UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
A Psicomotricidade Aplicada a Terceira Idade
POR: Adelaide Lima Gonçalves Orientadora: Profª /Mestre Fátima Alves
Rio de Janeiro-RJ Janeiro/2011
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
A Psicomotricidade Aplicada a Terceira Idade
POR: Adelaide Lima Gonçalves
Trabalho apresentado em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de especialista no curso de Pós-graduação em Psicomotricidade
da
Universidade
Mendes – Projeto a Vez do Mestre.
Rio de Janeiro-RJ Janeiro/2011
Cândido
AGRADECIMENTOS
A Deus por ser meu melhor amigo. Por responder as minhas orações de súplica, por me guiar em tudo que faço. Obrigada por fazer perseverante para conseguir concluir esse trabalho monográfico. Sem o Senhor eu não teria conseguido.
Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas; glória pois a Ele eternamente. Amém. Rm 11:36
Aos meus pais porque sem eles eu hoje não estaria aqui e não seria o que sou.
Ao meu marido e melhor amigo por estar sempre comigo em todos os momentos da minha vida sendo parceiro, cúmplice e auxiliador. Amo-te com todo o amor que pode conter meu coração.
A
minha
orientadora
que
me
permitiu
crescer
intelectualmente e orientou meus passos para que chegasse até aqui.
Aos meus amigos pela paciência na minha ausência em momentos de escrita desse trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia ao meu marido e aos meus pais que sempre estiveram comigo em todos os momentos mais importantes da minha vida, caminhando e me ajudando a superar as diversidades da vida. Obrigada por vocês existirem na minha vida.
Sumário INTRODUÇÃO......................................................................................... 8 CAPÍTULO I Envelhecimento: Processos e Conceitos ............................................. 13 CAPÍTULO II Melhorando o corpo............................................................................... 22 CAPÍTULO III Conceituando psicomotricidade............................................................. 27 CAPÍTULO IV A Psicomotricidade Aplicada na Terceira Idade.................................... 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 40 ANEXO ................................................................................................. 42 ÍNDICE................................................................................................... 44 FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................... 45
Resumo Este trabalho visa apresentar uma relação entre a Psicomotricidade aplicada ao idoso e a consequente melhoria na qualidade de vida da população com mais de sessenta anos. Partindo de revisões bibliográficas analisar-se-ão textos que tratam de questões que contribuem para a longevidade tão crescente nos dias atuais. Foram utilizados vários artigos científicos, textos publicados e livros sobre este assunto. Discutiremos também uma análise qualitativa feita através da dissecação de questionários semiestruturados aplicados a um grupo de idosos que utilizam atividades físicas diariamente.
Palavras-chave: Psicomotricidade, Idoso, Qualidade de vida.
METODOLOGIA
Este estudo tem por base em sua metodologia a pesquisa bibliográfica analíticocomparativa de diversos autores na área da Pedagogia, Psicologia, Geriatria, Gerontologia, Psicomotricidade e Educação Física. Também serviu de base para essa monografia uma pesquisa de campo que foi elaborado com um pequeno grupo amostral em uma praça da grande Tijuca. Também foram aproveitados conceitos aprendidos em sala enquanto aluna do curso de Pós-graduação em Psicomotricidade desta Universidade.
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INTRODUÇÃO “Aos homens eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de se enamorar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se enamora. (...) Aos velhos lhes ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento”. Gabriel Garcia Marques
A terceira idade, idade madura ou velhice são apenas nomenclaturas diferentes que definem um período na nossa vida onde ocorrem profundas mudanças em um contexto social, biológico e psicológico no decorrer do desenvolvimento humano. Muitos idosos acabam se tornando dependentes financeiramente de suas famílias, pois perderam sua capacidade de agir ativamente no mercado financeiro e suas economias mal dão para se sustentarem. Outros se tornam dependentes por conta das inúmeras doenças e desgastes físicos proporcionados pela própria idade. Tudo isso gera um enorme desconforto ao idoso que por muitas vezes acaba se abatendo psicologicamente. Tudo isso vem a gerar uma enorme preocupação com a velhice e a maneira como vamos envelhecer. Segundo NETTO (2002), vemos que envelhecer é uma preocupação antiga, que vem desde os primórdios da humanidade. Sabemos ao nascer que um dia morreremos. Se isso não ocorrer através de fatalidades da vida essa certeza se concretiza na velhice. Sabemos também que a velhice trás consigo inúmeras limitações e perdas. O corpo não é mais o mesmo, o
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cansaço chega com mais vigor do que quando somos jovens! As limitações impedem essa nova fase de se locomover com tanta destreza... Alguns idosos são inclusive vítimas de acidentes por não terem mais a agilidade de antes e por não perceberem que seu corpo mudou. Então, como envelhecer com qualidade? Como melhorar esse processo que certamente ocorrerá? Atualmente a população idosa é uma população que está em constante crescimento, segundo o mesmo autor citado acima, estima-se que no período entre 1950 e 2025, a população total crescerá cinco vezes mais, enquanto que a população idosa, isto é, com 60 anos ou mais crescerá em média quinze vezes. É bastante considerável tal crescimento. Seremos essa população idosa de amanhã. Esse crescimento tem nos trazido um novo olhar para essa população que não para de crescer. Através desse novo olhar e baseado em uma motivação inicial, a escolha desse tema advém de uma inclinação antiga e no contemplar da relação que há no trato com pessoas que vivem na terceira idade. O interesse pelo assunto visa buscar maiores informações e reflexões sobre a resultante “qualidade de vida”, em conseqüência das relações que constituem as atividades da vida diária do idoso e a sua peculiar forma de “ser no mundo”. Este trabalho buscará verificar se a atividade psicomotora aplicada à terceira idade, resulta em melhoria na qualidade de vida dos sujeitos em questão. Os métodos utilizados para tal tarefa serão assim compostos: 1- discutiremos os resultados obtidos a partir de um questionário semi-estruturado respondido por uma amostra de sujeitos escolhidos de forma aleatória dentro de um grupo de idosos que
