esteróides, imunossupressores, citotóxicos; Infecção: a presença de microrganismos prolonga a fase inflamatória e a lesão tecidual.
IV. FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO
Gerais: idade, nutrição mobilidade, estado mental, incontinência, saúde geral, higiene geral; Locais: edema, isquemia, lesões de pele, corpos estranhos; Drogas: citotóxicos, esteróides, antibióticos; Procedimentos invasivos: cateterização, cirurgia, entubação; Doenças: carcinoma ( leucemia, anemia aplásica), anemia grave, diabete, doença hepática, doença renal, Duração da internação pré operatória : sabe-se que em 48 horas de exposição ambiental ocorre a colonização do paciente pela flora nosocomial, que é especialmente patogênica e antibiótico resistente; Ocupação de leitos : quanto maior a taxa de ocupação das enfermarias, maior será o volume de microrganismos circulantes, os quais provém das pessoas que estão no ambiente. Tricotomia : a raspagem mecânica dos pelos cria micro-áreas de lesão que servem de porta de entrada para microorganismos. Não lavagem das mãos por parte da equipe de saúde antes e após manipular cada paciente.
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA AVALIAÇÃO DE FERIDAS A avaliação das feridas direciona o planejamento dos cuidados de enfermagem, implementa a terapia tópica além de proporcionar dados para monitorar a trajetória da cicatrização das feridas. Devemos observar:
Localização anatômica Tamanho: cm2 / diâmetro; Profundidade: cm; Tipo / quantidade de tecido: granulação, epitelização, desvitalizado e necrose; Bordas: aderida, perfundida, macerada, descolada, fibrótica, hiperqueratose; Pele peri-ulceral: edema, coloração, temperatura, endurecimento, flutuação, creptação, descamação; Exsudato: quantidade, aspecto, odor.
01. Tamanho: use a régua para medir, em centímetro, o maior comprimento e a maior largura da superfície da ferida, multipliquem comprimento x largura, para obter a área em cm2; 02. Profundidade: escolha a profundidade e a espessura mais apropriada para a ferida usando essas descrições adicionais: Dano tecidual sem solução de continuidade na superfície da ferida; Superficial, abrasão, bolha ou cratera rasa. Plana/nivelada com a superfície da pele, e / ou elevado acima da mesma (ex. hiperplasia); Cratera profunda com ou sem descolamento de tecidos adjacentes; Sem possibilidade de visualização das camadas de tecidos devido à presença de necrose; Comprometimento de estruturas de suporte tais como tendão, cápsula de articulação. Tipo de Tecido: 3.1. Tecido Necrosado: escolha o tipo de tecido necrosado predominantemente na ferida de acordo com a cor, a consistência e a aderência, usando o seguinte roteiro:
Necrose branca/cinza: Pode aparecer antes da ferida abrir, a superfície da pele está branca ou cinza; Esfacelo amarelo, não aderido: Fino, substância mucinosa, espalhado por todo o leito da ferida; facilmente separado do tecido da ferida; Esfacelo amarelo, frouxamente aderido: Espesso, viscoso, pedaços de fragmentos, aderido ao leito da ferida; Tecido preto, macio e aderido: Tecido saturado de umidade; firmemente aderido ao leito da ferida; Tecido preto / duro, firmemente aderido: Tecido firme e duro, fortemente aderido ao leito e às bordas da ferida (como uma crosta dura / casca de ferida).
Obs: Quantidade de Tecido Necrosado: Determinar o percentual de ferida envolvida. 3.2. Tecido de Granulação: tecido de granulação é o crescimento de pequenos vasos sangüíneos e de tecido conectivo para preencher feridas de espessura total. O tecido é saudável quando é brilhante, vermelho vivo, lustroso e granular com aparência aveludada. Quando o suprimento vascular é pobre, o tecido apresenta-se de coloração rosa pálido ou esbranquiçado para o vermelho opaco. 04. Exsudato: Algumas coberturas interagem com a drenagem da ferida produzindo um gel ou um liquido que pode confundir a avaliação. Antes de fazer a avaliação do tipo de exsudato, limpe cuidadosamente a ferida com soro fisiológico ou água. Escolha o tipo de exsudato predominante na ferida de acordo com a cor e a consistência, usando o seguinte roteiro: 4.1. Tipo de Exsudato:
Sanguinolento: Fino, vermelho brilhante; Serosanguinolento:Fino, aguado, de vermelho pálido para róseo; Seroso: Fino. Aguado, claro;
Purulento Fino ou espesso, de marrom opaco para amarelo; Purulento p‰trido: Espesso, de amarelo opaco para verde, com forte odor.