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fazem parte de um projeto em uma praça na grande Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro e atende à população da região e; 2- pesquisa bibliográfica, que consiste no levantamento de dados e informações contidas em artigos, pesquisas e literaturas já publicadas. Desta forma esse trabalho abordará a maneira como o idoso chega à terceira idade, quais são suas perdas. Com esse novo status sua dinâmica já não é mais a mesma, o corpo já não é tão ágil e muitos estão com a auto-estima muito baixa por conta da dependência e também pelo simples fato de não ser aceito como pessoa atuante e ainda como pessoa que já não produz mais. Será abordado então, como a psicomotricidade é importante para trazer um novo contexto a esse idoso através de atividades motoras, sociais e culturais que podem trazer ainda para esse novo idoso um novo olhar de si mesmo. Portanto, esta pesquisa tem como intenção apresentar a psicomotricidade como resposta para a melhoria da qualidade de vida do idoso. Isso tudo será abordado da seguinte maneira: No capítulo I será apresentado um breve panorama da situação do idoso. Como ele chega a velhice. Será mostrado um pouco das suas perdas físicas, sociais e psicológicas. Isto é, como o seu convívio social está afetado por conta das perdas sociais e dependências financeiras. Como a sua estrutura física e biológica muda com o passar dos anos e como tudo isso afeta também o seu psicológico. Já o capítulo II nos mostrará como o exercício físico pode proporcionar uma melhor qualidade ao idoso em questão e os avanços tecnológicos que possibilitam também qualidade de vida. No capítulo III será abordado o que vem a ser a psicomotricidade: seu surgimento, seu conceito e como trabalhar a psicomotricidade com a terceira idade. E,
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no capítulo IV será feita uma análise das entrevistas apresentando o que mudou na vida dos entrevistados depois que a psicomotricidade passou a fazer parte de suas vidas.
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CAPÍTULO I Envelhecimento: Processos e Conceitos "0 homem é precisamente o que ainda não é. O homem não se define pelo que é, mas pelo que deseja ser." ORTEGA Y GASSET.
Nem sempre somos ou estamos da maneira como desejamos. Almejamos a todo o tempo alguma coisa e, muitas vezes nos frustramos quando não atingimos o almejado ou quando não conseguimos ser aquilo que almejamos. Isso se repete por toda a nossa vida mesmo quando nos tornamos idosos. Mas quando o idoso chega a sua velhice nem sempre tem o seu poder de almejar respeitado. Este vive uma vida inteira e um dia se encontra “velho”, para muitos sem “utilidade”. Precisamos estar em constante mudança e adaptação, necessitamos mudar a maneira como nos vemos, resgatar a nós mesmo, se reintegrar para sermos bemsucedidos e bem-visto pela sociedade, principalmente o idoso que ao chegar nesse novo contexto, nesse novo corpo, vê em seu corpo como o tempo passou. É preciso então, resgatar uma nova forma de enxergar o que vê no espelho para que uma qualidade de vida seja atingida.
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Será abordado a seguir o que vem a ser o envelhecimento, quais processos levam o indivíduo a se tornar um idoso e tentar conceituar esse momento.
1.1 – O processo social do envelhecimento: Com o passar dos anos o vigor da juventude vai dando lugar a uma coleção de perdas. A elasticidade da pele não é mais a mesma, os músculos não obedecem mais tão rapidamente os comandos do cérebro, algumas pessoas queridas passam a ser apenas saudosas lembranças, enfim tudo começa a ganhar uma nova dimensão, uma nova “cor” e para muitos “cinzenta”. Com tantas mudanças alguns chegam a perder a alegria de viver. SILVA (2005), entende que a pessoa que é considerada idosa para uma sociedade é aquela que a partir de um determinado momento da vida encerra as suas atividades econômicas e, acrescenta também que "o indivíduo passa a ser visto como idoso quando começa a depender de terceiros para o cumprimento de suas necessidades básicas ou tarefas rotineiras". Quem tanto produziu no passado agora passa em muitos casos a ser dependente física e financeiramente. Uma parte da sua vida lhe é tirada: a capacidade de agir por si só. Alguns nem estão tão debilitados assim, mas os filhos e a família agem como o se o mesmo não tivesse mais autonomia e consciência para guiar sua própria vida. Outros recebem alguma função: a de cuidar dos netos enquanto os filhos trabalham. Okuma ao discutir Neri, nos traz que esse processo é marcado por um esteriótipo social negativo que é baseado na decadência biológica trazendo uma idéia
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falsa de incompetência comportamental causada pelo envelhecimento. Alguns quando chega à aposentadoria perdem poderes políticos, econômicos, respeito e valor. Essa última perda, o valor, ou seja, a utilidade para alguns dá lugar a sensação de inutilidade. Estamos na era tecnológica onde a cada dia surgem novidades no mercado tecnológico a todo instante. O novo deixa de ser novo muito rápido o consumo e o descarte caminham lado a lado nos levando cada vez mais a consumir e descartar. E, em nossa sociedade descartável o que não é mais útil é para ser descartado, jogado fora, despejado. Butler e Lewis (1984), também discutem essa questão nos dizendo que: Na idade avançada, o homem vê-se ameaçado quanto às principais fontes de significado, tais como trabalho, status social e empreendimentos. A cultura ocidental, em contraste com a oriental, valoriza o jovem, a vitalidade e a produtividade econômica, não atribuindo um papel significativo para o idoso.
O idoso precisa conviver com um mundo capitalista, consumista que não vê nele utilidade e produtividade. E, mais em um mundo onde muitas vezes não se encontra incluído, pois muitos não conseguem fazer operações em caixas eletrônicos, acessar internet, entre outros. MENDES (2005), fala desse novo lugar que o idoso ocupa nessa sociedade e nas suas perdas sociais: O modelo capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na medida em que a individualidade já teria os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Desse modo,
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não tendo mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia o seu valor simbólico.
Dessa forma o papel social do idoso é de grande importância para o seu envelhecimento, para a forma de vida que teve até agora e a que terá depois que se aposentou. A aposentadoria trás nesse momento um distanciamento da vida produtiva associada a uma sensação de descontinuidade.
1.2 – O processo biológico do envelhecimento: Com tudo isso o idoso tem uma enorme dificuldade de se RE conhecer e de SE perceber. O corpo sofre enormes modificações principalmente de dimensão e peso. Alguns desgastes dão lugar a próteses. Segundo Okuma (2009): Quando seus meios de comunicação falham, sente-se impotente para transmitir o que levou uma vida para aprender. A incapacidade é culturalmente aceita, quando não solicitada. (...) A relação entre passado e presente é outra: o futuro torna-se curto. (p. 14).
O idoso em seu processo natural de envelhecimento perde na sua estatura começando o processo inverso da infância, não mais cresce, mas agora passa a diminuir. O nariz e as orelhas passam a crescer, a pele torna-se mais ressecada, perdendo sua elasticidade e dando lugar as rugas. Os ossos tornam-se mais fracos e as fraturas são muito mais complicadas nessa idade. A força dos músculos não é mais a mesma, o coração bate mais devagar, os órgãos não tem mais tanta eficiência, o sexo diminui...
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No decorrer da vida somos expostos a fatores intrínsecos e extrínsecos que ao longo da nossa vida influenciam no nosso processo de envelhecimento. São cargas genéticas e antropológicas: características que carregamos que nos foram herdadas dos nossos antepassados ou que fazem parte da história da nossa civilização; reações químicas e metabólicas; capacidade imunológica para combater doenças. Por outro lado sofremos com a radiação ao qual nos expomos; a altitude é outro fator contribuinte; a temperatura e a maneira como nos prevenimos dela; a poluição que nos contamina pelo ar; a alimentação que ingerimos – quantidade e qualidade de ingestão; a tensão emocional ao qual somos submetidos ao longo do nosso curso de vida são fatores determinantes que influenciam no nosso envelhecimento, na nossa qualidade de vida e em mortes precoce.
1.3 – O processo psicológico do envelhecimento: O idoso é como um material descartável sem grandes utilidades depois que é usado pode ser descartado. Para uma mente “cansada” é muito mais difícil acompanhar as “facilidades” do mundo moderno e, com tudo isso nos esquecemos de seus sentimentos, esquecemos da enorme enciclopédia de vida que guarda dentro de si. Esquecemos-nos do quanto esse idoso significou e cooperou para a sociedade que temos hoje. Como podemos ver as perdas do idoso são muitas e as limitações também eles perdem socialmente e estão biologicamente limitados. Para não enxergar as perdas e limitações que hoje fazem parte da sua vida, alguns idosos se desculpam através das doenças: Não podem sair e caminhar por conta da artrose, problemas no joelho e etc. Não fazem uma atividade física por causa
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da labirintite e com isso deixam de gozar as coisas boas dessa nova etapa, deixam de fazer novas amizades... É mais fácil encontrar-se doente do que velho. De fato alguns realmente precisam implantar e usar próteses, óculos, aparelhos auditivos, meias elásticas e tudo isso vai dando ma sensação de inautenticidade. O desejo atrelado a impotência ou para as mulheres a “falta” de desejo do parceiro traz consigo fortes angústias e contradições. Baseado na sua condição financeira é mais difícil ter projetos e por conta do biológico conseguir alcançá-los é muito mais complicado do que antes. Sendo assim, a falta de alternativas vem trazendo a alienação. A cognição também sofre alterações é mais difícil a aprendizagem nessa fase da vida. A memória falha muitas vezes, trazendo alguns desconfortos e confusões e em alguns casos transtornos de comunicação, produzindo falta de credibilidade no que diz “incapacidade” até mesmo de ensinar. Com tantos transtornos o psicológico entra em baixa e a visão de si modifica sua relação consigo mesmo. Okuma (2009), fazendo uma análise da velhice nos mostra a situação humana vinculada à dimensão existencial, onde esta modifica a relação do indivíduo consigo mesmo, com o outro, com o mundo e com o tempo. Que utilidade a pessoa de 60 anos ou mais encontra em si para viver ou para se projetar na vida? Que significado tem atribuído a si? Esse significado só pode ser construído por cada um através do valor e da satisfação que possui com seu novo momento de viver. Sendo assim é necessário se ter uma existência cheia de bons significados com efeitos positivos que facilitem tal satisfação pessoal.
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Wong (1989) nos mostra vários estudos revisados que enfatizam a importância do significado existencial para se lidar com a perda e a dor. Em estudos feitos junto a Reker e Peacock ele nos mostra que o senso de propósito de vida é positivamente correlacionado com a percepção de bem-estar psicológico e físico. Dessa forma vemos que quando o idoso está mais satisfeito consigo mesmo tende a suportar melhor as adversidades da vida e principalmente as da própria idade.
1.4 – O processo bio-psico-social do envelhecimento: Ser “velho” é habituar-se a alterações biológicas, mentais e sociais que são difíceis de esconder. Todos terão que envelhecer como processo natural que nos ocorre, quando nascemos a única certeza que temos é a de que um dia morreremos e esperamos sempre que isso aconteça na velhice, isto é, quando não temos mais nada para ganhar... Como diz VELASCO (2005) a velhice é um triste coleção de perdas. A velhice é o topo da pirâmide quando se chega lá, chega-se então ao fim. Talvez essa fosse a lógica, mas não devemos olhar a velhice como a espera da morte que não tarda em nos transportar desse mundo. Ou muito menos olhar a velhice como uma “triste coleção de perdas”, e sim como um momento da nossa vida diferente do que já foi vivido. Um dia nascemos, nos tornamos crianças, adolescentes, adultos e chega o momento de envelhecer. Em todas as “idades” da vida temos as dificuldades que lhes são próprias e passamos bem por todos esses momentos mesmo com todas as limitações e doenças próprias de cada fase. Sofremos por não saber andar e por isso somos dependentes dos pais, a ter doenças de criança como: poliomielite, sarampo, paralisia infantil entre outras tantas doenças. Depois aprendemos mais um pouco, crescemos mais um pouco
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enfrentamos mais dificuldades, temos outras enfermidades e passamos mais uma vez por elas. Em todo esse trajeto alguns avançam bem, outros apresentam seqüelas no corpo e/ou na mente, por conta de doenças, maus tratos, violências físicas e psicológicas; e, ainda temos os que se vão. Passamos a vida inteira convivendo com as dificuldades da idade e passando por elas para enfrentar as próximas, assim o ciclo permanece. Na velhice a mesma coisa: alguns sofrem com as limitações da idade, as enfermidades, as perdas e mais uma vez temos o desafio de transpor. Cada idade nos traz um novo olhar para dentro de si e a velhice é mais uma fase que teremos que passar e conviver na história da vida.