4.2. Quantidade de Exsudato: Determinar o percentual da cobertura envolvida com o exsudato. Use o seguinte roteiro: Nenhum Tecidos da ferida secos; Escasso Tecidos da ferida ‰midos, exsudato nƒo mensur†vel; Pequena: Tecidos da ferida molhados; umidade distribu•da uniformemente na ferida; drenagem envolve ≤ 25% da cobertura; Moderada: Tecidos da ferida saturados; a drenagem pode ou nƒo estar distribu•da uniformemente na ferida; a drenagem envolve > 25% para < 75% da cobertura; Grande: Tecidos da ferida banhados em flu•dos; drenagem abundante; pode ou nƒo estar distribu•da uniformemente na ferida; a drenagem envolve > 75% da cobertura. 05. Bordas: use este roteiro
Indistinta, difusa: Nƒo h† possibilidade de distinguir claramente o contorno da ferida; Aderida: Plana / nivelada com o leito da ferida, sem presen‚a de paredes; Nƒo-aderida: Presen‚a de paredes; o leito da ferida € mais profundo que as bordas; Enrolada para baixo, espessada / grossa: De macia para firme e flex•vel ao toque; Hiperqueratose: Forma‚ƒo de tecido caloso ao redor da ferida e at€ as bordas Fibr„tica, com cicatriz: Dura, r•gida ao toque.
5.1. Descolamento: Para avaliar insira um aplicador com a ponta de algodƒo sob a borda da ferida, introduza-o tƒo longe quanto poss•vel sem for‚ar; levante a ponta do aplicador de forma que possa ver visualizada ou sentida na superf•cie da pele ao redor da ferida; marque a superf•cie com uma caneta; me‚a a dist‡ncia entre a marca na pele e a borda da ferida. Continue o processo ao redor de toda a ferida. Determinar aproximadamente a porcentagem da ferida envolvida. 06. Pele peri-ulceral: 6.1. Cor da Pele ao Redor da Ferida: a partir da borda avalie quatro cm de pele ao redor da ferida. As pessoas de pele escura apresentam colora‚‹es “vermelho brilhante” e “vermelho escuro” como um escurecimento normal da pele ou roxo, e conforme a cicatriza‚ƒo vai ocorrendo o novo epit€lio apresenta colora‚ƒo r„seo e poder† nunca vir a escurecer. 6.2. Edema de Tecido Perif€rico: a partir da borda avalie 04 cm de tecidos ao redor da ferida. A pele edemaciada sem forma‚ƒo de sulco apresenta-se brilhante e esticada. Para identificar o edema com forma‚ƒo de sulco/depressƒo/escava‚ƒo comprima firmemente o local com um dedo durante cindo segundos; ao ser aliviada a pressƒo exercida os tecidos nƒo retornam a posi‚ƒo pr€via e aparece um sulco/escava‚ƒo. Crepita‚ƒo € o acumulo de ar ou g†s nos tecidos. Determinar a distancia do edema al€m da ferida. 6.3. Endurecimento do Tecido Perif€rico: a partir da borda avalie 04 cm de tecidos ao redor da ferida. O endurecimento € reconhecido pela firmeza anormal dos tecidos perif€ricos. Avalie beliscando cuidadosamente os tecidos. O endurecimento resulta em uma inabilidade de se pin‚ar os tecidos. Determinar a porcentagem de †rea envolvida.