1.5 – Conceituando o envelhecimento: Vários estudiosos já tentaram conceituar a velhice. Qual o momento em que ela se constitui? Aos 50, 60, 70... Qual o início dessa nova fase em nossas vidas? Alguns declaram que nada tem a ver com a idade cronológica, mas mesmo assim conceituamos primeira idade, segunda idade e terceira idade e há quem nos fale em quarta idade, a chamada idade da velhice que se inicia aos 84 anos de idade. Muitos classificam a velhice como um estado de espírito apesar do envelhecimento não se dar da mesma forma para todos os organismos da espécie humana. Dessa maneira a diferença entre idosos baseado em idade cronológica e biológica passa a ser a individualidade.
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Para o Estatuto do Idoso, regido pela Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003, idoso é toda aquela pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos1. Para a organização Mundial de saúde o envelhecimento cronológico acontece a partir dos 60 anos. E, a mesma classifica o idoso em outras três fases: 60 a 69 – jovens idosos; 70 a 79 – meio idosos e, de 80 anos em diante – idosos velhos. Essa última os franceses classificam como quarta idade. Dessa maneira temos o conceito de envelhecimento atrelado à idade cronológica, mas não idêntico a ela. Sendo assim, o termo pode ser usado de diversas formas e vinculado a diferentes fenômenos, mudanças e alterações nos trazendo certa dificuldade de conceituar precisamente o que venha a ser a velhice.
1.6 – Uma nova visão do envelhecimento: Apesar de todo o pensamento que se tem do idoso e que foi culturalmente construído sobre o mesmo ao longo da nossa civilização não precisamos acreditar que a velhice está condenada a esse estereotipo, a todo pensamento negativo que se tem desse processo. E essa visão de velho já está mudando novas terminologias determinam esse novo momento em busca de uma velhice normal ou bem-sucedida. Segundo Néri (1995) essa teoria, a velhice bem sucedida é: Uma condição individual e grupal de bem–estar físico e social, referenciada aos ideais da sociedade e às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece e às circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário... uma velhice bem-sucedida preserva o potencial para o desenvolvimento, respeitando os limites da plasticidade de cada um. (p. 34)
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LEI N.º 10.741, DE 1.º DE OUTUBRO DE 2003 – Título I, artigo 1°
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O envelhecimento está atrelado naturalmente ao passar do tempo, porém a cadência desse fenômeno pode ser determinada por cada um.
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CAPÍTULO II Melhorando o corpo Quando falamos em qualidade de vida, não podemos deixar de lado a melhoria do corpo. O que esse corpo pode fazer? Como esse se organiza para realizar suas tarefas diárias? E após um derrame será que existe a possibilidade desse corpo se regenerar? O que faz e pensa o corpo do idoso? Dessa maneira estudaremos a seguir sobre os benefícios da atividade física e da plasticidade cerebral. Um corpo parado não faz bem a ninguém, principalmente para o idoso. É preciso exercitar corpo e mente para que o mesmo se modifique, se regenere a cada dia possibilitando uma qualidade de vida diária e aumentando cada vez mais e melhor a expectativa de vida do idoso.
2.1 - O Idoso e a Atividade Física: Cada vez mais vemos e ouvimos falar sobre a necessidade de se fazer atividades físicas, principalmente o idoso. Porém, o tipo de atividade a ser realizada deve observar cada organismo e o interesse de cada um. Para Okuma, coordenadora do grupo de pesquisa em educação física para idosos da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo, não existe um procedimento fixo, predeterminado que atenda a toda a terceira idade da mesma maneira. Cada idoso é diferente um do outro e por isso devem ser considerados os
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pontos que são principais para cada um e, escolher qual deve ser a melhor atividade física para cada um. De início o idoso precisa se conhecer, isto é, saber qual a sua capacidade funcional nas atividades do dia-a-dia, por exemplo, como subir as escadas de um ônibus, carregar panelas de pressão, arrumar camas, abaixar-se para ver o forno, etc. Considerando todos esses e outros fatores, temos a atividade física vindo como um forte aliado na melhora de sua capacidade para desempenhar estas e outras tarefas. A atividade física também funciona para o idoso como um importante recurso para diminuir os efeitos degenerativos provocados pelo envelhecimento dando-lhe a possibilidade de se ter uma qualidade de vida sendo esta, de maneira mais ativa e dinâmica. Funciona ainda como um forte aliado no controle de doenças crônicodegenerativas como a diabetes, hipertensão e osteoporose. Facilita as funções do aparelho locomotor, melhorando o seu desempenho e, evitando como vimos anteriormente, que o mesmo se torne um problema social para suas famílias devido a falta de locomoção tornando-se assim, dependente e sem autonomia. Vários autores tratam essa questão da qualidade de vida através da atividade física, mas continuando com Okuma que nos diz: (...) “o declínio linear natural das capacidades funcionais, que se inicia ao redor dos 30 anos, pode ser substancialmente modificado pelo exercício físico, pelo controle do peso e pela dieta. Evidências demonstram que mais da metade do declínio da capacidade física dos idosos é devida ao tédio, à inatividade e à expectativa de enfermidade. Pesquisas sugerem que 50% do declínio, frequentemente atribuído ao envelhecimento biológico, na realidade é provocado pela atrofia por desuso, resultante da inatividade física que caracteriza os países industrializados” (p. 52).
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Várias alterações nas estruturas e funções fisiológicas resultantes da idade ocorrem por conta da falta de atividade física. A atividade física ajuda também a diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre esse grupo. Funciona como uma proteção para várias doenças principalmente as cardiovasculares. A atividade física é um importante agente na prevenção de doenças, é importante essa atividade para a manutenção da capacidade funcional como capacidade cardiovascular, massa muscular, força muscular e flexibilidade. Para Astrand (1992), existe uma presente plasticidade e adaptabilidade nas propriedades funcionais e/ou estruturais de células, tecidos e órgãos do corpo humano, quando são submetidos a diversos estímulos isso é o que estudaremos no próximo item.
2.2 – A plasticidade cerebral: A plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do SNC – sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria de funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos. Este fato é melhor compreendido através do conhecimento do neurônio, da natureza das suas conexões sinápticas e da organização das áreas cerebrais. A cada nova experiência do indivíduo, portanto, redes de neurônios são rearranjadas, outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis.
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Existem variáveis importantes no sentido de entender o potencial para a recuperação funcional após lesão. São elas: idade do indivíduo, local e tempo da lesão e a natureza da mesma2. KHALSA (1997), médico e gerontólogo, nos traz o que se pensava até bem pouco tempo: que o cérebro era estático e que não havia como repara-lo de algum lesão. Hoje existem grandes avanços tecnológicos nessa área nos provando que é possível sua regeneração. Exames de imagem como Tomografias e Ressonâncias nos comprovam a regeneração do cérebro e a regeneração das áreas arruinadas. A complexidade do cérebro faz com que o mesmo consiga restaurar suas próprias funções ao armazenar todas as suas memórias nos neurônios, com isso, o cérebro tem sempre presente a memória através de sua rede de neurônios interligados. Dessa forma se um neurônio morre, a conexão de memória pode ser restabelecida no cérebro por outro neurônio e com isso preservando sempre a memória. A célula cerebral possui ramificações que alcançam outras células cerebrais no intuito de se fazer ligações de memória: são os circuitos redundantes. Sendo assim, a medida que envelhecemos as células cerebrais se ramificam cada vez mais. Temos então a possibilidade de se obter um estado mental de regeneração permanente, ao qual se refere o Dr. Khalsa: “Mente do século XXI”, - a mente que sabe como se regenerar sempre! É o surgimento de uma nova era para as Ciências, que permite ao homem não apenas sonhar, mas achar dentro de si o caminho para a possibilidade de novas ramificações e novas regenerações. Sendo assim, podemos ver que é possível intervir
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Baseado no texto de Daniela Cunha Agonilha - http://www.profala.com/artneuro1.htm
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de maneira positiva na vida dos idosos para que os mesmos tenham uma melhor qualidade de vida. O importante é estimulá-los sempre. É maravilhoso como diz Drauzio Varella: Saber que nossos neurônios são capazes de migrar para áreas cerebrais "vazias" e que continuam nascendo todos os dias sob a influência de fatores de crescimento, medicamentos, atividade física e desafios intelectuais é alentador para os que temem a perda do domínio das faculdades mentais no fim da vida, porque, como disse Machado de Assis, "A velhice ridícula é, porventura, a mais 3
triste e derradeira surpresa da natureza humana ".
Com tantos avanços temos em nossas mãos a possibilidade de não termos uma velhice “ridícula”, ao contrário do que se pensava antes hoje a possibilidade de uma velhice cada vez mais proveitosa é a cada instante mais presente.
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http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/559/plasticidade-cerebral
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CAPÍTULO III Conceituando psicomotricidade.
“Os sentimentos modificam o pensamento, a ação e o entorno; a ação modifica o pensamento, os sentimentos e o entorno; o entorno influi nos pensamentos, nos sentimentos e na ação; os pensamentos influem, na ação e no entorno”. José Antonio Marina
Nos
caminhos da mente humana
em
que
se entrelaçam
emoções,
pensamentos, fantasias, ações a serem tomadas, crenças, imaginações, comandos a serem dados ao corpo, etc. Tudo parece influenciar em tudo e administrar tudo isso em um corpo/mente já esgotado pelos infortúnios da vida não é tarefa fácil para o idoso. Como comandar esse corpo que pensa, sente, age e faz? Como trabalhar os sentimentos de maneira que eles possam vir a nos modificar? Como vimos no capítulo I o idoso “coleciona” inúmeras perdas, principalmente a perda da própria identidade, dessa forma controlar os sentimentos, identificar-se, reconhecer-se dentro de um novo corpo, modificar seu pensamento, suas emoções seus sentimentos são fatores fundamentais para se obter um melhor contentamento e uma satisfação com as condições da própria vida. No capítulo II, estudamos sobre os
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avanços da ciência e sob a nova concepção que nos traz a regeneração do cérebro e a atividade física como um forte aliado na melhoria do bem estar físico e motor. Sendo assim, a Psicomotricidade se torna uma aliada para relacionar os processos cerebrais, afetivos, emocionais com a motricidade.
3.1 – Surgimento do termo psicomotricidade Segundo o site da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, o termo psicomotricidade foi empregado pela primeira vez por volta do começo do século XIX, em uma fala médico/neurológica que tratavam sobre a necessidade de se nomear as zonas do córtex cerebral localizado muito além das regiões motoras. Com o decorrer das pesquisas da neurofisiologia, várias disfunções severas começam a aparecer sem que o cérebro tenha sofrido alguma lesão. São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica. Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. É, justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870. (SBP – 2010).