07. Estágio: classificação baseada no comprometimento tecidual e se dividem em 4 estágios de acordo com a sua profundidade:
Estágio 1: não há perda tecidual, ocorre comprometimento apenas da epiderme, com presença de eritema em pele intacta; Estágio 2: perda de tecido envolvendo a epiderme, a derme ou ambas (a úlcera é superficial e apresenta-se clinicamente como uma abrasão ou úlcera rasa); Estágio 3:perda total da pele, com necrose de tecido substancial, sem comprometimento da fáscia muscular (a ferida apresenta-se clinicamente como úlcera profunda); Estágio 4: ocorre destruição extensa de tecido, necrose tissular ou lesão de osso, músculo ou estruturas de suporte.
VI. CONCEITOS RELACIONADOS AO TRATAMENTO DE FERIDAS
Anti-sepsia: é o processo que visa à destruição ou inativação de microrganismos das camadas superficiais ou profundas de tecidos de um organismo vivo; Assepsia: é o conjunto de técnicas utilizadas para evitar a chegada de germes a um local que não os contenha; Assepsia médica: técnicas que visam impedir o crescimento de microrganismos em locais que possuem flora normalmente; Assepsia cirúrgica: diz-se das técnicas utilizadas para impedir proliferação e crescimento de microrganismos onde não existem infecções; Degermação: remoção de detritos e impurezas sobre a pele, aliado a redução da flora microbiana local, mediante uso de degermante; Esterilização: processo que visa destruição de todo microrganismo inclusive a forma esporulada. A esterilização pode se dar por processos químicos (ex. glutaraldeído) ou físicos (ex. autoclave); Desinfecção: Processo físico ou químico (ex. álcool a 70%) que destrói os microrganismos na forma vegetativa (menos os esporos) de objetos; Anti-séptico : preparação química que reduz o número de microrganismos seja destruindo-os, ou inativando-os (usado em superfície viva); Detergente: preparação química que promove limpeza purifica ou clareia uma superfície inanimada; Degermante: preparação química que por meio de ação física produz limpeza e simultaneamente por meio antimicrobiano reduz o número de microrganismos da pele; Sepse : presença de organismos patogênicos e formadores de pus ou toxinas, no sangue ou nos tecidos; a septicemia (disseminação de microrganismos patogênicos pela corrente sangüínea) é um tipo comum de sepse;
PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS I. DEFINIÇÃO DE CURATIVO É um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura estéril em uma ferida, quando necessário, com a finalidade de promover a rápida cicatrização e prevenir a contaminação ou infecção. 01. Objetivos: Auxiliar o organismo a promover a cicatrização; Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização da lesão; Diminuir infecções cruzadas, através de técnicas e procedimentos adequados;
02. Finalidades: Limpar a ferida; Promover a cicatrização, eliminando fatores que possam retardá-la. Tratar e prevenir infecções; Prevenir contaminação exógena; Remover corpos estranhos; Proteger a ferida contra traumas mecânicos; Promover hemostasia; Fazer debridamento mecânico e remover tecidos necróticos; Reduzir edemas; Drenar e/ou absorver secreções e exsudatos inflamatórios; Diminuir odor; Manter a umidade da ferida; Fornecer isolamento térmico; Dar conforto psicológico ao paciente; Diminuir a intensidade da dor; Limitar a movimentação em torno da ferida. 03. Categorias: Curativos primários: colocados diretamente sobre a ferida Curativos secundários: colocados sobre o curativo primário. 04. Tipos de Curativos: O Tipo de curativo a ser realizado varia de acordo com a natureza, a localização e o tamanho da ferida. Em alguns casos é necessária uma compressão, em outros lavagem exaustiva com solução fisiológica e outros exigem imobilização com ataduras. Nos curativos em orifícios de drenagem de fístulas entéricas a proteção da pele sã em torno da lesão é o objetivo principal. 4.1. Curativo semi-oclusivo: Este tipo de curativo é absorvente, e comumente utilizado em feridas cirúrgicas, drenos, feridas exsudativas, absorvendo o exsudato e isolando-o a pele adjacente saudável. 4.2. Curativo oclusivo: não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como barreira mecânica, impede a perda de fluídos, promove isolamento térmico, veda a ferida, a fim de impedir enfisema, e formação de crosta. 4.3. Curativo compressivo: Utilizado para reduzir o fluxo sangüíneo, promover a estase e ajudar na aproximação das extremidades da lesão. 4.4. Curativos abertos: São realizados em ferimentos que não há necessidade de serem ocluídos. Feridas cirúrgicas limpas após 24 horas, cortes pequenos, suturas, escoriações, etc são exemplos deste tipo de curativo. 05. Classificação do Curativo de acordo com o Tamanho da Ferida: 5.1. Curativo pequeno: curativo realizado em ferida pequena: aproximadamente. (ex: cateteres venosos e arteriais, cicatrização de coto umbilical, fístulas anais, flebotomias e/ou subclávia/jugular, hemorroidectomia, pequenas incisões, traqueotomia. Cateter de diálise e intermitente). 5.2. Curativo Médio: curativo realizado em ferida média, variando de (ex:, incisões de dreno, lesões cutâneas, abscessos drenados, escaras infectadas, outros especificar).