Sendo assim, o início que vai dar origem ao campo psicomotor vem da linhagem neurológica. Dupré, um neuropsiquiatra no ano de 1909, é de essencial valor para o campo psicomotor, trazendo a afirmativa da independência da debilidade motora (que é um precedente do indício psicomotor) de um admissível correspondente neurológico.
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Temos Henry Wallon em 1925, com sua visão médico-psicológica nos trazendo o movimento humano como construtor do psiquismo, isto é, ele relaciona o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. O neurologista Edouard Guilmain, desenvolve em 1935 um exame psicomotor com finalidade diagnóstica, terapêutica e de prognóstico. O psiquiatra Julian Ajuliaguerra traz em 1947, uma nova definição para o conceito de delibilidade motora, ele a trata como uma síndrome com particularidades próprias, demarcando claramente os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Com tantas contribuições a psicomotricidade se distingue e passa a ter suas características. Vemos então, na década de 70, vários autores definindo a psicomotricidade como uma motricidade de relação. Uma diferença surge entre a postura reeducativa e a terapêutica, passando a se ocupar mais da relação entre o corpo, a afetividade e o emocional4.
3.2 – Psicomotricidade e a sua definição Dessa maneira vemos que a psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está arrolada ao processo de maturidade, onde o corpo é o início das obtenções cognitivas, afetivas e orgânicas. É alicerçada por três noções básicas: o movimento, o intelecto e o afeto. A psicomotricidade utiliza métodos e técnicas para que cada vez o
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Texto extraído do site: http://www.psicomotricidade.com.br/historico.htm
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homem aprenda a dominar e progredir com o seu corpo através do movimento integrando o seu intelecto e a sua emoção. A Psicomotricidade é dessa forma um termo utilizado para a compreensão do movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização5.
3.3 – Psicomotricidade para a terceira idade Diante do que foi apresentado até agora e do momento em que o idoso se encontra temos o exercício físico como um forte aliado para melhorar a diminuir os efeitos da idade e a psicomotricidade vem como uma ajuda para melhorar tal quadro. A psicomotricidade trabalha além do motor, pois visa ainda ampliar o seu social, tonificar o seu biológico e proporcionar uma melhor desenvoltura. Melhorar e apresentar uma nova visão de si mesmo, organizar o seu emocional, o seu corpo e a sua mente. Como o próprio nome já diz a psicomotricidade faz referência aos nossos mecanismos mentais, intelectuais e emocionais somando ainda o movimento, o gesto e a ação. A psicomotricidade para o idoso deve se utilizar de métodos científicos, pedagógicos e criativos que coloquem o idoso com o corpo em movimento, o cérebro em produção e a sua alma em alegria através de propostas variadas e diversificadas abrangendo desde a relaxação, formas estáticas e dinâmicas de equilíbrio, tonicidade, coordenação, atenção, observação e memória ou mesmo uma proposta mais simples de reflexão e meditação. Deve ainda proporcionar atividades de reintegração da imagem corporal, simbolização do corpo, explorações viso-motoras sequencializadas 5
Ibidem ao 4 com acesso em 24/11/2010.
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(espacial e ritmicamente), exploração de atividades de verbalização e situações de elaboração prática. Envelhecer também é viver e essa vivência deve movimentar o idoso para transformar as áreas de sua vida de forma consciente e atuante. Esse último ponto é o que veremos no capítulo seguinte.
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CAPÍTULO IV A Psicomotricidade Aplicada na Terceira Idade “Tenhas sempre presente que a pele se enruga, O cabelo embranquece, Os dias convertem-se em anos, Mas o que é importante não muda: A tua força e convicção não tem idade. O teu espírito é como qualquer teia de aranha, Atrás de cada conquista vem um novo desafio. Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo. Se sentes saudades do que fazias, volta-te a faze-lo. Não vivas de fotografias amarelecidas... Continua, quando todos esperam que desistas. Não deixe que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito. Quando não consigas correr através dos anos, trota. Quando não consigas trotar, caminha. Quando não consigas caminhar, use uma bengala, Mas nunca te detenhas!!!” Cacilda Gonçalves Velasco
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Entender a necessidade de ser atuante em seu processo de envelhecimento deve ser qualidade embutida em cada um de nós. Envelhecer não significa ficar sentado esperando a morte chegar, mas como já vimos transpor barreiras, transformar nossas dificuldades... Nem sempre conseguimos o que sonhamos, muitas vezes trabalhamos uma vida inteira pensando na aposentadoria e no que vamos fazer dela: descansos, viagens, visitas, etc. E de repente, nos vemos “afortunados” com a morte de amigos e entes queridos, doenças entre outros tantos males que já citamos até aqui. Mas como vimos no capítulo Melhorando o Copo, no item que nos fala sobre a plasticidade cerebral, devemos trazer a capacidade de se regenerar também para os neurônios da vida. Não importa quão dura a vida nos foi ou é, o que importa é agir sempre e buscar a cada dia novos horizontes. Nesse capítulo faremos uma análise das entrevistas feitas a uma pequena amostra de um grupo que faz atividades psicomotoras em uma praça da grande Tijuca. Estudamos até aqui as perdas dos idosos e qual deve ser sua atuação para que se obtenha uma melhor qualidade de vida. Como trata o tema desse trabalho, a psicomotricidade quando aplicada à terceira idade produz uma melhoria na qualidade de vida dos idosos. Pois visa trabalhar corpo, mente e emoção; justamente as maiores perdas dos idosos. Esses são idosos que reiventaram a sua história e nos mostram que também estão preocupados, com suas perdas, assim podemos ver na fala de uma das entrevistadas:
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A terceira Idade traz limitações no corpo, já não é a mesma vitalidade e rapidez dos movimentos, raciocínio, coordenação não é igual da época da juventude. A qualidade de vida na Terceira Idade pode ser definida como manutenção da saúde nos aspectos físico, social, psíquico e espiritual. No aspecto físico o mais importante é a saúde e o cuidado alimentar, isto é, somos o que comemos... A prática regular dessas atividades aeróbicas e exercícios com orientação especializada contribui para a conservação da saúde. O viver implica em manter-se num processo de aprendizagem eterno.
Ao estudarmos o grupo da Tijuca podemos ver a maneira como esse grupo se organiza. Existem dois professores que ministram exercícios físicos alternadamente em busca de uma maior tonificação dos músculos. Alongamentos, exercícios que trabalhem a resistência, o contato físico entre outras atividades, são realizadas com esse grupo. Antes de cada aula um enfermeiro verifica a pressão de cada integrante evitando assim o risco cardíaco. Antes de iniciarem sua inserção no grupo todos tiveram que apresentar uma série de exames exigidos. Fora os exercícios físicos, festas, passeios e atividades culturais são organizados com e pelo próprio grupo. Eles são agentes e produto do meio onde estão inseridos. Há comemorações dos aniversários trimestralmente que são organizadas no mesmo local onde acontecem as atividades físicas.
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As festas juninas representam um momento de grande descontração e preparação. Eles se reúnem para decidirem os trajes, como se trata de um grupo de predominância feminina, se organizam de forma democrática para definirem quais serão os personagens masculinos e quem os fará. A apresentação é feita em uma igreja próxima do local e conta com a participação também dos familiares em todo esse processo de arrumação e preparação. Por se tratar de um grupo que não recebe nenhuma verba, apenas contam com seus próprios recursos, os passeios nem sempre integram a todos por ter, muitas vezes, um custo mais elevado. O trabalho ainda é um pouco precário no que diz respeito a psicomotricidade de fato. Começou com a realização de atividades físicas apenas e o próprio grupo foi buscando outras atividades. Mesmo assim já produziu nos idosos uma mudança em suas vidas eles são como uma grande família. Se um falta os outros procuram saber como está, realizam visitas de apoio e etc. Vemos isso em uma outra fala: “Estou me sentindo bem na saúde e alegre em estar junto a uma geração da qual eu pertenço; brinco, amo a todos e me sinto amado”. Realmente o apoio ente eles faz bastante diferença em suas vidas, uma outra entrevistada sinaliza também essa falta. ”Me senti muito bem no grupo. Fiz amizades, a ponto de quando faltar ser notada a minha ausência. Portanto me faz bem socialmente, psicologicamente e biologicamente.“ A entrevista não aconteceu com todos os participantes estipulamos um pequeno grupo amostral. Foram realizadas então, 10 entrevistas. Ao realizar uma análise temos como entrevistados 9 mulheres e apenas 1 homem, quase não há homens no projeto.
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Quando perguntado com quem residem temos: 1 morando com filho e irmã; 1 sozinho; 1 com acompanhante; 3 com os filhos apenas; 2 com filhos, netos e marido/esposa; 1 com filho e neto e, 1 com filho, neto e nora. Com relação a como se encontram depois que passaram a fazer parte do grupo eles contam: 1 diz saber as melhoras, mas desistiu devido a problemas de saúde. Um outro não apontou melhoras e os 8 participantes restante assinalaram mudança em suas vidas. Alguns sinalizam benefícios não apenas físico como também social e psíquico. Dizem ser mais felizes depois que passaram a fazer parte do grupo, outros tiveram suas vidas preenchidas, melhoraram a auto-estima, entre outros benefícios.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos no início dessa monografia, a população idosa está crescendo e com isso está crescendo também a preocupação com essa idade, uma preocupação com o aumento da sua expectativa de vida. Hoje se percebe muito mais quais são as necessidades do idoso, se percebe mais o seu processo de envelhecimento que não se dá apenas no campo biológico, mas ainda no campo psicológico e também social. Muitas são as perdas dos idosos e é necessária uma readaptação e um reconhecimento dessa nova identidade no idoso, nessa nova fase de sua vida. Notou-se que a atividade física é muito importante para que se tenha melhor qualidade, mais agilidade e um melhor desempenho até mesmo das tarefas rotineiras que se tornam mais pesadas e de difícil realização na velhice. A Psicomotricidade surge na vida do idoso para unir e exercitar os diferentes campos de sua vida: social, emocional, físico e motor. O corpo adoece por conta da emoção, da sua visão de si, dos seus desgastes biológicos e a Psicomotricidade é uma área de atuação que trabalha com todo o corpo concomitantemente. Com vistas a tudo isso, vemos que um novo olhar está sendo posto em torno dessa idade. Há uma preocupação maior com esse grupo em vários campos do saber e, por conta disso, sua expectativa de vida está aumentando cada vez mais.
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O idoso de hoje se encontra com grandes perspectivas de melhoria na sua qualidade de vida, porém a qualidade de vida deve estará atrelada a um equilíbrio e um bem-estar entre o homem, a sociedade na qual está inserido e as culturas ao seu redor. Muitos estudos estão sendo feito em prol dessa qualidade e há uma preocupação muito grande sobre como o idoso deve e pode viver na sua madura idade. Em dias atuais podemos dizer que estamos conhecendo mais o idoso e isso faz com que conheçamos também um pouco mais sobre o nosso futuro. Envelhecer com qualidade deve ser uma preocupação de todos nós, não devemos deixar para a velhice, mas devemos nos preparar antes para chegar com qualidade a velhice. Sendo assim, quando o corpo não obedecer mais aos comandos do cérebro com tanta rapidez e agilidade, a mente não lembrar mais com tanta facilidade começando a falhar e o social se modificar é necessário estabelecer um novo olhar para dentro de si. Antes de qualquer benefício externo é necessário SE reconhecer e perceber que apesar das limitações que a vida nos traz é preciso sempre RE começar. Porém, essa não é uma tarefa fácil e o que já está sendo feito ainda não é o suficiente. Existe ainda uma grande necessidade de divulgação e mais grupos que efetuem e trabalhem com essa idade para que cada vez mais se obtenha melhorias no trabalho, para que cada vez mais a ampliação da idéia de se almejar uma vida longa baseada em uma boa qualidade para se viver do indivíduo como um todo possa estar mais presente na vida de mais brasileiros. É necessário que mais profissionais estejam interessados em trabalhar com esses idosos de forma global, melhorando sua capacidade motora, seu intelecto, sua socialização, enfim, melhorando por inteiro tal pessoa.