5.3. Curativo grande: curativo realizado em ferida grande, variando de (ex: Incis‹es contaminadas, grandes cirurgias – incis‹es extensas (cirurgia tor†cica,), queimaduras (†rea e grau), toracotomia com drenagem, ‰lceras infectadas, Outros especificar). 5.4. Curativo Extra Grande: curativo realizado em ferida grande, com mais de 06. Técnica de Curativo: 6.1. Normas Gerais: Lavar as mƒos antes e ap„s cada curativo, mesmo que seja em um mesmo paciente; Verificar data de esteriliza‚ƒo nos pacotes utilizados para o curativo (validade usual 7 dias); Expor a ferida e o material o m•nimo de tempo poss•vel; Utilizar sempre material esterilizado; Se as gazes estiverem aderidas na ferida, umedec…-las antes de retir†-las; Nƒo falar e nƒo tossir sobre a ferida e ao manusear material est€ril; Considerar contaminado qualquer material que toque sobre locais nƒo esterilizados; Usar luvas de procedimentos em todos os curativos, fazendo-os com pin‚as (t€cnica ass€ptica); Utilizar luvas est€reis em curativos de cavidades ou quando houver necessidade de contato direto com a ferida ou com o material que ir† entrar em contato com a ferida; Se houver mais de uma ferida, iniciar pela menos contaminada; Nunca abrir e trocar curativo de ferida limpa ao mesmo tempo em que troca de ferida contaminada; Quando uma mesma pessoa for trocar v†rios curativos no mesmo paciente, deve iniciar pelos de incisƒo limpa e fechada, seguindo-se de ferida aberta nƒo infectada, drenos e por ‰ltimo as colostomias e f•stulas em geral; Ao embeber a gaze com solu‚‹es manter a ponta da pin‚a voltada para baixo; Ao aplicar ataduras, faz…-lo no sentido da circula‚ƒo venosa, com o membro apoiado, tendo o cuidado de nƒo apertar em demasia. Os curativos devem ser realizados no leito com toda t€cnica ass€ptica; Nunca colocar o material sobre a cama do paciente e sim sobre a mesa auxiliar,ou carrinho de curativo. O mesmo deve sofrer desinfec‚ƒo ap„s cada uso; Todo curativo deve ser realizado com a seguinte paramenta‚ƒo: luva, m†scara e „culos. Em caso de curativos de grande porte e curativos infectados (escaras infectadas com †reas extensas, les‹es em membros inferiores, e ferida cir‰rgica infectada) usar tamb€m o capote como paramenta‚ƒo; Quando o curativo for oclusivo deve-se anotar no esparadrapo a data, a hora e o nome de quem realizou o curativo. 6.2. Cuidados importantes:
Nƒo comprimir demasiadamente com ataduras e esparadrapos o local da ferida a fim de garantir boa circula‚ƒo; As compressas e ataduras deverƒo ser colocadas em saco pl†stico protegidos e. Quando este material estiver com grande quantidade de secre‚ƒo, deve-se colocar em saco pl†stico e desprezar; Trocar os curativos ‰midos quantas vezes forem necess†rias, o Quando o curativo da ferida for removido, a ferida deve ser inspecionada quanto a sinais flog•sticos. Se houver presen‚a de sinais de infec‚ƒo (calor, rubor, hiperemia, secre‚ƒo) comunicar ao medico. Em feridas em fase de granula‚ƒo realizar a limpeza do interior da ferida com soro fisiol„gico em jatos, nƒo esfregar o leito da ferida para nƒo lesar o tecido em forma‚ƒo. Os drenos devem ser de tamanho que permitam a sua perman…ncia na posi‚ƒo vertical, livre de dobras e curva;
6.3. Antes de Iniciar o Curativo, deve-se Realizar:
Avaliação do estado do paciente, principalmente os fatores que interferem na cicatrização, fatores causais, risco de infecção; Avaliação do curativo a ser realizado, considerando-os em função do tipo de ferida; Preparar o material e lavar as mãos; Após estes preparativos, podemos iniciar o curativo propriamente dito (remoção, limpeza, tratamento, proteção).