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A psicomotricidade é uma boa ferramenta a nosso dispor e como diz VELASCO (2005): “A Psicomotricidade é a Ciência do Homem, que considera os aspectos Biológicos, Antropológicos, Sociológicos e Culturais,...”, com base nisso vemos que a Psicomotricidade é a Ciência do Ser Humano, pois observa o homem como um todo, no nosso caso o idoso. À medida que mais psicomotricistas se interessarem por essa faixa etária atuando primeiramente de forma preventiva em seu trabalho e depois visando sua reinserção no contexto bio-psico-social, fazendo desses idosos seres atuantes, autônomos e independentes que modifiquem sua própria dinâmica e mudem sua história, uma qualidade de vida acontecerá e atingirá cada vez mais a um maior número de idosos. Deseja-se que cada vez mais que equipes de profissionais capacitados atuem em prol do bem estar do idoso possibilitando ao mesmo se tornar um agente dinâmico, construtor da sua identidade, socializado, “reinventor” da sua história a medida que sonha, desperta, realiza e se torna auto-confiante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ASTRAND, P. (1992). “Why exercise?”. Medicine Science Sports Exercise, 24 (2), pp. 153-162. BUTLER, R.N. e LEWIS, M.I. (1982). Aging and mental health. S. Louis: The C. V. Mosby. KHALSA, Dharma Sing. Longevidade do cérebro, RJ, Objetiva. 1997, p. 24 MARINA, J.A. (1996). El laberinto sentimental.Barcelona: Anagrama. MENDES MRSSB, GUSMÃO JL, FARO ACM, LEITE RCBO (2005). A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta Paul Enferm; 18 (4): 422-6. NERI, A.L. (1995). “Psicologia do envelhecimento: Uma área emergente”. In: NERI, A.L. (org.). Psicologia do envelhecimento. Campinas: Papirus. NETTO, Papaléo Matheus (2005). Gerontologia. A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. São Paulo: Atheneu. OKUMA, S.S. (2009). O idoso e a atividade física: Fundamentos e pesquisa. Campinas, SP: Papirus – (Coleção Vivaidade). ORTEGA Y GASSET, (1963). apud SALVADOR, 1977, p. 160. VELASCO, Gonçalves Cacilda (2005). Aprendendo a Envelhecer... à Luz da Psicomotricidade. São Paulo: All Print Editora. WONG, P.T. (1989). Personal meaning and successful aging. Canadian Psychology, 30 (3), p. 516-525.
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SITES CONSULTADOS: http://www.psicomotricidade.com.br/historico.htm. Acesso em: 06 de outubro de 2010 e 24 de novembro de 2010. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdf. Acesso em: 06 de outubro de 2010. http://www.pensador.info/autor/Gabriel_Garcia_Marques/. Acesso em: 18 de outubro de 2010. SILVA, Roberta Pappen da. Estatuto do Idoso: em direção a uma sociedade para todas as idades?. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 898, 18 dez. 2005. Disponível em: . Acesso em: 9 nov. 2010. http://www.profala.com/artneuro1.htm. Acesso em 23 de janeiro de 2011. http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/559/plasticidade-cerebral. Acesso em 24 de janeiro de 2011.
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Anexo QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO
1. Data do preenchimento do questionário: _____/______/ 2010. 2. Sexo:
□ Masculino □ Feminino
3. Estado civil: ________________ 4. Idade: _________ Anos 5. Nível de escolaridade: ______________________ 6. Tem filhos/as? (S/N) _______ Quantos? ________ 7. Com quem reside atualmente? ____________________________________________ 8. Exerce alguma atividade remunerada? Qual? ________________________________ ______________________________________________________________________ 9. Além da participação no grupo diário de atividades físicas, exerce alguma outra atividade? (Ex: coral de igreja, grupos de apoio, trabalhos artesanais, trabalhos voluntários, hidroginásticas, cursos, cuidado de netos, filhos, etc.). ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ 10. Há quanto tempo está no projeto? ____________ 11. Enumere os fatores que contribuíram para sua decisão de iniciar no projeto “Qualivida” (atribua grau de importância aos fatos. Ex: 1º - aconselhamento médico, 2º convite de amigos, etc.). ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________
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12. Também atribuindo grau de importância, enumere os benefícios identificados pela prática da atividade física diária: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________
13. Cite os malefícios identificados em decorrência de suas atividades físicas motoras: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________
14. Elaborando um pequeno texto, disserte sobre as mudanças biológicas, sociais e psicológicas decorrentes desde a sua iniciação no grupo. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________
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Índice INTRODUÇÃO......................................................................................................08
CAPÍTULO I – Envelhecimento: Processos e Conceitos................................12 1.1 – O processo social do envelhecimento.....................................................13 1.2 – O processo biológico do envelhecimento...............................................15 1.3 – O processo psicológico do envelhecimento...........................................16 1.4 – O processo bio-psico-social do envelhecimento....................................18 1.5 – Conceituando o envelhecimento..............................................................19 1.6 – Uma nova visão sobre envelhecimento...................................................20
CAPÍTULO II – Melhorando o Corpo..................................................................22 2.1 - O Idoso e a Atividade Física.......................................................................22 2.2 – A plasticidadade cerebral..........................................................................24
CAPÍTULO III - Conceituando psicomotricidade...............................................27 3.1 – O surgimento do termo Psicomotricidade................................................28 3.2 – Psicomotricidade e a sua definição...........................................................29 3.3 – Psicomotricidade para a terceira idade.....................................................30
CAPÍTULO IV – A Psicomotricidade Aplicada na Terceira Idade.....................32
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................40
ANEXOS.................................................................................................................42 ÍNDICE....................................................................................................................44 FOLHA DE AVALIAÇÃO........................................................................................45