6.4. Após a realização do curativo proceder a:
Recomposição do paciente; Recomposição do ambiente; Destinação dos materiais (colocar em sacos no carrinho de curativos encaminhando à C.M.E. o mais rápido possível, ou de acordo com as rotinas do Setor); Lavar as mãos;
Evolução: Registro do procedimento incluindo avaliação da ferida; Após cada curativo devem ser anotadas no prontuário do paciente as seguintes informações sobre a lesão:
Localização anatômica; Tamanho e profundidade; Tipo de Tecido Presença de secreção / exsudato (quantidade, aspecto, odor); Bordas e Pele peri-ulceral; Presença de crosta; Presença de calor, rubor, hiperemia e edema.
Observações: A evolução do curativo, bem como os materiais gastos deverão ser anotados ao término de cada curativo, evitando assim erros e esquecimentos de anotações; Se houver mais de um curativo em um mesmo paciente anotar as informações separadas para cada um deles citando a localização do mesmo.
Fazer a limpeza com jatos de SF 0,9% sempre que a lesão estiver com tecido de granulação vermelho vivo (para evitar o atrito da gaze); A troca do curativo será prescrita de acordo com a avaliação diária da ferida; Proceder à desinfecção da bandeja, carrinho, ou mesa auxiliar após a execução de cada curativo, Manter o Soro Fisiológico 0,9 % dentro do frasco de origem; Desprezar o restante em caso de sobra; Realizar os curativos contaminados com S. F. 0,9 % aquecido (morno).
II. PADRONIZAÇÃO DOS TIPOS DE CURATIVOS Classificação do Curativo de Acordo com as Características da Ferida . 1 Curativos de Feridas Cirúrgicas: Ferida limpa e fechada: o curativo deve ser realizado com soro fisiológico e mantido fechado nas primeiras 24 horas após a cirurgia , passado este período à incisão deve ser exposta e lavada com água e sabão. Se houver secreção (sangue ou seroma) manter curativo semi-oclusivo na seguinte técnica; 2 Curativos de Feridas Abertas sem Infecção: Feridas Abertas sem infecção: Podem apresentar perda ou não de substâncias, por estarem abertas estas lesões são altamente susceptíveis as contaminações exógenas. O curativo deve ser oclusivo e mantido limpo. O número de trocas está diretamente relacionado a quantidade de drenagem, no entanto o excesso de trocas deve ser evitado afim de não interferir no processo de cicatrização. 3 Curativos de Feridas Abertas Contaminadas: Feridas Abertas Contaminadas: Apresenta secreção purulento , tecido necrosado ou desvitalizado. O curativo deve ser mantido limpo e oclusivo, o número de trocas está diretamente relacionado a quantidade de drenagem, devendo ser trocado sempre que houver excesso de exsudato para evitar colonização e maceração das bordas. É necessária uma limpeza meticulosa pois o processo de cicatrização só será iniciado quando o agente agressor for eliminado , e o exsudato e tecido desvitalizado retirado. Técnica de Debridamento: O debridamento envolve a remoção de tecido necróticos para permitir a regeneração do tecido saudável subjacente. Na ferida infectada deve ser realizado um debridamento seletivo de tecido necrótico minimizando danos ao tecido de granulação mais saudável. As feridas podem ser debridadas mecanicamente, quimicamente ou por uma combinação das duas técnicas dependendo do tipo de lesão.